quinta-feira, 29 de maio de 2014

Dan afirma inspiração autoral em show em que aborda repertório de Gal

Resenha de show
Título: Dan Nakagawa convida Ney Matogrosso
Artista: Dan Nakagawa (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Solar de Botafogo (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de maio de 2014
Cotação: * * * 1/2

Permanentemente atento aos sinais, Ney Matogrosso teve sua atenção despertada para o talento de Dan Nakagawa desde que este ator, cantor e compositor paulistano - de ascendência japonesa - lançou seu álbum de estreia, O primeiro círculo (Lua Music, 2005), de cujo repertório autoral Ney pescou a pérola Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) para seu show e disco Inclassificáveis (2007 / 2008). Quem ficou atento aos sinais emitidos pelo cantor nesse espetáculo pôde comprovar o talento de Dan Nakagawa como compositor quando o artista lançou seu segundo álbum, O oposto de dizer adeus (YB Music, 2011), um dos melhores discos daquele ano de 2011. Dali em diante, a proximidade de Dan e Ney os uniu no registro ao vivo do show que originou o CD e DVD Dan Nakagawa convida Ney Matogrosso (Canal Brasil, 2013). Foi para promover esta gravação ao vivo que Dan - presença bissexta em palcos cariocas - se apresentou no teatro do Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em 28 de maio de 2014, com novo convite a Ney. Aberto com parceria inédita de Dan com a atriz e cineasta Helena Ignez, Vlad Rimbaud, o show começou frio. Talvez por tensões naturais de uma estreia, o artista não fez Coração coragem (Dan Nakagawa, 2011) bater com toda a força da gravação de 2011. Apresentadas na sequência, Furobá (Dan Nakagawa, 2005) - canção que descreve cenário bucólico - e Assim assim (Dan Nakagawa e Celso Sim, 2011) deram a falsa impressão de que o show transcorreria sem energia. Mas, à medida que a apresentação e o canto de Dan foram ganhando um pouco de calor, o show decolou e deixou evidente para o público que, além de excelente compositor, o artista também passaria na prova do palco, cantando em fina sintonia com a azeitada banda integrada por Geraldo Orlando (guitarra), Henrique Alves (baixo), Michel Membrive (teclados) e Rogério Bastos (bateria). O primeiro número a sobressair foi a balada Infinito instante (Dan Nakagawa, 2011), à qual o cantor acrescentou o texto, recitado, Reza para Ganesha. Antes, O sol da meia noite (Dan Nakagawa, 2011) iluminara, em clima de elétrico folk, o rastro deixado pela obra gigantesca do compositor norte-americano Bob Dylan. A propósito, mais para o fim do show, Dan daria voz a uma versão em português de tema de Dylan, com Ney Matogrosso já em cena (mas, no caso desse número, como mero espectador). Ao fazer enérgica abordagem de Negro amor (It's all over now, baby blue) (Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977), Dan mostrou que também pode surpreender como cantor. Negro amor foi a última das três músicas do roteiro propagadas originalmente na voz cristalina da cantora baiana Gal Costa. Antes, com a mesma atmosfera roqueira em que ambientou temas autorais como O oposto de dizer adeus (Dan Nakagawa, 2011), o artista reavivara Dê um rolê (Luiz Galvão e Moraes Moreira, 1971). E, um pouco mais atrás, Dan fez o Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) sair sem a euforia carnavalizante da popular gravação feita por Gal para álbum de 1982. No registro de Dan, a marcha-frevo teve realçada a força de sua melodia em arranjo que deixou o refrão pulsante. Alocada no fim do show, a participação de Ney Matogrosso eletrizou a apresentação por conta da voz e presença habitualmente magnéticas do convidado. Com Dan na guitarra, Ney fez Sangue latino (João Ricardo e Paulinho Mendonça, 1973) subir nos mesmos tons da gravação original do trio Secos & Molhados. Depois, transitou pelo cancioneiro autoral de Dan, entoando Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) e caindo no suingue de Na neblina do samba (Dan Nakagawa, 2005), voltando à cena no bis para - após Dan experimentar a inédita psicodélica Ser e não ser (Dan Nakagawa) - arrematar a participação e o show com a efervescência pop roqueira de Todo mundo o tempo todo (Dan Nakagawa, 2011). Fique atento aos sinais: Dan Nakagawa é ótimo!!

