Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Arco de 'Meus quintais' é - ainda - marco que coroa Bethânia na própria tribo

Resenha de álbum
Título: Meus quintais
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * *

♪ O arco poético e musical do 51º álbum de Maria Bethânia, Meus quintais, é grande o suficiente para envolver todo um Brasil já distante - povoado por índios, caboclos e Iaras - e ainda ser marco pessoal na discografia da cantora. Parafraseando os versos poéticos de Arco da velha índia (Chico César, 2014), tal arco coroa a intérprete que tece para a própria tribo - a partir de olhar íntimo e pessoal para dentro das memórias mais longevas - teia de sentimentos universais que expandem esse olhar e se configuram em pungente retrato de um Brasil rural, folclórico, que ainda pulsa forte nas entranhas menos urbanizadas do país. Íntegro, Meus quintais devolve a Bethânia a magnitude momentaneamente perdida com disco (Oásis de Bethânia, Biscoito Fino, 2012) e show (Carta de amor, 2012) raivosos que resultaram menores face à grandeza de sua obra. Meus quintais é o álbum mais coeso da intérprete desde os gêmeos aquáticos Mar de Sophia (Biscoito Fino, 2006) e Pirata (Quitanda / Biscoito Fino, 2006). Seu universo interiorano remete a Brasileirinho (Quitanda / Biscoito Fino, 2003) - álbum que marcou a imersão de Bethânia nesse Brasil rural que já aparecia de forma eventual na discografia da cantora em discos interiorizados como o belo e pouco ouvido Olho d'água (Polygram, 1992) - sem ser clone desse cultuado CD que dividiu águas e abriu florestas na obra fonográfica da intérprete. Como seu antecessor Oásis de Bethânia, já feito sem o maestro talentoso Jaime Alem, Meus quintais alinha vários arranjadores na virtuosa ficha técnica sem o comprometimento de sua unidade. Ao contrário. Com criação geral atribuída à própria Maria Bethânia e ao baixista Jorge Helder, Meus quintais é pautado por harmonia tamanha que lhe confere status de disco conceitual. Até a urbana Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) se ajusta com perfeição a esse conceito - o que torna dispensável sua caracterização como faixa extra ao fim do disco - tanto do ponto de vista poético como musical. No toque do piano preciso do orquestrador Wagner Tiso, o vento que fala nas folhas parece soprar - como o flugel horn de Jessé Sadoc, fundamental na construção da atmosfera envolvente da faixa - histórias do mesmo Brasil rural cantado de forma poética por Paulo César Pinheiro nos versos de Alguma voz (2014), parceria de Pinheiro com Dori Caymmi que abre o disco também no toque de um piano - no caso, o de André Mehmari. A costura desse arco de memórias é delicada. É nesse tempo de delicadeza que Bethânia habita Casa de caboclo (Roque Ferreira e Paulo Dáfilin, 2014), abrigando na faixa um sentimento brasileiro, caipira, realçado sem clichês sertanejos pelo toque do violão de Maurício Carrilho, arranjador da faixa na qual, aos dois minutos, entra o acordeom de Toninho Ferragutti, sublinhando a ruralidade desse Brasil distante que resiste no canto cada vez mais íntimo de Bethânia. A voz desse Brasil distante também ecoa em Xavante (2014), instante iluminado do compositor paraibano Chico César, primeiro nome contatado por Bethânia quando a artista baiana começou a alinhavar o conceito de Meus quintais. A guitarra portuguesa de João Gaspar evoca em Xavante um Brasil em que índios tiveram que seguir avante - não contentes, mas cantantes - no confronto cotidiano com os colonizadores lusitanos. São do violonista João Gaspar, aliás, os acordes mais contemporâneos ouvidos em Meus quintais. O toque de sua guitarra slide em Uma Iara (2014) - mergulho poético, tão curto quanto denso, de Adriana Calcanhotto nesse Brasil folclórico - é o sopro alienígena de contemporaneidade em Meus quintais. Ponto mais alto de um disco sem baixos, Uma Iara emerge sublime na junção da canção de Calcanhotto com o texto Uma perigosa Yara, da escritora ucraniana (de criação brasileira) Clarice Lispector (1929 - 1977). Enraizada no mesmo universo folclórico das Iaras, Folia de reis - uma das cinco músicas do compositor baiano Roque Ferreira - abre o arco e o expande até o Recôncavo Baiano, de onde parecem vir os dois sambas de Roque, Imbelezô eu (2014) e Vento de lá (2007), linkados na mesma faixa de Meus quintais. Compositor mais recorrente na fase atual da discografia de Bethânia, Roque Ferreira - a propósito - faz Meus quintais florescer eventualmente sob o signo da repetição sem que a sensação de dèjá vu - presente em temas como Candeeiro velho (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro, 2014), faixa exteriorizada de vivacidade rítmica - empane a boniteza do resultado final do disco. É no Recôncavo Baiano que também estão enraizadas as lembranças das memórias de Bethânia com sua mãe, Claudionor Viana Teles Veloso (1907 - 2012), a Dona Canô, evocada na regravação de Mãe Maria (Custódio Mesquita e David Nasser, 1943), abordada por Bethânia em tempo sereno de maturidade que contrasta com a pulsão mais dramática de seu primeiro registro do tema, feito para o álbum Pássaro proibido (Philips, 1976). Também reminiscência da convivência com Canô nos dias de infância mais risonhos, a súplica sertaneja de Lua bonita (Zé do Norte e Zé Martins, 1953) resplandece no toque das cordas do grupo carioca Tira Poeira. Dentro do amplo arco estético de Meus quintais, cabem ainda a Moda da onça - tema tradicional recolhido por Paulo Vanzolini (1924 - 2013) e gravado pela cantora paulista Inezita Barroso em 1960 - e o samba-exaltação indígena Povos do Brasil, do emergente compositor carioca Leandro Fregonesi. E é assim, cantando os povos do Brasil que espreita pelas frestas largas do próprio quintal, que a intérprete recupera a magnitude com grande disco feito para a tribo dela. Mesmo sob o signo da repetição, Meus quintais é, ainda, marco que coroa Maria Bethânia nessa tribo. Avante, rainha!!!

