Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sábado, 12 de abril de 2014

Paulinho Lima desperdiça dotes vocais em 'covers' do cancioneiro 'black'

Resenha de CD
Título: Dom Paulinho Lima
Artista: Dom Paulinho Lima
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 

De todos os cantores que se apresentaram na segunda temporada do programa The Voice Brasil (TV Globo, 2013), Dom Paulinho Lima foi o que impressionou de imediato os jurados e os espectadores da atração pelo vozeirão diplomado na escola de canto do soul, do r & b e do funk norte-americanos. Tanto que, mesmo eliminado do reality musical antes do fim da competição, o intérprete paulista conquistou o direito de gravar um disco pela gravadora Universal Music, tal como o vencedor Sam Alves e como a finalista Lucy Alves. Tal como seus colegas, Dom Paulinho Lima debuta em disco sem identidade. Em seu primeiro álbum, sonhado há mais de 30 anos, o cantor se limita a fazer covers de onze sucessos do cancioneiro black brasileiro e norte-americano. Além da voz, o intérprete mostra apurado senso rítmico quando cai no suingue funky de Get down on it (Charles Smith, J.T. Taylor, Ronaldo Nathan Bell, Robert Earl Bell e George Melvin Brown, 1981) - sucesso do grupo norte-americano Kool & The Gang - e quando acerta a levada samba-soul de Gostava tanto de você (Edson Trindade, 1973), sucesso do soulman nacional Tim Maia (1942 - 1998). O problema do CD Dom Paulinho Lima - produzido por Marcelo Sussekind - é que o cantor jamais consegue extrapolar a seara do cover, se dissociando das matrizes. Quando dá voz à balada-soul Me and mrs. Jones (Kenny Gamble, Leon Huff e Cary Gilbert, 1972), Dom Paulinho segue a linha da interpretação do cantor norte-americano Billy Paul, intérprete original da música. Quando caminha pela ainda vibrante BR-3 (Tibério Gaspar e Antonio Adolfo, 1971), o cantor segue a trilha do registro do cantor paulista Tony Tornado. Dessa forma, o CD Dom Paulinho Lima acaba soando como aquarela brasileira do universo black. Para quem quer tão somente ouvir hits em gravações próximas de seus registros mais conhecidos, o disco de capa retrô pode até agradar. Afinal, estão alinhados no repertório clássicos como Let's get it on (Marvin Gaye e Ed Townsend, 1973), Let's stay together (Al Green, Willie Mitchell e Al Jackson Jr., 1971), I heard it through the grapevine (Norman Whitfield e Barrett Strong, 1966) e Georgia on my mind (Hoagy Carmichael e Stuart Gorrell, 1930), entre outras joias do alto quilate do ouro negro. Paulinho Lima é dono do dom. Só que, no caso, uma grande voz se revela insuficiente para gerar um cantor (de fato) grande.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

De todos os cantores que se apresentaram na segunda temporada do programa The Voice Brasil (TV Globo, 2013), Dom Paulinho Lima foi o que impressionou de imediato os jurados e os espectadores da atração pelo vozeirão diplomado na escola de canto do soul, do r & b e do funk norte-americanos. Tanto que, mesmo eliminado do reality musical antes do fim da competição, o intérprete paulista conquistou o direito de gravar um disco pela gravadora Universal Music, tal como o vencedor Sam Alves e como a finalista Lucy Alves. Tal como seus colegas, Dom Paulinho Lima debuta em disco sem identidade. Em seu primeiro álbum, sonhado há mais de 30 anos, o cantor se limita a fazer covers de onze sucessos do cancioneiro black brasileiro e norte-americano. Além da voz, o intérprete mostra apurado senso rítmico quando cai no suingue funky de Get down on it (Charles Smith, J.T. Taylor, Ronaldo Nathan Bell, Robert Earl Bell e George Melvin Brown, 1981) - sucesso do grupo norte-americano Kool & The Gang - e quando acerta a levada samba-soul de Gostava tanto de você (Edson Trindade, 1973), sucesso do soulman nacional Tim Maia (1942 - 1998). O problema do CD Dom Paulinho Lima - produzido por Marcelo Sussekind - é que o cantor jamais consegue extrapolar a seara do cover, se dissociando das matrizes. Quando dá voz à balada-soul Me and mrs. Jones (Kenny Gamble, Leon Huff e Cary Gilbert, 1972), Dom Paulinho segue a linha da interpretação do cantor norte-americano Billy Paul, intérprete original da música. Quando caminha pela ainda vibrante BR-3 (Tibério Gaspar e Antonio Adolfo, 1971), o cantor segue a trilha do registro do cantor paulista Tony Tornado. Dessa forma, o CD Dom Paulinho Lima acaba soando como aquarela brasileira do universo black. Para quem quer tão somente ouvir hits em gravações próximas de seus registros mais conhecidos, o disco de capa retrô pode até agradar. Afinal, estão alinhados no repertório clássicos como Let's get it on (Marvin Gaye e Ed Townsend, 1973), Let's stay together (Al Green, Willie Mitchell e Al Jackson Jr., 1971), I heard it through the grapevine (Norman Whitfield e Barrett Strong, 1966) e Georgia on my mind (Hoagy Carmichael e Stuart Gorrell, 1930), entre outras joias do alto quilate do ouro negro. Paulinho Lima é dono do dom. Só que, no caso, uma grande voz se revela insuficiente para gerar um cantor (de fato) grande.

