Mauro Ferreira no G1

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sábado, 1 de março de 2014

Alzira E gravita em torno da poesia e dos sons de Itamar em nono álbum

Resenha de CD
Título: O que vim fazer aqui
Artista: Alzira E
Gravadora: Traquitana Discos
Cotação: * * * 1/2

Os traços circulares da capa do nono álbum de Alzira Espíndola, O que vim fazer aqui, se alinham com o espírito deste disco em que a cantora e compositora gravita em torno da poesia e dos sons da influente obra do compositor paulista Itamar Assumpção (1949 - 2003). Alzira é do Mato Grosso do Sul, mas, tal como sua irmã Tetê Espíndola, logo se conectou com ícones da Vanguarda Paulista, o movimento que renovou a música brasileira na década de 1980 sem sair de São Paulo (SP), cidade que abriga Alzira E já há alguns anos. Tanto que, no início da década de 1990, os caminhos musicais da artista e Itamar se cruzaram em trajetória intensa que rendeu a Alzira um álbum, AMME (Baratos Afins, 1992), produzido pelo Nego Dito. Duas músicas deste disco, Já sei (Itamar Assumpção, Alzira E e Alice Ruiz) e a poética Sei dos caminhos (Itamar Assumpção e Alzira Ruiz), são rebobinadas entre as onze composições de O que vim fazer aqui. Neste álbum gravado sem percussão e bateria, com músicos jovens como os guitarristas Cris Scabello e Gustavo Cabelo, a poesia de músicas como Mesmo que mal eu diga (Alzira E e Itamar Assumpção) e O que vim fazer aqui (Alzira E e Itamar Assumpção) salta aos ouvidos com mais força do que a voz da cantautora. Mas fica clara também - como ressalta o atento Dante Ozzetti no texto que apresenta o disco -  a forma bem peculiar como Alzira E cria as melodias e a rítmica de sua música a partir do violão ou do baixo. A propósito, o baixo de Marcelo Dworecki se insinua sinuoso em O que é que eu fiz de mal? (Alzira E e Itamar Assumpção) e também está na base da inédita Conversa mole, parceria de Alzira com Iara Rennó. Da safra de inéditas do CD O que vim fazer aqui, que inclui Chuva no deserto (Alzira E e Itamar Assumpção), o maior destaque é Norte (Alzira E e Itamar Assumpção), tema em que os violões e a viola evocam universo interiorano de tonalidade ruralista. Ecos do tempo em que Alzira E era Alzira Espíndola, artista que tocava com o cantor e compositor Almir Sater, seu conterrâneo de Mato Grosso do Sul. Cantora que em seu primeiro disco solo, Alzira Espíndola (3M, 1986), harmonizou músicas de Arrigo Barnabé e Renato Teixeira. Mas é o espírito inquieto de Itamar que anima O que vim fazer aqui. A disposição das vozes de Alzira e Peri Pane em Tristeza não (Itamar Assumpção e Alice Ruiz) ecoa as influências dos sons vanguardistas da geração 80 de Sampa, da qual o Nego Dito - perfilado em Itamar é (Alzira E e Itamar Assumpção) - foi um dos líderes com obra cujo fôlego parece infinito. A ponto de ter gerado mais um disco arejado como este álbum de Alzira E. Beleléu veio fazer coisa boa aqui.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Os traços circulares da capa do nono álbum de Alzira Espíndola, O que vim fazer aqui, se alinham com o espírito deste disco em que a cantora e compositora gravita em torno da poesia e dos sons da influente obra do compositor paulista Itamar Assumpção (1949 - 2003). Alzira é do Mato Grosso do Sul, mas, tal como sua irmã Tetê Espíndola, logo se conectou com ícones da Vanguarda Paulista, o movimento que renovou a música brasileira na década de 1980 sem sair de São Paulo (SP), cidade que abriga Alzira E já há alguns anos. Tanto que, no início da década de 1990, os caminhos musicais da artista e Itamar se cruzaram em trajetória intensa que rendeu a Alzira um álbum, AMME (Baratos Afins, 1992), produzido pelo Nego Dito. Duas músicas deste disco, Já sei (Itamar Assumpção, Alzira E e Alice Ruiz) e a poética Sei dos caminhos (Itamar Assumpção e Alzira Ruiz), são rebobinadas entre as onze composições de O que vim fazer aqui. Neste álbum gravado sem percussão e bateria, com músicos jovens como os guitarristas Cris Scabello e Gustavo Cabelo, a poesia de músicas como Mesmo que mal eu diga (Alzira E e Itamar Assumpção) e O que vim fazer aqui (Alzira E e Itamar Assumpção) salta aos ouvidos com mais força do que a voz da cantautora. Mas fica clara também - como ressalta o atento Dante Ozzetti no texto que apresenta o disco - a forma peculiar como a Alzira E cria as melodias e a rítmica de sua música a partir do violão ou do baixo. A propósito, o baixo de Marcelo Dworecki se insinua sinuoso em O que é que eu fiz de mal? (Alzira E e Itamar Assumpção) e também está na base da inédita Conversa mole, parceria de Alzira com Iara Rennó. Da safra de inéditas do CD O que vim fazer aqui, que inclui Chuva no deserto (Alzira E e Itamar Assumpção), o maior destaque é Norte (Alzira E e Itamar Assumpção), tema em que os violões e a viola evocam universo interiorano de tonalidade ruralista. Ecos do tempo em que Alzira E era Alzira Espíndola, artista que tocava com o cantor e compositor Almir Sater, seu conterrâneo de Mato Grosso do Sul. Cantora que em seu primeiro disco solo, Alzira Espíndola (3M, 1986), harmonizou músicas de Arrigo Barnabé e Renato Teixeira. Mas é o espírito inquieto de Itamar que anima O que vim fazer aqui. A disposição das vozes de Alzira e Peri Pane em Tristeza não (Itamar Assumpção e Alice Ruiz) ecoa as influências dos sons vanguardistas da geração 80 de Sampa, da qual o Nego Dito - perfilado em Itamar é (Alzira E e Itamar Assumpção) - foi um dos líderes com obra cujo fôlego parece infinito. A ponto de ter gerado mais um disco arejado como este álbum de Alzira E. Beleléu veio fazer coisa boa aqui.

Anônimo disse...

Abençoando os novos e confirmando a nobreza de seus parceiros, Alzira é grande

Doug Carvalho disse...

Gosto muito, mas para mim será eternamente Alzira Espíndola, assim como Baby é Consuelo, Jorge é Ben e Sandra é Sá sem DE.

CN disse...

Maravilhosa poetisa do amor do século 21 e suas parcerias com nosso eterno e maior provocador. Salve!

Carlos Navas

Rafael disse...

Não gosto desse Alzira E. Para mim ela também sempre será Alzira Espíndola, que soa muito mais natural, artístico, bonito e suave para ela... Grande cantora como ela merece um grande nome!

Unknown disse...

Alzira nos oferece um disco primoroso, para se escutar de joelhos.....Esse ano promete: o CD da Tetê também é maravilhosos...as meninas estão com o capeta!!