Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 1 de abril de 2014

Vanessa segue oscilante com som e com obra que já dão sinais de repetição

Resenha de CD
Título: Segue o som
Artista: Vanessa da Mata
Gravadora: Jabuticaba / Sony Music
Cotação: * * 1/2

 No texto escrito na primeira pessoa para apresentar seu oitavo álbum, Segue o som, Vanessa da Mata conta que revelou aos produtores Liminha e Kassin que achava não ter boas canções e que gostaria de contar outras histórias. Ao mostrar seus então esboços de músicas, a compositora de Mato Grosso do Sul foi convencida por Kassin de que a matéria-prima era boa. Vanessa finalizou as composições, compôs outras músicas e gravou de agosto a outubro de 2012 o seu sexto disco de inéditas. Álbum que arquivou temporariamente em 2013 para fazer o show e o disco em que deu voz a músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 -1994). E que retomou em janeiro e fevereiro deste ano de  2014, substituindo músicas, refazendo bases e mudando letras. Pois a edição de Segue o som - nas lojas desde o fim de março em edição do selo da artista, Jabuticaba, posta no mercado fonográfico pela gravadora Sony Music - mostra que, sim, a intuição inicial da compositora estava certa. A safra de inéditas - composta por 12  músicas, sendo 11 assinadas somente por Vanessa - resulta irregular. Aberto com o pop reggae Toda humanidade nasceu de uma mulher, o disco se revela oscilante, deixando a impressão recorrente de que o som e a obra da artista já dão sinais de repetição. "A música torna-se real pela sua composição, mas o talento dos músicos é o que faz uma canção saltar", ressalta a artista no texto em que discorre sobre o CD que considera o melhor de sua discografia. De fato, o acabamento dado às músicas por Kassin e Liminha é excelente. A questão é que a sonoridade dos produtores também já parece déjà vu na obra de Vanessa, ecoando sons de Sim (2007), um dos álbuns mais bem-sucedidos da discografia da artista. Os ecos de Sim estão por todo o disco, mas saltam especialmente aos ouvidos em Desejos e medos, música menor sobre o efeito congelante do medo de ser feliz no amor e na vida, e no reggae Homem invisível no mundo invisível, crítica direta ao movimento mecanizado e mercantilista que gira o mundo, feita em letra que que defende a existência de um universo espiritual (o mundo invisível do título do tema) e que culmina com rasos versos típicos de autoajuda. Justiça seja feita: no todo, as letras do disco estão fortes. Mas as músicas são, em boa parte, fracas - sobretudo se comparadas à anterior produção autoral da artista, cujo último álbum de inéditas, Bicicletas, bolos e outras alegrias (2010), se revelou estupendo, absolutamente sedutor. Faixa previamente lançada em single, em janeiro, a música-título Segue o som - reggae que faz um convite à vida e à liberdade - sustenta a boa impressão inicial, integrada a um repertório que reitera a sensação de que Vanessa da Mata faz música sem manual. Letras e melodias parecem jorrar intuitivamente, livres de fórmulas e amarras. Só que poucas soam realmente empolgantes em disco sem coesão. Homem preto exemplifica com precisão a dose menor de inspiração que pauta Segue o som. Ligeiramente mais envolvente, Não sei dizer adeus é canção que ganha o toque roqueiro da guitarra de Kassin, produtor que (im)põe seu d.n.a. no disco com mais força do que Liminha. Ninguém é igual a ninguém (Desilusão) pode ser considerada a balada do disco e, como seu título sugere, destila amargura nos versos descrentes da força motriz do amor. Há, contudo, grandes momentos. Com pegada de pop rock, Por onde ando tenho você é um deles. Trata-se de música feliz, pulsante, que ombreia com as melhores composições de artista. Deve ser um dos prováveis hits do disco. Primeira música composta por Vanessa em outra língua que não o seu português materno, My grandmother told me (Tchu bee doo bee doo) desce deliciosa com seu toque vintage, meio de cabaré, e seus versos em inglês que soam naturais na voz leve e solta da cantora. Vanessa também cai com propriedade no suingue do samba-pop-rock Rebola nêga, que retrata uma Maria qualquer na corda bamba do sofrido e injusto cotidiano do povo brasileiro. Uma música que exala frescor. Em contrapartida, Se o presente não tem você volta a impor a sensação - com seu toque de carimbó - de que o som segue por vezes déjà vu. O que impõe a regravação de Sunshine on my shoulders (John Denver, Dick Kniss e Mike Taylor, 1973) como um single em potencial. Sucesso nos anos 1970, inclusive no Brasil, a melódica canção do compositor norte-americano John Denver (1943 - 1997) - música que poderia figurar em disco do cantor-surfista Jack Johnson - soa ensolarada na voz de Vanessa, sem o tom emotivo, quase lacrimejante, da gravação original de Denver. Única música assinada pela compositora em parceria, no caso com os produtores Kassin e Liminha, Um sorriso entre nós dois arremata a safra de inéditas - remix de Segue o som fecha o disco - em tom feliz, mas ainda com a impressão de que o álbum oscila muito, talvez pela ausência de mais parceiros. Em vez de ouvir Kassin, Vanessa da Mata deveria ter seguido sua intuição inicial.

