Título: Coração a batucar
Artista: Maria Rita
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2
"Mais uma vez /
Aqui estou /
Aqui estou /
Não vou negar /
Eu vou representar com todo meu amor /
Cantando por aí /
Levando a alegria pro meu povo /
Não há nada que me faça mais feliz /
É tão encantador /
Meu samba, sim, senhor..."
♪ Ao abrir seu segundo álbum de samba com os versos de Meu samba, sim, senhor (Fred Camacho, Marcelinho Moreira e Leandro Fab, 2014), no toque do surdo e da cuíca, Maria Rita busca a conexão imediata entre Coração a batucar - disco lançado hoje, 25 de março de 2014, no iTunes - e Samba meu, o CD de 2007 que rejuvenesceu seu público e com o qual a cantora paulistana cortou o cordão umbilical que a ligava à sua mãe Elis Regina (1945 - 1982). Ao subir o morro, levada por seu então produtor Leandro Sapucahy, Maria Rita fez um disco pagodeiro, de pé no chão. Nas lojas em edição física a partir de 8 de abril, Coração a batucar vem ao mundo sete anos após Samba meu, com menos pé no chão. Entre um e outro álbum de samba, a artista lançou CD de entressafra - Elo (2011), produto que selou o fim de sua passagem pela Warner Music - e religou o cordão umbilical em tributo a Elis prestado em controvertido show perpetuado no CD, DVD e blu-ray Redescobrir (2012). Com a cotação ainda alta no mercado fonográfico, mas sem o prestígio e o status alcançados de forma instantânea com a edição de seu primeiro álbum, Maria Rita (2003), a cantora se refugia mais uma vez no samba. Mas seu coração batuca em cadência menos pagodeira neste disco gravado entre novembro e dezembro de 2013 sob a direção musical da própria Maria Rita e com arranjos confiados a um pianista, Jota Moraes, habituado a tocar em discos de MPB. Como já sinalizara o single Rumo ao infinito (Arlindo Cruz, Marcelinho Moreira e Fred Camacho, 2014), um dos três belos sambas fornecidos pelo bamba carioca Arlindo Cruz (nome recorrente no CD, mas sem a onipresença de Samba meu), Coração a batucar se ambienta entre o fundo de um quintal e o interior de uma boate. Dividida entre André Siqueira e Marcelinho Moreira, a percussão alcança destaques variados ao longo das 13 músicas do CD (a edição digital jà à venda no iTunes traz duas faixas-bônus). Em Saco cheio (Dona Fia e Marcos Antônio, 1981), sucesso da fase inicial da carreira fonográfica do cantor e compositor carioca Almir Guineto, a percussão é fundamental para simular clima de terreirão do samba no início e no fim da faixa. A interpretação irreverente da cantora acentua o deboche contido nos versos que brincam com o hábito do povo brasileiro de invocar Deus a todo momento. Uma das três regravações do disco, Fogo no paiol (Rodrigo Maranhão, 2010) é apagado pelo arranjo de clima menos quente. Esperto, o piano de Rannieri Oliveira se insinua ligeiramente jazzy em trecho instrumental deste tema lançado pelo cantor e compositor Rodrigo Maranhão em seu segundo disco, Passageiro (2010). Músicos orquestrados por Jota Moraes, mentor de todos os arranjos, o baixista Alberto Continentino, o guitarrista Davi Moraes e o baterista Wallace Santos armam cama segura para que Maria Rita caia no samba sem perder a pose de grande dama da MPB. Mas tal pose cai quando a artista dá a decisão em malandro esperto quando canta No meio do salão (Magnu Souza, Maurílio de Oliveira e Everson Pessoa, 2014), samba da turma do paulistano Quinteto em Branco e Preto. "Comigo não tem malandragem / Se o bicho pegar desta vez / Vai sobrar para você", enquadra, tal qual uma Anitta do samba. Do salão, o disco cai para Abismo (Thiago Silva, Lele e Davi dos Santos, 2014), bonito pagode romântico que, no registro refinado de Maria Rita, cresce e se torna um dos trunfos do repertório nem sempre à altura da voz da cantora. Fiel ao compromisso da artista de levar alegria para o povo, firmado nos versos iniciais de Meu samba, sim, senhor, Abismo