19 comentários:

Mauro Ferreira disse...

O arco poético e musical do 51º álbum de Maria Bethânia, Meus quintais, é grande o suficiente para envolver todo um Brasil já distante - povoado por índios, caboclos e Iaras - e ainda ser marco pessoal na discografia da cantora. Parafraseando os versos poéticos de Arco da velha índia (Chico César, 2014), tal arco coroa a intérprete que tece para sua tribo - a partir de um olhar íntimo e pessoal para dentro de suas memórias mais longevas - teia de sentimentos universais que expandem esse olhar e se configuram em pungente retrato de um Brasil rural, folclórico, que ainda pulsa nas entranhas menos urbanizadas do país. Meus quintais devolve a Bethânia a magnitude momentaneamente perdida com disco (Oásis de Bethânia, Biscoito Fino, 2012) e show (Carta de amor, 2012) raivosos que resultaram menores face à grandeza de sua obra. Meus quintais é o álbum mais coeso da intérprete desde os gêmeos aquáticos Mar de Sophia (Biscoito Fino, 2006) e Pirata (Quitanda / Biscoito Fino, 2006). Seu universo interiorano remete a Brasileirinho (Quitanda / Biscoito Fino, 2003) - álbum que marcou a imersão de Bethânia nesse Brasil rural que já aparecia de forma eventual na discografia da cantora em discos interiorizados como o belo e pouco ouvido Olho d'água (Polygram, 1992) - sem ser clone desse cultuado CD que dividiu águas e abriu florestas na obra fonográfica da intérprete. Como seu antecessor Oásis de Bethânia, já feito sem o maestro talentoso Jaime Alem, Meus quintais alinha vários arranjadores na virtuosa ficha técnica sem o comprometimento de sua unidade. Ao contrário. Com criação atribuída à própria Maria Bethânia e ao baixista Jorge Helder, Meus quintais é pautado por harmonia tamanha que lhe confere status de disco conceitual. Até a urbana Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) se ajusta com perfeição a esse conceito - o que torna dispensável sua caracterização como faixa extra ao fim do disco - tanto do ponto de vista poético como musical. No toque do piano preciso do orquestrador Wagner Tiso, o vento que fala nas folhas parece soprar - como o flugel horn de Jessé Sadoc, fundamental na construção da atmosfera envolvente da faixa - histórias do mesmo Brasil rural cantado de forma poética por Paulo César Pinheiro nos versos de Alguma voz (2014), parceria de Pinheiro com Dori Caymmi que abre o disco também no toque de um piano - no caso, o de André Mehmari.

