segunda-feira, 30 de junho de 2014

Bebel Gilberto dá voz à música de Luiz Bonfá no seu quinto álbum, 'Tudo'

Música de autoria do compositor e violonista carioca Luiz Bonfá (1922 - 2001), feita em parceria com a cantora e compositora mineira Maria Helena Toledo (1937 - 2010), Saudade vem correndo ganha a voz de Bebel Gilberto. A música integra o repertório do quinto álbum de estúdio de Bebel, Tudo, que vai chegar ao mercado fonográfico em agosto de 2014 em edição da gravadora Sony Music. Saudade vem correndo foi lançada em disco em fonogramas de 1963.

'Box' que festeja 20 anos de 'Division bell' fica sem venda física no Brasil

Lançado hoje em escala mundial pela Parlophone Records, com distribuição da Warner Music, o box comemorativo dos 20 anos do 14º - e último - álbum de estúdio do grupo inglês Pink Floyd, The division bell (1994), vai ter que ser importado pelos brasileiros interessados no produto. Não haverá venda física do box no mercado brasileiro. Intitulado The division bell - 20th anniversary edition, o box tem seis discos, incluindo três réplicas de vinil colorido, além de blu-ray. O atrativo é a mixagem em áudio 5.1 do álbum original assinada por Andy Jackson.

Amabis encorpa o 'pop florestal' de Tulipa em remix de compacto de vinil

Sem planos imediatos de gravar seu terceiro álbum, Tulipa Ruiz lança disco de remixes editado na forma de compacto de vinil, à venda nos shows da cantora, mas também já disponibilizado para venda no iTunes. Com exposição na capa de ilustração feita pela própria artista paulistana, o disco Tulipa Ruiz remixes apresenta dois remixes de duas músicas, uma de cada álbum de Tulipa. O destaque é o remix de Aqui (Tulipa Ruiz), produzido pelo tecladista Rica Amabis. Música pouco badalada do primeiro álbum da cantora e compositora, Efêmera (YB Music, 2010), Aqui ganha densidade no remix que embute rap do carioca BNegão, encorpando o pop florestal - rótulo cravado pela própria Tulipa para caracterizar o som de seu primeiro álbum - da artista. Já o remix de Víbora (Tulipa Ruiz, Criolo, Gustavo Ruiz, Luiz Chagas e Caio Lopes) - produzido por Daniel Ganjaman - soa menos surpreendente, pois a venenosa gravação original do segundo álbum da cantora, Tudo tanto (Independente, 2012), já tinha atmosfera densa, em sintonia com o som cheio de climas e camadas de Tudo tanto.

Elba grava Science e Edson Gomes em álbum produzido por Luã e Yuri

Elba Ramalho dá voz a Chico Science (1966 - 1997) em álbum gravado no Rio de Janeiro (RJ) sob a produção de Luã Mattar e Yuri Queiroga. A ideia inicial da cantora paraibana - em foto de Lívio Campos - era gravar A praieira, mas acabou optando por Risoflora, outra música do primeiro álbum da Nação Zumbi, Da lama ao caos (Chaos / Sony Music, 1994), lançado há 20 anos. Elba também canta um reggae da lavra do baiano Edson Gomes na companhia do trio olindense Annabisoul. Nome recorrente na ficha técnica do disco, o compositor pernambucano Dominguinhos (1941 - 2013) é coautor do fado Um passarinho enganador e da canção Contrato de separação (1979), gravada por Elba no toque do acordeom de Toninho Ferragutti.

Pélico promove registro de música de Caetano enquanto arquiteta álbum

Enquanto arquiteta seu próximo álbum autoral (já o quarto, se posto na conta o renegado Melodrama, de 2003), o cantor e compositor paulistano Pélico promove sua gravação de Você não entende nada, música de Caetano Veloso, lançada em 1972. O registro rendeu clipe filmado sob a direção de Filipe Branco e José Menezes. Disponibilizado no YouTube, o fonograma fecha trilogia de gravações de músicas de compositores que influenciaram Pélico, como os cariocas Cartola (1908 - 1980) - de quem o artista já reviveu Sim (Cartola e Oswaldo Martins, 1965) - e Lulu Santos, revisitado através da canção Um pro outro (Lulu Santos, 1986).

domingo, 29 de junho de 2014

Caldas continua edição de discos temáticos com álbum de forró 'Calundu'

♪ Luiz Caldas dá sequência à edição de discos temáticos - disponibilizados para download gratuito e legalizado no site oficial do cantor e compositor baiano - com o lançamento neste mês de junho de 2014 de Calundu, disco dedicado ao forró, termo genérico que engloba dançante ritmos nordestinos. A quadrilha Arrasta pé na trapilha e o xote Arraiá do Padre Bento são duas das dez músicas deste disco que sucede os álbuns Voy por ti (dedicado à salsa e lançado em março), Bloqueado (voltado para o pop e apresentado em abril) e Além da porta (centrado na MPB e editado em maio) na discografia de Caldas. Bêbado vingador, Corri para a janela, O forró é a minha vida, Poema atrapalhado e Vizinha festeira são outras músicas de Calundu, disco inédito e autoral em sintonia com a trilha sonora das festas juninas.

Eastwood foca era e som do Four Seasons com ternura em 'Jersey boys'

Resenha de filme
Título: Jersey Boys - Em busca da música
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Marshall Brickman
Elenco: John Lloyd Young, Vincent Piazza, Erich Bergen, Johnny Cannizzaro e outros
Cotação: * * * * 
Filme em cartaz nos cinemas do Brasil desde 26 de junho de 2014

