Resenha de CD
Título: Cantigas de roda
Artista: Raimundos
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * *
"Cabeças vão rolar / Quando o povo se rebelar", bradou o grupo brasiliense Raimundos em Politics, petardo disparado na rede em meados de 2013. Produto da conexão da banda com o cantor esportista Marcio Cipriano e com Billy Graziadei (vocalista e guitarrista da banda norte-americana Biohazard), o rock Politics foi o aperitivo do ótimo primeiro álbum de inéditas dos Raimundos em 12 anos. Com gravação viabilizada através de plataforma de financiamento coletivo, Cantigas de roda - o disco lançado de forma independente neste mês de fevereiro de 2014 - devolve aos Raimundos o peso que o grupo teve nos anos 1990. Não, a máquina da indústria da música evidentemente já não gira a favor do grupo projetado há 20 anos pelos Titãs através de seu selo Banguela, mas, do ponto de vista sonoro, Cantigas de roda se alinha com os grandes álbuns dessa banda que marcou sua época ao misturar forró com hardcore. Aliás, para quem curtia preferencialmente o forrocore dos Raimundos, a pedida é começar a ouvir Cantigas de roda pela faixa Gato da Rosinha, música arretada e (bem) maliciosa que reconecta o grupo ao cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano José Nilton Veras, o Zenilton. Contudo, o primeiro álbum de inéditas dos Raimundos desde Kavookavala (2002) extrapola o universo do forrocore em repertório autoral que inclui hardcores como Nó suíno e Cachorrinha - faixa que junta o quarteto com Frango (da banda brasiliense Galinha Preta) e que abre Cantigas de roda na velocidade habitual do gênero - entre dub e balada. Sim, Caio Cunha (bateria), Canisso (baixo), Digão (voz e guitarra) e Marquim Mesquita (guitarra) põe na roda uma power balada intitulada Baculejo, de versos apaixonados e pegada assumidamente pop. O dub já é sinalizado no título de Dubmundos, tema formatado com o rap de Sen Dog - integrante do grupo norte-americano Cypress Hill - e com metais que evocam gravações do trio carioca Paralamas do Sucesso. Com trocadilho, Cantigas de roda é disco de peso, evidenciado já nas guitarras distorcidas que introduzem o rock BOP. O som tem pressão. Mérito que deve ser dividido pelo quarteto com Billy Graziadei, escalado para produzir o disco, gestado desde dezembro de 2012 (em pré-produção caseira) e gravado efetivamente em 2013 nos Studios Firewater, em Los Angeles (EUA), por iniciativa de Graziadei (dono do estúdio). Por mais que seus integrantes já tenham mais de 40 anos e por mais que Cantigas de roda tenha um ou outra música mais séria no repertório, como Politics, os Raimundos acertaram ao resistir à tentação de voltar com um disco maduro. Cera quente (uma das faixas mais leves do disco), Rafael (hardcore que perfila o adolescente-problema que dá nome ao tema), Importada do interior (hardcore cheio de testosterona) e Gordelícia (rock de batida que tangencia o pop) são músicas que vão soar familiares para fãs antigos do grupo pela temática sexista, abusada e machista que caracteriza grande parte do cancioneiro dessa banda que invadiu a praia do pop brasileiro com Raimundos (1994), um dos álbuns mais influentes dos anos 1990. Por mais que Cantigas de roda tenha uma ou outra faixa de menor peso, caso do rock Descendo na banguela, o CD repõe os Raimundos na roda com vigor que parecia utópico.
"Cabeças vão rolar / Quando o povo se rebelar", bradou o grupo brasiliense Raimundos em Politics, petardo disparado na rede em meados de 2013. Produto da conexão da banda com o cantor esportista Marcio Cipriano e com Billy Graziadei (vocalista e guitarrista da banda norte-americana Biohazard), o rock Politics foi o aperitivo do primeiro álbum de inéditas dos Raimundos em 12 anos. Com gravação viabilizada através de plataforma de financiamento coletivo, Cantigas de roda - o disco lançado de forma independente neste mês de fevereiro de 2014 - devolve aos Raimundos o peso que o grupo teve nos anos 1990. A máquina da indústria da música evidentemente já não gira a favor do grupo projetado há 20 anos pelos Titãs através de seu selo Banguela, mas, do ponto de vista sonoro, Cantigas de roda se alinha com os grandes álbuns dessa banda que marcou sua época ao misturar forró com hardcore. Aliás, para quem curtia preferencialmente o forrocore dos Raimundos, a pedida é começar a ouvir Cantigas de roda pela faixa Gato da Rosinha, música arretada e maliciosa que reconecta o grupo ao cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano José Nilton Veras, o Zenilton. Contudo, o primeiro álbum de inéditas dos Raimundos desde Kavookavala (2002) extrapola o universo do forrocore em repertório que inclui hardcores como Nó suíno e Cachorrinha - faixa que junta o quarteto com Frango (da banda brasiliense Galinha Preta) e que abre Cantigas de roda na velocidade habitual do gênero - entre dub e balada. Sim, Caio Cunha (bateria), Canisso (baixo), Digão (voz e guitarra) e Marquim Mesquita (guitarra) põe na roda uma power balada intitulada Baculejo, de versos apaixonados e pegada assumidamente pop. O dub já é sinalizado no título de Dubmundos, tema formatado com o rap de Sen Dog - integrante do grupo norte-americano Cypress Hill - e com metais que evocam gravações do trio carioca Paralamas do Sucesso. Com trocadilho, Cantigas de roda é disco de peso, evidenciado já nas guitarras distorcidas que introduzem o rock BOP. O som tem pressão. Mérito que deve ser dividido pelo quarteto com Billy Graziadei, escalado para produzir o disco, gestado desde dezembro de 2012 (em pré-produção caseira) e gravado efetivamente em 2013 nos Studios Firewater, em Los Angeles (EUA), por iniciativa de Graziadei (dono do estúdio). Por mais que seus integrantes já tenham mais de 40 anos e por mais que Cantigas de roda tenha um ou outra música mais séria no repertório, como Politics, os Raimundos acertaram ao resistir à tentação de voltar com um disco maduro. Cera quente (uma das faixas mais leves do disco), Rafael (hardcore que perfila o adolescente-problema que dá nome ao tema), Importada do interior (hardcore cheio de testosterona) e Gordelícia (rock de batida que tangencia o pop) são músicas que vão soar familiares para fãs antigos do grupo pela temática sexista, abusada e machista que caracteriza grande parte do cancioneiro dessa banda que invadiu a praia do pop brasileiro com Raimundos (1994), um dos álbuns mais influentes dos anos 1990. Por mais que Cantigas de roda tenha uma ou outra faixa de menor peso, caso do rock Descendo na banguela, o CD repõe os Raimundos na roda com vigor que parecia utópico.
ResponderExcluirÓtima notícia! Sempre gostei muito dos Raimundos e saber que eles retornam com um bom álbum é um grande alento!
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