A capa do primeiro CD da cantora Lúcia Helena, Ternária, contradiz o conceito do disco por expor imagem que evoca o passado - pela presença de um gramofone - quando, na contramão da nostalgia, a artista procura enfatizar no álbum a contemporaneidade da valsa através da seleção de repertório escolhido por Lúcia Helena com o pianista e acordeonista Marcelo Caldi. O título do disco alude ao compasso ternário do gênero surgido na Alemanha no século XV e popularizado no mundo a partir do século XIX. Mas, ao longo de 18 valsas alocadas em três tempos distintos (Cantos de encontro e de paixão, Cantos de incerteza e de dor, Cantos da alma, de laços e da saudade), o disco prioriza valsas recentes, muitas até então inéditas em discos. Com voz de tom lírico, Lúcia Helena apresenta valsas inéditas como Amorosa (Maurício Carrilho e Vidal Assis), Ana (Pedro Franco e Caio Martinez), Dias sem fim (Wladimir Pinheiro), Lembrança viva (Julião Pinheiro e Paulo César Pinheiro), Valsa de outono (Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro) e Valsa vesperal (Luiz Flávio Alcofra e Mauro Aguiar). A refinada direção musical dos irmãos Alexandre Caldi (flauta) e Marcelo Caldi) valoriza o disco no qual Lúcia regrava Ária de opereta - valsa de Guinga e Aldir Blanc, lançada por Guinga no CD Cheio de dedos (Velas, 1996) com a voz do cantor carioca Ed Motta - e Deu flor, valsa desabrochada dentro da produção autoral da dupla Luhli e Lucina. Ternária é disco desenvolvido a partir do show Viver é que é valsar, apresentado por Lúcia Helena ao lado de Marcelo Caldi desde 2010.
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Um comentário:
Um dos discos mais bonitos de 2014! Não se pula uma sequer música, o que é raro na produção recente. O melhor é essa seleção que parece coisa do passado e no entanto tem tanta beleza e delicadeza.
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