Mauro Ferreira no G1

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sábado, 24 de maio de 2014

Boaventura reassume seu papel do 'crooner' no oscilante CD 'One more kiss'

Resenha de CD
Título: One more kiss
Artista: Daniel Boaventura
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Artista baiano que fez seu nome como ator de musicais de teatro e que ganhou projeção nacional por conta de aparições em novelas da TV Globo, Daniel Boaventura vem pavimentando nos últimos cinco anos uma carreira fonográfica iniciada com a edição do bom CD Songs 4 U (Sony Music, 2009). Álbum de estúdio produzido por Guto Graça Mello e lançado neste mês de maio de 2014, One more kiss é o quarto título desta discografia voltada para os standards, a maioria de origem norte-americana. Escorado na sua fina estampa, Boaventura reassume seu papel de crooner no CD, atuando em esfera nacional no segmento em que o canadense Michael Bublé explora em âmbito mundial com seu canto vivaz. O resultado é irregular, mas confirma a desenvoltura de Boaventura nesse papel. O cantor é capaz de acentuar o acento soul e r & b de Kiss and say goodbye (Winfred Lovett, 1976), diluindo a aura kitsch da gravação original do grupo norte-americano The Manhattans. Em contrapartida, o artista dissolve a alma soul que move (Sittin' on) The dock of the bay (Otis Redding e Steve Cropper, 1968), sucesso póstumo do soulman norte-americano Otis Redding (1941 - 1967). E por falar em alma, a do intérprete é norte-americana. O que deixa Boaventura inteiramente à vontade ao dar voz - em dueto com a cantora holandesa Trijntje Oosterhuis - a Time stand still, trivial balada inédita fornecida pela compositora norte-americana Diane Warren, veterana hitmaker da indústria fonográfica dos Estados Unidos. Não por acaso, as 12 músicas de One more kiss são cantadas em inglês, embora uma delas, Feelings (Louis Gasté e Morris Albert, 1974), seja canção de ruidosa procedência franco-brasileira. Aliás, Boaventura valoriza demais os versos dessa bela canção adaptada pelo cantor e compositor brasileiro Morris Albert de tema do francês Louis Gasté. Se força o tom de Feelings, Boaventura sensualiza demais a música que inspirou o título do disco, One more kiss, dear, tema da trilha sonora composta pelo músico grego Vangelis para o filme Blade Runner (1982). Mas o cantor também acerta ao refinar Cry to me (Bert Russell, 1962) e ao imprimir toque jazzy em Jeopardy (Greg Kihn e Stephen Wright, 1983), sucesso da norte-americana The Greg Kihn Band. À moda orquestral do cantor norte-americano Frank Sinatra (1915 - 1998), matriz de todos os crooners, Boaventura revive The lady is a tramp (Richard Rodgers e Lorenz Hart, 1937) com naturalidade. Já My way (Claude François e Jacques Revaux em versão em inglês de Paul Anka, 1969) reitera o caráter oscilante do álbum One more kiss, soando como cópia pálida do registro original. O mesmo pode ser dito da abordagem pop de I wanna be where you are (Arthur Ross e Leon Ware, 1972), música que tem diluída a pulsação vibrante que leva a gravação original de Michael Jackson (1958 - 2009). Enfim, mesmo com altos e baixos, o CD One more kiss vai contentar o pouco exigente público feminino do crooner, papel para o qual o ator e cantor galã Daniel Boaventura tem mostrado eficiente vocação.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Artista baiano que fez seu nome como ator de musicais de teatro e que ganhou projeção nacional por conta de aparições em novelas da TV Globo, Daniel Boaventura vem pavimentando nos últimos cinco anos uma carreira fonográfica iniciada com a edição do bom CD Songs 4 U (Sony Music, 2009). Álbum de estúdio produzido por Guto Graça Mello e lançado neste mês de maio de 2014, One more kiss é o quarto título desta discografia voltada para os standards, a maioria de origem norte-americana. Escorado na sua fina estampa, Boaventura reassume seu papel de crooner no CD, atuando em esfera nacional no segmento em que o canadense Michael Bublé explora em âmbito mundial com seu canto vivaz. O resultado é irregular, mas confirma a desenvoltura de Boaventura nesse papel. O cantor é capaz de acentuar o acento soul e r & b de Kiss and say goodbye (Winfred Lovett, 1976), diluindo a aura kitsch da gravação original do grupo norte-americano The Manhattans. Em contrapartida, o artista dissolve a alma soul que move (Sittin' on) The dock of the bay (Otis Redding e Steve Cropper, 1968), sucesso póstumo do soulman norte-americano Otis Redding (1941 - 1967). E por falar em alma, a do intérprete é norte-americana. O que deixa Boaventura inteiramente à vontade ao dar voz - em dueto com a cantora holandesa Trijntje Oosterhuis - a Time stand still, trivial balada inédita fornecida pela compositora norte-americana Diane Warren, veterana hitmaker da indústria fonográfica dos Estados Unidos. Não por acaso, as 12 músicas de One more kiss são cantadas em inglês, embora uma delas, Feelings (Louis Gasté e Morris Albert, 1974), seja canção de ruidosa procedência franco-brasileira. Aliás, Boaventura valoriza demais os versos dessa bela canção adaptada pelo cantor e compositor brasileiro Morris Albert de tema do francês Louis Gasté. Se força o tom de Feelings, Boaventura sensualiza demais a música que inspirou o título do disco, One more kiss, dear, tema da trilha sonora composta pelo músico grego Vangelis para o filme Blade Runner (1982). Mas o cantor também acerta ao refinar Cry to me (Bert Russell, 1962) e ao imprimir toque jazzy em Jeopardy (Greg Kihn e Stephen Wright, 1983), sucesso da norte-americana The Greg Kihn Band. À moda orquestral do cantor norte-americano Frank Sinatra (1915 - 1998), matriz de todos os crooners, Boaventura revive The lady is a tramp (Richard Rodgers e Lorenz Hart, 1937) com naturalidade. Já My way (Claude François e Jacques Revaux em versão em inglês de Paul Anka, 1969) reitera o caráter oscilante do álbum One more kiss, soando como cópia pálida do registro original. O mesmo pode ser dito da abordagem pop de I wanna be where you are (Arthur Ross e Leon Ware, 1972), música que tem diluída a pulsação vibrante que leva a gravação original de Michael Jackson (1958 - 2009). Enfim, mesmo com altos e baixos, o CD One more kiss vai contentar o pouco exigente público feminino do crooner, papel para o qual o ator e cantor Daniel Boaventura tem vocação.