♪ Editorial - Post publicado hoje pelo cantor e compositor carioca Fernando Temporão em seu Facebook faz duras críticas ao Prêmio da Música Brasileira por conta da distribuição de troféus da 25ª edição da premiação criada pelo empresário José Maurício Machline em 1988. "É um prêmio naftalina, que estacionou no tempo, e insiste em afagar os mesmos artistas de 'SAMBA' e 'MPB' que estão por aí há 30, 40 anos. Os mesmos nomes mofados, ano após ano, ganhando os mesmos prêmios", alfinetou Temporão, externando pensamento que talvez seja o de parte de uma geração jovem crescida sem ter a MPB como referência. O artista - que lançou em 2013 seu (interessante) primeiro álbum solo, Dentro da gaveta da alma da gente - critica o prêmio sob a ótica da cena contemporânea da qual faz parte. Para Temporão, o Prêmio da Música Brasileira é "surdo, ignorante, cego e desinteressado pelo novo", como caracteriza em seu post. Embora reconheça que há uma cota para o novo no prêmio (preenchida este ano, por exemplo, com a eleição do paulistano Passo Torto como o melhor grupo da genérica categoria Pop / rock / reggae / hip hop / funk), Temporão sustenta que o Prêmio da Música Brasileira tem "uma visão estereotipada, careta, preconceituosa da produção cultural brasileira". Há lógica no seu ponto de vista, mas essa lógica ignora que o Prêmio da Música Brasileira é feito para festejar uma produção de MPB que ainda se revela interessante - assim como o Grammy é organizado para consagrar a produção fonográfica já avalizada pela indústria do disco nos Estados Unidos. "A música popular brasileira NÃO É MAIS a MPB. A MPB é datada, acabou, passou!", sentencia Temporão em seu post. De fato, a MPB nascida e consagrada na era dos festivais, a partir de 1965, pode até soar datada. Mas ainda é uma música rica, sedutora, pulsante, como provam os últimos (grandes) álbuns de inéditas de Dori Caymmi (Setenta anos, 2014) e Joyce Moreno (Tudo, 2012), por exemplo. O grupo carioca Boca Livre - para citar um terceiro exemplo - lançou em 2013 álbum irretocável, Amizade, que lhe rendeu o prêmio de Melhor grupo na categoria MPB. Querer impor a essa rica produção cultural o status de ultrapassada ou careta é atitude tão preconceituosa quanto ignorar a produção de artistas alinhados com sons de estética mais contemporânea, como Alice Caymmi, Juçara Marçal, Gustavo Galo e o próprio Temporão. A música não tem fronteiras. Danilo Caymmi - ilustre representante da MPB - está gravando disco produzido por Domenico Lancellotti e Bruno Di Lullo. É dessa interação que se alimenta a música brasileira. Minimizar a MPB - e, por consequência, artistas como Maria Bethânia e Milton Nascimento (vistos na foto de Roberto Filho com seus merecido troféus de Melhor cantora e Melhor cantor de MPB) - é virar as costas para um passado glorioso da música brasileira que ainda dá saborosos frutos no presente. É provável que o corpo de jurados do Prêmio da Música Brasileira - da qual faz parte o editor de Notas Musicais - seja mais sensível aos discos dos nomes tradicionais da MPB e do samba por questão de formação musical e de geração. Mas o Prêmio da Música Brasileira nunca alardeou ser indie, embora em seu palco já tenham se apresentado artistas como Céu, Criolo, João Cavalcanti e Tulipa Ruiz. É um prêmio que renova a louvação a ícones da MPB e do samba como Alcione, Maria Bethânia e Milton Nascimento. Ídolos de música que, mesmo datada, ainda insiste em soar brilhante. Juçara Marçal é maravilhosa. Mas Joyce Moreno também é. E, como diz sentença propagada pelo próprio Facebook, música boa não tem prazo de validade. E que venha, em 2015, a 26ª edição do Prêmio da Música Brasileira!!!
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42 comentários:
A quem interessar possa, a íntegra do post de Fernando Temporão:
"O premio da música brasileira é uma piada, anual, de mal gosto. É um prêmio naftalina, que estacionou no tempo, e insiste em afagar os mesmos artistas 'SAMBA' e 'MPB' que estão por aí há 30, 40 anos.
Os mesmos nomes mofados, ano após ano, ganhando os mesmos prêmios. Alcione, Zeca Pagodinho, Maria Bethânia.....eles devem ter uma espécie de convênio com o prêmio.