contemporiza a dor de amor. Dor da qual o samba é o mensageiro em Vai meu samba (Noca da Portela e Sérgio Fonseca, 2011), um dos pontos mais altos do disco. Maria Rita regrava o samba de Noca da Portela em andamento lento e em clima cool de tom ritualístico. Samba mais expansivo, Abre o peito e chora (Serginho Meriti, Rodrigo Leite e Cauíque, 2014) trata a dor com a esperança de que novo sorriso vai gerar outro despertar para o amor e a vida. No mesmo tom positivista, Bola pra frente (Xande de Pilares e Gilson Bernini, 2014) prega resistência em tempos existencialmente noturnos. "Deixa clarear / Que a luz do dia vai brilhar", receita a cantora neste samba menor, do tamanho de Nunca se diz nunca (Xande de Pilares, Charlles André e Leandro Fab, 2014). Contudo, antes que o disco balance e caia, Arlindo Cruz e Joyce Moreno salvam a pátria. Cria da Bossa Nova, a compositora carioca fornece uma das melhores músicas do disco, No mistério do samba, tema feliz, iluminado, cheio de suingue. Um samba que celebra a alegria de poder fazer e cantar samba. Em tom terno e grato, Mainha me ensinou (Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Gilson Bernini, 2014) festeja o ensinamento que passa de mãe para filha. Com contracanto que valoriza a gravação, Maria Rita dá sua receita de paz, amor e harmonia no habitual tom leve e para cima do disco - o que justifica a alocação como bônus, exclusivo da edição digital de Coração a batucar, das regravações dos dois sambas do compositor carioca Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945 - 1991), o sempre questionador Gonzaguinha. Comportamento geral (1972) e Um sorriso nos lábios (1972) são sambas pesados, asfixiados pelas amarras da ditadura instaurada no Brasil em 1964. No fim, É corpo, é alma, é religião (Arlindo Cruz, Rogê e Arlindo Neto, 2014) põe no quintal o samba batido na palma da mão, fechando disco que, embora deixe a sensação de que Rita pode mais por ser a grande cantora que sempre foi, supera Samba meu, provando que o samba da filha de Elis é bom, sim, senhor. Como diria Chico Buarque, deixe a menina sambar em paz...
30 comentários:
Ao abrir seu segundo disco de samba com os versos de Meu samba, sim, senhor (Fred Camacho, Marcelinho Moreira e Leandro Fab, 2014), no toque do surdo e da cuíca, Maria Rita busca a conexão imediata entre Coração a batucar - álbum lançado hoje, 25 de março de 2014, no iTunes - e Samba meu, o CD de 2007 que rejuvenesceu seu público e com o qual a cantora paulistana cortou o cordão umbilical que a ligava à sua mãe Elis Regina (1945 - 1982). Ao subir o morro, levada por seu então produtor Leandro Sapucahy, Maria Rita fez um disco pagodeiro, de pé no chão. Nas lojas em edição física a partir de 8 de abril, Coração a batucar vem ao mundo sete anos após Samba meu, com menos pé no chão. Entre um e outro álbum de samba, a artista lançou CD de entressafra - Elo (2011), produto que selou o fim de sua passagem pela Warner Music - e religou o cordão umbilical em tributo a Elis prestado em controvertido show perpetuado no CD, DVD e blu-ray Redescobrir (2012). Com a cotação ainda alta no mercado fonográfico, mas sem o prestígio e o status alcançados de forma instantânea com a edição de seu primeiro álbum, Maria Rita (2003), a cantora se refugia mais uma vez no samba. Mas seu coração batuca em cadência menos pagodeira neste disco gravado entre novembro e dezembro de 2013 sob a direção musical da própria Maria Rita e com arranjos confiados a um pianista, Jota Moraes, habituado a tocar em discos de MPB. Como já sinalizara o single Rumo ao infinito (Arlindo Cruz, Marcelinho Moreira e Fred Camacho, 2014), um dos três belos sambas fornecidos pelo bamba carioca Arlindo Cruz (nome recorrente no CD, mas sem a onipresença de Samba meu), Coração a batucar se ambienta entre o fundo de um quintal e o interior de uma boate. Dividida entre André Siqueira e