Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Caixa reedita raros discos que expõem os tons mais refinados de Emílio

Resenha de caixa de CDs
Título: Três tons de Emílio Santiago
Artista: Emílio Santiago
Gravadora: Universal Music
Cotação da caixa: * * * * 
Cotações dos álbuns: Comigo é assim (* * * * 1/2), O canto crescente de Emílio Santiago
                               (* * * * 1/2) e Guerreiro coração (* * * 1/2)

A edição da caixa Três tons de Emílio Santiago - recém-posta nas lojas pela gravadora Universal Music - corrige erro injustificável do mercado fonográfico brasileiro ao lançar no formato de CD alguns dos melhores discos de uns dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos. A discografia do carioca Emílio Santiago (1946 - 2013) se divide em antes e depois da gravação da Aquarela brasileira, série que gerou sete volumes lançados entre 1988 e 1994 e que deu a Emílio, enfim, o real sucesso popular que ele nunca tinha obtido no período em que passou na gravadora Philips, apesar de ter emplacado um ou outro hit eventual. Antes e depois das Aquarelas, o cantor fez seus melhores discos. Na Philips, Emílio gravou dez LPs lançados entre 1976 e 1984. São os álbuns pouco ouvidos da fase pré-Aquarela. Os melhores discos dessa era dourada são os dos anos 1970. Vários títulos dessa fase já foram editados em CD no Japão, país que dá mais valor ao catálogo fonográfico da MPB do que o próprio Brasil. Mas eram raros no mercado nacional. Com as exceções de Brasileiríssimas (discos menos relevante 1976) e do intimista Feito pra ouvir (grande álbum de 1977 que Ronaldo Bastos editou em CD em 2009 por seu selo Dubas), todos os títulos desse período em que o canto de Emílio era crescente permaneceram inexplicavelmente inéditos no formato de CD no Brasil até a edição da caixa Três tons de Emílio Santiago, produzida por Alice Soares, executiva da Universal Music, dentro da oportuna série Tons. A seleção de títulos - a cargo do pesquisador musical Rodrigo Faour - é boa, mas poderia ser melhor se, no lugar de Guerreiro coração (disco de 1980, gravado ao vivo em estúdio), tivesse incluído o raríssimo álbum Emílio, de 1978. De todo modo, a caixa presta belo serviço à música brasileira ao reeditar, além de Guerreiro coração, os primorosos Comigo é assim (1977) e O canto crescente de Emílio Santiago (1979). Terceiro álbum da discografia de Emílio Santiago, Comigo é assim alcançou relativo sucesso por conta do samba Nega (Vevé Calasans), propagado na trilha sonora da novela O astro (TV Globo, 1977 / 1978). Aliada à alta qualidade do repertório, que apresentou grande samba de João Nogueira (1941 - 2000) com Paulo César Pinheiro (Minha esquina, samba esquecido até ser regravado pelo cantor Moyseis Marques em Casual solo, CD deste ano de 2014), a expressividade do time de arranjadores - formado por feras como Antonio Adolfo, João Donato, Sivuca (1930 - 2006), J.T. Meirelles (1940 - 2008), João Donato, Roberto Menescal e Zé Menezes - gerou um dos grandes discos de Emílio. Que neste álbum deu sua voz aveludada e já maturada a um samba, É hora, do emergente Djavan. O alto nível de Comigo é assim foi bisado dois anos depois por O canto crescente de Emílio Santiago, álbum arranjado por Antonio Adolfo e J.T. Meireles. Neste disco de 1979, Emílio regravou com apuro músicas então recentes como As rosas não falam (Cartola), Homenagem ao malandro (Chico Buarque), Outra vez (Isolda), Recado (Gonzaguinha) e Trocando em miúdos (Chico Buarque e Francis Hime), além de fazer dueto fraterno com João Nogueira em Amigo é pra essas coisas (Silvio da Silva e Aldir Blanc, 1970). O relativo sucesso do disco foi o samba Logo agora, da lavra dos emergentes Jorge Aragão e Jotabê. Terceiro título da caixa Três tons de Emílio Santiago, Guerreiro coração rebobina Logo agora, pois é o registro de estúdio - gravado como se fosse ao vivo, diante de plateia de convidados - do show que Emílio estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 1980. Com a voz diplomada na escola da noite, o cantor apresenta com desenvoltura repertório que inclui músicas de Leci Brandão, Ivan Lins, João Nogueira e Gonzaguinha (1945 - 1991), presente na gravação do disco, feita em julho de 1980 (data exposta na ficha técnica original que contradiz Rodrigo Faour, autor do texto que afirma ter Guerreiro coração sido gravado na sequência de temporada feita por Emílio no Rio em setembro de 1980). Ouça estes remasterizados discos que expõem os tons mais refinados do canto imortal de Emílio Santiago!

9 comentários:

Mauro Ferreira disse...