Fico feliz do Sururu na Roda ter levado um prêmio. Finalmente um grupo relativamente novo, residente da Lapa, é reconhecido....tem sempre uma cota, uns 4 ou 5 prêmios para o novo. Mas, no geral, é um prêmio surdo, ignorante, cego e desinteressado pelo novo.
A música popular brasileira NÃO É MAIS a MPB. A MPB é datada, acabou, passou!
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E o pior de tudo é que, dentro da cota de prêmios para o novo, para o contemporâneo, os artistas de São Paulo sempre figuram em destaque.
Longe de entrar num bairrismo inútil, até porque a produção contemporânea de sampa é simplesmente maravilhosa, a crítica vai no sentido de que o pessoal do prêmio ainda tem aquela visão tacanha, pequena, antiga e mesquinha de que a novidade, o 'estranho', o 'muderno' é sempre made in sampa, como se a produção carioca, como se o lugar do carioca fosse mesmo o bom samba, mpb, choro e etc.
É uma visão estereotipada, careta, preconceituosa da produção cultural brasileira. Temos uma AVALANCHE de grandes discos, de novos artistas no Rio, uma cena que tá pegando fogo.
E o prêmio, feito majoritariamente por cariocas, ainda reforça a idéia de que o Rio se preocupa com o passado e apenas a rapaziada de sampa está preocupada com os novos rumos da música."
Criticar um prêmio para o qual ele nunca foi indicado, denota apenas recalque!
Recalcado e amargo!! Disso o facebook tá cheio!! Artistas veteranos que acham que não são reconhecidos e artistas novos que anseiam pelo sucesso e reconhecimento também... Normalmente é um diário de lamúrias e reclamações. Não comparando mas já comparando... Igual a geração de Chico Buarque..JAMAIS teremos outra que chegue perto!! Podem espernear!!!
De certa forma ele tem razão. Esse prêmio furado só ganha os amiguinhos do administrador de massa falida.
Outra coisa que deveria ser avaliada é o CONJUNTO do artista. Esse lance de melhor cantor/cantora é MUITO RELATIVO! Só tem como critérios a voz porque tem certos medalhões consagrados que entra ano e sai ano nos brinda com mais uma das inúmeras PORCARIAS nas suas respectivas discografias.
Este ano louvo o merecimento de uma determinada artista que fez um disco PRIMOROSO (injusto não ter recebido a indicação de melhor disco, além de melhor cantora), mas os outros troféus foram TODOS sem merecer.
Que se mudem os critérios desse prêmio, do contrário, torço por um prêmio mais criterioso e mais sério com OUTROS idealizadores.
Gosto muito do Fernando Temporão e, de certo modo, acho que ele não deixa de ter razão. Gorgonzola e roqueford tb são mofados, e por isso mesmo são ótimos.
O grande problema é que, infelizmente (para os novos), a geração dos anos 60 e 70 é formada por artistas que são insuperáveis. Por mais que hajam bons novos artistas, o PESO que os nomes da geração dos anos 60 e 70 é esmagador. Não são artistas apenas talentosos, são ícones, são monstros-sagrados.
Muitas vezes essas premiações acabam laureando pessoas que acabam não durando dois discos mas que querem ser modernetes e por isso soam como novidade, mas que na hora da comparação das qualidade das canções perdem feio para qualquer obra menor de Milton ou Chico. É fato inegável e sombrio para os novos.
Mauro, alguém representou a Gal no prêmio de melhor cantora pop ?
Moreno Veloso representou Gal, Igor.
Eu concordo com que o Temporão diz. Não acho que seja o caso de minimizar o trabalho desses nomes mas consolidados da música. A questão é olhar também para as gerações mais recentes, com o mesmo olhar. Realmente parece que eles até podem ser ouvidos por esses críticos, mas não estão capacitados a receber prêmios. Como se fossem "estranhos interessantes", mas que a produção não é música. Parece que os críticos são aquela nossa tia, que na infância achava tudo que a gente fazia bonitinho, mas não nos levava a sério. É nítida também essa questão na categoria revelação. Pelo segundo ano consecutivo, os premiados já nem eram tão revelações assim (Rodrigo Campos ano passado, e Bixiga 70 neste ano)... E se a questão, como afirma Mauro Ferreira é que seja "provável que o corpo de jurados do Prêmio da Música Brasileira seja mais sensível aos discos dos nomes mais tradicionais da MPB e do samba por questão de formação musical e de geração", então talvez esteja na hora de haver uma renovação no corpo de jurados, colocar pessoas que também olhem para o novo, em grau de igualdade com o que já está consolidado. Afinal, é tudo música. E fico com o verso do (grande nome da MPB e do Samba) Chico Buarque: "Evoé, jovens à vista!"