Marcelinho Moreira, a percussão alcança destaques variados ao longo das 13 músicas do CD (a edição digital jà à venda no iTunes traz duas faixas-bônus). Em Saco cheio (Dona Fia e Marcos Antônio, 1981), sucesso da fase inicial da carreira fonográfica do cantor e compositor carioca Almir Guineto, a percussão é fundamental para simular clima de terreirão do samba no início e no fim da faixa. A interpretação irreverente da cantora acentua o deboche contido nos versos que brincam com o hábito do povo brasileiro de invocar Deus a todo momento. Uma das três regravações do disco, Fogo no paiol (Rodrigo Maranhão, 2010) é apagado pelo arranjo de clima menos quente. Esperto, o piano de Rannieri Oliveira se insinua ligeiramente jazzy em trecho instrumental deste tema lançado pelo cantor e compositor Rodrigo Maranhão em seu segundo disco, Passageiro (2010). Orquestrados por Jota Moraes, mentor de todos os arranjos, o baixista Alberto Continentino, o guitarrista Davi Moraes e o baterista Wallace Santos armam cama segura para que Maria Rita caia no samba sem perder a pose de grande dama da MPB. Mas tal pose cai quando a artista dá a decisão em malandro esperto quando canta No meio do salão (Magnu Souza, Maurílio de Oliveira e Everson Pessoa, 2014), samba da turma do paulistano Quinteto em Branco e Preto. "Comigo não tem malandragem / Se o bicho pegar desta vez / Vai sobrar para você", enquadra, tal qual uma Anitta do samba. Do salão, o disco cai para Abismo (Thiago Silva, Lele e Davi dos Santos, 2014), bonito pagode romântico que, no registro refinado de Maria Rita, cresce e se torna um dos trunfos do repertório nem sempre à altura da voz da cantora.
Fiel ao compromisso da artista de levar alegria para o povo, firmado nos versos iniciais de Meu samba, sim, senhor, Abismo contemporiza a dor de amor. Dor da qual o samba é o mensageiro em Vai meu samba (Noca da Portela e Sérgio Fonseca, 2011), um dos pontos mais altos do disco. Maria Rita regrava o samba de Noca da Portela em andamento lento e em clima cool de tom ritualístico. Samba mais expansivo, Abre o peito e chora (Serginho Meriti, Rodrigo Leite e Cauíque, 2014) trata a dor com a esperança de que novo sorriso vai gerar outro despertar para o amor e a vida. No mesmo tom positivista, Bola pra frente (Xande de Pilares e Gilson Bernini, 2014) prega resistência em tempos existencialmente noturnos. "Deixa clarear / Que a luz do dia vai brilhar", receita a cantora neste samba menor, do tamanho de Nunca se diz nunca (Xande de Pilares, Charlles André e Leandro Fab, 2014). Contudo, antes que o disco balance e caia, Arlindo Cruz e Joyce Moreno salvam a pátria. Cria da Bossa Nova, a compositora carioca fornece uma das melhores músicas do disco, No mistério do samba, tema feliz, iluminado, cheio de suingue. Um samba que celebra a alegria de poder fazer e cantar samba. Em tom terno e grato, Mainha me ensinou (Arlindo Cruz, Xande de Pilares e Gilson Bernini, 2014) festeja o ensinamento que passa de mãe para filha. Com contracanto que valoriza a gravação, Maria Rita dá sua receita de paz, amor e harmonia no habitual tom leve e para cima do disco - o que justifica a alocação como bônus, exclusivo da edição digital de Coração a batucar, das regravações dos dois sambas do compositor carioca Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945 - 1991), o sempre questionador Gonzaguinha. Comportamento geral (1973) e Um sorriso nos lábios (1976) são sambas pesados, asfixiados pelas amarras da ditadura instaurada no Brasil em 1964. No fim, É corpo, é alma, é religião (Arlindo Cruz, Rogê e Arlindo Neto, 2014) põe no quintal o samba batido na palma da mão, fechando disco que, embora deixe a sensação de que Maria Rita pode e deve mais por ser a grande cantora que sempre foi, supera Samba meu, provando que o samba da filha de Elis é bom, sim, senhor. Como diria Chico Buarque, deixe a menina sambar em paz...
