Resenha de CD
Título: Praia
Artista: Mariano Marovatto
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * *
Em seu primeiro álbum, Aquele amor não me fale (2010), Mariano Marovatto mergulhou em águas plácidas num mix cool de Bossa Nova, samba e pop indie. Praia (2013) aprofunda o mergulho, nublando o som do cantor, compositor e poeta carioca em clima ainda mais cool. A atmosfera minimalista é evidenciada já no tom sussurrado de If, a canção de Maurício Pacheco que abre o disco, dando a pista certeira deste disco invernal. Por ora lançado somente em edição digital, o CD foi produzido e arranjado pelo próprio Marovatto com Ricardo Dias Gomes, com a adesão da guitarra de Pedro Sá em A mutante (Jonas Sá), declaração de amor em tons menores. "Minha namorada faz do seu olhar uma canção", poetiza Marovatto, cuja musa, a poeta Alice Sant'Anna, é presença recorrente em Praia, dando voz miúda a capella aos versos da música-vinheta de 39 segundos que batiza o disco. Praia, a música, é da lavra de Alice, que também canta os versos e pilota os teclados de Botões, parceria de Marovatto com Jonas Sá. "Podem estrategizar um ataque ao coração / Mas não podem nunca me encontrar", prega Botões. Dias Gomes pilota quase todos os instrumentos, mas muito é pouco na equação sonora do disco. O som de Praia, o CD, é nublado como o romantismo que pauta as letras e que cruza o oceano em Afim - ligando Marovatto ao pintor e músico português Tomás Cunha Ferreira (do duo Os Quais), parceiro do artista carioca neste tema que destila poesia em tom robótico - e Pavane (Gabriel Fauré e Robert de Montesquiou), tema francês de 1887 que tem seus versos finais reproduzidos em faixa-vinheta. Traço herdado do antecessor Aquele amor não me fale, tal romantismo habita recantos escuros. "Sai dessa banda / Derruba o rádio / Desliga o rádio / Me dá rádio / Deságua logo essa constirpação", ordena sequencialmente Maravotato através dos versos de Vidraça, parceria com Romulo Fróes. Em Praia, o ser amado é uma ilha cercada de águas turvas, profundas. Eu tenho casa (Mario Cascardo) até insinua que qualquer limite - ou atenção - faça não: pode ser a gota d'água existencial que vai fazer a praia transbordar. Nesse mergulho fundo em sonoridade vazia, plena de significado, Mariano Marovatto emerge em Praia com um dos grandes nomes da fluida cena indie carioca.
Em seu primeiro álbum, Aquele amor não me fale (2010), Mariano Marovatto mergulhou em águas plácidas num mix cool de Bossa Nova, samba e pop indie. Praia (2013) aprofunda o mergulho, nublando o som do cantor, compositor e poeta carioca em clima ainda mais cool. A atmosfera minimalista é evidenciada já no tom sussurrado de If, a canção de Maurício Pacheco que abre o disco, dando a pista certeira deste disco invernal. Por ora lançado somente em edição digital, o CD foi produzido e arranjado pelo próprio Marovatto com Ricardo Dias Gomes, com a adesão da guitarra de Pedro Sá em A mutante (Jonas Sá), declaração de amor em tons menores. "Minha namorada faz do seu olhar uma canção", poetiza Marovatto, cuja musa, a poeta Alice Sant'Anna, é presença recorrente em Praia, dando voz miúda a capella aos versos da música-vinheta de 39 segundos que batiza o disco. Praia, a música, é da lavra de Alice, que também canta os versos e pilota os teclados de Botões, parceria de Marovatto com Jonas Sá. "Podem estrategizar um ataque ao coração / Mas não podem nunca me encontrar", prega Botões. Dias Gomes pilota quase todos os instrumentos, mas muito é pouco na equação sonora do disco. O som de Praia, o CD, é nublado como o romantismo que pauta as letras e que cruza o oceano em Afim - ligando Marovatto ao pintor e músico português Tomás Cunha Ferreira (do duo Os Quais), parceiro do artista carioca neste tema que destila poesia em tom robótico - e Pavane (Gabriel Fauré e Robert de Montesquiou), tema francês de 1887 que tem seus versos finais reproduzidos em faixa-vinheta. Traço herdado do antecessor Aquele amor não me fale, tal romantismo habita recantos escuros. "Sai dessa banda / Derruba o rádio / Desliga o rádio / Me dá rádio / Deságua logo essa constirpação", ordena sequencialmente Maravotato através dos versos de Vidraça, parceria com Romulo Fróes. Em Praia, o ser amado é uma ilha cercada de águas turvas, profundas. Eu tenho casa (Mario Cascardo) até insinua que qualquer limite - ou atenção - faça não: pode ser a gota d'água existencial que vai fazer a praia transbordar. Nesse mergulho fundo em sonoridade vazia, plena de significado, Mariano Marovatto emerge em Praia com um dos grandes nomes da fluida cena indie carioca.
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