Ainda tem um outro ponto importante a ser levado em consideração nesse prêmio. Uma premiação anual, o que se deve ser considerado é a obra feita no ano anterior, correto? E o que Bethânia, por exemplo, apresentou de relevante em 2013? O trabalho dela foi um disco ao vivo, baseado em trabalho inédito de 2012. Ou seja, nada de extremamente relevante para ela ser considerada a melhor cantora, mesmo que ela seja uma intérprete espetacular. Diferente de Alcione, por exemplo, já que "Eterna Alegria" foi realmente um trabalho de fôlego na discografia da artista, que a tirou da canção romântica de tom popularesco em que ela esteve mergulhada nos últimos anos. A julgar suas concorrentes, que foram artistas que fizeram discos tributos à Clara Nunes, e também não apresentaram nada essencialmente novo (apesar de achar o disco de Fabiana Cozza irretocável, diferentemente do disco de Mariene de Castro, pra mim, dispensável e oportunista). Assim, a questão também não é premiar ou deixar de premiar os artistas consagrados. Tampouco olhar só para os novos nomes da música. A questão também passa por um olhar mais criterioso do que realmente foi relevante no ano anterior na música. Independente se o artistas tem décadas de estrada ou lançou apenas um disco.
Ótimo texto, Mauro! Concordo plenamente com a sua reflexão!
Pareceu-me recalque.
E acaba contaminando a boa impressão que eu tinha do trabalho dele, que é interessante, apesar de possuir um timbre bem pouco interessante.
Agora é impossível não ver o Temporão como um menino mimado.
Concordo plenamente com o Felipe.
E só um adendo: na questão das homenagens acho justo que se homenageiem pessoas/ritmos consagrados; ou será que o Fernando Temporão gostaria que rendessem homenagens à novatos irrelevantes?
Temporão falou de uma MPB rotulável através de novos rótulos. Cometeu o mesmo erro. O problema do PMB é o excesso de categorias. Quanto mais categorias, mais difícil manter o nível qualitativo. Prefiro acreditar na capacidade criativa de grandes nomes do que em rótulos contemporâneos. Afinal, o rótulo é sempre dispensável. O que conta é a Arte.
Concordo com quase tudo o que você diz Mauro, com exceção apenas a Alice Caymmi. Não consigo ver talento ali. Ela desafina muito e, para mim, não é nem um pouco original para despertar tanta atenção por parte da imprensa. Nana, quando surgiu, trazia um frescor em seu canto que Alice não tem. Stella, em minha opinião por exemplo, canta muito melhor que a prima.
Mas onde estão os jovens, não sei se é relevante ou não o prêmio ou os premiados mas sinto que ele deve existir sim, pois em tempos de Anita, Valesca Popozuda, Lepo Lepo e tantas bobagens não vejo nada de tão forte atualmente tirando "Marisa Monte que desde nova sabia o que queria e ainda mostra que sabe" a não ser os "nomes mofados" como assim citou o Sr. Fernando Temporão, salve esses nomes mofados que ainda sim fazem o meu coração vibrar, se Bethânia é relevante bem o tempo já o diz e o dirá ainda mais, salve a maior cantora do meu Brasil.
O prêmio é relevante e os nomes são o que temos dentre o melhor no nosso país, em tempos de Anita, Valesca Popozuda, onde Ivete Sangalo é chamada de diva, e vejo tanta alienação e mal gosto musical, esses nomes sendo premiados mostra apenas que o novo simplesmente não vingou e não veio. Hoje ouvir Bethânia, Alcione, Ney Matogrosso, Gil, Chico, Caetano é uma experiência única nada me comove na noca safra da maneira que essa fantástica geração, a não ser Marisa Monte que desde cedo mostrou a que veio fico triste por que vejo que os novos valores não estão surgindo, mas criticar os "nomes mofados" e o prêmio como disse o Sr.Fernando Temporão, me remete a um ostracismo e falta de criatividade imensas. Salve esses nomes mofados que para mim são até hoje indispensáveis em se tratando de música e eu to me referindo a boa ok.
Só para fazer um adendo na fala do Felipe: não considero o disco da Mariene de Castro cantando Clara como sendo dispensável e oportunista, pelo contrário! Considero-a uma grande cantora ao contrário da outra.
