sábado, 28 de junho de 2014

No Rio com show 'Todo calor', Isaar sinaliza redirecionamento para o pop

Resenha de show
Título: Todo calor
Artista: Isaar (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de junho de 2013
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), até 28 de junho de 2014

Ainda pouco ouvida além das fronteiras de Pernambuco, a voz de Isaar Maria de França Santos tem sido progressivamente propagada entre Recife (PE) e Olinda (PE) desde 1995, ano em que a cantora, compositora e instrumentista iniciou sua carreira artística como brincante do olindense Maracatu Piaba de Ouro. Integrante da Comadre Fulozinha (banda da qual também saiu Karina Buhr) de 1997 a 2004, Isaar iniciou sua discografia solo há oito anos com o lançamento do disco Azul claro (Independente, 2006). Todo calor - o recém-lançado disco independente cujo repertório está sendo apresentado pela artista pernambucana em show feito no Rio de Janeiro (RJ) neste fim de semana, dentro da programação da terceira edição do projeto Levada Oi Futuro - já é o terceiro álbum de estúdio e de inéditas de Isaar. À primeira audição, esse repertório parece conservar as mesmas referências pernambucanas do som da artista - o frevo, a lama revolvida pelo Mangue Beat, as cirandas (representadas com a lembrança no bis de Preta cirandeira, tema de Saúde e Ney que louva Lia de Itamaracá) e a poesia de autores da região - só que em formato essencialmente mais pop. Primeira das 16 músicas do show feito em 27 de junho de 2014 no teatro do Oi Futuro Ipanema, Casa vazia (Isaar, 2014) abriga melodia de arquitetura popular. Tal simplicidade pop é reiterada por composições como Festa na roça (Beto Villares, 2014), O que será de mim? (Zizo, 2014) - música que ecoa no show certa influência dos sons diretos da Jovem Guarda - e Nunca mais desapareça (Lito Viana e Isaar, 2014). Em Brincadeira (Cássio Sette, 2014), canção de amor de tom aconchegante, o canto a capella da intérprete evidencia a beleza e segurança da voz já lapidada em trabalhos assinados em parceria com o DJ Dolores. Ao mesmo tempo, a forte sonoridade da banda - um entrosado quarteto formado pelos músicos Gabriel Melo (guitarra), Rama Om (baixo), Do Jarro (bateria) e Deco do Trombone - embaça o brilho pop(ular) ao encorpar temas como Azul claro (Paulinho do Amparo, Isaar, Sidclei e Gabriel, 2006), criando ambiência hard em sintonia com a cena contemporânea do Recife (PE) e arredores. Valorizado pela boa presença cênica de Isaar, que concilia canto e percussão em alguns números, o show Todo calor começa bem, perde seu poder de sedução ainda na primeira metade - sobretudo em Onda vem, onda vai (Isaar e Lito Viana, 2009) e Ode marítima (Lito Viana sobre versos do poeta Fernando Pessoa, 2009), duas músicas do segundo álbum da artista, Copo de espuma (Independente, 2009) - mas volta a esquentar a partir de Palhaço do circo sem futuro (Lirinha e Clayton Barros, 2002), música (boa) do repertório do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado regravada por Isaar em seu CD anterior. Destaque da dançante metade final do roteiro, Borboleta amarelinha (Isaar, Lito Viana, Sidclei e Gabriel Melo, 2006) cai no suingue sem perder seu traço folclórico. Gravitando em torno dos elementos da natureza e da ciranda das paixões, a música de Isaar envolve suas referências regionais em moldura cada vez mais pop, sinalizando justa vontade de transitar cada vez mais além das fronteiras de Pernambuco.

Um comentário:

  1. Ainda pouco ouvida além das fronteiras de Pernambuco, a voz de Isaar Maria de França Santos tem sido progressivamente propagada entre Recife (PE) e Olinda (PE) desde 1995, ano em que a cantora, compositora e instrumentista iniciou sua carreira artística como brincante do olindense Maracatu Piaba de Ouro. Integrante da Comadre Fulozinha (banda da qual também saiu Karina Buhr) de 1997 a 2004, Isaar iniciou sua discografia solo há oito anos com o lançamento do disco Azul claro (Independente, 2006). Todo calor - o recém-lançado disco independente cujo repertório está sendo apresentado pela artista pernambucana em show feito no Rio de Janeiro (RJ) neste fim de semana, dentro da programação da terceira edição do projeto Levada Oi Futuro - já é o terceiro álbum de estúdio e de inéditas de Isaar. À primeira audição, esse repertório parece conservar as mesmas referências pernambucanas do som da artista - o frevo, a lama revolvida pelo Mangue Beat, as cirandas (representadas com a lembrança no bis de Preta cirandeira, tema de Saúde e Ney que louva Lia de Itamaracá) e a poesia de autores da região - só que em formato essencialmente mais pop. Primeira das 16 músicas do show feito em 27 de junho de 2014 no teatro do Oi Futuro Ipanema, Casa vazia (Isaar, 2014) abriga melodia de arquitetura popular. Tal simplicidade pop é reiterada por composições como Festa na roça (Beto Villares, 2014), O que será de mim? (Zizo, 2014) - música que ecoa no show certa influência dos sons diretos da Jovem Guarda - e Nunca mais desapareça (Lito Viana e Isaar, 2014). Em Brincadeira (Cássio Sette, 2014), canção de amor de tom aconchegante, o canto a capella da intérprete evidencia a beleza e segurança da voz já lapidada em trabalhos assinados em parceria com o DJ Dolores. Ao mesmo tempo, a forte sonoridade da banda - um entrosado quarteto formado pelos músicos Gabriel Melo (guitarra), Rama Om (baixo), Do Jarro (bateria) e Deco do Trombone - embaça o brilho pop(ular) ao encorpar temas como Azul claro (Paulinho do Amparo, Isaar, Sidclei e Gabriel, 2006), criando ambiência hard em sintonia com a cena contemporânea do Recife (PE) e arredores. Valorizado pela boa presença cênica de Isaar, que concilia canto e percussão em alguns números, o show Todo calor começa bem, perde seu poder de sedução ainda na primeira metade - sobretudo em Onda vem, onda vai (Isaar e Lito Viana, 2009) e Ode marítima (Lito Viana sobre versos do poeta Fernando Pessoa, 2009), duas músicas do segundo álbum da artista, Copo de espuma (Independente, 2009) - mas volta a esquentar a partir de Palhaço do circo sem futuro (Lirinha e Clayton Barros, 2002), música (boa) do repertório do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado regravada por Isaar em seu CD anterior. Destaque da dançante metade final do roteiro, Borboleta amarelinha (Isaar, Lito Viana, Sidclei e Gabriel Melo, 2006) cai no suingue sem perder seu traço folclórico. Gravitando em torno dos elementos da natureza e da ciranda das paixões, a música de Isaar envolve suas referências regionais em moldura cada vez mais pop, sinalizando justa vontade de transitar cada vez mais além das fronteiras de Pernambuco.

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