Título: Prêmio da Música Brasileira - 25 anos
Autor: Antonio Carlos Miguel
Editora: Edições de Janeiro
Cotação: * * * 1/2
De caráter documental e oficial, o livro sobre o Prêmio da Música Brasileira historia os 25 anos da premiação musical carioca que se tornou - ao longo dessas duas décadas e meia - a mais importante do Brasil pela própria longevidade e, sobretudo, por aglutinar e mobilizar artistas de todos os escalões e tendências do mercado fonográfico nacional. Embora jamais tenha alterado o status de seus vencedores na mídia e no próprio mercado da música, o prêmio - idealizado pelo empresário carioca José Maurício Machline e existente desde 1988 - é sempre notícia pela concentração de artistas e pelas belas homenagens prestadas a cantores e compositores vivos ou mortos com inéditos números musicais criados em torno da obra do homenageado do ano - números que pontuam a fluente cerimônia de entrega dos prêmios e que promovem encontros inusitados entre os artistas. Obviamente, por seu caráter chapa branca, o livro documenta a evolução do prêmio sem tecer críticas às cerimônias ou ao critérios de avaliação de CDs e DVDs pelo júri formado por críticos musicais, cantores e músicos. Mesmo assim, tal documento se revela relevante para quem se interessa pela história da música brasileira. O alto preço da publicação nas livrarias - R$ 120 - é justificado pelo luxuoso formato de livro de arte. Mais do que os textos objetivos escritos pelo jornalista Antonio Carlos Miguel, que descreve cada cerimônia ano por ano e perfila cada artista homenageado em breves ensaios publicados em folhetos encartados no livro (inovação de Gringo Cardia, design da publicação), são as fotos que contam muito da história do prêmio e falam nas entrelinhas. Expostas em tamanhos grandes, não raro ocupando uma página inteira, as imagens dão status de livro de arte a Prêmio da Música Brasileira - 25 anos, que ao fim lista todos os vencedores das 24 edições já realizadas (a 25ª está programada para maio deste ano de 2014 e inova ao homenagear não um nome, mas um gênero, o samba). Logo nas primeiras páginas, foto grande da cantora carioca Elizeth Cardoso (1920 - 1990) sentada ao lado do também carioca Renato Russo (1960 - 1996) na plateia do teatro do Hotel Nacional - sede no Rio de Janeiro (RJ) da primeira edição do prêmio, realizada em 31 de maio de 1988 - vale mais do que mil palavras sobre o poder aglutinador do Prêmio da Música Brasileira. Às vezes, a foto nem tem muito foco ou beleza plástica, mas eterniza momento inusitado que deu o que falar na mídia - caso da imagem que flagra Gilberto Gil usando saia sobre calça na premiação de 1993, em modelito bisado por seu parceiro e amigo Caetano Veloso em combinação estratégica que fez os figurinos dos artistas baianos serem mais destacados no Ano Ângela Maria & Cauby Peixoto do que a distribuição dos prêmios. Folhear o livro é repisar os caminhos da música brasileira ao longo desses 25 anos, concluindo que o prêmio foi justo ao eleger o cantor e compositor pernambucano Lenine a revelação de 1998 - categoria que também fez justiça ao laurear o rapper paulista Criolo como a revelação da edição de 2012. Folhear o livro também é perceber, pelas fotos, como alguns artistas antes tão presentes na premiação foram se tornando presenças cada vez mais raras até sumir de cena por não terem conseguido se manter em evidência no mercado e na mídia - caso da cantora paulista Rosana, que faturou diversos prêmios de melhor cantora na categoria Canção Popular (um eufemismo para brega) entre o fim dos anos 1980 e o início da década de 1990. Enfim, goste-se ou não do Prêmio da Música Brasileira e do empresário José Maurício Machline (e há quem desdenhe - ou finja desdenhar - de ambos), a instantânea e total adesão da classe musical ao prêmio legitima desde 1998 a iniciativa do empresário. Se as (sutis) mutações do prêmio foram muitas ao longo dos 25 anos, como lembram os textos de Antonio Carlos Miguel, as fotos expostas no livro Prêmio da Música Brasileira - 25 anos falam por si só. O prêmio é a maior festa da música brasileira. O livro convida o leitor a penetrar na concorrida festa anual.