Não, Juçara Marçal não é maravilhosa. Tentei muito gostar do disco dela, mas é muito chato! Nem voz ela tem. Só os indies e críticos para incensarem esse álbum.
Temporão, de quem eu nunca ouvi falar até então, mandou muito bem.
Só discordo de bater em bêbado, o prêmio é tão caricato que ano após ano perde valor.
Como disse acima, não conheço o cara.
Mas tenho certeza que ele, assim como eu, é fã de muita gente da turma que com sua música maravilhosa fez criar a sigla MPB.
Acontece que, como diria Cazuza, o tempo não para e a maioria desses artistas está, sim, mofadaça.
Não é papo do novo contra o velho - isso é uma bobagem, eles podem e devem coexistir, inclusive interagir, como disse o Mauro - e sim uma constatação que a obra, mesmo com o artista morto, não morre, mas muitos artistas morrem em vida.
O que é normal, trata-se do ciclo da vida.
A relevância artística tem data de validade, sim!
Unknown, minha cara, Anita, Valesca Popozuda, Lepo Lepo... preenchem certos aspectos(momentos) da vida.
Fico meio espantado como não conseguem dar valor ao poder de comunicação que esse tipo de artista tem.
Com uma frase, um refrão eles se comunicam com milhões - de todas as classes sociais.
Tem mais valor que muito medalhão zumbi.
Acho que cabe, apenas para encerrar o assunto, dizer o seguinte: Nós não podemos confundir a direção dos questionamentos que fiz.
O Samba merece ser homenageado sempre e acho maravilhoso que o PMB o tenha feito de maneira tão bonita. Eu não estava lá (aliás, não inscrevi meu disco para o prêmio ) mas soube por amigos que foi fantástico. E acredito que a geração MPB, que brilhou intensamente da década de 60 até o início dos anos 90, é parte grande do que fundamenta minha música e minhas referências. Eu nunca terei nada contra a música de Bethânia ou Zeca ou Alcione. São ídolos meus.
É preciso reafirmar: me incomoda profundamente a forma como esse prêmio, de música brasileira, pensa, ou não, a nossa música. Um prêmio realizado em 2014 deve, na minha opinião, incentivar, louvar, estimular, dar vida ao que foi feito em 2013. É muito ruim quando a novidade é deixada de lado para que se reafirme o louvor à quem já é louvado há décadas. Todos os outros prêmios de música no Brasil são prêmios de mercado e premiam, naturalmente, quem faz dinheiro, cifras, e não música. Acredito que o PMB, por não ser um prêmio de mercado, deveria olhar atento para a música brasileira que é produzida HOJE. Já é devastador saber que a mídia não toca, de forma geral, a nova música produzida no país. Ainda temos que engolir um prêmio que investe no passado? A geração de 60, 70 realmente será 'imbatível' até que tenham coragem de ouvir o novo. Os festivais da década de 60 eram feitos por gente nova e esse espaço nobre dado à eles deu frutos e mais frutos. Será que isso, esse investimento na nova geração, seria viável hoje?
Acho lastimável que tenhamos um evento anual propondo premiar a música nacional mas que esteja artística e afetivamente estacionado décadas atrás, com uma venda nos olhos, louvando um mesmo clube de artistas brilhantes. Eu, que fiz parte da geração LAPA, vi em raríssimas ocasiões nossa produção fonográfica ganhando prêmios. E a geração LAPA é para mim o que aconteceu de mais importante no samba nos últimos 15 anos. Apenas para ilustrar, de 2004 a 2014, o prêmio de melhor cantora de samba foi dado à Alcione em 2014, 2013, 2011, 2010, 2008, 2006, 2005, 2004. Isso significa que aos olhos do PMB, não existem outras boas cantoras de samba no Brasil. Só a Marrom. Esse é um exemplo do absurdo, mas eu poderia dar muitos outros.
A novidade não é apenas a música dita contemporânea. São também os novos artistas de gêneros tradicionais que costumam ser ignorados pelo prêmio. O título do texto feito pelo Mauro, tem um efeito tradutor importantíssimo e sintetiza com brilhantismo tudo o que questiono:
“Prêmio da Música Brasileira é feito para festejar a MPB que (ainda) brilha”
A pergunta que fica é: Música Brasileira é apenas MPB?
Eu achava que não.
O mais legal deste post foi a discussão que ele despertou. É bem interessante e elegante quando os leitores argumentam sem citar nomes dos meus colegas, afinal, como dizia a grande Maysa, "tudo é pessoal".