26 comentários:

Mauro Ferreira disse...

No texto escrito na primeira pessoa para apresentar seu oitavo álbum, Segue o som, Vanessa da Mata conta que revelou aos produtores Liminha e Kassin que achava não ter boas canções e que gostaria de contar outras histórias. Ao mostrar seus então esboços de músicas, a compositora de Mato Grosso do Sul foi convencida por Kassin de que a matéria-prima era boa. Vanessa finalizou as composições, compôs outras músicas e gravou de agosto a outubro de 2012 o seu sexto disco de inéditas. Álbum que arquivou temporariamente em 2013 para fazer o show e o disco em que deu voz a músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 -1994). E que retomou em janeiro e fevereiro deste ano de 2014, substituindo músicas, refazendo bases e mudando letras. Pois a edição de Segue o som - nas lojas desde o fim de março em edição do selo da artista, Jabuticaba, posta no mercado fonográfico pela gravadora Universal Music - mostra que a intuição inicial da compositora estava certa. A safra de inéditas - composta por 12 músicas, sendo 11 assinadas somente por Vanessa - resulta irregular. Aberto com o pop reggae Toda humanidade nasceu de uma mulher, o disco se revela oscilante, deixando a impressão recorrente de que o som e a obra da artista já dão sinais de repetição. "A música torna-se real pela sua composição, mas o talento dos músicos é o que faz uma canção saltar", ressalta a artista no texto em que discorre sobre o CD que considera o melhor de sua discografia. De fato, o acabamento dado às músicas por Kassin e Liminha é excelente. A questão é que a sonoridade dos produtores também já parece déjà vu na obra de Vanessa, ecoando sons de Sim (2007), um dos álbuns mais bem-sucedidos da discografia da artista. Os ecos de Sim estão por todo o disco, mas saltam especialmente aos ouvidos em Desejos e medos, música menor sobre o efeito congelante do medo de ser feliz no amor e na vida, e no reggae Homem invisível no mundo invisível, crítica direta ao movimento mecanizado e mercantilista que gira o mundo, feita em letra que que defende a existência de um universo espiritual (o mundo invisível do título do tema) e que culmina com rasos versos típicos de autoajuda. Justiça seja feita: no todo, as letras do disco estão fortes. Mas as músicas são, em boa parte, fracas - sobretudo se comparadas à anterior produção autoral da artista, cujo último álbum de inéditas, Bicicletas, bolos e outras alegrias (2010), se revelou estupendo, absolutamente sedutor. Faixa previamente lançada em single, em janeiro, a música-título Segue o som - reggae que faz um convite à vida e à liberdade - sustenta a boa impressão inicial, integrada a um repertório que reitera a sensação de que Vanessa da Mata faz música sem manual. Letras e melodias parecem jorrar intuitivamente, livres de fórmulas e amarras.

Mauro Ferreira disse...