Em sua última cena, quando já rolam os créditos finais, Jersey Boys - Em busca da música adquire o tom esperado de um filme baseado em musical da Broadway. Mas é como se, nesse derradeiro take, o diretor Clint Eastwood mostrasse que, se seu longa-metragem foge do molde tradicional dos musicais de cinema, é por opção estilística, não por incapacidade de filmar um musical no clima vibrante das produções do gênero. Em cartaz nos cinemas do Brasil desde 26 de junho de 2014, Jersey Boys se enquadra mais no rótulo drama biográfico do que musical. Com olhar terno e com a habitual sensibilidade, Eastwood foca a era, a saga e o som do grupo norte-americano The Four Seasons. Como apregoa o poster do filme valorizado também pela performance do elenco principal e pela primorosa direção de arte (hábil na reconstituição das modas e costumes dos anos 1950 e 1960), as músicas dos Four Seasons são populares, sobretudo nos Estados Unidos, mas poucos conhecem a história do quarteto de pop adocicado que escalou as paradas norte-americanas a partir de 1962, dois anos da invasão britânica capitaneada pelo grupo inglês The Beatles. Em ordem cronológica, com fotografia que denota certa melancolia nostálgica, Jersey Boys reconstitui essa história iniciada em 1951, quando o caminho de Francesco Stephen Castelluccio - o cantor amador e aspirante a barbeiro que se tornaria mundialmente conhecido como Frankie Valli - cruza com o de Tommy DeVito. Visionário, mas também sem opção numa época em que vivia entrando e saindo de prisões por pequenas contravenções, o barítono guitarrista DeVito percebe o potencial de sucesso contido no falsete de Valli e o convida para ingressar como vocalista no grupo que formara em New Jersey. Com origem que remonta aos anos 1950, década da formação do quarteto The Four Lovers (embrião dos Four Seasons), o grupo encontra a fórmula do sucesso quando se depara com Bob Gaudio, o tenor tecladista que viria a se tornar o principal compositor do quarteto rebatizado como The Four Seasons, e com o produtor Bob Crewe. É de autoria de Gaudio a música, Sherry, que daria a sonhada fama aos Four Seasons ao ser gravada e lançada como single em 1962. Revividos no filme em tons ternos, outros hits - como Big girls don't cry (Bob Gaudio e Bob Crewe, 1962) e Walk like a man (Bob Gaudio e Bob Crewe,1963) - se sucederam nas paradas até que a crise, já evidenciada no cotidiano desgastante das turnês, se agiganta em 1965, provocando a saída voluntária do baixista Nick Massi. Sem poupar a indústria da música, retratada em toda sua frieza gananciosa, Jersey Boys expõe todos os conflitos do quarteto - provocados sobretudo pelo temperamento e pelos gastos exorbitantes do rebelde Tommy DeVito - sem cair no melodrama, embora as cenas do desgaste do casamento de Frankie Valli (personificado com competência vocal e dramática por John Lloyd Young) tenham natural tom folhetinesco. O longa-metragem também reproduz as duas mais emblemáticas gravações de Frankie Valli em sua carreira solo. Can't take my eyes off you (Bob Gaudio e Bob Crewe, 1967) - música que simbolizou o renascimento artístico de Valli após a morte de sua filha adolescente por envolvimento com drogas - e My eyes adored you (Bob Crewe e Kenny Nolan, 1974) também embalam a trilha sonora de uma época focada por Eastwood com delicadeza. Exceto nas cenas que reconstituem o reencontro dos Four Seasons em 1990 no ingresso do grupo no Rock and Roll Hall of Fame, prejudicadas por risível maquiagem que dá aspecto de mortos-vivos aos atores ao envelhecê-los, Jersey Boys - Em busca da música jamais sai do tom (dramático biográfico), prendendo a atenção do espectador por duas horas. 

Capital faz sua 'revolução' em EP de seis músicas produzido por Liminha

O disco de inéditas gravado pelo Capital Inicial no Rio de Janeiro (RJ) neste primeiro semestre de 2014, com produção de Liminha, não é um álbum, mas um EP com seis músicas. A ideia do grupo brasiliense - visto em Lisboa na foto extraída da página oficial da banda no Facebook - é vincular a aquisição do EP à compra de ingresso para o show da turnê que vai estrear em Curitiba (PR) em 8 de agosto. Mas o disco também vai ser comercializado de forma tradicional nas lojas físicas e virtuais. Intitulado Viva a revolução, o EP - que sucede o álbum Saturno (Sony Music, 2012) na discografia da banda - tem a participação de Thiago Castanho (guitarrista do desativado grupo Charlie Brown Jr) em duas músicas e do grupo carioca de rap Cone Crew Diretoria. Com foco nas manifestações sociais, Viva a revolução é o primeiro disco do renovado contrato firmado pelo Capital com a empresa Sony Music / Day 1 em abril de 2014.

Chris Brown lança 'New flame', outro 'single' de 'X', álbum sempre adiado

Chris Brown parece estar com dificuldades para lançar seu anunciado sexto álbum de estúdio, X, adiado sucessivas vezes desde meados de 2013. Enquanto o álbum não chega efetivamente ao mercado fonográfico (a atual previsão é de que seja lançado pela RCA Records no segundo semestre deste ano de 2014), o cantor e compositor norte-americano de r & b apresenta mais um single de X. Gravado com adesões do cantor norte-americano de r & b Usher e do rapper norte-americano Rick Ross, New flame sucede Fine china, Don't think they know, Love more e Loyal na sequência de singles de X. Já é o quinto single do álbum. E seria o sexto se Don't be gone to long - single anunciado para 24 de março de 2013 - não tivesse tido cancelado seu lançamento, reiterando a sensação de que algo está fora da ordem com o CD X.

Mastodon lança seu sexto álbum de estúdio, 'Once more 'round the sun'

Banda norte-americana de sludge metal (subgênero do heavy metal que embute referências de grunge, hardcore punk e noise rock), Mastodon lança seu sexto álbum de estúdio, Once more 'round the sun, neste mês de junho de 2014. Precedido pelos singles High road e Chimes at midnight, o álbum está chegando ao mercado fonográfico em edição da Reprise Records distribuída em escala mundial pela Warner Music. Produzido por Nick Raskulinecz, o sucessor do álbum The hunter (2011) alinha influências de grupos como Alice in Chains e Deftones em repertório formado por músicas como Ember city, Halloween, The motherload, Tread lightly e Asleep in the deep. Gravado no Rock Falcon Studios, no Tennessee (EUA), o álbum Once more 'round the sun conta com a participação de Scott Kelly - da banda norte-americana de metal Neurosis - na faixa Diamond in the witch house. Álbum já está no iTunes.

sábado, 28 de junho de 2014

No Rio com show 'Todo calor', Isaar sinaliza redirecionamento para o pop

Resenha de show
Título: Todo calor
Artista: Isaar (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de junho de 2013
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), até 28 de junho de 2014

