Título: Sob controle
Artista: Inocentes
Gravadora: Substancial Music
Cotação: * * * *
"Cruzo a cidade quente e suja, sou só mais um na multidão / A violência é quieta, o medo intenso e o silêncio grita / A fé é cega, a dor profunda, um ônibus a queimar", relata Clemente Nascimento, vocalista e guitarrista do grupo Inocentes em Sob controle (Clemente), música inédita que batiza o álbum lançado pela banda - ícone do punk paulistano dos anos 1980 - neste mês de abril de 2014. O título Sob controle ironiza o discurso oficial da mídia, dos políticos e da polícia sobre o estado incendiário das coisas. Embora recicle músicas novas e antigas do repertório dos Inocentes, sendo que somente duas composições são realmente inéditas em disco, o álbum - produzido com material resultante de três sessões de gravação feitas em tempos e modos distintos - tem coesão e dá gás aos Inocentes. O sobrevivente Clemente é parceiro do guitarrista Ronaldo Passos na outra inédita de Sob controle, Eu fico puto, exemplo da fidelidade dos Inocentes à ideologia punk semeada nos subterrâneos de São Paulo. A cidade não para e vive nova era de pânico em S.P. - tempo refletido neste disco gravado com peso e pressão. Produzido pela próprio grupo com Wagner Bernardes, Sob controle rebobina as cinco músicas apresentadas como bônus em 2011 na edição comemorativa dos 25 anos do EP Pânico em S.P. (Warner Music, 1986), marco da discografia da banda. Parceria de Clemente com o baixista Anselmo Guarde, Violência e paixão aparece na mesma versão de 2011, oriunda das sessões de gravação feitas pelo grupo no estúdio Nimbus, em São Paulo (SP), entre 2007 e 2011. Os takes de Rota de colisão (Clemente) e A face de Deus (Clemente) também são os mesmos já lançados em 2011. Já As verdades doem e Velocidade indefinida - duas músicas de Clemente que estão à altura do repertório lançado pela banda em tempos de maior exposição na mídia - reaparecem em novos takes, feitos com mais pegada no estúdio Espaço Som entre agosto e outubro de 2013. Resultante dessas sessões de gravação, o cover hardcore de Estrutura de bronze (Clemente e Douglas Viscaíno) - música do repertório da banda punk Restos de Nada, integrada por Clemente na década de 1970 antes da formação dos Inocentes em 1981- se ajusta com perfeição a um repertório explosivo que vai direto ao ponto, como manda a filosofia punk. Completam Sob controle registros ao vivo de alguns clássicos dos Inocentes que mostram a total sintonia entre o grupo de hoje e a banda iniciante dos anos 1980. Músicas expressivas como Cala a boca (Clemente e Ronaldo Passos, 1999), Intolerância (Clemente, 2002), Pátria amada (Clemente, 1987) e Rotina (Clemente e Marcelino, 1985) foram (re)gravadas ao vivo em 22 de outubro de 2013 - em pocket show feito para convidados no estúdio Espaço Som - e se integram com naturalidade ao disco. Com capa que expõe a arte em estêncil do grafiteiro Ricardo Tatoo, o álbum Sob controle mostra que o discurso irado e indignado dos Inocentes continua necessário e atual. Com o vigor jovial dos garotos do subúrbio paulistano, Anselmo Guarde (baixo), Clemente (voz e guitarra), Nonô (bateria) e Ronaldo Passos (guitarra) não fogem à luta com bocas armadas de fúria e desilusão.
Um comentário:
"Cruzo a cidade quente e suja, sou só mais um na multidão / A violência é quieta, o medo intenso e o silêncio grita / A fé é cega, a dor profunda, um ônibus a queimar", relata Clemente Nascimento, vocalista e guitarrista do grupo Inocentes em Sob controle (Clemente), música inédita que batiza o álbum lançado pela banda - ícone do punk paulistano dos anos 1980 - neste mês de abril de 2014. O título Sob controle ironiza o discurso oficial da mídia, dos políticos e da polícia sobre o estado incendiário das coisas. Embora recicle músicas novas e antigas do repertório dos Inocentes, sendo que somente duas composições são realmente inéditas em disco, o álbum - produzido com material resultante de três sessões de gravação feitas em tempos e modos distintos - tem coesão e dá gás aos Inocentes. O sobrevivente Clemente é parceiro do guitarrista Ronaldo Passos na outra inédita de Sob controle, Eu fico puto, exemplo da fidelidade dos Inocentes à ideologia punk semeada nos subterrâneos de São Paulo. A cidade não para e vive nova era de pânico em S.P. - tempo refletido neste disco gravado com peso e pressão. Produzido pela próprio grupo com Wagner Bernardes, Sob controle rebobina as cinco músicas apresentadas como bônus em 2011 na edição comemorativa dos 25 anos do EP Pânico em S.P. (Warner Music, 1986), marco da discografia da banda. Parceria de Clemente com o baixista Anselmo Guarde, Violência e paixão aparece na mesma versão de 2011, oriunda das sessões de gravação feitas pelo grupo no estúdio Nimbus, em São Paulo (SP), entre 2007 e 2011. Os takes de Rota de colisão (Clemente) e A face de Deus (Clemente) também são os mesmos já lançados em 2011. Já As verdades doem e Velocidade indefinida - duas músicas de Clemente que estão à altura do repertório lançado pela banda em tempos de maior exposição na mídia - reaparecem em novos takes, feitos com mais pegada no estúdio Espaço Som entre agosto e outubro de 2013. Resultante dessas sessões de gravação, o cover hardcore de Estrutura de bronze (Clemente e Douglas Viscaíno) - música do repertório da banda punk Restos de Nada, integrada por Clemente na década de 1970 antes da formação dos Inocentes em 1981- se ajusta com perfeição a um repertório explosivo que vai direto ao ponto, como manda a filosofia punk. Completam Sob controle registros ao vivo de alguns clássicos dos Inocentes que mostram a total sintonia entre o grupo de hoje e a banda iniciante dos anos 1980. Músicas expressivas como Cala a boca (Clemente e Ronaldo Passos, 1999), Intolerância (Clemente, 2002), Pátria amada (Clemente, 1987) e Rotina (Clemente e Marcelino, 1985) foram (re)gravadas ao vivo em 22 de outubro de 2013 - em pocket show feito para convidados no estúdio Espaço Som - e se integram com naturalidade ao disco. Com capa que expõe a arte em estêncil do grafiteiro Ricardo Tatoo, o álbum Sob controle mostra que o discurso irado e indignado dos Inocentes continua necessário e atual. Com o vigor jovial dos garotos do subúrbio paulistano, Anselmo Guarde (baixo), Clemente (voz e guitarra), Nonô (bateria) e Ronaldo Passos (guitarra) não fogem à luta com bocas armadas de fúria e desilusão.
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