5 comentários:

  1. Permanentemente atento aos sinais, Ney Matogrosso teve sua atenção despertada para o talento de Dan Nakagawa desde que este ator, cantor e compositor paulistano - de ascendência japonesa - lançou seu álbum de estreia, O primeiro círculo (Lua Music, 2005), de cujo repertório autoral Ney pescou a pérola Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) para seu show e disco Inclassificáveis (2007 / 2008). Quem ficou atento aos sinais emitidos pelo cantor nesse espetáculo pôde comprovar o talento de Dan Nakagawa como compositor quando o artista lançou seu segundo álbum, O oposto de dizer adeus (YB Music, 2011), um dos melhores discos daquele ano de 2011. Dali em diante, a proximidade de Dan e Ney os uniu no registro ao vivo do show que originou o CD e DVD Dan Nakagawa convida Ney Matogrosso (Canal Brasil, 2013). Foi para promover esta gravação ao vivo que Dan - presença bissexta em palcos cariocas - se apresentou no teatro do Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de ontem, 28 de maio de 2014. Aberto com parceria inédita de Dan com a atriz e cineasta Helena Ignez, Vlad Rimbaud, o show começou frio. Talvez por tensões naturais de uma estreia, o artista não fez Coração coragem (Dan Nakagawa, 2011) bater com toda a força da gravação de 2011. Apresentadas na sequência, Furobá (Dan Nakagawa, 2005) - canção que descreve cenário bucólico - e Assim assim (Dan Nakagawa e Celso Sim, 2011) deram a falsa impressão de que o show transcorreria sem energia. Mas, à medida que a apresentação e o canto de Dan foram ganhando um pouco de calor, o show decolou e deixou evidente para o público que, além de excelente compositor, o artista também passaria na prova do palco, cantando em fina sintonia com a azeitada banda integrada por Geraldo Orlando (guitarra), Henrique Alves (baixo), Michel Membrive (teclados) e Rogério Bastos (bateria). O primeiro número a sobressair foi a balada Infinito instante (Dan Nakagawa, 2011), à qual o cantor acrescentou o texto, recitado, Reza para Ganesha. Antes, O sol da meia noite (Dan Nakagawa, 2011) iluminara, em clima de elétrico folk, o rastro deixado pela obra gigantesca do compositor norte-americano Bob Dylan. A propósito, mais para o fim do show, Dan daria voz a uma versão em português de tema de Dylan, com Ney Matogrosso já em cena (mas, no caso desse número, como mero espectador). Ao fazer enérgica abordagem de Negro amor (It's all over now, baby blue) (Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977), Dan mostrou que também pode surpreender como cantor. Negro amor foi a última das três músicas do roteiro propagadas originalmente na voz cristalina da cantora baiana Gal Costa. Antes, com a mesma atmosfera roqueira em que ambientou temas autorais como O oposto de dizer adeus (Dan Nakagawa, 2011), o artista reavivara Dê um rolê (Luiz Galvão e Moraes Moreira, 1971). E, um pouco mais atrás, Dan fez o Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) sair sem a euforia carnavalizante da popular gravação feita por Gal para compacto de 1982. No registro de Dan, a marcha-frevo teve realçada a força de sua melodia em arranjo que deixou o refrão pulsante. Alocada no fim do fecho do show, a participação de Ney eletrizou a apresentação por conta da presença habitualmente magnética do convidado. Com Dan na guitarra, Ney fez Sangue latino (João Ricardo e Paulinho Mendonça, 1973) subir nos mesmos tons da gravação original do trio Secos & Molhados. Depois, transitou pelo cancioneiro autoral de Dan, entoando Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) e caindo no suingue de Na neblina do samba (Dan Nakagawa, 2005), voltando à cena no bis para - após Dan experimentar a inédita psicodélica Ser e não ser (Dan Nakagawa) - arrematar a participação e o show com a efervescência pop roqueira de Todo mundo o tempo todo (Dan Nakagawa, 2011). Fique atento aos sinais: Dan Nakagawa é ótimo!!

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  2. com toda essa história, por que será que ele não emplaca?

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  3. Mauro, embora "Bloco do prazer" tenha saído antes em compacto, que do outro lado tinha "Verbos do amor", Gal a gravou para o lp "Minha voz", também de 1982. Curioso é que na capa do compacto constava "Gal Costa apresenta 2 músicas do seu novo lp "Azul", que foi o primeiro título escolhido para o disco.

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  4. Tem razão, Roberto. O compacto saiu antes, mas a gravação foi feita para o álbum. Abs, MauroF

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  5. Na realidade a gravação da Nara Leão saiu antes da gravação da Gal.

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