Fabio disse...

Mais do mesmo. Por que ouvir um genérico se posso ouvir o original? Esse cantores do The Voice são simulacros.

Rafael disse...

Eu adorei o disco, o cara manda muito bem, e o repertório bem escolhido.

Victor Moraes, disse...

Ainda não escutei. Já era de se esperar a sucessão de covers, mas a identidade por ser posta independente disso.
A voz dele, com toda certeza, faz com que valha a pena conferir o CD.
E a capa, achei sensacional.

Eduardo Cáffaro disse...

Comprei faz dois dias, e concordo totalmente com o Mauro, tive a mesma sensação e opinião. o Voz do Dom P, é linda, tem grooves, falsetes, aquela rouquidão, tudo que um grande cantor precisa. Mas o Cd é uma grande coletânea que fica em cima dos arranjos originais e próximo das interpretações desses mesmos interpretes. Sò para dar um exemplo quando Tina Turner gravou Let´s Stay Together, fez de uma forma tão diferente da original que o próprio autor se impressionou com a gravação. Pra mim, Dom Paulinho tem todo esse vozeirão, mas não conseguiu me impressionar em nada, nenhuma das faixas me fez prestar atenção e dizer : OPA , ESSE SIM É O DOM PAULINHO , OLHA O QUE ELE FEZ COM ESSA MÚSICA, CARACA ! Isso não acontece, é como se eu ligasse o radio numa estação de Flashback de grandes classicos da Soul, R&B, etc ... 8.000 mil cópias que poderiam fazer uma grande diferença na carreira deste grande cantor, que se deixou guiar pelo produtor preguiçoso. Uma grande pena mesmo. Tantgo que em 2 dias já cansei do cd.

Marlos Chambela disse...

Além disso tudo, uma outra coisa me incomodou nesse disco: Achei que a mixagem deixou a voz dele muito "encaixada" nos arranjos, com o volume um pouquinho mais baixo do que poderia estar (coisa milimétrica) o que contribuiu ainda mais para que não houvesse mais destaque para o dote vocal dele. Achei que até a equalização com menos graves do que no programa (isso na voz, enquanto que o playback tem bastante graves) fez com que ele ficasse mais apagado no meio dos arranjos que, de fato, são muito semelhantes aos originais.

O fato de ser um disco de covers, a meu ver, nem é o problema. O da Lucy Alves (uma das 4 finalistas do The Voice Brasil), por exemplo, com a mesma característica de clones, me caiu bem aos ouvidos, enquanto que esse não. Não sei... Talvez seja porque ela parece se encaixar melhor até mesmo nesse conceito e cantou com mais naturalidade... Não sei explicar. No entanto, o Dom Paulinho, apesar de ser totalmente dessa praia de soul, me soou meio deslocado ou meio forçado. Não parece ser ele mesmo nem na interpretação. Como quem canta por cantar, sem muita vontade. Ou talvez seja meu ouvido de técnico de mixagem que encasquetou que a voz tá baixa, sem graves e muito seca... E por isso "bloqueou" toda a percepção do resto! rsrs

Abração!!

ADEMAR AMANCIO disse...

Esse me parece ser o problema de todo calouro televisivo,muita voz,e pouca personalidade.