A edição da caixa Três tons de Emílio Santiago - recém-posta nas lojas pela gravadora Universal Music - corrige erro injustificável do mercado fonográfico brasileiro ao lançar no formato de CD alguns dos melhores discos de uns dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos. A discografia do carioca Emílio Santiago (1946 - 2013) se divide em antes e depois da gravação da Aquarela brasileira, série que gerou sete volumes lançados entre 1988 e 1994 e que deu a Emílio, enfim, o real sucesso popular que ele nunca tinha obtido no período em que passou na gravadora Philips, apesar de ter emplacado um ou outro hit eventual. Antes e depois das Aquarelas, o cantor fez seus melhores discos. Na Philips, Emílio gravou dez LPs lançados entre 1976 e 1984. São os álbuns pouco ouvidos da fase pré-Aquarela. Os melhores discos dessa era dourada são os dos anos 1970. Vários títulos dessa fase já foram editados em CD no Japão, país que dá mais valor ao catálogo fonográfico da MPB do que o próprio Brasil. Mas eram raros no mercado nacional. Com as exceções de Brasileiríssimas (discos menos relevante 1976) e do intimista Feito pra ouvir (grande álbum de 1977 que Ronaldo Bastos editou em CD em 2009 por seu selo Dubas), todos os títulos desse período em que o canto de Emílio era crescente permaneceram inexplicavelmente inéditos no formato de CD no Brasil até a edição da caixa Três tons de Emílio Santiago, produzida por Alice Soares, executiva da Universal Music, dentro da oportuna série Tons. A seleção de títulos - a cargo do pesquisador musical Rodrigo Faour - é boa, mas poderia ser melhor se, no lugar de Guerreiro coração (disco de 1980, gravado ao vivo em estúdio), tivesse incluído o raríssimo álbum Emílio, de 1978. De todo modo, a caixa presta belo serviço à música brasileira ao reeditar, além de Guerreiro coração, os primorosos Comigo é assim (1977) e O canto crescente de Emílio Santiago (1979). Terceiro álbum da discografia de Emílio Santiago, Comigo é assim alcançou relativo sucesso por conta do samba Nega (Vevé Calasans), propagado na trilha sonora da novela O astro (TV Globo, 1977 / 1978). Aliada à alta qualidade do repertório, que apresentou grande samba de João Nogueira (1941 - 2000) com Paulo César Pinheiro (Minha esquina, samba esquecido até ser regravado pelo cantor Moyseis Marques em Casual solo, CD deste ano de 2014), a expressividade do time de arranjadores - formado por feras como Antonio Adolfo, João Donato, Sivuca (1930 - 2006), J.T. Meirelles (1940 - 2008), João Donato, Roberto Menescal e Zé Menezes - gerou um dos grandes discos de Emílio. Que neste álbum deu sua voz aveludada e já maturada a um samba, É hora, do emergente Djavan. O alto nível de Comigo é assim foi bisado dois anos depois por O canto crescente de Emílio Santiago, álbum arranjado por Antonio Adolfo e J.T. Meireles. Neste disco de 1979, Emílio regravou com apuro músicas então recentes como As rosas não falam (Cartola), Homenagem ao malandro (Chico Buarque), Outra vez (Isolda), Recado (Gonzaguinha) e Trocando em miúdos (Chico Buarque e Francis Hime), além de fazer dueto fraterno com João Nogueira em Amigo é pra essas coisas (Silvio da Silva e Aldir Blanc, 1970). O relativo sucesso do disco foi o samba Logo agora, da lavra dos emergentes Jorge Aragão e Jotabê. Terceiro título da caixa Três tons de Emílio Santiago, Guerreiro coração rebobina Logo agora, pois é o registro de estúdio - gravado como se fosse ao vivo, diante de plateia de convidados - do show que Emílio estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 1980. Com a voz diplomada na escola da noite, o cantor apresenta com desenvoltura repertório que mistura músicas de Leci Brandão, Ivan Lins, Gonzaguinha (1945 - 1991) - presente na gravação do disco, feita em julho de 1980 - e João Nogueira. Enfim, ouça estes remasterizados discos que expõem os tons mais refinados do canto imortal de Emílio Santiago.

Marcelo disse...

Esse é eterno e faz uma falta absurda!!!!

Rafael disse...

Espero que relancem sua disocgrafia inteira remasterizada.

Cláudio disse...

Deveria existir algum criterio para escolha dos titulos, principalmente ser inedito em CD. Dos 3 de Emilio, eu ja possuia 2. Depois acham ruim pq os produtos nao vendem...

Cláudio disse...

Quando vierem novos TONS de outros cantores, eh importante que os titulos sejam ineditos.

Tiago disse...

Esse critério existe e certamente o mercado japonês não é um deles... E nem poderia ser, afinal não são muitas as pessoas dispostas a pagar quase $200 reais por um único CD.

Mauro Ferreira disse...

Cláudio, todos os três títulos eram até então inéditos no Brasil. Tiago tem razão. Abs, MauroF

Cláudio disse...

Mauro,
Eu não acho errado que títulos lançados apenas no exterior sejam editados no Brasil, também. Ao contrário, eu gostaria que todos fossem lançados aqui.
O que eu penso é que os consumidores destes produtos, em sua maioria, são os colecionadores, os quais tentam adquirir, na medida do possível, discos que saíram apenas lá fora.
No caso de Emílio, havia uns 5 ou 6 discos inéditos no acervo da Universal tão desejados quanto os que saíram na caixinha. Então, tendo em vista quem consome e já terem saído fora, eu penso que o bom senso mandaria editar primeiro os que nunca saíram no formato. Isso é o que eu penso. Aliás, eu penso que todos deveriam sair, inclusive o "Brasileiríssimas" e o "Feito Par Ouvir" com as capas originais.
Só para finalizar, eu tive conhecimento de que os discos da caixinha de Alceu Valença não seriam os 3 inéditos. A mudança foi feita de última hora, tendo sido excluídos o "Cavalo de Pau" e o "Coração Bobo". Os 2 já estavam produzidos e foram lançados avulsos. Não posso afirmar que é verdade mas a história faz sentido. É esse o critério a que me refiro.
Abs.

Adilson disse...

Concordo plenamente. Deveriam relançar Emilio, de 78. Feito para Ouvir, de 77 não foi relançado com a capa original. Um desrespeito.