Resenha de CD
Título: Para que lutar em vão
Artista: Conexão Baixada
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2
Banda formada em 2002 a partir da união de músicos de origens diversas na cidade de Santos (SP), terra natal do extinto grupo Charlie Brown Jr., Conexão Baixada já teve sua carreira linkada com Chorão (1970 - 2013) e sua turma pela associação óbvia provocada pela fusão de rap, rock e reggae comum às duas bandas. A Conexão Baixada chegou a participar de música, Na palma da mão (O ragga da Baixada), de disco de Charlie Brown. Contudo, tanto pelo som quanto pelo burilado discurso de conotações sociais, é a sombra da sombra do grupo carioca O Rappa que espreita a Conexão Baixada em músicas como Talvez o réu (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo) e Lição de vida (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo), ambas incluídas no primeiro álbum de estúdio da banda, Para que lutar em vão (Som Livre, 2013), gravado no estúdio Mosh, em São Paulo (SP), com produção dividida entre os quatro músicos da banda e o maestro Armando Ferrante. Mas - justiça social seja feita - tais eventuais links da Conexão Baixada com Charlie Brown e O Rappa não diluem a contundência do som e do discurso da banda projetada nacionalmente em 2013 com a inclusão da música Na selva de pedra (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux, Leandro Ramajo e Jack Muller) na trilha sonora nacional da novela Amor à vida (TV Globo, 2013 / 2014). Até porque, a partir da nona faixa, o CD Para que lutar em vão explicita a ligação da banda com o universo do hip hop de São Paulo. Incêndio (Tubarão, Armando Ferrante e Jack Muller) é rap à moda paulista gravado com a adesão da backing vocal Jack Muller, cantora cuja voz impregnada de soul também é ouvida no reggae Querubim (Tubarão e Jack Muller). O trânsito desenvolto da Conexão Baixada pelo mundo ragga é reiterado em Nuvens de fumaça (Tubarão). Em essência, Para que lutar em vão - sucessor do DVD e CD ao vivo Pássaro sem dono (2009), cuja música-título (composta pelo vocalista Tubarão com o saxofonista Índio) aparece regravada no atual disco de estúdio - rebobina discurso contra a violência e a injustiça social praticadas cotidianamente na selva das cidades. Sob esse prisma, temas como Faroeste caiçara (Tubarão e Índio) soam inevitavelmente déjà vus. De todo modo, há em composições como a música-título Pra que lutar em vão (Ícaro Dreux e Tubarão) a atitude que havia no rock brasileiro e que atualmente se encontra somente no universo do hip hop. É com esse mundo específico e independente que dialogam raps como Já é dia (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo) e Uma viagem (Tubarão e Armando Ferrante). Nesse sentido, a junção de Dexter, DJ Negralha, Gregory e Nego Jam em Os verdadeiros (Tubarão, DJ Negralha, Dexter, Gregory, Nego Jam e DJ K) é indício do apreço dos manos pelos músicos da Conexão Baixada. A faixa inclui citação do samba Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). No fim, Rolê na Baixada (Tubarão, Rappin' Hood e DJ Luciano) - tema que inclui a voz do rapper paulista Rappin' Hood em gravação que culmina com o toque etéreo do saxofone de Índio - dá tom mais relaxado a um disco quase obrigatoriamente tenso. Afinal, a chapa continua quente na selva de pedra que frita, devora e exclui quem vive às margens, nas periferias e nas baixadas.
Banda formada em 2002 a partir da união de músicos de origens diversas na cidade de Santos (SP), terra natal do extinto grupo Charlie Brown Jr., Conexão Baixada já teve sua carreira linkada com Chorão (1970 - 2013) e sua turma pela associação óbvia provocada pela fusão de rap, rock e reggae comum às duas bandas. A Conexão Baixada chegou a participar de música, Na palma da mão (O ragga da Baixada), de disco de Charlie Brown. Contudo, tanto pelo som quanto pelo burilado discurso de conotações sociais, é a sombra da sombra do grupo carioca O Rappa que espreita a Conexão Baixada em músicas como Talvez o réu (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo) e Lição de vida (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo), ambas incluídas no primeiro álbum de estúdio da banda, Para que lutar em vão (Som Livre, 2013), gravado no estúdio Mosh, em São Paulo (SP), com produção dividida entre os quatro músicos da banda e o maestro Armando Ferrante. Mas - justiça social seja feita - tais eventuais links da Conexão Baixada com Charlie Brown e O Rappa não diluem a contundência do som e do discurso da banda projetada nacionalmente em 2013 com a inclusão da música Na selva de pedra (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux, Leandro Ramajo e Jack Muller) na trilha sonora nacional da novela Amor à vida (TV Globo, 2013 / 2014). Até porque, a partir da nona faixa, o CD Para que lutar em vão explicita a ligação da banda com o universo do hip hop de São Paulo. Incêndio (Tubarão, Armando Ferrante e Jack Muller) é rap à moda paulista gravado com a adesão da backing vocal Jack Muller, cantora cuja voz impregnada de soul também é ouvida no reggae Querubim (Tubarão e Jack Muller). O trânsito desenvolto da Conexão Baixada pelo mundo ragga é reiterado em Nuvens de fumaça (Tubarão). Em essência, Para que lutar em vão - sucessor do DVD e CD ao vivo Pássaro sem dono (2009), cuja música-título (composta pelo vocalista Tubarão com o saxofonista Índio) aparece regravada no atual disco de estúdio - rebobina discurso contra a violência e a injustiça social praticadas cotidianamente na selva das cidades. Sob esse prisma, temas como Faroeste caiçara (Tubarão e Índio) soam inevitavelmente déjà vus. De todo modo, há em composições como a música-título Pra que lutar em vão (Ícaro Dreux e Tubarão) a atitude que havia no rock brasileiro e que atualmente se encontra somente no universo do hip hop. É com esse mundo específico e independente que dialogam raps como Já é dia (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo) e Uma viagem (Tubarão e Armando Ferrante). Nesse sentido, a junção de Dexter, DJ Negralha, Gregory e Nego Jam em Os verdadeiros (Tubarão, DJ Negralha, Dexter, Gregory, Nego Jam e DJ K) é indício do apreço dos manos pelos músicos da Conexão Baixada. A faixa inclui citação do samba Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). No fim, Rolê na Baixada (Tubarão, Rappin' Hood e DJ Luciano) - tema que inclui a voz do rapper paulista Rappin' Hood em gravação que culmina com o toque etéreo do saxofone de Índio - dá tom mais relaxado a um disco quase obrigatoriamente tenso. Afinal, a chapa continua quente na selva de pedra que frita, devora e exclui quem vive às margens, nas periferias e nas baixadas.
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