Ainda pouco ouvida além das fronteiras de Pernambuco, a voz de Isaar Maria de França Santos tem sido progressivamente propagada entre Recife (PE) e Olinda (PE) desde 1995, ano em que a cantora, compositora e instrumentista iniciou sua carreira artística como brincante do olindense Maracatu Piaba de Ouro. Integrante da Comadre Fulozinha (banda da qual também saiu Karina Buhr) de 1997 a 2004, Isaar iniciou sua discografia solo há oito anos com o lançamento do disco Azul claro (Independente, 2006). Todo calor - o recém-lançado disco independente cujo repertório está sendo apresentado pela artista pernambucana em show feito no Rio de Janeiro (RJ) neste fim de semana, dentro da programação da terceira edição do projeto Levada Oi Futuro - já é o terceiro álbum de estúdio e de inéditas de Isaar. À primeira audição, esse repertório parece conservar as mesmas referências pernambucanas do som da artista - o frevo, a lama revolvida pelo Mangue Beat, as cirandas (representadas com a lembrança no bis de Preta cirandeira, tema de Saúde e Ney que louva Lia de Itamaracá) e a poesia de autores da região - só que em formato essencialmente mais pop. Primeira das 16 músicas do show feito em 27 de junho de 2014 no teatro do Oi Futuro Ipanema, Casa vazia (Isaar, 2014) abriga melodia de arquitetura popular. Tal simplicidade pop é reiterada por composições como Festa na roça (Beto Villares, 2014), O que será de mim? (Zizo, 2014) - música que ecoa no show certa influência dos sons diretos da Jovem Guarda - e Nunca mais desapareça (Lito Viana e Isaar, 2014). Em Brincadeira (Cássio Sette, 2014), canção de amor de tom aconchegante, o canto a capella da intérprete evidencia a beleza e segurança da voz já lapidada em trabalhos assinados em parceria com o DJ Dolores. Ao mesmo tempo, a forte sonoridade da banda - um entrosado quarteto formado pelos músicos Gabriel Melo (guitarra), Rama Om (baixo), Do Jarro (bateria) e Deco do Trombone - embaça o brilho pop(ular) ao encorpar temas como Azul claro (Paulinho do Amparo, Isaar, Sidclei e Gabriel, 2006), criando ambiência hard em sintonia com a cena contemporânea do Recife (PE) e arredores. Valorizado pela boa presença cênica de Isaar, que concilia canto e percussão em alguns números, o show Todo calor começa bem, perde seu poder de sedução ainda na primeira metade - sobretudo em Onda vem, onda vai (Isaar e Lito Viana, 2009) e Ode marítima (Lito Viana sobre versos do poeta Fernando Pessoa, 2009), duas músicas do segundo álbum da artista, Copo de espuma (Independente, 2009) - mas volta a esquentar a partir de Palhaço do circo sem futuro (Lirinha e Clayton Barros, 2002), música (boa) do repertório do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado regravada por Isaar em seu CD anterior. Destaque da dançante metade final do roteiro, Borboleta amarelinha (Isaar, Lito Viana, Sidclei e Gabriel Melo, 2006) cai no suingue sem perder seu traço folclórico. Gravitando em torno dos elementos da natureza e da ciranda das paixões, a música de Isaar envolve suas referências regionais em moldura cada vez mais pop, sinalizando justa vontade de transitar cada vez mais além das fronteiras de Pernambuco.

Música do Fogo esquenta a estreia carioca de 'Todo calor', show de Isaar

Parceria do cantor e compositor pernambucano Lirinha com Clayton Barros que deu título em 2002 ao segundo álbum do grupo Cordel do Fogo Encantado e que sete anos depois ganhou a voz de Isaar no álbum Copo de espuma, Palhaço do circo sem futuro esquentou a estreia carioca do show Todo calor, apresentado pela cantora e compositora pernambucana Isaar no Rio de Janeiro (RJ) em 27 de junho de 2014, dentro da programação da terceira edição do projeto Levada Oi Futuro. No show, em cartaz no teatro do Oi Futuro Ipanema até 28 de junho, a artista mostrou músicas de seu terceiro álbum, Todo calor, já disponível para download gratuito no site oficial de Isaar e com lançamento em edição física previsto para agosto. Todo calor sucede Azul claro (2006) e Copo de espuma (2009) na discografia de Isaar. A julgar pela audição ao vivo do repertório apresentado por Isaar na companhia dos músicos Gabriel Melo (guitarra), Rama Om (baixo), Do Jarro (bateria) e Deco do Trombone, Todo calor preserva as referências pernambucanas do som da artista, mas as dilui em solução essencialmente mais pop do que a dos discos anteriores, também representados (em menor escala) no roteiro. Eis o roteiro seguido em 27 de junho de 2014 pela cantora Isaar - em foto de Rodrigo Goffredo - na estreia carioca do show Todo calor no projeto Levada Oi Futuro:

1. Casa vazia (Isaar, 2014)
2. Coisas por escrito (Lito Viana sobre poema de França, 2014)
3. Brincadeira (Cássio Sette, 2014)
4. Tudo em volta de mim vira um vão (Ângelo Souza - Graxa, 2014)
5. Azul claro (Paulinho do Amparo, Isaar, Sidclei e Gabriel, 2006)
6. Onda vem, onda vai (Isaar e Lito Viana, 2009)
7. Ode marítima (Lito Viana sobre poema de Fernando Pessoa, 2009)
8. Palhaço do circo sem futuro (Lirinha e Clayton Barros, 2002)
9. Caminho da tarde (Isaar, 2009)
10. Estrada de sementes (Isaar, 2014)
11. Festa na roça (Beto Villares, 2014)
12. Borboleta amarelinha (Isaar, Lito Viana, Sidclei e Gabriel Melo, 2006)
13. O que será de mim? (Zizo, 2014)
14. Nunca mais desapareça (Lito Viana e Isaar, 2014)
15. Todo calor (Isaar, 2014)
Bis:
16. Preta cirandeira (Saúde e Nery, 2009)

Voz do soul e do r & b dos anos 1970, Bobby Womack sai de cena aos 70

Robert Dwayne Womack (4 de março de 1944 - 27 de junho de 2014) saiu ontem de cena, aos 70 anos, tendo recebido as flores em vida. Voz do soul  e do r & b dos anos 1970, década em que pôs músicas como That's the way I feel about Cha (Bobby Womack, Jim Grisby e Joe Hicks, 1972) nas paradas segmentadas dos gêneros com os quais sempre foi mais identificado, o cantor, compositor e músico norte-americano Bobby Womack correu o risco de ter ficado para sempre associado a um passado de glória do soul, do funk e do r & b, embora também transitasse pelo rock, pelo country e até pelo jazz. Contudo, aos poucos, iniciativas alheias ampliaram o alcance da voz do cantor. Em 1997, o cineasta norte-americano Quentin Tarantino propagou uma das melhores gravações de Womack, Across 110th street (Bobby Womack e James Louis Johnson, 1972), na trilha sonora de seu filme Jackie Brown (Estados Unidos, 1997). Há quatro anos, em ação que seria decisiva para a revalorização do cantor, o grupo britânico Gorillaz incluiu Womack entre os convidados de seu álbum Plastic beach (Parlophone Records / Virgin Records, 2010), projetando a lenda viva do soul no universo pop contemporâneo e abrindo caminho para que Womack voltasse ao disco há dois anos com seu primeiro álbum, The bravest man in the universe (XL Recordings / Lab 344, 2012), desde 2000 - o primeiro disco de inéditas desde Resurrection (Continuum, 1994). The bravest man in the universe se revelou grande álbum produzido por Damon Albarn (um dos mentores do Gorillaz) com Richard Russell (executivo da gravadora XL Recordings). Um CD que modernizou na medida certa o som de Womack sem deixar de respeitar o estilo original do artista. Ao sair de cena, Womack deixa álbuns antológicos como Facts of life (United Artists, 1973). A lenda se preparava para lançar via XL Recordings - no segundo semestre deste ano de  2014 - o álbum, The best is yet to come, que ontem se tornou forçosamente o primeiro título póstumo da discografia do resistente artista, derrotado por um câncer de cólon diagnosticado em 2012.