14 comentários:
De caráter documental e oficial, o livro sobre o Prêmio da Música Brasileira historia os 25 anos da premiação musical carioca que se tornou - ao longo dessas duas décadas e meia - a mais importante do Brasil pela própria longevidade e, sobretudo, por aglutinar e mobilizar artistas de todos os escalões e tendências do mercado fonográfico nacional. Embora jamais tenha alterado o status de seus vencedores na mídia e no próprio mercado da música, o prêmio - idealizado pelo empresário carioca José Maurício Machline e existente desde 1988 - é sempre notícia pela concentração de artistas e pelas belas homenagens prestadas a cantores e compositores vivos ou mortos com inéditos números musicais criados em torno da obra do homenageado do ano - números que pontuam a fluente cerimônia de entrega dos prêmios e que promovem encontros inusitados entre os artistas. Obviamente, por seu caráter chapa branca, o livro documenta a evolução do prêmio sem tecer críticas às cerimônias ou ao critérios de avaliação de CDs e DVDs pelo júri formado por críticos musicais, cantores e músicos. Mesmo assim, tal documento se revela relevante para quem se interessa pela história da música brasileira. O alto preço da publicação nas livrarias - R$ 120 - é justificado pelo luxuoso formato de livro de arte. Mais do que os textos objetivos escritos pelo jornalista Antonio Carlos Miguel, que descreve cada cerimônia ano por ano e perfila cada artista homenageado em breves ensaios publicados em folhetos encartados no livro (inovação de Gringo Cardia, design da publicação), são as fotos que contam muito da história do prêmio e falam nas entrelinhas. Expostas em tamanhos grandes, não raro ocupando uma página inteira, as imagens dão status de livro de arte a Prêmio da Música Brasileira - 25 anos, que ao fim lista todos os vencedores das 24 edições já realizadas (a 25ª está programada para maio deste ano de 2014 e inova ao homenagear não um nome, mas um gênero, o samba). Logo nas primeiras páginas, foto grande da cantora carioca Elizeth Cardoso (1920 - 1990) sentada ao lado do também carioca Renato Russo (1960 - 1996) na plateia do teatro do Hotel Nacional - sede no Rio de Janeiro (RJ) da primeira edição do prêmio, realizada em 31 de maio de 1988 - vale mais do que mil palavras sobre o poder aglutinador do Prêmio da Música Brasileira. Às vezes, a foto nem tem muito foco ou beleza plástica, mas eterniza momento inusitado que deu o que falar na mídia - caso da imagem que flagra Gilberto Gil usando saia sobre calça na premiação de 1993, em modelito bisado por seu parceiro e amigo Caetano Veloso em combinação estratégica que fez os figurinos dos artistas baianos serem mais destacados no Ano Ângela Maria & Cauby Peixoto do que a distribuição dos prêmios. Folhear o livro é repisar os caminhos da música brasileira ao longo desses 25 anos, concluindo que o prêmio foi justo ao eleger o cantor e compositor pernambucano Lenine a revelação de 1998 - categoria que também fez justiça ao laurear o rapper paulista Criolo como a revelação da edição de 2012. Folhear o livro também é perceber, pelas fotos, como alguns artistas antes tão presentes na premiação foram se tornando presenças cada vez mais raras até sumir de cena por não terem conseguido se manter em evidência no mercado e na mídia - caso da cantora carioca Rosana, que faturou diversos prêmios de melhor cantora na categoria Canção Popular (um eufemismo para brega) entre o fim dos anos 1980 e o início da década de 1990. Enfim, goste-se ou não do Prêmio da Música Brasileira e do empresário José Maurício Machline (e há quem desdenhe - ou finja desdenhar - de ambos), a instantânea e total adesão da classe musical ao prêmio legitima desde 1998 a iniciativa do empresário. Se as (sutis) mutações do prêmio foram muitas ao longo dos 25 anos, como lembram os textos de Antonio Carlos Miguel, as fotos expostas no livro Prêmio da Música Brasileira - 25 anos falam por si só. O prêmio é a maior festa da música brasileira. O livro convida o leitor a penetrar na concorrida festa anual.
Ah Mauro, estava tão bom de ler até pela enésima vez rotularem a grande intérprete Rosana de "brega". Por que não citar Tim Maia, Sandra de Sá, Fafá de Belém, Angela Maria e tantos outros tb premiados neste mesmo quesito "canção popular"?!? Não, há sempre que se jogar pedra na "Geni" da canção popular brasileira...
Por essas e outras que por conta própria divulgo a arte desta intérprete num canal do youtube - Deusa Cidadã do Mundo - e no blog de mesmo nome (por ora meio desativado, é verdade).
A propósito, a grande Rosana é paulistana do Brás, radicada no RJ desde 1978, ano de lançamento de seu primeiro compacto pela EMI-Odeon.
Enfim, desculpe pelo tom de desabafo mas acho uma baita injustiça, após mais de 25 anos da explosão do megahit O Amor e o Poder ainda a taxarem de "brega", num "guento" mesmo hehe. Sua arte vai muito, mas muito além dos clássicos versos "como uma deusa".
Sinta-se convidado a conhecê-la para além da "deusa", sem preconceito.
Abraço,
Alex Abreu
Alex, grato pelo toque da origem paulistana da Rosana. Quanto ao adjetivo 'brega', ele está relacionado na resenha à categoria 'canção popular', não à artista. Uma leitura menos apaixonada e mais atenta do texto ajudaria a perceber a diferença. Abs, MauroF
O talento imensurável de Rosanah levou-a ao sucesso em que não sairá jamais, que gostem ou não. Rosanah Fienngo é um dos nossos maiores patrimônios da MPB!
O talento imensurável de Rosanah levou-a ao sucesso em que não sairá jamais, que gostem ou não. Rosanah Fienngo é um dos nossos maiores patrimônios da MPB!
Devem estar brincando, Mauro!
Seu repertório era pra lá de brega!
Me senti homenageado no "a quem desdenhe". Para mim deveria ser chamado de Prêmio dos Amigos do Macchiline! No início eu enxergava um certo critério nos artistas agraciados, hoje em dia nem tanto.
Acho pejorativo o termo "brega". Goste-se ou não, um artista ser popular não desmerece o seu talento e o seu trabalho. Acho agressivo e desrespeitoso.
retificando: há quem desdenhe!
Rosana (ou Rosanah) Fiengo sempre foi uma voz linda a serviço de um repertório comercial (e, na maioria das vezes, brega mesmo!). O que não me impede de gostar dela!
Há quem desdenhe do Prêmio de música brasileira, principalmente os fās obcecados quando os seus artistas favoritos não sāo premiados!
Tipo vc e os seus, Emengarda?
Carapuça é um caso sério!
A Rosana é uma grande cantora,pena que quando canta MPB (Legítima) não funciona.Mas tachá-lo de brega e cantora de um sucesso só, é uma injustiça histórica.
Falta de espelho idem!
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