Só que poucas soam realmente empolgantes em disco sem coesão. Homem preto exemplifica com precisão a dose menor de inspiração que pauta Segue o som. Ligeiramente mais envolvente, Não sei dizer adeus é canção que ganha o toque roqueiro da guitarra de Kassin, produtor que (im)põe seu d.n.a. no disco com mais força do que Liminha. Ninguém é igual a ninguém (Desilusão) pode ser considerada a balada do disco e, como seu título sugere, destila amargura nos versos descrentes da força motriz do amor. Há, contudo, grandes momentos. Com pegada de pop rock, Por onde ando tenho você é um deles. Trata-se de música feliz, pulsante, que ombreia com as melhores composições de artista. Deve ser um dos prováveis hits do disco. Primeira música composta por Vanessa em outra língua que não o português materno, My grandmother told me (Tchu bee doo bee doo) desce deliciosa com seu toque vintage, meio de cabaré, e seus versos em inglês que soam naturais na voz leve e solta da cantora. Vanessa também cai com propriedade no suingue do samba-pop-rock Rebola nêga, que retrata uma Maria qualquer na corda bamba do sofrido e injusto cotidiano do povo brasileiro. Uma música que exala frescor. Em contrapartida, Se o presente não tem você volta a impor a sensação - com seu toque de carimbó - de que o som segue por vezes déjà vu. O que impõe a regravação de Sunshine on my shoulders (John Denver, Dick Kniss e Mike Taylor, 1973) como um single em potencial. Sucesso nos anos 1970, inclusive no Brasil, a melódica canção do compositor norte-americano John Denver (1943 - 1997) - música que poderia figurar em disco do cantor-surfista Jack Johnson - soa ensolarada na voz de Vanessa, sem o tom emotivo, quase lacrimejante, da gravação original de Denver. Única música assinada pela compositora em parceria, no caso com os produtores Kassin e Liminha, Um sorriso entre nós dois arremata a safra de inéditas - o disco é fechado com remix de Segue o som - em tom feliz, mas ainda com a impressão de que o álbum oscila o tempo todo, talvez pela ausência de mais parceiros. Em vez de ouvir Kassin, Vanessa da Mata devia ter seguido sua intuição inicial.

Robson disse...

Mauro, respeito sua opinião, mas não concordo. Vanessa está com letras afiadas, diretas e fortes, pra mim, lembra pouco os discos anteriores e é mérito da Vanessa, pra se aplaudir de pé, quando a maioria das grandes cantoras da MPB fazem discos praticamente iguais.

Fabio disse...

Já deu Kassin! Já deu Liminha! Tem Fernando Catatau aí também? Se sim, já deu também. Até que gosto do CD, me causou estranheza a princípio e achei os arranjos parecidos. Vanessa, assim como outras, já foi melhor. Um pouco de propaganda enganosa quando ela disse ser esse seu melhor CD em toda a carreira. Hoje entendo ser puro marketing.

Mauro Ferreira disse...

Robson, fico feliz que você tenha gostado do disco. Sua opinião é tão válida e importante quanto a minha. Grato pelo comentário. Abs, MauroF

Melman disse...

Cd incrível, pulsaste, alegre, vigoroso, com uma sonoridade que já é própria da cantora. Letras bacanas e composições igualmente cheias de identidade... Não vejo absolutamente nada de repetitivo no disco, vejo arranjos que reafirmam o som que a Cantora quer chamar de seu, e é. Só tenho a dizer que concordo com Kassin... Viva Vanessa!

Melman disse...

Cd incrível, pulsaste, alegre, vigoroso, com uma sonoridade que já é própria da cantora. Letras bacanas e composições igualmente cheias de identidade... Ironia e melancolia na medida exata! Não vejo absolutamente nada de repetitivo no disco, vejo arranjos que reafirmam o som que a Cantora quer chamar de seu, e é. Só tenho a dizer que concordo com Kassin... Viva Vanessa!

O blog disse...

Eu pensei que só eu não tinha gostado do disco. Adoro a Vanessa, mas também achei o disco repetitivo e as canções são parecidas com seus antigos sucessos.

Luis Felipe Cavalcanti disse...