Dias antes do álbum de Puss N Boots, Norah lança tema inédito de filme

Norah Jones lançou esta semana na web uma canção inédita, It was the last thing on your mind, composta e gravada pela artista norte-americana para a trilha sonora da comédia romântica They came together, filme de David Wain que entrou ontem, 27 de junho de 2014, em cartaz nos cinemas dos Estados Unidos. A balada é apresentada dias antes do lançamento do primeiro álbum de um projeto paralelo de Norah, Puss N Boots, trio feminino formado em 2008 com Catherine Popper e Sasha Dobson. Intitulado No fools, no fun, o álbum vai chegar ao mercado fonográfico em 15 de julho, em edição da Blue Note Records. O disco mistura no repertório músicas inéditas de autoria das integrantes do trio com covers de temas como Down by the river (do cantor e compositor canadense Neil Young), Jesus, etc. (do repertório do grupo norte-americano Wilco) e Twilight (hit do repertório do grupo canadense The Band).

Dhenni evoca Ney apenas na capa ao mergulhar no rio de Luhli e Lucina

Resenha de CD
Título: Pedra de rio - A obra de Luhli e Lucina
Artista: Dhenni Santos
Gravadora: Mills Records
Cotação: * * * 

Há evidente evocação da persona artística de Ney Matogrosso nas fotos feitas pelo cantor e compositor fluminense Dhenni Santos para a capa e encarte de seu segundo álbum, Pedra de rio, inteiramente dedicado ao cancioneiro de Luhli e Lucina - dupla formada em 1972 e desativada em 1998 pelas cantoras, compositoras e violonistas Heloísa Orosco Borges da Fonseca (a carioca Luli, que alterou seu nome artístico para Luhli  nos anos 1990) e Lúcia Helena Carvalho e Silva (a mato-grossense Lucina, que já foi Lucelena na década de 1960 e que, de 1972 a 1982, era Lucinha). Felizmente, a evocação se resume ao visual fantasioso adotado pelo artista no disco editado neste mês de junho de 2014 pela Mills Records. Dhenni resiste à tentação de soar como cover de Ney, principal intérprete do repertório dessa dupla pioneira na forma independente de fazer discos e também na proposição de novos modelos de família com um casamento a três (com o fotógrafo Luiz Fernando Borges da Fonseca) que ainda hoje causaria polêmica. Afinal, Ney já fez registros impecáveis de músicas como Pedra de rio (Luhli, Lucina e Paulo César, 1975), Aqui e agora (Luhli, 1976), Bandolero (Luhli e Lucina, 1978), Napoleão (Luhli e Lucina, 1980), Coração aprisionado (Luhli e Lucina, 1979 - gravada por Ney em 1980), Eta nóis! (Luhli e Lucina, 1984), Bugre (Luhli e Lucina, 1984 - gravada por Ney no álbum homônimo de 1986) e Chance de Aladim (Luhli, 1999). Trilhando caminhos diversos dos seguidos por Ney, sobretudo em músicas recorrentes como Bugre (em cuja regravação sobressai guitarra cortante) e a faixa-título Pedra de rio, Dhenni Santos dá sua voz grave ao cancioneiro de Luhli e Lucina com personalidade. Pedra de rio propõe mergulho fundo na obra da dupla. Produzido pelo próprio Dhenni Santos, com arranjos divididos entre o violonista Daniel Drummond e o pianista Felipe Radicetti, o CD contabiliza 20 músicas em (longos) 72 minutos e 57 segundos. Embora o repertório tenha sido ordenado sem preocupações cronológicas, Pedra de rio abre com a música que projetou a dupla em 1972 no VII e último Festival Internacional da Canção (FIC) - Flor lilás (Luhli, 1972), que desabrocha com cores vivas - e fecha com a última música da dupla, Ao menos, composta em 1998, mas somente gravada em 2007 por Lucina em seu disco solo A música em mim. Entre uma e outra música, Dehnni Santos apresenta a primeira gravação em disco de composição, Viola de prata (Luhli, Lucina e Joãozinho Gomes), conhecida somente pelos frequentadores dos shows da dupla e ora perpetuada em registro que reúne Luhli e Lucina. Com produção opulenta, o álbum Pedra de rio envolve em cordas e sopros músicas como Regando o mar (Luhli e Alexandre Lemos) e já a mencionada Coração aprisionado. O instrumental valoriza cancioneiro pautado por requinte harmônico e pela diversidade rítmica, em leque estilístico que vai do caipira ao cosmopolita. O arranjo de Choro de viagem (Luhli e Lucina, 1998), por exemplo, segue o roteiro da letra que dá a volta ao mundo, acabando no Brasil e no samba evocado pala percussão de Léo Mucuri. Além de cantar Luhli e Lucina, Dhenni Santos se torna parceiro da das artistas no Samba da risada (feito com as duas compositoras e gravado com Lucina) e em Nunca (música composta com Luhli). Pena que o artista abriu demasiadamente o foco na seleção de repertório. Em vez de se concentrar na produção da dupla, oferecendo recorte mais nítido dessa obra, Dhenni Santos aborda também músicas das trajetórias individuais de Luhli (de quem Dhenni canta a ruralista Escultura, música de 2011) e Lucina (de quem o cantor grava Cometa, parceria com Zélia Duncan). Pedra de rio por vezes se excede no mergulho da obra das compositoras, autoras de cerca de 800 músicas, muitas ainda inéditas. Mas o CD faz emergir a boa sensação de que ainda há muito a descobrir no fundo desse caudaloso rio sonoro.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Núbia transita irregular entre pop e kitsch em CD solo produzido por Ruiz

Resenha de CD
Título: Uma qualquer
Artista: Núbia Maciel
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * 1/2

De timbre grave, a voz não chega a soar incomum, mas tampouco é banal. É por conta da irregularidade do repertório gravado por Núbia Maciel em seu primeiro álbum solo, Uma qualquer, que o título do disco pode significar o status a ser obtido pela artista no universo pop em sua trajetória individual. A vocalista e fundadora do grupo paulistano Samba de Rainha tira momentaneamente o pé do (seu) samba para dar voz a um cancioneiro de tom pop contemporâneo. A julgar pela audição de músicas alocadas no início do CD, como Eu amei (Oui Madame) e Como é bom esse amor (Robson Oliveira e Núbia Maciel), Uma qualquer soa demasiadamente comum para se impor na cena pop. A trivialidade de versos sobre o vaivém do amor em Já não te quero mais (Oui Madame) corrobora a sensação de que falta um traço de originalidade - mínimo que seja - ao disco para delinear a assinatura artística de Núbia em sua carreira solo. Mas o álbum cresce do meio para o fim. A cuíca posta por Sandra Ganon em Alvo errado (Hailtinho Navio e Núbia Maciel) e no fim da roqueira Medo de olhar para si (Leo Cavalcanti, 2010)  - faixa turbinada com tamborim tocado pela própria Núbia - sinaliza que o samba continua presente no som da artista, mas em doses menores e mais calculadas. De todo modo, o CD Uma qualquer transita essencialmente por território pop, guiado pela produção antenada do guitarrista paulistano Gustavo Ruiz, hábil na valorização de repertório sem novidades. O melhor momento do disco reside na sua música-título, Uma qualquer (Núbia Maciel e Bianca Kovac), que propicia mergulho da cantora no universo da canção mais kitsch. Outro destaque do disco, a abolerada Às vezes não (Aidée Cristina e Núbia Maciel) comprova a intenção da artista de diluir fronteiras imaginárias entre o chique e o que se convencionou classificar de brega. Aliás, Mexe mexe (Núbia Maciel e Oui Madame) cai no suingue com mix de sons do Norte com a vibe do cancioneiro do cantor e compositor pernambucano Reginaldo Rossi (1944 - 2013). No todo, Uma qualquer deixa a sensação de que o repertório poderia ter sido selecionado com mais rigor para sedimentar uma diversidade pop que somente se insinua.