Renovação sempre, reverenciar quem veio antes sempre, ouvir o não estabelecido sempre e questionar o estabelecido, sempre. Inquietude e inconformismo são necessários. Afinação, personalidade e ter o que dizer, idem.
Parabéns aos envolvidos no prêmio, concorrentes, vencedores e não vencedores, mas parabéns sinceros a todo e qualquer artista que faz música sincera (se ele acredita no que faz, está sendo sincero) num país onde as dificuldades para se chegar ao público (e, por tabela , ao mercado)são absurdas. E por mais que nosso desejado e amado público imagine como elas são e delas partilhe sob um outro ponto de vista, só as conhece quem as vive na pele e depende da música pra viver.
Adoro seu blog, Mauro.
Longa vida a ele!
Carlos Navas(sou cantor, nunca fui indicado a prêmio algum, mas me orgulho do que conquistei, mesmo que muitos achem pouco ou nem saibam que eu existo).
Ah, por favor!! Total absurdo! Então quer dizer que reverenciar artistas únicos e brilhantes como Bethânia e Milton é atitude ultrapassada? Como assim? Será preciso detonar grandes artistas só para reclamar um espaço ou valor que se atribui? Bethânia resgata Dalva,por exemplo, desde sempre e , por isso mesmo,sua obra é grandiosa. Não foi preciso Caetano nem Chico detonarem Caymmi ou Noel na busca de notoriedade. Mt ao contrário! A exemplo de Lobão, esse cara aproveitou pra aparecer e da pior maneira. Devia é ter ficado de joelhos na beira do palco. Oportunismo puro!! Não se consagra o artista apenas pela obra lançada neste ano, mas o conjunto, sabemos. E eu pergunto: Quem da nova geração é melhor que Bethânia e Milton, por ex??? Chora na cama que é lugar quente, Temporão.
Pergunta sem sentido, já que o prêmio está dividido nas categorias Canção popular, Samba, MPB, Regional, Instrumental, Erudito e Pop, rock, reggae, hip hop e funk.
Reclamação típica de artista que nunca foi indicado e de fã que não teve sua artista predileta premiada!
Quanto a sugestão dos melhores de ano serem escolhidos pelo conjunto da obra, prefiro pensar que é uma brincadeira!
De uma forma geral concordo com as duas visões. Temporão tem razão em afirmar q o "novo" é ignorado (não é recalque) pq temos maravilhas na música nova (principalmente a independente) brasileira. Da mesma forma querido mauro tem razão em defender que nã podemos "virar as costas para um passado glorioso da música brasileira que ainda dá saborosos frutos no presente". A chave é o equilíbrio...o tradicional e o contemporâneo tem que ter espaço mais equilibrado...
Aviso aos navegantes: estou vetando comentários que se valem deste canal para simplesmente xingar Fernando Temporão. Vozes discordantes da opinião do artista devem se manifestar de forma educada, sem agressividade. O assunto é polêmico. A discussão é relevante - e, nesse sentido, Temporão tem o mérito de tê-la levantado, falando numa rede social o que muitos comentam de forma privada - e merece ser conduzida em alto nível. Grato a todos pela participação, Mauro Ferreira
Muito me entristece ver que as pessoas realmente acreditam que as gerações passadas são "insuperáveis".
Triste ver que os grandes gênios (alguém aí conhece Demétrius Lulo, Paulo Monarco, Vinicius Calderone, Zé Manoel, entre tantos e tantos e tantos outros?) continuam nascendo e produzindo canções maravilhosas- canções essas que não devem em NADA a Chicos e Caetanos, mas o povo vem aqui dizer que estamos em "tempos de lepo lepo".
Pessoal, não existe recalque em dizer que a música brasileira nova não tem reconhecimento devido. E isso faz parte desse grande estereótipo de que "antigamente era melhor". Antigamente não era melhor, antigamente tinha espaço em horário nobre da TV para novos compositores. Hoje em dia (e há muito tempo) já não tem.
Belchior já dizia na década de 70:
"Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem"
E continuamos sem a capacidade de enxergar o gênio no novo.
Sobre essa polêmica, concordo com o que escreveu o Jamari França: "Entende-se a revolta desse músico porque os canais estão fechados, mas o caminho escolhido por ele, falar mal do prêmio e dos colegas, é equivocado." Só que, embora equivocado, foi um ótimo artifício para ele ficar conhecido. No dia em que ele ficar ainda mais conhecido pela qualidade de sua música, aí com certeza será indicado pra muitos prêmios!