Mauro Ferreira disse...

A costura desse arco de memórias é delicada. É nesse tempo de delicadeza que Bethânia habita Casa de caboclo (Roque Ferreira e Paulo Dáfilin, 2014), abrigando na faixa um sentimento brasileiro, caipira, realçado sem clichês sertanejos pelo toque do violão de Maurício Carrilho, arranjador da faixa na qual, aos dois minutos, entra o acordeom de Toninho Ferragutti, sublinhando a ruralidade desse Brasil distante que resiste no canto cada vez mais íntimo de Bethânia. A voz desse Brasil distante também ecoa em Xavante (2014), instante iluminado do compositor paraibano Chico César, primeiro nome contatado por Bethânia quando a artista baiana começou a alinhavar o conceito de Meus quintais. A guitarra portuguesa de João Gaspar evoca em Xavante um Brasil em que índios tiveram que seguir avante - não contentes, mas cantantes - no confronto cotidiano com os colonizadores lusitanos. São do violonista João Gaspar, aliás, os acordes mais contemporâneos ouvidos em Meus quintais. O toque de sua guitarra slide em Uma Iara (2014) - mergulho poético, tão curto quanto denso, de Adriana Calcanhotto nesse Brasil folclórico - é o sopro alienígena de contemporaneidade em Meus quintais. Ponto mais alto de um disco sem baixos, Uma Iara emerge sublime na junção da canção de Calcanhotto com o texto Uma perigosa Yara, da escritora ucraniana (de criação brasileira) Clarice Lispector (1929 - 1977). Enraizada no mesmo universo folclórico das Iaras, Folia de reis - uma das cinco músicas do compositor baiano Roque Ferreira - abre o arco e o expande até o Recôncavo Baiano, de onde parecem vir os dois sambas de Roque, Imbelezô eu (2014) e Vento de lá (2007), linkados na mesma faixa de Meus quintais. Compositor mais recorrente na fase atual da discografia de Bethânia, Roque Ferreira - a propósito - faz Meus quintais florescer eventualmente sob o signo da repetição sem que a sensação de dèjá vu - presente em temas como Candeeiro velho (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro, 2014), faixa exteriorizada de vivacidade rítmica - empane a boniteza do resultado final do disco. É no Recôncavo Baiano que também estão enraizadas as lembranças das memórias de Bethânia com sua mãe, Claudionor Viana Teles Veloso (1907 - 2012), a Dona Canô, evocada na regravação de Mãe Maria (Custódio Mesquita e David Nasser, 1943), abordada por Bethânia em tempo sereno de maturidade que contrasta com a pulsão mais dramática de seu primeiro registro do tema, feito para o álbum Pássaro proibido (Philips, 1976). Também reminiscência da convivência com Canô nos dias de infância mais risonhos, a súplica sertaneja de Lua bonita (Zé do Norte e Zé Martins, 1953) resplandece no toque das cordas do grupo carioca Tira Poeira. Dentro do amplo arco estético de Meus quintais, cabem ainda a Moda da onça - tema tradicional recolhido por Paulo Vanzolini (1924 - 2013) e gravado pela cantora paulista Inezita Barroso em 1960 - e o samba-exaltação indígena Povos do Brasil, do emergente compositor carioca Leandro Fregonesi. E é assim, cantando os povos do Brasil que espreita pelas frestas largas de seu quintal, que a intérprete recupera sua magnitude com um grande disco feito para sua tribo. Mesmo sob o signo de certa repetição, Meus quintais é, ainda, um marco que coroa Maria Bethânia nessa sua tribo. Avante, rainha!!

André Morais disse...

Vale lembrar que a canção 'Vento de Lá' de Roque Ferreira foi gravada lindamente por Roberta Sá e Trio Madeira Brasil com o nome de 'Afefé' no disco Samba Novo produzido por Rodrigo Maranhão.