A primeira impressão que tive do cd já foi negativa, assim como as outras... A começar pela música abre alas "toda humanidade nasceu de uma mulher", refrão chato - Chega a ser um desafio escutar a música até o final com tanta gritaria e um refrão que cansa, logo na primeira vez em que se escuta. Já a segunda do CD, segue o som, é boa, despretensiosa, gostosa de ouvir! Não sei dizer adeus, como afirmado pelo Mauro, é, sim, sedutora, uma das melhores músicas do disco - uma música forte (letra, melodia...), assim como a que a segue, "ninguém é igual a ninguém", bela balada, conta todos os dissabores de uma boa dor de cotovelo. As próximas músicas se mostram desnecessárias, cansativas e repetitivas, embora guardem boa letra, mas o "todo" não ficou bom. Discordo do Mauro quanto a "por onde ando tenho você", não gostei, parece música feita pra copa do mundo. My grandmother, tenta ser charmosa, mas não consegue, se torna igualmente chata, talvez se cantada em português, com alguma óbvias substituições, teria ficado melhor. "Desejos e medos", até que é interessante, tem lá seus méritos, os dois tons, conversando entre si, ficou legal, mas nada demais... Sunshine on my shoulders, é outro clássico exemplo de música desnecessária, acho que outras coisas mais coerentes poderiam ser escolhidas. Gosto da história de Rebola Nega, um ponto positivo para o CD. Se o presente não tem você também é muito boa, Vanessa sempre gostou de um carimbó, e esse ficou muito bom! Um sorriso entre nós dois tem melodia envolvente, mas a composição é cansativa, uma daquelas músicas que eu acho que nunca vou ouvir até o final.

No geral o cd é não é bom, muito embora goste muito do tom da Vanessa, seus shows, sua boa energia... muita expectativa pra um trabalho que não é nem de longe o melhor da Vanessa, acho até que esse é um dos piores trabalhos da artista. Espero que seja lançado um dvd/cd ao vivo em comemoração a alguma coisa e que novas músicas cheguem... Kassin, que conselho foi esse? Preferiria aguardar mais 1 ano, mas que a espera valesse a pena...

THIAGO disse...

Uma pena que você sinta o álbum assim Mauro! Logo de "Homem Preto" você diz que é um momento de inspiração menor... e a Vanessa disse outro dia no twitter que é sobre o romance dos avós dela! O que pode parecer "repetição" em sonoridade ou composição eu entendo e sinto como identidade dessa grande artista! Acontece quando você ouve um álbum dos Los Hermanos.. da Madonna... do Djavan e por aí vai! Gosto muitíssimo das novas composições e das sonoridades exploradas no disco! Que venha o show que certamente vai ser lindo!

maroca disse...

Augusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)

Mauro, Sunshine on my shoulders é de 1973, quer dizer anos 70. Ela fez sucesso no Brasil nos anos 70, mas o estouro mesmo em terras brasilis, se deu em 1981, quando da inclusão do fonograma inserido na novela "O amor é nosso" e se não me falha a memória, acho que foi a grande balada internacional daquele ano. Quanto ao disco gostei, achei melhor do que " Bicicletas, bolos e outras alegrias (2010)" que do meu ponto de vista é muito ruim.

Abraços.

Abraços.

Beto Gonzales disse...

Grande disco de Vanessa da Mata. Recomendo a todos com atencao.

Victor Moraes, disse...

Vanessa nunca mais tirou o pé do jeito "Sim". Colocou um dedinho no reggae com tons de psicodelia no Multishow Ao vivo, e agora também repete a mesma receita incessantes vezes.
Vanessa entrou no caminho de Ana Carolina, ninguém sabe mais diferenciar um trabalho do outro.
Uma pena. Vanessa, no estúdio, tem potencial para mais.

Fernando Lima disse...

Que disco ruim... E eu que achava Vanessa uma das artistas mais criativas e talentosas... Concordo com Mauro com relação à força das letras, mas as músicas combinam bem com a capa onde Vanessa sorri sem graça.

Marcelo disse...

Um saco!!!

Unknown disse...

Mauro no texto você informou que o disco foi editado pela Universal Music, mas na verdade este novo e enfadonho cd foi editado pela Sony Music.

Mauro Ferreira disse...

Grato, Cassius, pelo toque do erro. Claro que é Sony Music, como já está no cabeçalho. Abs, MauroF

Eduardo Cáffaro disse...

Acabei de ouvir inteiro .... achei chato pra caramba, ouvi de novo, pra ver se não era implicância minha, mas piorou acabei pulando faixas .... Tenho tudo dela, adoro seu trabalho, mas esse disco é muito chato perto dos outros, vão me crucificar, mas não gosto da produção do kassim, nem com a vanessa nem com a gal ...pronto falei !