É claro que o artista deve ser reverenciado pelo conjunto da sua obra! Mas na hora de se escolher os melhores do ano, o critério é obrigatoriamente a partir do que ele produziu naquele ano. O contrário seria burrice!
Vinícius, faço das tuas as minhas palavras. E ainda mais por acreditar no teu enorme talento.
A quantidade de gênios, novos artistas do mais alto quilate, que são absolutos desconhecidos do público é gigantesca. Não faltam novos Caetanos e Miltons. Falta espaço.
E o que acontece hoje é que você faz um PUTA disco infantil, algo dificílimo de ser gerado e genial como o CRIA, e o PMB premia a 'Arca de Noé' para re-re-re-re-re-re-re-re-re-consagrar o re-consagrado Vinícius de Moraes.
O problema talvez seja mesmo aquele que o Mauro indicou: Geracional. O pessoal que pensa o prêmio faz parte de outra época, está afetivamente ligado à outra época e ainda não entendeu que o mundo girou.
O reconhecimento do novo não pode ser confundido com o abandono do que já é consagrado. Muito pelo contrário. Até porque, é na novidade que a gente entende como é que os grandes se desdobram e se perpetuam.
A palavra é sempre uma interrogação. A gente diz 'A' e frequentemente entenderão 'B'. Comunicar é muito difícil e eu lamento que algumas pessoas tenham lido o que eu disse como uma ofensa aos nossos ídolos (como sugeriu o Jamari).
Temos o direito de colocar a nossa opinião.
Pessoal que não conhece o temporão, baixem o disco vale a pena, aproveitem e baixem o disco do Leo Fresato. A nossa música brasileira é de altíssima qualidade também.
Na última frase quis dizer que a nova música brasileira também é de alta qualidade.
Fernando, artistas como Tom, Chico e Cartano não foram elevados ao patamar de "gênios" da noite pro dia. Isso foi fruto de anos de trabalho árduo! Seu argumento de "a quantidade de gênios, novos artistas desconhecidos do público é gigantesca!" beira a ingenuidade! Genialidades como a de Tom, Hermeto e Egberto são raríssimas!
Fernando Temporão, obrigado por indicar o CRIA de Vinicius Castro. Não conhecia. Estou ouvindo e adorando!!
Aí um tal novo artista brasileiro qualquer aí que ninguém conhece resolve chamar a MPB de música mofada e diz que "a música popular brasileira NÃO É MAIS a MPB. A MPB é datada, acabou, passou". Sério, cara? Sério mesmo? Olha, me recuso. Somente. Tenho muita pena. Tenho pena porque o que a gente tem hoje é um bando de cantorinhas sem um pingo da força da voz e da interpretação de Bethânia, Gal e Marisa Monte (salvo, talvez, Tulipa Ruiz) e um monte de compositorezinhos nariz-em-pé metidos a modernetes indie que não chegam aos pés da poesia de Chico Caetano e Gil. Essa nova geração água-com-açúcar da música brasileira não tem e jamais terá a força que a MPB trouxe nas décadas passadas. MPB é Música Popular Brasileira. Popular: aquilo que essa geração não é e jamais será.
Música é aquela que faz a gente trabalhar bem, ser feliz, viver sorrindo...
Música Boa, não é aquela que vai me maquiar um culto...
Afinal, se o cantor conseguiu fazer sorrir o ouvinte com poucas palavras, esse é o bom cantor!
Música Boa, é aquela que faz um doente levantar da cama, faz um trabalhador sorrir, tira um jovem da rua, uni povos, contagia a massa, agita o esqueleto, etc.
Existe uma frase que é mais ou menos assim:
"Se és realmente inteligente, você consegue se expressar com poucas palavras".
Mesma coisa serve para o cantor.
Grato!
Deu um belo exemplo, Temporão! Eu canto essa bola HÁ ANOS! Abs
Olha a contradição. Você só canta essa bola quando Beth Carvalho não ganha!
Ela nunca ganha, aliás, nem sempre é indicada, ser de luz!
Tá explicado, querido!
Esse ano foi realmente difícil! Afinal, a Marrom concorria com duas cantoras que gravaram tributos em homenagem à gloriosa Clara Nunes!
Apesar do disco de Alcione ser impecável, eu teria votado na maravilhosa Fabiana Cozza!
Explicado que a patota de sempre é indicada, isto sim, ser de luz!!
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