Resenha de CD
Título: Zulumbi
Artista: Zulumbi
Gravadora: Radar Records
Cotação: * * * * 1/2
"Babe, eu vou bombar o sistema / Bombar o sistema com o sistema de som / Bombar o sistema, eu vou", anuncia o Zulumbi no jogo de palavras armado no refrão explosivo de Babe, vou bombar, uma das dez músicas inéditas do primoroso primeiro álbum do trio, Zulumbi, nas lojas em edição física a partir deste mês de março de 2014. Ao lado de Rodrigo Brandão (MC do coletivo paulista Mamelo Sound System) e de PG (DJ do grupo de rap paulistano Elo da Corrente), o guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia, migra do mangue para o asfalto chapa quente de São Paulo, trazendo na bagagem a psicodelia revolvida já há 20 anos nas lamas do Recife (PE). Sim, o Zulumbi bomba muito ao descolar seu rap miscigenado da matriz norte-americana do hip hop. Crescente ao longo das dez faixas do CD, tal dissociação fica pouco nítida no rap funkeado que abre o disco produzido pelo trio com Daniel Bozzio. Papo reto para os manos paulistanos, o rap Essa é pra você não explicita de cara a habilidade do Zulumbi ao inserir elementos distintos no universo hip hop - a psicodelia do Mangue (evidente em Cosmos conspira), o jazz (representado pelas conexões com os músicos norte-americanos Jason Adasiewicz e Rob Mazurek), o funk e a trama afro-brasileira dos tambores - sem deixar de soar pop, acessível a ouvidos urbanos. O apelo pop é reiterado no rap Sob o signo do insano, mas é quando mais põe ingredientes brasileiros no caldeirão de seu rap que o Zulumbi mais bomba. Introduzida pelo baticum nativo, a música-título do disco, Zulumbi, é a perfeita carta de intenções deste álbum que promove a integração entre a Nação Zumbi e a Zulu Nation do pioneiro DJ norte-americano Kevin Donovan, mais conhecido em escala mundial como Afrika Bambaataa. A bem-vinda integração já é anunciada pelo nome fundido do trio, Zulumbi. O disco transborda suingue. Até a guitarra hero de Lúcio Maia ganha toque mais balançado. Mote do CD Zulumbi, o miscigenado groove nativo tempera e azeita o discurso politizado embutido na metalinguística Wah-wah. Um dos pontos mais altos do disco autoral, Bumaye transita com desenvoltura na ponte África-Brasil-Estados Unidos enquanto Mensagem da tribo cai no suingue globalizado por conta da adesão de Yarah Bravo, rapper sueca (filha de pai brasileiro) ligada ao selo indie inglês Ninja Tune. "Todo mundo tem ambição de ser alguém / Ninguém quer ser ninguém", repete o Zulumbi no refrão pop do rap Todo mundo tem. Com este seu primeiro excelente álbum, o trio Zulumbi mostra que os manos e as minas de Sampa (e de todo o resto do Brasil) não precisam seguir à risca a batida e o discurso dos colegas da matriz para bombar.
"Babe, eu vou bombar o sistema / Bombar o sistema com o sistema de som / Bombar o sistema, eu vou", anuncia o Zulumbi no jogo de palavras armado no refrão explosivo de Babe, vou bombar, uma das dez músicas inéditas do primoroso primeiro álbum do trio, Zulumbi, nas lojas em edição física a partir deste mês de março de 2014. Ao lado de Rodrigo Brandão (MC do coletivo paulista Mamelo Sound System) e de PG (DJ do grupo de rap paulistano Elo da Corrente), o guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia, migra do mangue para o asfalto chapa quente de São Paulo, trazendo na bagagem a psicodelia revolvida já há 20 anos nas lamas do Recife (PE). Sim, o Zulumbi bomba muito ao descolar seu rap miscigenado da matriz norte-americana do hip hop. Crescente ao longo das dez faixas do CD, tal dissociação fica pouco nítida no rap funkeado que abre o disco produzido pelo trio com Daniel Bozzio. Papo reto para os manos paulistanos, o rap Essa é pra você não explicita de cara a habilidade do Zulumbi ao inserir elementos distintos no universo hip hop - a psicodelia do Mangue (evidente em Cosmos conspira), o jazz (representado pelas conexões com os músicos norte-americanos Jason Adasiewicz e Rob Mazurek), o funk e a trama afro-brasileira dos tambores - sem deixar de soar pop, acessível a ouvidos urbanos. O apelo pop é reiterado no rap Sob o signo do insano, mas é quando mais põe ingredientes brasileiros no caldeirão de seu rap que o Zulumbi mais bomba. Introduzida pelo baticum nativo, a música-título do disco, Zulumbi, é a perfeita carta de intenções deste álbum que promove a integração entre a Nação Zumbi e a Zulu Nation do pioneiro DJ norte-americano Kevin Donovan, mais conhecido em escala mundial como Afrika Bambaataa. A bem-vinda integração já é anunciada pelo nome fundido do trio, Zulumbi. O disco transborda suingue. Até a guitarra hero de Lúcio Maia ganha toque mais balançado. Mote do CD Zulumbi, o miscigenado groove nativo tempera e azeita o discurso politizado embutido na metalinguística Wah-wah. Um dos pontos mais altos do disco autoral, Bumaye transita com desenvoltura na ponte África-Brasil-Estados Unidos enquanto Mensagem da tribo cai no suingue globalizado por conta da adesão de Yarah Bravo, rapper sueca (filha de pai brasileiro) ligada ao selo indie inglês Ninja Tune. "Todo mundo tem ambição de ser alguém / Ninguém quer ser ninguém", repete o Zulumbi no refrão pop do rap Todo mundo tem. Com este seu primeiro excelente álbum, o trio Zulumbi mostra que os manos e as minas de Sampa (e de todo o resto do Brasil) não precisam seguir à risca a batida e o discurso dos colegas da matriz para bombar.
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