Unknown disse...

Discordo de parte das opiniões sobre o novo álbum, mas as respeito. Na primeira audição não me interessei tanto pelo álbum, mas depois não parei de escutar, pulando uma ou outra música. Gostei bastante do trabalho, não me parece tão igual aos anteriores. A abertura com "Toda Humanidade..." não foi a melhor opção. Mudei a ordem de escuta e funcionou bem. A pegada de "Não sei dizer adeus" lembra sons de Cazuza, Barão. "Segue o Som" é boa para dançar sem preocupação. O toque leve de carimbó em "Se o presente não tem você" ficou agradável, inclusive com a citação (brincalhona?!) do nome dela na abertura - algo característico de algumas bandas da área. As letras são boas mesmo, ainda mais quando ela canta com intensidade "Ninguém é igual a ninguém". Esperava um pouco mais de ousadia? Sim, mas a ausência em algumas músicas não desmereceu todo o trabalho. Achei realmente difícil encontrar coesão entre as músicas. Mudando a ordem, conforme os ritmos - reggae, carimbó, baladas etc. Daria mais estrelas para este CD, talvez três e meia ou até quatro.

As melhores músicas, em minha opinião,são: "Não sei dizer adeus", "Segue o Som", "Ninguém é Igual a Ninguém", "Se o Presente Não Tem Você" e "Um Sorriso Entre Nós Dois". Outras são também agradáveis: "Rebola Nêga", "Homem Invisível...", "Sunshine on my shoulders", "Desejos e Medos" e "Homem Preto". Não gostei tanto, mas escuto "My grandmother...". Pulo "Por onde ando tenho você" e "Toda Humanidade...".

Unknown disse...

Discordo de parte das opiniões sobre o novo álbum, mas as respeito. Na primeira audição não me interessei tanto pelo álbum, mas depois não parei de escutar, pulando uma ou outra música. Gostei bastante do trabalho, não me parece tão igual aos anteriores. A abertura com "Toda Humanidade..." não foi a melhor opção. Mudei a ordem de escuta e funcionou bem. A pegada de "Não sei dizer adeus" lembra sons de Cazuza, Barão. "Segue o Som" é boa para dançar sem preocupação. O toque leve de carimbó em "Se o presente não tem você" ficou agradável, inclusive com a citação (brincalhona?!) do nome dela na abertura - algo característico de algumas bandas da área. As letras são boas mesmo, ainda mais quando ela canta com intensidade "Ninguém é igual a ninguém". Esperava um pouco mais de ousadia? Sim, mas a ausência em algumas músicas não desmereceu todo o trabalho. Achei realmente difícil encontrar coesão entre as músicas. Mudando a ordem, conforme os ritmos - reggae, carimbó, baladas etc. Daria mais estrelas para este CD, talvez três e meia ou até quatro.

As melhores músicas, em minha opinião,são: "Não sei dizer adeus", "Segue o Som", "Ninguém é Igual a Ninguém", "Se o Presente Não Tem Você" e "Um Sorriso Entre Nós Dois". Outras são também agradáveis: "Rebola Nêga", "Homem Invisível...", "Sunshine on my shoulders", "Desejos e Medos" e "Homem Preto". Não gostei tanto, mas escuto "My grandmother...". Pulo "Por onde ando tenho você" e "Toda Humanidade...".

pedr'esteves disse...

Muito difícil falar do disco com poucas audições, você acaba dando mais impressões do que opiniões formadas (falando de mim).

Quando saiu "Bicicletas, Bolos..." achei um disco meio picolé de chuchu pelas letras "mais simples" em linguagem em comparação com o "Sim', mas com o tempo vi a força que elas tinham e os arranjos fantásticos.

"Segue O Som" dá uma impressão de ser irregular, com faixas muito boas e outras nem tanto. Vejo uns respingos fortes de Jorge Ben Jor, a propósito. A impressão, e não opinião formada, que eu tenho é de que as letras são mais interessantes que os arranjos. Adoro o trabalho com o Kassin (muito mais que Liminha, produtor da maioria do meu menos preferido dela, "Essa Boneca Tem Manual". Acho que ele dá uma solução muito imediata e às vezes um pouco mecânica pras músicas da Vanessa) mas aqui pareceu pouco variado. Talvez venha daí a sensação de repetição.

