Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sexta-feira, 14 de março de 2014

Diálogo de Lily Allen com fã no twitter expõe 'lixo' da indústria do disco

Editorial - Embora Lily Allen tenha roçado o pop perfeito na composição das músicas escolhidas como singles de seu terceiro álbum, Sheezus, parece que a criação e a propagação de gemas como Air balloon (Lily Allen e Shellback) e Our time (Lily Allen e Greg Kurstin) foram obras mais da vontade da Parlophone Records - a gravadora que vai lançar Sheezus em maio com distribuição da Warner Music - do que da cantora e compositora britânica. Em conversa com fãs no Twitter que alcançou repercussão mundial ao longo desta semana, a artista surpreendentemente concordou com um fã que caracterizou os singles de Sheezus como "pop dócil e ruim" e como "lixo""O que você ouviu até agora, sim. Tudo o que posso fazer é dar o meu melhor, mas as gravadoras e as rádios não querem tocar as melhores músicas", argumentou Allen. Por trás dessa declaração corajosa e sincera, a artista deixou entrever o lixo que, não raro, infesta as relações entre artistas e diretores de gravadoras. O que Lily Allen quis dizer - com uma franqueza que certamente desagradou os executivos da Parlophone Records e que pode vir a comprometer o investimento da gravadora em Sheezus - é que artistas de grande potencial comercial sofrem pressão contínua das gravadoras para produzir músicas que sejam hits radiofônicos e no YouTube. Essa relação comercial entre artistas e gravadoras  acontece desde que o samba é samba. Seria ingenuidade culpar a indústria do disco porque o objetivo dessa indústria é tão somente obter lucro com o comércio de CDs e DVDs - e nada há de errado, condenável ou ilegal nesse comércio. Cabe ao artista estabelecer os limites da interferência externa na sua obra para não macular sua discografia e para não perder prestígio e status junto ao seu público e à crítica. Lily Allen pode até desgostar dos singles de Sheezus, mas eles são pop da melhor qualidade, embora - a julgar pelas declarações da artista - tais músicas estejam fora de sintonia com seu atual momento artístico. Tais questões já não fazem parte da rotina dos artistas independentes que gravam seus discos com liberdade artística para somente depois negociar a edição e distribuição do CD com algum selo - tendência crescente no mercado fonográfico mundial. Mas essas questões ainda atribulam o cotidiano de artistas contratados pelas grandes gravadoras. Por isso mesmo, ao admitir para o seu fã a existência dessa pressão, Lily Allen foi bem corajosa ao tirar o lixo debaixo do tapete.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Editorial - Embora Lily Allen tenha roçado o pop perfeito na composição das músicas escolhidas como singles de seu terceiro álbum, Sheezus, parece que a criação e a propagação de gemas como Air balloon (Lily Allen e Shellback) e Our time (Lily Allen e Greg Kurstin) foram obras mais da vontade da Parlophone Records - a gravadora que vai lançar Sheezus em maio com distribuição da Warner Music - do que da cantora e compositora britânica. Em conversa com fãs no Twitter que alcançou repercussão mundial ao longo desta semana, a artista surpreendentemente concordou com um fã que caracterizou os singles de Sheezus como "pop dócil e ruim" e como "lixo". "O que você ouviu até agora, sim. Tudo o que posso fazer é dar o meu melhor, mas as gravadoras e as rádios não querem tocar as melhores músicas", argumentou Allen. Por trás dessa declaração corajosa e sincera, a artista deixou entrever o lixo que, não raro, infesta as relações entre artistas e diretores de gravadoras. O que Lily Allen quis dizer - com uma franqueza que certamente desagradou os executivos da Parlophone Records e que pode vir a comprometer o investimento da gravadora em Sheezus - é que artistas de grande potencial comercial sofrem pressão contínua das gravadoras para produzir músicas que sejam hits radiofônicos e no YouTube. Essa relação comercial entre artistas e gravadoras acontece desde que o samba é samba. Seria ingenuidade culpar a indústria do disco porque o objetivo dessa indústria é tão somente obter lucro com o comércio de CDs e DVDs - e nada há de errado, condenável ou ilegal nesse comércio. Cabe ao artista estabelecer os limites da interferência externa na sua obra para não macular sua discografia e para não perder prestígio e status junto ao seu público e à crítica. Lily Allen pode até desgostar dos singles de Sheezus, mas eles são pop da melhor qualidade, embora - a julgar pelas declarações da artista - tais músicas estejam fora de sintonia com seu atual momento artístico. Tais questões já não fazem parte da rotina dos artistas independentes que gravam seus discos com liberdade artística para somente depois negociar a edição e distribuição do CD com algum selo - tendência crescente no mercado fonográfico mundial. Mas essas questões ainda atribulam o cotidiano de artistas contratados pelas grandes gravadoras. Por isso mesmo, ao admitir para o seu fã a existência dessa pressão, Lily Allen foi bem corajosa ao tirar o lixo debaixo do tapete.

ADEMAR AMANCIO disse...

Não sabia que ainda existia tal pressão.Me lembrou Elis Regina em "Viva a Brotolândia".