segunda-feira, 3 de março de 2014

Em 'Éolo', Moinho gira com mais força no sopro da criatividade de Brown

Resenha de CD
Título: Éolo
Artista: Moinho
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * *

Terceiro título da discografia do trio carioca-baiano Moinho e primeiro álbum desde o CD e DVD Ao vivo (EMI Music, 2009),  Éolo faz o Moinho girar com mais força pop quando recebe o sopro da criatividade do cantor e compositor baiano Carlinhos Brown, produtor de duas das nove músicas do álbum lançado pela gravadora carioca Coqueiro Verde Records neste mês de março de 2014. Gravadas em novembro de 2011 em Salvador (BA) e jogadas na rede em 2012, Éolo e Tu pira! (música ouvida no disco em remix inédito do DJ e produtor paulista Fernando Deeplick) são parcerias de Brown com a percussionista Lan Lan e o guitarrista Toni Costa, integrantes do trio cujo terceiro vértice é a vocalista Emanuelle Araújo. Termo que significa Deus do vento na mitologia grega, Éolo é o nome do disco - que tem sete músicas produzidas por Mauro Berman, piloto dos teclados e do baixo do CD - e também do arejado reggae que abre o álbum saudando o bem trazido pelo vento. Já Tu pira! é um funk pop que, no remix de Deeplick, embute tanto o pancadão dos bailes da pesada quando a batucada do samba, gênero dominante no repertório gravado com a adesão do baterista Maurício Braga. Do tempo do meu avô (Lan Lan e Toni Costa) recicla clichês rítmicos e temáticos no samba que argumenta que a devoção do Moinho ao gênero vem desde que o samba é o samba. Mexeu comigo (Lan Lan e Toni Costa) cai no suingue recorrente neste disco de sotaque bem mais carioca do que o do primeiro álbum de estúdio do grupo, Hoje de noite (Lan Lan e Toni Costa), mais voltado para o balanço da música da Bahia. Suingue que soa miscigenado em Foi a chuva (Lan Lan e Toni Costa), música que se alinha com o mix de funk, pop e eletro de Noite massa (Lan Lan e Toni Costa), trilha das baladas contemporâneas do Rio. Em outra latitude, Vento caribenho (Lan Lan e Toni Costa) sopra latinidade enquanto o Moinho monta o mapa latinoamericano na letra que cita o título do bolero mexicano Besame mucho (Consuelo Velázquez, 1940) entre ruídos e beats eletrônicos. Nessa rota universal, Éolo põe o standard jazzístico (Back home again in) Indiana (James Frederick Hanley e Ballard MacDonald, 1917) na cadência bonita do samba carioca enquanto, em mão inversa, transforma o samba Morrendo de saudade, do compositor paraibano Tadeu Mathias, em acariciante balada. Nesse giro contemporâneo pela música e pela cultura pop, traduzido visualmente pela imagem da capa inspirada na arte antológica do álbum Sgt. Pepper's lonely hearts club band (1967), Éolo tira definitivamente o grupo de sua original roda baiana, embora paradoxalmente seja a conexão com o baiano cosmopolita Carlinhos Brown que faça o Moinho girar com (mais) força ao longo de seu arejado álbum Éolo.

Um comentário:

  1. Terceiro título da discografia do trio carioca-baiano Moinho e primeiro álbum desde o CD e DVD Ao vivo (EMI Music, 2009), Éolo faz o Moinho girar com mais força pop quando recebe o sopro da criatividade do cantor e compositor baiano Carlinhos Brown, produtor de duas das nove músicas do álbum lançado pela gravadora carioca Coqueiro Verde Records neste mês de março de 2014. Gravadas em novembro de 2011 em Salvador (BA) e jogadas na rede em 2012, Éolo e Tu pira! (música ouvida no disco em remix inédito do DJ e produtor paulista Fernando Deeplick) são parcerias de Brown com a percussionista Lan Lan e o guitarrista Toni Costa, integrantes do trio cujo terceiro vértice é a vocalista Emanuelle Araújo. Termo que significa Deus do vento na mitologia grega, Éolo é o nome do disco - que tem sete músicas produzidas por Mauro Berman, piloto dos teclados e do baixo do CD - e também do arejado reggae que abre o álbum saudando o bem trazido pelo vento. Já Tu pira! é um funk pop que, no remix de Deeplick, embute tanto o pancadão dos bailes da pesada quando a batucada do samba, gênero dominante no repertório gravado com a adesão do baterista Maurício Braga. Do tempo do meu avô (Lan Lan e Toni Costa) recicla clichês rítmicos e temáticos no samba que argumenta que a devoção do Moinho ao gênero vem desde que o samba é o samba. Mexeu comigo (Lan Lan e Toni Costa) cai no suingue recorrente neste disco de sotaque bem mais carioca do que o do primeiro álbum de estúdio do grupo, Hoje de noite (Lan Lan e Toni Costa), mais voltado para o balanço da música da Bahia. Suingue que soa miscigenado em Foi a chuva (Lan Lan e Toni Costa), música que se alinha com o mix de funk, pop e eletro de Noite massa (Lan Lan e Toni Costa), trilha das baladas contemporâneas do Rio. Em outra latitude, Vento caribenho (Lan Lan e Toni Costa) sopra latinidade enquanto o Moinho monta o mapa latinoamericano na letra que cita o título do bolero mexicano Besame mucho (Consuelo Velázquez, 1940) entre ruídos e beats eletrônicos. Nessa rota universal, Éolo põe o standard jazzístico (Back home again in) Indiana (James Frederick Hanley e Ballard MacDonald, 1917) na cadência bonita do samba carioca enquanto, em mão inversa, transforma o samba Morrendo de saudade, do compositor paraibano Tadeu Mathias, em acariciante balada. Nesse giro contemporâneo pela música e pela cultura pop, traduzido visualmente pela imagem da capa inspirada na arte antológica do álbum Sgt. Pepper's lonely hearts club band (1967), Éolo tira definitivamente o grupo de sua original roda baiana, embora paradoxalmente seja a conexão com o baiano cosmopolita Carlinhos Brown que faça o Moinho girar com mais força ao longo de seu arejado álbum Éolo.

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