'Rapper' Lil Wayne apresenta 'Krazy', 'single' de seu álbum 'Tha Carter V'

O rapper norte-americano Lil Wayne continua sustentando que vai lançar dois álbuns neste ano de 2014. Um deles - Tha Carter V, 11º álbum de estúdio do artista - parece que sai no segundo semestre, pois já tem um single oficial, Krazy, em rotação na web desde ontem, 26 de junho. A gravação de Krazy foi produzida por Infamous. O último álbum de Lil Wayne, I'm not a human being II (Young Money / Cash Money / Republic), foi lançado em março de 2013.

Coletânea dupla lembra os 25 anos sem Karajan, ídolo da música clássica

Um dos nomes mais populares no universo da música clássica, o maestro austríaco Herbert Von Karajan (1908 - 1989) - em grande evidência no circuito erudito europeu dos anos 1960 à década de 1990 - tem sua obra compilada em coletânea dupla, Classic Karajan - The essential collection, que lembra os 25 anos da saída de cena do regente. Os 32 fonogramas foram selecionados dentre as gravações feitas por Karajan nos 50 anos - de 1939 a 1989 - em que integrou o elenco da gravadora alemã Deutsche Grammophon, produtora do best of lançado em escala mundial neste mês de junho de 2014 e já editado no Brasil via Warner Music.

Mautner grava CD de inéditas em julho sob produção de Berna e Kassin

Aos 73 anos, o cantor, compositor e músico carioca Jorge Mautner - em foto de Daryan Dornelles - se prepara para entrar em estúdio em julho de 2014 para começar a gravar álbum de inéditas sob a produção de Alexandre Kassin e Berna Ceppas. Trata-se do primeiro disco de Mautner após a saída de cena do parceiro Nelson Jacobina (1953 - 2012), morto há dois anos.

Plataformas digitais de venda e audição de discos apagam o compositor

Editorial - O comércio de música digital está desferindo outro golpe mortal na figura essencial do compositor. Já prejudicado com os cotidianos downloads ilegais, que lhe surrupiam a cada clique os direitos autorais devidos, o compositor tem tido seu trabalho omitido nas plataformas digitais de venda e audição de discos. Serviços de streaming como o Spotify - plataforma popular em todo o universo pop e recém-lançada no Brasil - creditam os intérpretes e seus eventuais convidados, mas não os compositores das músicas dos discos oferecidos para audição. Esse hábito nocivo ao compositor - que pode ser mudado se a classe se mobilizar e exigir os créditos mais do que devidos - é cruel porque elimina da cadeia produtiva um profissional essencial na criação da música. Afinal, o compositor é o criador da música. Tudo começa quando um compositor - seja um gênio do ofício, como Chico Buarque, seja um iniciante anônimo - põe no papel, na tela do computador ou em qualquer aplicativo o resultado de sua inspiração. É a partir desse ato de criação que nasce a música que vai circular livremente na web e que vai ser industrializada para comércio em CDs e DVDs. Se o compositor também canta, ele ainda pode se beneficiar dos canais abertos pela internet para chegar diretamente ao seu público com seus produtos sem depender da mídia. No entanto, se o compositor fica sempre longe dos holofotes e depende somente do ofício de compositor para (sobre)viver), esse profissional não recebe nem sequer os créditos pelo seu trabalho. O que denota desprezo da indústria da música pelo profissional que, de certa forma, a sustenta, já que é de sua criação que se inicia toda a cadeia produtiva da música que (sempre) gera lucros.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Barbra finaliza álbum de duetos em que canta com Bocelli, Bublé e Elvis

Sob a produção de Walter Afanasieff e Kenneth Edmonds (o Babyface), Barbra Streisand finaliza álbum de duetos aos 72 anos. No disco, a cantora norte-americana revive sucessos com convidados como Andrea Bocelli, Bette Midler, Blake Shelton, Beyoncé, Billy Joel, John Legend, Josh Groban, Lady Gaga, Lionel Richie, Michael Bublé, Stevie Wonder e William Nelson, entre outros nomes. Até um dueto virtual com Elvis Presley (1935 - 1977) faz parte do álbum, tendo sido produzido a partir de uma gravação do cantor norte-americano (em sua "fase Las Vegas"). 

Deep Purple grava álbum em Portugal e relança clássico ao vivo de 1972

Enquanto grava seu 20º álbum de estúdio em Algarve, Portugal, o grupo britânico Deep Purple tem relançado em escala mundial um título clássico de sua discografia ao vivo, Made in Japan, álbum duplo lançado em dezembro de 1972 com sete números extraídos de três shows feitos pela banda de hard rock nas cidades de Osaka e Tóquio, durante turnê pelo Japão, de 15 a 17 de agosto de 1972. A reedição recém-lançada no mercado brasileiro, via Universal Music, é a mais simples de todas e reúne somente dois CDs. Ao álbum original, reproduzido integralmente no CD 1, essa reedição adiciona um segundo disco com mais seis números extraídos das apresentações japonesas. O ganho desta reedição de 2014 reside sobretudo na masterização feita por Kevin Shirley (CD 1) e Martin Pullan (CD 2), já que Made in Japan já havia sido relançado em CD duplo em 1998 com material adicional. Como ressalta Malcom Dome em texto escrito para o libreto encartado no atual CD duplo, Made in Japan é um dos grandes álbuns ao vivo da história do rock. No auge, o Deep Purple - então com sua formação clássica, composta por Ian Gillan (voz), Ritchie Blackmore (guitarra), Roger Glover (baixo), Jon Lord (órgão) e Ian Paice (bateria) - vinha de um grande disco, Machine head, lançado em março de 1972, e estava tinindo quando aportou no Japão para fazer os shows eternizados em Made in Japan, cuja reedição é o aperitivo para a espera do sucessor de Now what?! (2013).