Tirando umas três canções medianas pra ruins é um ótimo trabalho, no show ficará lindo, e, realmente, é muito superior ao samba meu e por este motivo, fará muito menos sucesso.
Maria Rita é tão bonita, mas essa foto deixou ela com o rosto torto, um olho mais baixo que o outro talvez um efeito estranho dessa maquiagem de velório, e essa boquinha assoprando uma vela invisível ....Gosto bastante do trabalho da MR, mas essa capa está um erro ...misericórdia, ja vi cada foto tão linda dessa artista ...
Capa e foto infelizes!!! Espero q MR esqueça o samba de vez num próximo trabalho!!
Primeira observação: nada mais lógico que Maria Rita gravando Gonzaguinha com Jota Moraes como arranjador. Afinal, Jota trabalhou com o dito cujo de 1979 até o final da vida.
Segunda observação: Maria Rita não é muito a minha, mas apoio francamente a história dela fazer samba. Se é o que ela quer, por quê não? Ela já declarou tantas vezes que "Samba meu" serviu para "desestressá-la"...
Por que ficar naquele estilo até bom, mas engessado, pesado, lento, tenso do primeiro álbum e de "Segundo" (sério, eu acho insuportável!)? Por que seguir daquele jeito que ela era nas apresentações, ensimesmada, acabrunhada, tímida como a garota vesga a ponto de usar tampão nos óculos que ela era na infância?
Se foi assim que ela venceu a grande chatice de sua carreira (comparações com a mãe, sendo que foi diferente desde o início), que continue, ora. "Pão com ovo", como já disseram aqui? Talvez. Mas é o que ela quer. Então...
Felipe dos Santos Souza
Muito bom, estou encantado com as canções.
Acho que nas primeiras faixas ela fez um lado "sapeca" e mais ousado (Anitta do samba foi um tiquim demais para um verso) que vai permitir dar um relaxada quando o CD for pro palco.
Logo depois o disco "sobe" pro seu ponto alto: "Vai meu samba", "Abre o peito e chora" e "Bola pra frente". A sequência de ouro.
A saída do disco é sensata, samba dedicado ao samba. Abre e fecha o disco, afirmativamente, querendo dizer pra que veio. E veio.
O roteiro, com certeza, foi gravado pensando no show. Passa por diversas facetas que a cantora costuma mostrar no palco.
Meu destaque é pro Antônio de 10 aninhos na percussão de "Vai Meu Samba". Não nega o sangue dos avós. Além da incrível "Bola Pra Frente" que tem cara de hino cantada enlouquecidamente pela platéia do futuro show.
"Comportamento Geral" ficou forte, de voz crua e 'solta'. Resultado muito bom na faixa bônus.
'...para de dizer que não repara quando eu pego pra cantar!'
Maria Rita canta, isso basta. Adorei este disco. A capa, o gênero pouco importa pra mim. O que importa é a qualidade do som e da cantora. Maria Rita é uma cantora daquelas que ainda conseguem emocionar. Diante de muita "coisa" que está ai fazendo sucesso,Graças a Deus que Maria Rita existe. Além do mais, vai comprar o disco e ir aos shows quem gostar do trabalho da talentosa e graciosa CANTORA Maria Rita.
Sucesso, sorte e força!