Breno Alves disse...

Uma resenha linda, Mauro! Mas ressalto que "Arco da Velha Índia" é, no disco, mais importante - como contribuição de Chico César ao conceito do disco e como canção de grande beleza poética - do que "Xavante", e você não mencionou... E, sim, a repetição, por mais bela que seja, não deixa de ser repetição, o que não deixa de ser nódoa de decepção com relação ao trabalho de Bethânia. Nesse sentido, Gal soube ser mais esperta e ousada e ir além, assumindo os riscos todos pela necessária renovação (e é porque eu nem gosto tanto assim de "Recanto"...). No mais, que venham os 50 anos de carreira da "velha índia" Bethânia!

Unknown disse...

Maravilhoso texto! Sinalizador e decodificador desse universo tão sutil e rico que Bethânia, coerentemente, nos apresenta. O cd é lindo! Sim, è lindo! Parece um portal para um mundo mágico, esquecido por nós,mas que nos constitui. Chama à atenção para a cultura indígena, quando essa gente sofre um genocídio e total desatenção do Brasil,foi um golaço. Alguma Voz parece uma oração. Que beleza, Bethânia!!!

Eduardo Cáffaro disse...

o CD começa muito sereno, e me deu a impressão que não ia me pegar como aconteceu de cara com Mar de Sophia, Pirata, Encanteria ....mas é engraçado como ele vai te envolvendo aos poucos e cativando. e de noite a música da Iara não saia da minha cabeça, parecia um mantra que ficava dando looping - vai e volta , volta e meia , vem e vai ! Realmente Bethânia e seus mágicos músicos, conseguiram me levar Quintal e floresta adentro. MEUS QUINTAIS não é só um CD ....é um momento de lazer. Deite no sofá, acenda um incenso com essências de ervas, alfazema, alecrim ...feche os olhos, e faça uma viagem profunda ao interior de um Brasil que quase não existe mais. Meus Quintais ...tem gosto de doce de leite feito no tacho, de café fresquinho com bolo de fubá. Adorei. Ahhh a iara .... !

Marcelo disse...

"Meus Quintais" realmente é muito superior ao "Oásis de Bethânia", mas depois de ouvir o disco inteiro fica uma sensação de "déjà vu" de mesmo disco, mesma música, mesma entonação, mesma interpretação, mesmo arranjo... Produto de qualidade mas que falta alguma coisa falta.

Douglas Carvalho disse...

Achei o disco uma obra-prima!!

Bethânia sabe quem é, sabe o que quer, sabe o que gosta, e é fidelíssima a si mesma. Quando ela diz ser uma pessoa introspectiva e interiorana, não o faz da boca pra fora. E não está nem um pouco preocupada se tem gente que espera dela os discos urbanos da década de 70 e 80. O que é ela quer é isso, esse Brasil simples e cheio de beleza escondidas.

Rhenan Soares disse...

Que texto maravilhoso!!! <3

Rhenan Soares disse...

Que texto maravilhoso!!! <3

lurian disse...

Disco bom, mas pra mim não passa de um 4 estrelas. Não traz inovações e mesmo as músicas inéditas não trazem nada melhor do que Bethânia mesma já não houvesse feito em discos anteriores. Acho necessário que alguém faça discos assim, mas é possível fazer discos com temáticas regionalistas sem soar dejá vu. Patricia Bastos tem feito isso muito bem e ganhado reconhecimento e prêmios importantes.
Gostei da interpretação de Dindi, apesar de haver muitas gravações da música, essa não chega pra ser apenas mais uma.

lurian disse...

Disco bom, mas pra mim não passa de um 4 estrelas. Não traz inovações e mesmo as músicas inéditas não trazem nada melhor do que Bethânia mesma já não houvesse feito em discos anteriores. Acho necessário que alguém faça discos assim, mas é possível fazer discos com temáticas regionalistas sem soar dejá vu. Patricia Bastos tem feito isso muito bem e ganhado reconhecimento e prêmios importantes.
Gostei da interpretação de Dindi, apesar de haver muitas gravações da música, essa não chega pra ser apenas mais uma.

Anônimo disse...

Resenha muito boa e tão poética quanto o disco em questão!

