Diante da impossibilidade de abarcar todos os nomes representativos da história do samba, o roteiro dos dez números musicais da 25ª edição do Prêmio da Música Brasileira apontou vertentes - como o samba feito pelos bambas de São Paulo e o samba de roda cultivado no Recôncavo Baiano - e realçou a produção portentosa dos compositores do Rio de Janeiro (RJ), sobretudo os projetados na quadra do bloco Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro, entre o fim dos anos 1970 e o início dos anos 1980. Amadrinhada por Beth Carvalho, essa geração - que inclui Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, entre outros - esteve bem representada no roteiro apresentado por vários artistas na festa-show que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro na noite de ontem, 14 de maio de 2014, em cerimônia no qual o homenageado foi o próprio samba. Mas compositores seminais - como o baiano Assis Valente (1911 - 1958), de quem Baby do Brasil (em foto de Roberto Filho) cantou ...E o mundo não se acabou (1938) em abordagem eletrizante - também foram lembrados. De todo modo, as omissões de Noel Rosa (1910-1937), Dorival Caymmi (1914-2008), Jorge Ben e Martinho da Vila mostraram que dez números musicais são insuficientes para traçar painel minimamente abrangente da evolução de um gênero já quase centenário. Eis o roteiro musical da cerimônia do 25º Prêmio da Música Brasileira, roteirizada por Zélia Duncan sob a supervisão do empresário José Maurício Machline:
1. É luxo só (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1957) /
Escurinho (Geraldo Pereira, 1954) - Gilberto Gil e Mariene de Castro
2. Quem te viu quem te vê (Chico Buarque, 1966) /
Além da razão (Sombrinha, Sombra e Luiz Carlos da Vila, 1988) /
Não deixe o samba morrer (Edson Conceição e Aluísio, 1975)
- João Cavalcanti, Moyseis Marques e Pedro Miranda
3. Santo Amaro Ê Ê (domínio público) /
Quixabeira (domínio público) /
Reconvexo (Caetano Veloso, 1989) /
Minha Senhora (domínio público) /
Viola Meu Bem (domínio público) /
Reconvexo (Caetano Veloso, 1989) - Maria Bethânia
4. ...E o mundo não se acabou (Assis Valente, 1938) - Baby do Brasil
5. Chorei (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro, 1977) /
Saudosa maloca (Adoniran Barbosa, 1955) /
Volta por cima (Paulo Vanzolini, 1962) - Fabiana Cozza e Leci Brandão
6. Preciso me encontrar (Candeia, 1976) /
O sol nascerá (Cartola e Elton Medeiros, 1964) /
Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, 1973) - Beth Carvalho
7. Vá morar com o diabo (Riachão) - Criolo e Riachão
8. O canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1976) /
Sinfonia da paz (Altay Veloso, 1991) - Angélique Kidjo e Péricles
9. Dor de amor (Arlindo Cruz, Acyr Marque e Zeca Pagodinho, 1986) /
Pedi ao céu (Almir Guineto e Luverci Ernesto, 1979) /
Vai vadiar (Monarco e Ratinho, 1998)
- Arlindo Cruz, Almir Guineto e Zeca Pagodinho
10. Timoneiro (Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho, 1996) /
Onde a dor não tem razão (Paulinho da Viola e Elton Medeiros, 1981) /
Foi um Rio que passou em minha vida (Paulinho da Viola, 1970) - Paulinho da Viola
E não tem que enfatizar a Geração Cacique, Mauro?
ResponderExcluirDuro é constatar que o que foi plantado no quintal da Rua Uranos foi deturpado por uma geração de aproveitadores que se autodenominaram pagodeiros e foram avalizados por um monte de gravadoras preocupadas em dar moral às músicas de PÉSSIMA qualidade sob o pretexto de lucro.