A menina pode e deve sambar em paz e se isso a desestressa que bom.Mas sera que é bom apenas para ela e seus fãs?A questão é que o samba virou válvula de escape para uma infinidade de artistas e isso esta se saturando.O Rio foco da cultura no país e foco do samba...ai,ai ai!Maria Rita fica devendo trabalho mais corajoso.A carreira é muito curta pra ja entregar os pontos,aderindo tanto a um estilo,óbvio pelo valor comercial.Por enquanto ela so da saudades de Elis.Muita!
Quanta patrulha.
Já torci o nariz pro samba dela, sobretudo ao samba meu. Creio que até por influência do que lia. Não adianta dizer que não contamina... Pois bem, vi o show na época e me ganhou. Ponto pra ela. De fato, ela parece um pouco confusa na condução dos seus discos, era óbvia a escolha pela samba, porém dessa vez não torci o nariz, ouvi antes. Não me adaptei totalmente a esse disco novo. Mas me pareceu muito bem feito.
Acontece que ela é a Maria Rita. Quando gravou 'Elo', nego criou motivo dizendo que era obra da preguiça, de cumprir contrato (ok, pode até ser), mas era um trabalho. Sempre haverá patrulha, saudosista, defensor ou não do samba puro (puro?). É o fim da picada racionar um ritmo brasileiro feito o samba. Acho válido com ela, e com qualquer outra que se permita.
Além de tudo, filha de Elis Regina, uma das maiores cantoras/personalidades do País. (concordo com o texto do Mauro, em relação ao desgaste da imagem dela, em Redescobrir. Soou pretensioso e comercial sim, talvez até pelo contágio da crítica e de sisudos de plantão.)
Gostei pacas do disco. Gosto muito das seis primeiras músicas, mas acho que de "Abre o peito e chora" em diante o disco vira quase uma obra-prima.
O que mais gosto na Maria Rita (além do fato dela ser sensacional ao vivo, coisa que muita cantora que faz bons discos não é) é que ela grava e canta o que ela sabe que pode cantar com o coração, com tesão, porque acredita no que está cantando, sem se preocupar com grifes de gênero (é MPB, é samba, é pagode) ou de compositor (achar que gravar compositores conhecidos/consagrados traz prestígio).
Não tem esse negócio de "Ah, que canção interessante", "que verso inteligente", "que graciosa essa melodia": tem que ser uma porrada no estômago e você sente a emoção dela quando canta.
Gosto também do fato que ela faz gravações em estúdio quase ao vivo, sem manipular a voz pra deixar tudo perfeito. As gravações dela têm aquelas pequenas "falhas" que mostram que tem alguém ali, um ser humano respirando, cantando de verdade, não uma máquina.
Por fim, "Um sorriso nos lábios", do Gonzaguinha, é uma das mais músicas favoritas e Maria Rita conseguiu deixá-la nova e mais foda do que nunca.
"Um sorriso nos lábios" realmente ficou incrível!!!
uma pena fazer parte apenas da edição digital.
Não consigo entender (e confesso que já começa a me encher o saco) essa obrigatoriedade de se ser "sambista desde criancinha" para se cantar samba.
O samba é o samba, é o gênero musical mais brasileiro que há, e é de todos. Tem samba de tudo quanto é tipo e não vejo o porquê que só os nascidos, criados e convertidos e que podem levar essa bandeira.
Toda crítica, positiva ou negativa, sempre vem recheada de gosto e expectativas pessoais, mas não entendo o motivo pelo qual a Maria Rita não possa gostar de samba, cantar samba. Beth Carvalho, quando apareceu nos anos 60, não era sambista. Ela virou sambista! Mário Reis era o perfeito mauricinho dos anos 20, rapaz grã-fino da alta sociedade carioca que nunca subiu o morro, mas que fez história do samba.... não consigo entender muito bem pq fazer samba, o gênero musical mais típico do Brasil, acaba sendo, sempre, um "privilégio" de quem vive enfiado dentro da quadra da escola de samba. Pq a visão oposta, ou seja, o (ou a) artista que sofre influências de musicalidade anglo-saxônica (jazz, rock, tecno, hip hop........) nunca são questionados sobre a genuinidade do que fazem, mesmo sem nunca ter estado em Londres ou NY, mas quando alguém que não cresceu no morro da Mangueira ou na quadra da Portela resolve cantar samba é apontado como quase um usurpador da pureza de um estilo que, penso cá eu, é de todos? Por outro lado o samba acaba virando uma prisão para quem é chamado de sambista! Se Alcione ou Martinho da Vila um dia resolvessem gravar uma música da Rita Lee seria tratados como "traidores"!
