domingo, 2 de março de 2014

Céu acerta ao mergulhar com cautela na praia do reggae de 'Catch a fire'

Resenha de show 
Título: Céu interpreta Catch a fire
Artista: Céu
Local: Miranda (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de fevereiro de 2014
Cotação: * * * *
Resenha feita a partir da transmissão ao vivo do show pelo Canal Bis HD (Net, 620)

A partir do lançamento do álbum Catch a fire, em abril de 1973, a praia do reggae se agitou, gerando ondas de alcance internacional. Tsunami na história do reggae, o disco é um dos clássicos da discografia do grupo jamaicano The Wailers (1963 - 1981), criado dez anos antes da edição Catch a fire por seus líderes Bob Marley (1945 - 1981), Bunny Wailer e Peter Tosh (1944 - 1987). Céu mergulhou nessa praia em 2013 ao apresentar em São Paulo (SP) show que celebrava os 40 anos de vida do álbum que gerou obras-primas do reggae como Stir it up (Bob Marley) e Concrete jungle (Bob Marley), música que denunciou ao mundo a pobreza cotidiana nos guetos da Jamaica e que já tinha sido gravada pela cantora e compositora paulistana em seu primeiro álbum, Céu (2005). Dado com cautela, como a própria artista ressaltou ao estrear o show na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 28 de fevereiro de 2014, o mergulho de Céu no repertório de Catch a fire resultou harmonioso, com a dose certa de reverência, mas sem soar como mero cover dos registros definitivos dos Waillers. Recorrentes em todos os 13 números do show, os vocais masculinos - feitos pelo baterista Bruno Buarque e pelos guitarristas Dustan Gallas e Zé Nigro - foram fundamentais para a recriação do clima do disco. À vontade no canto de um repertório com o qual parece ter relação afetiva, Céu brilhou ao reviver reggaes como Slave driver (Bob Marley) - de cuja letra foi extraído o título Catch a fire - e 400 years (Bob Marley Peter Tosh). Reggaes que mexem na ferida ainda aberta da escravidão. "São músicas que fazem parte da história de todos nós", exagerou a cantora ao dar voz a Baby, we've got a date (Bob Marley). Pontuado pelos scratches do DJ Marco, o show transcorreu bem sedutor em sua harmoniosa linearidade, abrindo passagens instrumentais em músicas como o Kinky reggae (Bob Marley), número que culminou com a citação alterada ("Quem não gosta de reggae / Bom sujeito não é / É ruim da cabeça / Ou doente do pé") d'O samba da minha terra (Dorival Caymmi, 1940). As linhas sinuosas do baixo de Lucas Martins, evidentes em reggaes como No more trouble (Bob Marley), mostraram que a banda era sã e que sabia transitar naquela praia. Céu é boa de música. Os vocais que abriram e fecharam a balada High tide or low tide - música incorporada ao repertório de Catch a fire em recentes reedições do álbum no formato de CD - reiteraram o zelo com que a artista deu seu mergulho contemporâneo na praia do reggae, reacendendo com propriedade a chama de álbum luminoso.

2 comentários:

  1. A partir do lançamento do álbum Catch a fire, em abril de 1973, a praia do reggae se agitou, gerando ondas de alcance internacional. Tsunami na história do reggae, o disco é um dos clássicos da discografia do grupo jamaicano The Wailers (1963 - 1981), criado dez anos antes da edição Catch a fire por seus líderes Bob Marley (1945 - 1981), Bunny Wailer e Peter Tosh (1944 - 1987). Céu mergulhou nessa praia em 2013 ao apresentar em São Paulo (SP) show que celebrava os 40 anos de vida do álbum que gerou obras-primas do reggae como Stir it up (Bob Marley) e Concrete jungle (Bob Marley), música que denunciou ao mundo a pobreza cotidiana nos guetos da Jamaica e que já tinha sido gravada pela cantora e compositora paulistana em seu primeiro álbum, Céu (2005). Dado com cautela, como a própria artista ressaltou ao estrear o show na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 28 de fevereiro de 2014, o mergulho de Céu no repertório de Catch a fire resultou harmonioso, com a dose certa de reverência, mas sem soar como mero cover dos registros definitivos dos Waillers. Recorrentes em todos os 13 números do show, os vocais masculinos - feitos pelo baterista Bruno Buarque e pelos guitarristas Dustan Gallas e Zé Nigro - foram fundamentais para a recriação do clima do disco. À vontade no canto de um repertório com o qual parece ter relação afetiva, Céu brilhou ao reviver reggaes como Slave driver (Bob Marley) - de cuja letra foi extraído o título Catch a fire - e 400 years (Bob Marley Peter Tosh). Reggaes que mexem na ferida ainda aberta da escravidão. "São músicas que fazem parte da história de todos nós", exagerou a cantora ao dar voz a Baby, we've got a date (Bob Marley). Pontuado pelos scratches do DJ Marco, o show transcorreu bem sedutor em sua harmoniosa linearidade, abrindo passagens instrumentais em músicas como o Kinky reggae (Bob Marley), número que culminou com a citação alterada ("Quem não gosta de reggae / Bom sujeito não é / É ruim da cabeça / Ou doente do pé") d'O samba da minha terra (Dorival Caymmi, 1940). As linhas sinuosas do baixo de Lucas Martins, evidentes em reggaes como No more trouble (Bob Marley), mostraram que a banda era sã e que sabia transitar naquela praia. Céu é boa de música. Os vocais que abriram e fecharam a balada High tide or low tide - música incorporada ao repertório de Catch a fire em recentes reedições do álbum no formato de CD - reiteraram o zelo com que a artista deu seu mergulho contemporâneo na praia do reggae, reacendendo com propriedade a chama de álbum luminoso.

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  2. Assisti online e foi incrível. A CéU sabe o que faz

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