Uma Iara/Uma perigosa Yara não tem tradução.

***** com Louvor!

Dona Maria é Rainha!

Marcelo Dergan disse...

A Iara canta, canta, canta p’ra nós... e bela demais...os sons são únicos e os sentimos tão profundos, cheiramos o seu perfume, ouvimos o seu silêncio, dormimos com a sua voz e acordamos com o seu sono e a sua presença viva!!! Iara canta que vem da citéria grega (Letra linda de Adriana Calcanhoto, gaúcha, brasileira, inspirada na Iara de Bethânia) e fala de suas brincadeiras (da maravilhosa Lispector) vindo do profundo das águas amazônicas e pairando na vitória régia com sua beleza entoando e nos deixando ainda mais apaixonados, então ja envolvidos no seu belo canto não sabemos se sonhamos, brincamos, choramos e sorrimos...apenas sentimos o canto profundo, leve, inteiro e belo, belo e belo da Iara brasileira em Bethânia ou seria da Bethânia brasileira em Iara...?
Vocês já viram o que há embaixo ou por trás da vitória Régia? O canto de Bethânia é isso, é ela inteira, vindo de uma raíz dura, firme, com espinhos, construídas para manter a face lisa e suave...Esse é o canto de Bethânia, espinhento para os submissos, com raiz e a bela suavidade q envolve...dai alguns não entenderem e preconceituadamente dizerem ‘repetitiva’, não a intéprete, mas o povo que Bethânia escolhe, abraça, por ser dele raizticamente e suavemente e ‘insubmissa’!!!
Ah, talvez por isso Bethânia cantou Xavante, avante... anunciando logo na segunda faixa de “Meus Quintais” que quem ficou preso as amarras do ‘progresso vazio’ das queimadas das florestas e de algumas hidrelétricas sujas, como a do Xingu por exemplo, não entendeu ou fingiu que não entendeu o belo canto da Iara e a ‘gente desse lugar... viventes de agora e antes, gigantes da Lua...’
Nos quintais de Bethânia sentimos os nossos próprios quintais, os que perdemos, os que ainda temos, os que queremos ter e os que vamos construir, pois consegue trazer a tona o passado, presente e convida a construir um futuro inteligente que se contraponha a algumas hidrelétricas sujas e as queimadas e todas as inconstâncias da dita pós modernidade prepotente muitas vezes confundida com o inédito, dai trazer uma novidade intensa e felizmente dentro da tradição...que os simples e poderosos seres que habitam os quintais de Bethânia, que são "Meus Quintais" e 'nossos quintais' nos deixem fortes, firmes, felizes e suaves como o seu belo canto!!! A bela Bethânia mensageira da tribo brasiliz!!!

Marcelo Dergan disse...

A Iara canta, canta, canta p’ra nós... e bela demais...os sons são únicos e os sentimos tão profundos, cheiramos o seu perfume, ouvimos o seu silêncio, dormimos com a sua voz e acordamos com o seu sono e a sua presença viva!!! Iara canta que vem da citéria grega (Letra linda de Adriana Calcanhoto, gaúcha, brasileira, inspirada na Iara de Bethânia) e fala de suas brincadeiras (da maravilhosa Lispector) vindo do profundo das águas amazônicas e pairando na vitória régia com sua beleza entoando e nos deixando ainda mais apaixonados, então ja envolvidos no seu belo canto não sabemos se sonhamos, brincamos, choramos e sorrimos...apenas sentimos o canto profundo, leve, inteiro e belo, belo e belo da Iara brasileira em Bethânia ou seria da Bethânia brasileira em Iara...?
Vocês já viram o que há embaixo ou por trás da vitória Régia? O canto de Bethânia é isso, é ela inteira, vindo de uma raíz dura, firme, com espinhos, construídas para manter a face lisa e suave...Esse é o canto de Bethânia, espinhento para os submissos, com raiz e a bela suavidade q envolve...dai alguns não entenderem e preconceituadamente dizerem ‘repetitiva’, não a intéprete, mas o povo que Bethânia escolhe, abraça, por ser dele raizticamente e suavemente e ‘insubmissa’!!!
Ah, talvez por isso Bethânia cantou Xavante, avante... anunciando logo na segunda faixa de “Meus Quintais” que quem ficou preso as amarras do ‘progresso vazio’ das queimadas das florestas e de algumas hidrelétricas sujas, como a do Xingu por exemplo, não entendeu ou fingiu que não entendeu o belo canto da Iara e a ‘gente desse lugar... viventes de agora e antes, gigantes da Lua...’
Nos quintais de Bethânia sentimos os nossos próprios quintais, os que perdemos, os que ainda temos, os que queremos ter e os que vamos construir, pois consegue trazer a tona o passado, presente e convida a construir um futuro inteligente que se contraponha a algumas hidrelétricas sujas e as queimadas e todas as inconstâncias da dita pós modernidade prepotente muitas vezes confundida com o inédito, dai trazer uma novidade intensa e felizmente dentro da tradição...que os simples e poderosos seres que habitam os quintais de Bethânia, que são "Meus Quintais" e 'nossos quintais' nos deixem fortes, firmes, felizes e suaves como o seu belo canto!!! A bela Bethânia cacique mensageira da tribo brasiliz!!!