Álbum 'Me. I am Mariah' sinaliza que Carey (ainda) peca pelos excessos

Resenha de CD
Título: Me. I am Mariah... The elusive chanteuse
Artista: Mariah Carey
Gravadora: Def Jam Recordings / Universal Music
Cotação: * * *

Mariah Carey sempre pecou pelos excessos. Não é diferente em seu 14º álbum de estúdio, cujo título egoico Me. I am Mariah... The elusive chanteuse já sinaliza a incapacidade da cantora norte-americana de se despir desses excessos de autorreferências, caras e bocas que embaçam por vezes o brilho de suas gravações e de sua voz ainda potente. Sucessor do natalino Merry Christmas II you (Island Def Jam Music / Universal Music, 2010), o disco apaga a má impressão deixada pelo enjoado Memoirs of an imperfect angel (Island / Universal Music, 2009), linear álbum de baladas lançado há cinco anos. Me. I am Mariah... The elusive chanteuse é álbum ligeiramente mais sedutor e equilibrado, embora o excesso de faixas - 17, na Deluxe edition - dilua os bons momentos. A rigor, o melhor deles - The art of letting go, bela balada de alma soul - já tinha sido apresentado ao universo pop em novembro de 2013 na forma de single. O que faz com que a audição de Me. I am Mariah... soe de certa forma como anticlímax, visto que a única outra música que ombreia em beleza com essa balada - Beautiful, canção de aura vintage gravada por Carey em dueto com o cantor e compositor norte-americano Miguel - já tinha sido lançada em single digital em maio de 2013. Ou seja, o teor de (boas) novidades é baixo. Ao longo das 17 faixas, Mariah transita pelo r & b de aura mais pop, como mostram músicas como Faded e Thristy. A habitual proximidade com o universo hip hop se faz notar até pela presença de convidados como o rapper Nas, presente em Dedicated, mas é mais dosada neste álbum que soa até retrô em Make it look good, faixa que poderia figurar em disco da Motown nos anos 1980. Nessa linha, Meteorite cai no álbum e na pista com ecos de disco music que também reverberam em You don't know what to do, faixa gravada com a adesão do rapper Wale. Já You're mine (Eternal) é balada adocicada que enjoa pelo excesso de glicose. A propósito, a regravação reverente de One more try - bela balada lançada na voz de seu compositor George Michael no álbum Faith (Epic Records, 1987) - é veículo para a elevação de tons e evidencia o quanto as baladas atuais do repertório da cantora soam inferiores a petardos como Hero, um dos hits do álbum Music box (Columbia, 1993). Em contrapartida, o resgate de I'ts a wrap em dueto com a colega Mary J. Blige valoriza a música, lançada pela própria Mariah no álbum Memoirs of an imperfect angel.  Enfim, Mariah Carey é... Mariah Carey neste 14º álbum que, dependendo do ponto de vista, oferece munição para quem atacar a cantora, mas também momentos de satisfação para quem reconhece os êxitos da resistente artista. Inútil é esperar mudança de estilo ou rota nessa altura de sua carreira...

Voz do Yeah Yeah Yeahs, Karen O lança primeiro CD solo em setembro

Vocalista do grupo norte-americano Yeah Yeah Yeahs, Karen O vai lançar seu primeiro álbum solo, Crush songs, via Cult Records, selo aberto em 2009 pelo cantor e compositor norte-americano Julian Casablancas. Gravado entre 2006 e 2007, o CD Crush songs tem lançamento agendado nos Estados Unidos para 9 de setembro de 2014. Antes do lançamento oficial, a Cult Records vai lançar edição especial em vinil, de tiragem limitada, com desenhos e manuscritos - feitos pela própria Karen O - das letras dessas canções gravadas de forma caseira em íntimo clima lo-fi. Com repertório ainda não divulgado, Crush songs chega ao mercado fonográfico meses após a indicação de Karen O ao Oscar pela canção Moon song, composta com Spike Jonze - e gravada com Ezra Koenig - para a trilha sonora do filme Ela (Estados Unidos, 2013).

'True', primeiro disco de Avicii, recai na pista com remix do próprio Avicii

Em setembro de 2013, Avicii - DJ e produtor sueco de house que desde 2012 vem sendo incensado na cena eletrônica, tendo chamado a atenção de ninguém menos do que a antenada Madonna - lançou seu primeiro álbum, True (PRMD Music / Universal Music), no embalo do hype em torno de seu nome. O álbum rendeu disco de remixes criados e assinados pelo próprio Avicii. Recém-lançado no Brasil via Universal Music, True (Avicii by Avicii) preserva a ordem das músicas do álbum original, acentuando a vocação para as pistas de singles como Wake me up e You make me. Um dos remixes mais interessantes desse novo álbum é o de Shame on me.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Animado, Brown celebra país e Seleção no tom ufanista de 'VIBRAASIL'

Resenha de CD
Título: VIBRAASIL - Beats celebration
Artista: Carlinhos Brown
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 

Carlinhos Brown é brasileiro com muito orgulho e com muito amor. Em VIBRAAASIL - Beats celebration, álbum de inéditas lançado pelo artista baiano neste mês de junho de 2014 com inspiração na Copa do Mundo, o futeboleiro - como Brown se autodefine em vibrantes faixas percussivas como Que orgulho - entra em campo munido de empolgação ufanista. Lance surpreendente para quem lançou em janeiro Marabô, álbum também de inéditas que festejou os 35 Carnavais do cantor, compositor e percussionista, VIBRAAASIL é disco que celebra o Brasil e a seleção orquestrada pelo técnico Luiz Felipe Scolari. O tom de exaltação é tão exacerbado em algumas músicas que o samba-marcha Time gaiato até tem cara de jingle promocional do país e dos jogadores brasileiros que estão em campos nacionais na luta pelo hexacampeonato. Justiça seja feita: o CD inclui temas realmente vibrantes como o axé timbaleiro Faz um, Brasil (Olê, olá) - faixa quase vinheta que reverbera sons incendiários das torcidas nos estádios - e o samba Vibraasil (Seleção 100). Disco animado pela propagação do espírito de superação, VIBRAASIL peca até pelo excesso de exaltações do povo brasileiro e dos jogadores. Esse tom ufanista é perceptível já no reggae que abre o CD, Campeões do amor, com versos como "A gente faz a vida virar show". Em contrapartida, o repertório - embora enraizado no suingue e no baticum nacionais - extrapola as fronteiras nacionais. Cantada em inglês, I'm fine team goal é bate-estaca eletrônico que embute sons que remetem eventualmente aos sons da Banda de Pífanos de Caruaru. Em outra latitude, Nota de dólar e Tô mimi entram no baile na cadência do pancadão do funk carioca, sendo que Tô mimi - tema batizado com corruptela de tô me mijando passa a mensagem cívica-social do disco, pregando o uso do banheiro químico nas comemorações coletivas. Em clima latino, O amor supera tudo (Oyê) tem vibe que evoca o som de Manu Chao. Já Trio do Rio tem sotaque americanizado, quase caindo no suingue estilo macumba para turista. E por falar em turistas, Pode ficar à vontade dá as boas vindas aos turistas e delegações estrangeiras na cadência empolgada do samba. E por falar em samba, Meninas, chocalho põe na roda o molho do Recôncavo Baiano e um diálogo de seu verso-refrão-título com Morena de Angola, afro-samba de 1980 composto pelo carioca Chico Buarque para a cantora mineira Clara Nunes (1942 - 1983). No fim, Sacode a caxirola é vinheta instrumental que cita no título o controvertido instrumento criado por Brown, futeboleiro animado que contribui com a criação de uma trilha sonora para a Copa do Mundo de 2014 numa sintonia com o espírito vibrante do povo brasileiro.