Tudo bem gostar ou não de um disco ou de um cantor, mas tanto Maria Rita quanto QUALQUER cantor brasileiro PODE (e deve) cantar samba. O samba é um patrimônio do Brasil, não é propriedade de ninguém.
Deixem a menina sambar em paz!
Concordo com sua visão, Douglas Carvalho, e acrescento que o preconceito vem dos dois lados. Quando Teresa Cristina resolveu fazer show com um grupo 'indie' de rock, Os Outros, sofreu patrulha ideológica de parte do povo do samba. Abs, MauroF
Pois é, Mauro. Pensei exatamente na Teresa ao falar dos "prisioneiros" do samba, mas não quis falar dela para não correr o risco de citar uma cantora de quem sou absolutamente fã, cantora que descobri como cantora de samba. Acho maravilhoso que ela assuma que não nasceu sambista, que gosta de universos musicais vistos como "contrários ao samba" e corra o risco de cair na maldição dos puristas ao passear por outras paisagens musicais. Para alguém que ainda é frequentemente criticada por não ter o gesto expansivo de Clara Nunes nem a voz de trovão de Alcione, mas que se firmou como sambista, é um ato de extrema coragem!
adorei "Samba meu", grande produção, mudança de ares, show lindo. esse "Coração a batucar" soa menor. muito linear, canções fracas, uma auto ajuda desnecessária ("Bola pra frente" e "Nunca se diz nunca" em sequência!).
desde "Elo" - o pior disco da carreira de MR - tem sido assim, dá pra salvar 5 ou 6 músicas e o resto se acostuma de tanto ouvir ou passa a gostar no show.
sou fã mas ando meio impaciente nessa espera do próximo grande disco chegar. pode ser samba, pode ser bossa nova, pode ser Gonzaguinha, qualquer coisa com mais consistência.os fãs de Marisa Monte entendem o que eu digo.
Marisa Monte é consistente porque não saí da zona de conforto. Ok, tem também o seu "CD de samba".
Eu curto Elo, apenas Redescobrir que eu ouvi pouquíssimas vezes. To curtindo esse novo, mais do que Samba Meu.
Fábio, eu quis dizer exatamente o contrário. Faz muito tempo que MM perdeu a mão nos discos.
Ouvi o disco poucas vezes ainda, mas, poxa, ficou mal gravado, né? Produção humilde ao extremo... Gostei da maioria das canções, mas essa sensação de estar ouvindo algo gravado na varanda de casa me incomoda um pouco... Essa coisa de "registro mais orgânico" é a maior bobagem. Fica ruim! Que faça ao vivo, então...
Ouvi o disco poucas vezes ainda, mas, poxa, ficou mal gravado, né? Produção humilde ao extremo... Gostei da maioria das canções, mas essa sensação de estar ouvindo algo gravado na varanda de casa me incomoda um pouco... Essa coisa de "registro mais orgânico" é a maior bobagem. Fica ruim! Que faça ao vivo, então...
Os comentários longos,nesse caso foi até pertinente.Eu só acho que querendo publicar um tratado sociológico-filosófico-musical,procurem a Editora Planeta.
Os comentários longos,nesse caso foi até pertinente.Eu só acho que querendo publicar um tratado sociológico-filosófico-musical,procurem a Editora Planeta.
O disco tem músicas com letras lindas e arranjos ótimos do Jota. Mas a sensação que tenho é que houve uma troca no título do disco. Esse disco de 2014 que deveria se chamar "Samba Meu", pois traz Maria Rita cantando samba de um jeito, digamos, diferente. Já o disco de 2007 deveria ser chamado "Coração a batucar". Porque ali o samba chegou mesmo, o coração batucou à vera.
