Editorial - O comércio de música digital está desferindo outro golpe mortal na figura essencial do compositor. Já prejudicado com os cotidianos downloads ilegais, que lhe surrupiam a cada clique os direitos autorais devidos, o compositor tem tido seu trabalho omitido nas plataformas digitais de venda e audição de discos. Serviços de streaming como o Spotify - plataforma popular em todo o universo pop e recém-lançada no Brasil - creditam os intérpretes e seus eventuais convidados, mas não os compositores das músicas dos discos oferecidos para audição. Esse hábito nocivo ao compositor - que pode ser mudado se a classe se mobilizar e exigir os créditos mais do que devidos - é cruel porque elimina da cadeia produtiva um profissional essencial na criação da música. Afinal, o compositor é o criador da música. Tudo começa quando um compositor - seja um gênio do ofício, como Chico Buarque, seja um iniciante anônimo - põe no papel, na tela do computador ou em qualquer aplicativo o resultado de sua inspiração. É a partir desse ato de criação que nasce a música que vai circular livremente na web e que vai ser industrializada para comércio em CDs e DVDs. Se o compositor também canta, ele ainda pode se beneficiar dos canais abertos pela internet para chegar diretamente ao seu público com seus produtos sem depender da mídia. No entanto, se o compositor fica sempre longe dos holofotes e depende somente do ofício de compositor para (sobre)viver), esse profissional não recebe nem sequer os créditos pelo seu trabalho. O que denota desprezo da indústria da música pelo profissional que, de certa forma, a sustenta, já que é de sua criação que se inicia toda a cadeia produtiva da música que (sempre) gera lucros.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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6 comentários:
Editorial - O comércio de música digital está desferindo outro golpe mortal na figura essencial do compositor. Já prejudicado com os cotidianos downloads ilegais, que lhe surrupiam a cada clique os direitos autorais devidos, o compositor tem tido seu trabalho omitido nas plataformas digitais de venda e audição de discos. Serviços de streaming como o Spotify - plataforma popular em todo o universo pop e recém-lançada no Brasil - creditam os intérpretes e seus eventuais convidados, mas não os compositores das músicas dos discos oferecidos para audição. Esse hábito nocivo ao compositor - que pode ser mudado se a classe se mobilizar e exigir os créditos mais do que devidos - é cruel porque elimina da cadeia produtiva um profissional essencial na criação da música. Afinal, o compositor é o criador da música. Tudo começa quando um compositor - seja um gênio do ofício, como Chico Buarque, seja um iniciante anônimo - põe no papel, na tela do computador ou em qualquer aplicativo o resultado de sua inspiração. É a partir desse ato de criação que nasce a música que vai circular livremente na web e que vai ser industrializada para comércio em CDs e DVDs. Se o compositor também canta, ele ainda pode se beneficiar dos canais abertos pela internet para chegar diretamente ao seu público com seus produtos sem depender da mídia. No entanto, se o compositor fica sempre longe dos holofotes e depende somente do ofício de compositor para (sobre)viver), esse profissional não recebe nem sequer os créditos pelo seu trabalho. O que denota desprezo da indústria da música pelo profissional que, de certa forma, a sustenta, já que é de sua criação que se inicia toda a cadeia produtiva da música que (sempre) gera lucros.
Caxias apreciador de música que sou, sempre procuro manter meus arquivos digitais atualizados. Porém, uma das grandes dificuldades é justamente poder creditar corretamente o compositor de cada música que mantenho em meu acervo, até mesmo aquelas adquiridas em plataformas como o iTunes. Mesmo quando há o compositor creditado, fica difícil crer no crédito, já que há um notório descaso nas informações corretas na web neste caso.
Acabo sempre iniciando uma pesquisa minuciosa, mas que, mesmo assim, não me dá a certeza da descoberta da informação correta.
Uma pena.
Muito pertinente o seu comentário. Ainda bem que temos jornalistas atentos e interessados.
A Linda Perry outro dia reclamou q ganhou uns 300 dólares por milhões de execuções em um desses serviços de streaming por Beautiful da Christina Aguilera. Imagino a dureza então pra compositores que não tem essa dimensão "pop" massiva. Esse é só um dos grandes desafios pros compositores nessa nova realidade do mercado, um letrista que vive da palavra, não tá tocando por ai, ou não é também artista vai acabar não tendo como sobreviver.
Excelente editorial, Mauro! Como compositor não aceito esse desinteresse da mídia digital que valoriza apenas o intérprete. Por sinal, se a profissão de músico vive uma crise sem fim imagine a de compositor! Ninguém compra mais álbuns físicos; serviços de streaming pagam uma miséria; artistas, principalmente no Brasil, tem que disponibilizar seus discos (que custam 2 a 3 mil por faixa para serem produzidos) para downloads gratuitos; dizem que o negócio é fazer show,mas produzir um show é caro e o retorno duvidoso; falta lugar para tocar no Rio e as pessoas aqui não tem curiosidade de conhecer trabalhos autorais. Só pagam para assistir os medalhões. E tem a meia-entrada, né? Qualquer inteira a R$ 40 o povo não vai... Triste cenário, mas continuo na batalha!
Muito interessante! Estamos vivendo uma grande mudança nos paradigmas da sociedade como um todo. É o processo histórico vivo acontecendo sem que nos demos conta da dimensão da coisa em que estamos inseridos. Não sabemos aonde as coisas irão chegar mas, para o bem ou para o mal, elas irão mudar cada vez mais. Há até quem diga que o direito autoral vai deixar de existir onde as ideias serão de todos. Textos como este, Mauro, são no mínimo subsídios para uma reflexão maior. Sempre bem vindo!
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