'Ese tipo soy yo' promove EP em espanhol que Roberto lança em agosto

Roberto Carlos lançou ontem em seu canal no Vevo o lyric video de Ese tipo soy yo, literal versão em espanhol de seu último grande sucesso, Esse cara sou eu, balada lançada em EP em novembro de 2012. Gravada em Miami (EUA), em janeiro deste ano de 2014, a versão hispânica do EP vai ser lançada em 12 de agosto - dirigida ao mercado latino-americano e à comunidade latina dos Estados Unidos - com as mesmas quatro músicas do disco que devolveu ao cantor e compositor capixaba o posto de recordista de vendas do mercado fonográfico brasileiro. O funk melody Furdúncio (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 2012) virou Loco por ella na versão em espanhol do EP. La mujer que amo (versão em espanhol de A mulher que eu amo, canção lançada pelo Rei na trilha sonora da novela Viver a vida, em 2009) e Tu regreso (versão de A volta, gravação de 2004 da música lançada em 1966 nas vozes da dupla Os Vip's) completam o EP Ese tipo soy yo. A faixa-título reitera a força da última grande canção do Rei.

Eis a capa e as (14) músicas de 'Strut', o décimo álbum de Lenny Kravitz

Esta é a capa de Strut, o décimo álbum de estúdio do cantor e compositor norte-americano Lenny Kravitz. Promovido pelo single The chamber, Strut vai chegar ao mercado fonográfico em 22 de setembro de 2014 em edição da Roxie Records / Kobalt Label Services que vai ser distribuída em escala mundial via Sony Music. Com 14 músicas, sendo que duas (Sweet gitchey rose e Can't stop thinkin' 'bout you) são faixas-bônus da edição digital já em pré-venda no iTunes, Strut é álbum de rock. "Este álbum me trouxe de volta para o que eu mais amo quando se trata de música. De volta para os sentimentos que eu tinha quando eu estava no colegial. É um verdadeiro álbum de rock and roll – é cru, tem alma e foi feito rapidamente", caracteriza Kravitz. Eis as 14 músicas de Strut, álbum que sucede Black and white America (Roadrunner / Atlantic Records, 2011) na discografia do artista projetado na década de 1980:

1. Sex
2. The chamber
3. Dirty white boots
4. New York City
5. The pleasure and the pain
6. Strut
7. Frankestein
8. She's a beast
9. I'm a believer
10. Happy birthday
11. I never want to let you down
12. Ooo baby baby
13. Sweet gitchey rose - Faixa-bônus da edição digital
14. Can't stop thinkin' 'bout you - Faixa-bônus da edição digital

Sem critério, 'Samba in Rio 2' tenta fisgar turistas da cidade pela música

Coletânea lançada pela Universal Music nos formatos de CD e DVD, Samba in Rio 2 é mais um produto da série Pure Brazil dirigido ao público estrangeiro - no caso, aos turistas de várias partes do mundo que transitam pela cidade do Rio de Janeiro (RJ) neste mês de junho de 2014 pelo fato de a Copa do Mundo estar sendo disputada no Brasil. Com conceito frouxo, a compilação rebobina fonogramas de Alcione (Gostoso veneno, em registro de 1979), Chico Buarque (Vai passar, no fonograma de 1984), Gal Costa (Ave Maria no Morro, em gravação de 2003), Mumuzinho (A voz do meu samba, em fonograma de 2012) e Zeca Pagodinho (Vai vadiar, em registro de 1998), entre outros nomes do vasto elenco da gravadora. A inclusão de Milagres do povo (em gravação ao vivo lançada por Caetano Veloso em 2011) no repertório exemplifica a falta de rigor e critério na seleção de compilação que, em tese, reúne sambas associados ao Rio de Janeiro. Tem até versão pagodeira de À francesa (Cláudio Zoli e Antonio Cícero, 1989) em (rala) gravação ao vivo lançada pelo cantor mineiro Alexandre Pires em 2013.

Del Sarto põe hit de Marina entre flashes de viagens de 'Mãos e palavras'

 Ator, cantor, compositor e músico, o paulista Daniel Del Sarto registra impressões e flashes de viagens no repertório autoral de seu CD Mãos e palavras. Entre composições autorais, feitas desde 2007 por Del Sarto sozinho e / ou com diferentes parceiros, o disco - gravado pelo artista em seu estúdio caseiro e finalizado pelo produtor Carlos Trilha no profissional estúdio Órbita - inclui regravação de sucesso de Marina Lima em 1991, Acontecimentos, parceria da compositora carioca com seu irmão poeta Antonio Cícero. Dentro da seara autoral, Del Sarto transita por baladas de espírito zen, como a canção-título Mãos e palavras (Del Sarto e Liliane Reis), e por faixas que caem no suingue carioca - caso de Já deu! (Del Sarto, Berbel, Rodrigo Lampreia e Beto Landau), tema de levada funkeada. Com produção assinada pelo próprio Del Sarto com Emerson Sperandio (um dos autores de Pense muito bem) e Carlos Trilha, o disco Mãos e palavras tem música composta e cantada por Del Sarto em espanhol, Mientras, entre composições como BeijoMorena e Pássara. O CD está sendo lançado de forma independente.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Entre dores e dengos, 'Zerima' molda o retrato de Luiz Melodia quando sereno

Resenha de álbum
Título: Zerima
Artista: Luiz Melodia
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