Marcelo Dergan disse...

A Iara canta, canta, canta p’ra nós... e bela demais...os sons são únicos e os sentimos tão profundos, cheiramos o seu perfume, ouvimos o seu silêncio, dormimos com a sua voz e acordamos com o seu sono e a sua presença viva!!! Iara canta que vem da citéria grega (Letra linda de Adriana Calcanhoto, gaúcha, brasileira, inspirada na Iara de Bethânia) e fala de suas brincadeiras (da maravilhosa Lispector) vindo do profundo das águas amazônicas e pairando na vitória régia com sua beleza entoando e nos deixando ainda mais apaixonados, então ja envolvidos no seu belo canto não sabemos se sonhamos, brincamos, choramos e sorrimos...apenas sentimos o canto profundo, leve, inteiro e belo, belo e belo da Iara brasileira em Bethânia ou seria da Bethânia brasileira em Iara...?
Vocês já viram o que há embaixo ou por trás da vitória Régia? O canto de Bethânia é isso, é ela inteira, vindo de uma raíz dura, firme, com espinhos, construídas para manter a face lisa e suave...Esse é o canto de Bethânia, espinhento para os submissos, com raiz e a bela suavidade q envolve...dai alguns não entenderem e preconceituadamente dizerem ‘repetitiva’, não a intéprete, mas o povo que Bethânia escolhe, abraça, por ser dele raizticamente e suavemente e ‘insubmissa’!!!
Ah, talvez por isso Bethânia cantou Xavante, avante... anunciando logo na segunda faixa de “Meus Quintais” que quem ficou preso as amarras do ‘progresso vazio’ das queimadas das florestas e de algumas hidrelétricas sujas, como a do Xingu por exemplo, não entendeu ou fingiu que não entendeu o belo canto da Iara e a ‘gente desse lugar... viventes de agora e antes, gigantes da Lua...’
Nos quintais de Bethânia sentimos os nossos próprios quintais, os que perdemos, os que ainda temos, os que queremos ter e os que vamos construir, pois consegue trazer a tona o passado, presente e convida a construir um futuro inteligente que se contraponha a algumas hidrelétricas sujas e as queimadas e todas as inconstâncias da dita pós modernidade prepotente muitas vezes confundida com o inédito, dai trazer uma novidade intensa e felizmente dentro da tradição...que os simples e poderosos seres que habitam os quintais de Bethânia, que são "Meus Quintais" e 'nossos quintais' nos deixem fortes, firmes, felizes e suaves como o seu belo canto!!! A bela Bethânia cacique mensageira da tribo brasiliz!!!

Marcelo Barbosa disse...

Este fim de semana escutei o disco e achei bem chato. Quase dormi. Em se tratando de Bethânia o Mauro exagera! rs

Marcelo Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando disse...

Maria Bethânia retoma seu cancioneiro rural neste belíssimo disco, dando voz a índios, caboclos e sereias. Álbum minimalista, de arranjos simples e com encarte fabuloso. Destaque para as 6 composições de Roque Ferreira, mestre do recôncavo baiano. O quintal da abelha rainha está em flor!