Quanto aos sambas de Gonzaguinha,na minha opinião, não casam muito com a voz de Gonzaguinha. Sua versão de "Sorriso nos lábios", por exemplo, perde rude para a de Verônica Ferriani.
Mas, no final das contas, o "Coração a batucar" tem o seu valor.
"Vai meu samba", "Abre o peito e chora" e "Bola pra frente" á a sequência que vale qualquer investimento no disco. Perfeito. Obra prima mesmo! Concordo com a Ju Oliveira que depois de "Vai meu samba" o disco vira uma obra prima. Maria Rita parece que se soltou mais, ficou mais a vontade, e deixou a música fluir. Depois da faixa seis o disco arrepia. A Maria Rita mostra quem é a Maria Rita, estende sua potência vocal até onde sabe que chega, e o resultado é esse disco incrível. E como ponto de partida pro show, podemos esperar algo sensacional, não tenho dúvidas.
Maria Rita é a única cantora de MPB que eu admiro e acompanhando os trabalhos dela. Conheci ela no álbum Samba Meu, e mesmo detestando samba, para ela abri uma exceção e procurei conhecer os outros álbuns. "Segundo" e "Maria Rita" são ótimos por sinal.
Sobre o "Coração a Batucar", eu gostei do resultado final, tem boas composições e a voz dela continua impecável.
Fui ao show dela no sábado (12/04), o primeiro da turnê do Coração a Batucar, ao vivo as músicas do novo álbum ficaram ótimas, ela cantou quase o álbum completo, mesclando com músicas do Samba Meu e com músicas de outros compositores.
O que eu percebi no show, é que não se trata apenas da Maria Rita, mas toda a banda dela, eu que tive o prazer de ir em um show na época do Samba Meu, achei que essa banda atual está bem mais entrosada e com músicos de primeira, como o Alberto Continentino e Rannieri Oliveira principalmente.
Enfim, quem está com dúvida, se compensa ou não ir a um show da turnê do "Coração a Batucar", eu digo que vale e muito. Além do mais, Maria Rita é um show em simpatia.
É... o Mauro é mesmo fã da Maria Rita. Pagode Meu 2. Nada repetitivo. Voz leve e solta, ela é muito segura, "Deixe a menina ganhar o dinheiro dela do jeito que ela quiser, já que até hoje ela não disse a que veio". Só sei de uma coisa,o lado pessoal, como ídolo ela é arrogante pra caramba, fui fã durante 02 anos e acompanhei de perto suas hipocrisias no palco e depois porta na caras dos fãs e mentiras. Este cd me soa como a cantora "Falso".
Já tô apaixonado pelo disco e ouço o tempo inteiro. Nem sei mais se acho bom ou ruim. Mas que é viciante ao extremo, ah, é...
Quero mesmo é o show! Afinal, o disco foi feito pra isso, né? Palco! Lugar que Maria Rita domina com carisma, empolgação e competência impecáveis.
E é bom lembrar: o ingresso pago dá direito ao espetáculo, restritamente.
;-)
Complicado opinar aqui, com tantos "entendidos" da MPB... mas eu gostei do disco. Na minha opinião, ela tem cantado cada vez melhor, e escolhido bem as músicas também. Vou ao show dela pela quinta ou sexta vez no próximo mês, é sempre um prazer.
Complicado opinar aqui, com tantos "entendidos" da MPB... mas eu gostei do disco. Na minha opinião, ela tem cantado cada vez melhor, e escolhido bem as músicas também. Vou ao show dela pela quinta ou sexta vez no próximo mês, é sempre um prazer.
Complicado opinar aqui, com tantos "entendidos" da MPB... mas eu gostei do disco. Na minha opinião, ela tem cantado cada vez melhor, e escolhido bem as músicas também. Vou ao show dela pela quinta ou sexta vez no próximo mês, é sempre um prazer.
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