 Primeiro disco de inéditas de Luiz Melodia desde Retrato do artista quando coisa (Indie Records, 2001), Zerima é álbum que sintoniza a antenada Estação Melodia, fiel à ideologia e aos sons deste cantor e compositor carioca de assinatura pessoal e intransferível na música brasileira. Neste 15º título da discografia oficial de Melodia, o samba domina o repertório, mas sem clichês melódicos ou poéticos. Entre amores, dores e dengos, Zerima molda o retrato deste artista de 63 anos no tempo sereno da maturidade. Seja no dengo expressado entre as síncopes de Cheia de graça, samba de Melodia com o parceiro Ricardo Augusto que abre o álbum com metais e balanço, seja na obstinação que move outro samba que cai no suingue, Vou com você (Luiz Melodia), o Negro Gato delineia sua assinatura única em apaixonados temas autorais como Caindo de bêbado (Luiz Melodia e Rúbia Matos), levado com leveza no assovio e na resignação pela perda do amor no qual investiu até dinheiro. Dentre as novidades autorais, Dor de Carnaval (Luiz Melodia) - samba melancólico gravado por Melodia com a adesão da cantora e compositora paulistana Céu - é uma das maravilhas contemporâneas que tornam Zerima um dos álbuns mais inspirados do artista projetado em 1971 no cristal de Gal Costa. Dor de Carnaval expia o fracasso da escola que não ganhou e do samba que não saiu, deixando a cabrocha e a favela na fossa. Flashback nostálgico da vida de uma estrela que já brilha no céu, a delicada Zerima (Luiz Melodia) também exala fina melancolia, reiterando a iluminação do artista no disco. Voz incomum do morro que nunca se deixou enquadrar no rótulo de sambista, embora sempre tenha reafirmado a força da raça e do ritmo a cada disco, o veludo de Melodia resplandece em ótima forma neste disco em que, fora da seara autoral, o cantor revisita - no toque de uma harmônica - samba pouco ouvido da parceria de Ivone Lara com Délcio Carvalho (1939 - 2013), Nova era. Lançado por Ivone Lara no álbum Sempre a cantar (MZA Music / Universal Music, 2004), Nova era expõe o otimismo recorrente na obra poética da dupla de compositores. Mas Zerima também exprime urgências. "Tenho pressa porque sei que o tempo voa", admite Melodia em verso da apaixonada valsa-canção Do coração de um homem bom (Ricardo Augusto), faixa de aura vintage. Sim, em essência, Zerima é disco de amor em tempos maduros, como mostra o samba-canção Cura (Luiz Melodia e Renato Piau), de versos lupicinianos que retratam a restauração de um amor do passado a partir de reencontro casual numa esquina da vida. Com sabor de mel, Sonho real (Luiz Melodia e Renato Piau) também derrama amor em cadência suave. "Faça amor sem pudor", receita Papai do Céu (Luiz Melodia), apontando em mix de samba, blues e folk o antídoto que pode amenizar as dores de mundo atrapalhado por "miséria, armadilhas e arpões". Compositor recorrente nas fichas técnicas de álbuns de Melodia, o capixaba Sergio Sampaio (1947 - 1994) está presente em Zerima com melodiosa abordagem de Leros e leros e boleros, música de 1973 que também fala de Papai do Céu ("Vou me fazer de eterno no meu encontro com Deus") ao encarar a finitude. Ponto dissonante do disco, a trivial regravação do samba Maracangalha (Dorival Caymmi, 1956) cai como um elemento alienígena na atmosfera de Zerima - e não é por causa do rap posto por Mahal Reis, filho de Melodia, com base na letra precisa do centenário compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008). E por falar na velha Bahia, Moça bonita (de autoria de Jane Reis, mulher de Melodia) também desloca o suingue sedutor de Zerima para o Nordeste, ecoando na faixa dançante a batida do Recôncavo em rota que soa surpreendente para disco que fecha com o groove do tema instrumental A música do Nicholas (Luiz Melodia). Descontado o fim inusitado, Zerima flagra Melodia (ainda) cheio de graça e inspiração.

Eis a capa de 'Tyranny', disco que Julian Casablancas lança em setembro

Esta é a capa do segundo álbum gravado pelo cantor norte-americano Julian Casablancas fora do grupo The Strokes, do qual Casablancas é vocalista. Intitulado Tyranny, o álbum é assinado pelo artista com o grupo The Voidz - como Casablancas já tinha dado a entender em vídeo-teaser postado em seu site oficial em março deste ano de 2014. Sucessor de Phrazes for the young (2009), primeiro disco solo do artista, Tyranny tem lançamento programado para 23 de setembro em edição da Cult Records - o selo do próprio Casablancas - e já está em pré-venda.

Pedro Luís vai gravar DVD solo, no Rio, com músicas do show 'Por elas'

Pedro Luís vai gravar seu primeiro DVD solo no segundo semestre de 2014. Coproduzida pelo Canal Brasil, a gravação ao vivo vai ser feita em show no Rio de Janeiro (RJ). A direção do DVD foi confiada pelo cantor e compositor carioca à atriz e jornalista Bianca Ramoneda e ao fotógrafo Jorge Bispo (autor da foto que ilustra este post). O repertório do DVD vai incluir músicas do mais recente show do artista, Por elas, centrado em composições de Pedro Luís lançadas nas vozes de cantoras. São os casos de Mão e luva (lançada em 1998 por Adriana Calcanhotto no álbum Maritmo), Braços cruzados (parceria de Pedro com Zélia Duncan gravada por Zélia em 2005 no álbum Pré-pós-tudo-bossa-band), Janeiros (parceria com Roberta Sá lançada pela cantora em 2007 no álbum Que belo estranho dia para se ter alegria) e outras.

Retomada, caixa com álbuns de Paulinho tem CD com gravações avulsas

  Entre o fim de 2012 e o início de 2013, a gravadora EMI Music produziu caixa com reedições dos 11 álbuns lançados por Paulinho da Viola na extinta Odeon entre 1968 e 1979. Já reeditados nos anos 1990, os discos chegaram a passar por novo processo de remasterização, feito no Rio de Janeiro (RJ) sob o comando do engenheiro de som Ricardo Garcia. Temporariamente suspenso por conta da compra da EMI pela Universal Music, o projeto da caixa com a discografia áurea do cantor e compositor carioca está novamente em produção, já ajustado aos padrões gráficos e editoriais da Universal Music. Entre o segundo semestre de 2014 e o primeiro de 2015, a Universal vai pôr no mercado fonográfico a caixa com novas reedições dos álbuns do artista (em foto de Kelly Fuzaro). Além dos 11 álbuns, supra-sumo da discografia de Paulinho da Viola, a caixa vai embalar CD com raras gravações avulsas do cantor.

Skylab prioriza a canção em 'Melancolia e Carnaval' com beleza estranha

Resenha de CD
Título: Melancolia e Carnaval
Artista: Rogerio Skylab
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2

Rogerio Skylab sempre transitou pelo dark side da cena indie carioca com série de discos pautados por humor negro e escatologia. Mesmo de forma menos explícita, a estranheza que sempre norteia a obra fonográfica do cantor, compositor, músico e poeta está preservada em Melancolia e Carnaval, segundo título de trilogia de álbuns que priorizam a canção em seu formato mais tradicional. Sucessor de Abismo e Carnaval (Independente, 2012), Melancolia e Carnaval extrai beleza justamente do equilíbrio entre a tradição (a forma em si da canção, delineada pelo toque do violão, instrumento proeminente no CD) e o inusitado (a atmosfera das letras e do disco, gravado sob a direção musical do violonista Luiz Antônio Gomes, autor dos arranjos). E o fato é que, sim, há belezas estranhas embutidas em canções como Eu corroPalavras são voláteisElegante, decadente - música que se destaca no repertório autoral e que foi gravada com a voz do cantor e compositor paulista Romulo Fróes - e Cogito, única composição não assinada somente por Skylab, já que os versos (musicados pelo artista) são do tropicalista Torquatro Neto (1944 - 1972), poeta carioca que viveu na medida de suas (im)possibilidades. Parceiro de Torquato, Jards Macalé canta e toca violão na faixa. Mesmo que a construção da canção se evidencie eventualmente frágil, como no simplista samba Aqui todo mundo é preto, Melancolia e Carnaval se sustenta no todo, reverberando achados melódicos de compositores como João Donato, cuja composição Lugar comum (letrada e lançada em 1974 por Gilberto Gil) tem sua arquitetura reutilizada na base de Beira do cais. "Ninguém é de ninguém", sentencia Skylab em verso de Tudo é tão deprê.  No fim, o samba Vamos esquecer ecoa a obra de Baden Powell (1937 - 2000) com Vinicius de Moraes (1913-1980) nas vozes da Velha Guarda da Mangueira. Rogerio Skylab ainda é sujeito estranho.