Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 22 de abril de 2014

Maré do Fino Coletivo sobe em 'Massagueira' entre serenidade e suingue

Resenha de CD
Título: Massagueira
Artista: Fino Coletivo
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * *

A caminho dos dez anos de vida, a serem completados em 2015, o Fino Coletivo ganha coesão enquanto vai perdendo integrantes. De início, eram oito componentes em formação que - apesar de contar com os talentos dos logo dissidentes Marcelo Frota (o MoMo) e Wado - apresentou um superestimado primeiro disco, Fino Coletivo (Dubas Música, 2007). Três anos depois, ao lançar seu segundo álbum, Copacabana (Oi Música, 2010), o octeto já estava reduzido a um sexteto. Tinha perdido três integrantes, mas ganhara o reforço dos teclados de Donatinho, proeminentes neste segundo CD. Decorridos mais quatro anos, o Fino Coletivo é um quinteto formado por Adriano Siri, Alvinho Cabral, Alvinho Lancellotti, Daniel Medeiros e Rodrigo Scofield. Como quinteto, o coletivo carioca gravou seu disco mais fino e menos eletrônico, Massagueira, batizado com o nome de vila de pescadores situada a 15 km de Maceió (AL). A proximidade com o litoral nordestino fez emergir uma ciranda aditivada com leve toque de afoxé, Porvir (Ivor Lancellotti e Alvinho Lancelloti), mas Massagueira mantém o Fino em sua praia carioca, com letras que falam de mares e marés. E com a ressalva de que o repertório soa tão sedutor quanto a sonoridade - avanço em relação aos dois álbuns anteriores do grupo. Viabilizado através de plataforma de financiamento coletivo e lançado de forma independente neste mês de abril de 2014, Massagueira apresenta dez inéditas assinadas (em dupla, solitariamente ou com eventuais parceiros) pelos três compositores do grupo (Adriano Siri, Alvinho Cabral e Alvinho Lancellotti). O repertório equilibra suingue e serenidade. Três baladas de clima ameno - De maré (Alvinho Cabral e Alvinho Lancellotti), Tudo fica lindo (Adriano Siri) e Nós (Alvinho Cabral e Alvinho Lancellotti), esta gravada com a adição da voz da cantora carioca Luana Carvalho - sinalizam a intenção de dar mais peso às melodias. Provável efeito da inspiração dada pela vila alagoana, Massagueira é disco feito com alta dose de tranquilidade. É nesse clima zen que o Fino reitera a recorrente devoção a São Jorge Ben Jor em Floreando (Alvinho Lancellotti e Mu Chebabi) e que cai no samba em Iracema (Alvinho Lancellotti), tema em clima de gafieira que perfila a empregada doméstica que batiza a música, e em Meu carinho, meu calor (Alvinho Cabral). Situada na abertura do disco, Is very good jan (Adriano Siri) expõe o ponto fraco do álbum: as vozes dos vocalistas do coletivo, sobretudo a de Adriano Siri, cantor também de Como é que a gente se ajeita (Adriano Siri). Mas assim caminha o coletivo. "A brisa acalma / O sol se põe na dor / Sereno paira no meu ar de amor / O mundo gira e eu vou que vou",  dizem versos de Vou que vou (Alvinho Lancellotti), música contemplativa que fecha o melhor e mais calmo álbum do Fino Coletivo. A maré subiu.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

A caminho dos dez anos de vida, a serem completados em 2015, o Fino Coletivo ganha coesão enquanto vai perdendo integrantes. De início, eram oito componentes em formação que - apesar de contar com os talentos dos logo dissidentes Marcelo Frota (o MoMo) e Wado - apresentou um superestimado primeiro disco, Fino Coletivo (Dubas Música, 2007). Três anos depois, ao lançar seu segundo álbum, Copacabana (Oi Música, 2010), o octeto já estava reduzido a um sexteto. Tinha perdido três integrantes, mas ganhara o reforço dos teclados de Donatinho, proeminentes neste segundo CD. Decorridos mais quatro anos, o Fino Coletivo é um quinteto formado por Adriano Siri, Alvinho Cabral, Alvinho Lancellotti, Daniel Medeiros e Rodrigo Scofield. Como quinteto, o coletivo carioca gravou seu disco mais fino e menos eletrônico, Massagueira, batizado com o nome de vila de pescadores situada a 15 km de Maceió (AL). A proximidade com o litoral nordestino fez emergir uma ciranda aditivada com leve toque de afoxé, Porvir (Ivor Lancellotti e Alvinho Lancelloti), mas Massagueira mantém o Fino em sua praia carioca, com letras que falam de mares e marés. E com a ressalva de que o repertório soa tão sedutor quanto a sonoridade - avanço em relação aos dois álbuns anteriores do grupo. Viabilizado através de plataforma de financiamento coletivo e lançado de forma independente neste mês de abril de 2014, Massagueira apresenta dez inéditas assinadas (em dupla, solitariamente ou com eventuais parceiros) pelos três compositores do grupo (Adriano Siri, Alvinho Cabral e Alvinho Lancellotti). O repertório equilibra suingue e serenidade. Três baladas de clima ameno - De maré (Alvinho Cabral e Alvinho Lancellotti), Tudo fica lindo (Adriano Siri) e Nós (Alvinho Cabral e Alvinho Lancellotti), esta gravada com a adição da voz da cantora carioca Luana Carvalho - sinalizam a intenção de dar mais peso às melodias. Provável efeito da inspiração dada pela vila alagoana, Massagueira é disco feito com alta dose de tranquilidade. É nesse clima zen que o Fino reitera a recorrente devoção a São Jorge Ben Jor em Floreando (Alvinho Lancellotti e Mu Chebabi) e que cai no samba em Iracema (Alvinho Lancellotti), tema em clima de gafieira que perfila a empregada doméstica que batiza a música, e em Meu carinho, meu calor (Alvinho Cabral). Situada na abertura do disco, Is very good jan (Adriano Siri) expõe o ponto fraco do álbum: as vozes dos vocalistas do coletivo, sobretudo a de Adriano Siri, cantor também de Como é que a gente se ajeita (Adriano Siri). Mas assim caminha o coletivo. "A brisa acalma / O sol se põe na dor / Sereno paira no meu ar de amor / O mundo gira e eu vou que vou", dizem versos de Vou que vou (Alvinho Lancellotti), música contemplativa que fecha o melhor e mais calmo álbum do Fino Coletivo. A maré subiu.