A devoção ao jazz era imensa, mas nunca foi maior do que seu coração. Jornalista e crítico musical de jazz, espécie de profissional já em extinção na imprensa brasileira, o carioca José Domingos Raffaelli (15 de outubro de 1936 - 26 de abril de 2014) sai de cena aos 77 anos, mas deixa muita saudade entre músicos brasileiros e internacionais pela paixão com a qual sempre escreveu sobre jazz em longa atividade profissional iniciada nos anos 1950. Invariavelmente embasados, respeitosos e com enfoque positivo, seus textos - publicados no Brasil sobretudo no Jornal do Brasil (de 1972 a 1987) e em O Globo (de 1987 a 2002) - extrapolaram as fronteiras nacionais já nos anos 1950, década em que Raffaelli fez o primeiro de seus textos para jornais e revistas da Europa e dos Estados Unidos. Ao longo dos anos 2000, década em que diminuiu sua atuação no ofício de crítico de jazz por conta do progressivamente reduzido volume de lançamentos fonográfico do gênero no Brasil, Raffaelli produziu shows de nomes Dôdo Ferreira (2003), Osmar Milito Trio (2003), Brazilian Jazz Trio (Hélio Alves, Nilson Matta e Duduka da Fonseca) (2004) e Quinteto Victor Assis Brasil (2004). Profundo conhecedor dos meandros do jazz, Raffaelli deu também palestras sobre o tema e produziu programas de rádio em que propagou a mais livre das formas de música. O prêmio lhe concedido em 1999 pela International Association of Jazz Educators (IAJE) - o de melhor crítico de jazz fora do âmbito dos Estados Unidos - ajuda a dar a dimensão da importância do trabalho devotado de José Domingos Raffaelli, cujo conhecimento somente não foi maior do que sua alma generosa, sempre disposta a incentivar colegas de profissão, como um então iniciante crítico de MPB que hoje nada mais faz do que a obrigação ao lhe prestar, em Notas Musicais, merecido tributo a quem lhe foi sempre um exemplo de conduta ética no exercício do ofício de crítico musical. Valeu, José Domingos Raffaelli, cujo espírito agora está livre como o jazz que ele tanto amou.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
A devoção ao jazz era imensa, mas nunca foi maior do que seu coração. Jornalista e crítico musical de jazz, espécie de profissional já em extinção na imprensa brasileira, o carioca José Domingos Raffaelli (15 de outubro de 1936 - 26 de abril de 2014) sai de cena aos 77 anos, mas deixa saudade entre músicos brasileiros e internacionais pela paixão com a qual sempre escreveu sobre jazz em atividade profissional iniciada nos anos 1950. Invariavelmente embasados, respeitosos e com enfoque positivo, seus textos - publicados no Brasil sobretudo no Jornal do Brasil (de 1972 a 1987) e em O Globo (de 1987 a 2002) - extrapolaram as fronteiras nacionais já nos anos 1950, década em que Raffaelli fez o primeiro de seus textos para jornais e revistas da Europa e dos Estados Unidos. Ao longo dos anos 2000, década em que diminuiu sua atuação no ofício de crítico de jazz por conta do progressivamente reduzido volume de lançamentos fonográfico do gênero no Brasil, Raffaelli produziu shows de nomes Dôdo Ferreira (2003), Osmar Milito Trio (2003), Brazilian Jazz Trio (Hélio Alves, Nilson Matta e Duduka da Fonseca) (2004) e Quinteto Victor Assis Brasil (2004). Profundo conhecedor dos meandros do jazz, Raffaelli deu também palestras sobre o tema e produziu programas de rádio em que propagou a mais livre das formas de música. O prêmio lhe concedido em 1999 pela International Association of Jazz Educators (IAJE) - o de melhor crítico de jazz fora do âmbito dos Estados Unidos - ajuda a dar a dimensão da importância do trabalho devotado de José Domingos Raffaelli, cujo conhecimento somente não foi maior do que sua alma generosa, sempre disposta a incentivar colegas de profissão, inclusive a um iniciante crítico de MPB que hoje nada mais faz do que a obrigação ao lhe prestar, em Notas Musicais, merecido tributo a quem lhe foi sempre um exemplo de conduta ética no exercício do ofício de crítico musical. Valeu, José Domingos Raffaelli, cujo espírito agora está livre como o jazz que ele tanto amou.
Perda lamentável. A ausência de José Domingos Rafaelli da chamada grande imprensa brasileira nos últimos anos só mostra como cada vez mais estamos carentes de qualidade e variedade nesse âmbito do jornalismo.
Mais uma perda irreparável para a cultura brasileira.
Aprendi muito lendo as críticas dele sobre jazz e música, como um todo.
abração,
Denilson
Foi um dos maiores críticos de jazz de todos os tempos em nível mundial. Tive a honra de trocar alguns e-mails com ele no fim de sua vida.
Postar um comentário