De qualquer forma, ainda acho a Vanessa uma compositora com muita personalidade e "temperada". Acho que o tempo vai dizer mais sobre esse disco.

Unknown disse...

Essa questão de "sinais de repetição" é complicada. O que dizer de Maria Rita, Gadu e até mesmo Bethânia? Em particular Maria Rita... bom essa aí parece que só gravou 02 cds até hoje, sendo 02 de pagodes e 03 de MPB. Logo, acho que no quesito não ser tão repetitiva a Vanessa é incomparável. O CD não é dos melhores, tem faixas que não me agradam, como as 02 em Inglês, mas no geral o cd tem a personalidade de Vanessa, mas não se parece com os demais, exceto a primeira faixa. Muito bom, belo albúm, belas canções e ritmos que não estão tão batidos, pois o atual cenário da MPB anda deprimente, precisa-se de mais ousadia. Cantoras como Maria Rita, Calcanhoto, Marisa Monte, Roberta Sá parecem viver no passado, a gente sempre sabe o que vem por aí dela. Vanessa felizmente não lembra as demais.

Rhenan Soares disse...

Também estranhei o disco nas primeiras audições, mas agora tenho gostado bastante. Não paro de ouvir, inclusive.

Concordo que existe uma fórmula ali, mas, fórmula por fórmula, Caetano, Calcanhotto e outros tantos sempre seguem. Não quer dizer que vá dar errado.

Segue o Som é um ótimo disco. Talvez a definição de "esquisito" dada pelo Mauro tenha soado como elogio para Vanessa. Mergulhei nas canções do álbum e passei a me acostumar com seu universo.

Há um significativo ensaio de rompimento da própria estética do Kassin - em alguns momentos muito pretensioso. No entando, as letras e melodias continuam com a ausência de método da Poetinha. Música pop de altíssima qualidade, pra se cantar por aí... O mesmo que Marisa Monte e Ana Carolina tentaram nos últimos discos, acho, mas com muito mais competência.

E, falando em Ana, "Rebola nêga" tem o mesmo discurso de Ela é Bamba, Nega Marrenta e, mais recentemente, até Pole Dance. Deveriam voltar a compor juntas.

Creio que Segue o Som encerre um ciclo, em alto nível. Deste ângulo, é bom que a crítica o menospreze, como incentivo. E eu até que acredito nesse - ambiciosíssimo - papel.

Lécio disse...

Pra mim o projeto cantando Tom Jobim foi um tombaço daqueles. Apesar de boa compositora, a vejo como uma intérprete mediana porém sortuda. Só que pra cantar Tom Jobim é preciso talento mesmo... Até aí, apesar do que vira como tropeço, estava curtindo e acompanhando a carreira com gosto. Infelizmente esse disco veio para minar de vez meu interesse por seu trabalho. Ouvi uma vez só, e com dificuldade. pena.

Jomara - ALI disse...

Não é melhor voz, mas as composições são singulares, muitos íntimas da artista. Gosto demais dela. O CD novo não está bom, mas é assim mesmo gente, artistas perfeitos demais cansam os ouvidos. Pra mim cantora melhor voz ainda é a gal. Mas Vanessa é a que mais me inpira.

Marcelo Marcelino disse...

Mauro, primeiramente gostaria de pontuar que gosto bastante de suas críticas(mesmo não concordando com algumas), você consegue ser sutil ao comentar se gostou ou não e isso é legal. (Para um bom entendedor um pingo é letra). Bem, sobre o SEGUE O SOM de Vanessa da Mata, também achei mediano a principio, a sonoridade de algumas músicas não me agradou, porém, acho a Vanessa muito autêntica e sua voz é um charme a parte. Estive recentemente no show da turnê "Segue o Som" aqui em SP e vi uma Vanessa mais madura, seu canto melhorou muito, esta afinado e com uma presença de palco muito bacana. As músicas desse disco funcionam, mas não empolgam, e o hit Segue o Som tocado ao vivo é bem legal! Finalizando, acho Vanessa diferente, e isso faz dela uma grande artista.