Título: O samba é do bem
Artista: Paula Lima
Gravadora: Radar Records
Cotação: * *
Paula Lima cai mal no samba do bem. Produzido por Leandro Sapucahy, o quarto álbum de inéditas da artista é o mais fraco de sua carreira solo, iniciada há 13 anos com a edição de CD, É isso aí (Regata Música, 2001), voltado para o soul e o sambalanço. Sexto título da discografia da cantora paulista projetada nos anos 1990 como vocalista do grupo Funk Como Le Gusta, O samba é de bem é o primeiro disco que Paula dedica inteiramente ao samba de raiz carioca. Sucessor da coletânea Outro Esquema - "Inéditas, Remixes e Afins..." (Ape Music / Microservice, 2011), o CD decepciona por reunir repertório pouco inspirado - aquém do histórico de compositores como Arlindo Cruz e Serginho Meriti - e sem matizes, em que sobressaem, pelo confronto com sambas repetitivos, somente Quero o que é meu (Samba do coração) (André Renato, Sereno e Ronaldo Barcellos) e a música-título O samba é do bem (Serginho Meriti e Rodrigo Leite). Repletas de clichês, as letras positivistas volta e meia escorregam em rimas pobres que parecem inspiradas na literatura de autoajuda - casos sobretudo dos versos dos sambas Pro mundo se alegrar (Fred Camacho e Arlindo Cruz) e Clareou (Rodrigo Leite e Serginho Meriti). Os arranjos de Jota Moraes e Wilson Prateado tampouco contribuem para dar mais colorido a um disco esmaecido. Nem as intervenções dos cantores Péricles (em Aliança das marés, de Mario Sergio, Chapinha e Luisinho SP) e Xande de Pilares (em Me prende a você, de André Renato e Luiz Cláudio Picolé) evitam a linearidade d'O samba do bem. E o fato é que um samba como Beija-flor (Arlindo Cruz e Maurição) parece xerox apagada dos melhores títulos do cancioneiro bamba de Arlindo Cruz. Falta calor ao disco, falta inspiração, falta a coragem de escapar do previsível. Está tudo dentro do limite, como se gaba verso de Love affair (Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura e Leandro Fab), samba que cai no suingue à moda carioca de Seu Jorge e que tem o mérito de remeter de longe ao balanço do repertório inicial da intérprete. O ponto positivo do disco é o canto de Paula, bem mais depurado, sem os maneirismos vocais dos tempos dos bailes - como pode ser observado na interpretação do samba mais dolente do CD, Um grande amor (Rosana Silva e Claudemir). Mas isso é pouco para redimir O samba do bem, disco apagado, inferior ao talento de Paula Lima.
4 comentários:
Paula Lima cai mal no samba do bem. Produzido por Leandro Sapucahy, o quarto álbum de inéditas da artista é o mais fraco de sua carreira solo, iniciada há 13 anos com a edição de CD, É isso aí (Regata Música, 2001), voltado para o soul e o sambalanço. Sexto título da discografia da cantora paulista projetada nos anos 1990 como vocalista do grupo Funk Como Le Gusta, O samba é de bem é o primeiro disco que Paula dedica inteiramente ao samba de raiz carioca. Sucessor da coletânea Outro Esquema - "Inéditas, Remixes e Afins..." (Ape Music / Microservice, 2011), o CD decepciona por reunir repertório pouco inspirado - aquém do histórico de compositores como Arlindo Cruz e Serginho Meriti - e sem matizes, em que sobressaem, pelo confronto com sambas repetitivos, somente Quero o que é meu (Samba do coração) (André Renato, Sereno e Ronaldo Barcellos) e a música-título O samba é do bem (Serginho Meriti e Rodrigo Leite). Repletas de clichês, as letras positivistas volta e meia escorregam em rimas pobres que parecem inspiradas na literatura de autoajuda - casos sobretudo dos versos dos sambas Pro mundo se alegrar (Fred Camacho e Arlindo Cruz) e Clareou (Rodrigo Leite e Serginho Meriti). Os arranjos de Jota Moraes e Wilson Prateado tampouco contribuem para dar mais colorido a um disco esmaecido. Nem as intervenções dos cantores Péricles (em Aliança das marés, de Mario Sergio, Chapinha e Luisinho SP) e Xande de Pilares (em Me prende a você, de André Renato e Luiz Cláudio Picolé) evitam a linearidade d'O samba do bem. E o fato é que um samba como Beija-flor (Arlindo Cruz e Maurição) parece xerox apagada dos melhores títulos do cancioneiro bamba de Arlindo Cruz. Falta calor ao disco, falta inspiração, falta a coragem de escapar do previsível. Está tudo dentro do limite, como se gaba verso de Love affair (Pretinho da Serrinha, Gabriel Moura e Leandro Fab), samba que cai no suingue à moda carioca de Seu Jorge e que tem o mérito de remeter de longe ao balanço do repertório inicial da intérprete. O ponto positivo do disco é o canto de Paula, bem mais depurado, sem os maneirismos vocais dos tempos dos bailes - como pode ser observado na interpretação do samba mais dolente do CD, Um grande amor (Rosana Silva e Claudemir). Mas isso é pouco para redimir O samba do bem, disco apagado, inferior ao talento de Paula Lima.
Adoro a Paula Lima como cantora. Tem uma voz, um swing, além de ser uma gata!
Mas ela foi uma das responsáveis por minha saída do Twitter! Seguia a moça, mas não aguentava mais tantos 140 caracteres positivistas e cheios de energia pra cima!
Eu, como reclamão confesso e inveterado, confesso que aquilo me deixava agoniado!
Não ouvi "O Samba É Do Bem" ainda, mas pela resenha, parece que esse alto astral o tempo todo chegou ao disco.
Caiu tão mal que foi indicado ao Grammy como melhor álbum de samba. :)
Na sua opinião!!!!!
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