Título: Velocia
Artista: Skank
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *
♪ Primeiro álbum de inéditas do Skank em seis anos, Velocia pode frustrar quem ansiava por salto estético na discografia do grupo mineiro - como os dados pelos álbuns Maquinarama (Sony Music, 2000) e Cosmotrom (Sony Music, 2003). Ao longo das onze músicas do sucessor de Estandarte (Sony Music), Samuel Rosa (voz e guitarra), Lelo Zaneti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria) giram na velocidade na própria luz do Skank. Em Velocia, o quarteto mineiro reaparece no mercado fonográfico do mesmo jeito sedutor, sem inventar moda e sem tentativas de modernização de um som que continua contemporâneo, atual, com mix pop de reggae, rock e baladas. Do mesmo jeito, aliás, é o título da parceria de Samuel Rosa com Lucas Silveira - vocalista, guitarrista e compositor do ora revigorado grupo gaúcho Fresno - que se insinua como um dos prováveis hits de Velocia. A orquestração dos metais na faixa evoca o som do Skank nos anos 1990, mas seria equivocado conceituar Velocia como uma volta do grupo ao som daquela década de discos vendidos aos milhões - ainda que um dos produtores do disco atual, Dudu Marote, seja o mesmo de álbuns como Samba poconé (Sony Music, 1996). Também produzido por Renato Cipriano, nome provavelmente fundamental na engenharia do som tecnicamente perfeito, Velocia é mais a síntese da discografia do Skank do que um simulacro dos álbuns dos anos 1990. Até porque uma balada como Esquecimento - futuro clássico da profícua parceria de Samuel Rosa com Nando Reis - é lembrança da virada estética iniciada a rigor há 16 anos atrás com a escolha de outra balada de Samuel e Nando, Resposta, para promover o álbum Siderado (Sony Music, 1998). Balada de estrutura clássica, arranjada com cordas, Esquecimento se alimenta do contraste entre a delicadeza da melodia e a impetuosidade dos versos cheios de atitude no jogo do amor. Na batalha dos campos de futebol, Alexia (Samuel Rosa e Nando Reis) marca golaço na abertura do disco por perfilar a atacante do time feminino do Barcelona na primeira exaltação musical da atuação de uma mulher em esporte ainda associado ao universo masculino no imaginário mundial. Mesmo sem a vibração de É uma partida de futebol (Samuel Rosa e Nando Reis, 1996), lance genial da então iniciante parceria de Samuel com o titã, Alexia dribla a inevitável comparação com o empolgante tema anterior com suingue próprio, sutis beats eletrônicos e citações de versos de músicas de Jorge Ben Jor, craque na escrita de temas sobre futebol. Velocia, aliás, enfatiza no repertório autoral a parceria de Samuel Rosa com Nando Reis, que ocupa atualmente na obra de Samuel o posto de parceiro principal, lugar outrora ocupado pelo letrista Chico Amaral. O parceiro das antigas comparece somente em A noite, electro-rock orquestrado com metais e pulsação envolvente. Com o recorrente Nando, Samuel dá o recado político de Velocia em Multidão, reggae com toques de ragga e rock que versa sobre os protestos que incendiaram literalmente o Brasil em junho de 2013. O ritmo levado em fogo brando contrasta com a inflamação dos versos em temperatura que se eleva um pouco com a entrada do carioca BNegão, cujo rap é inserido entre a música, de forma quase incidental. Com vocação radiofônica, Aniversário é delícia synth-pop que abre a parceria de Samuel com a cantora e compositora paulista Lia Paris, convidada desta faixa solar, feliz. Já previamente apresentado como o primeiro single do álbum, o pop reggae Ela me deixou tem toques de rocksteady, gênero que dita o ritmo de Tudo isso, uma das duas parcerias de Samuel com o compositor e rapper paulistano Emicida, que se afasta do universo do hip hop em ambas as colaborações com o compositor do Skank. A outra parceria é Rio beautiful, que entranha belezas reveladas à medida em que se ouve repetidamente a faixa banhada nas águas do synth-pop. As sucessivas repetições também fazem bem a Galápagos e a Périplo, mais duas parcerias de Samuel Rosa com Nando Reis que reiteram a sintonia fina entre os dois compositores projetados em gerações distintas do pop rock brasileiro. Com capa que expõe (bela) arte feita a lápis pelo ilustrador espanhol Oriol Angrill Jordà, Velocia tem todas as cores da aquarela musical do Skank e, embora deixe a sensação de que a pintura já foi feita antes (com tons sutilmente diferentes), logo se impõe como mais um êxito da discografia da banda, sublinhando a identidade musical do grupo.
6 comentários:
Primeiro álbum de inéditas do Skank em seis anos, Velocia pode frustrar quem ansiava por salto estético na discografia do grupo mineiro - como os dados pelos álbuns Maquinarama (Sony Music, 2000) e Cosmotrom (Sony Music, 2003). Ao longo das onze músicas do sucessor de Estandarte (Sony Music), Samuel Rosa (voz e guitarra), Lelo Zaneti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e Haroldo Ferretti (bateria) giram na velocidade na própria luz do Skank. Em Velocia, o quarteto mineiro reaparece no mercado fonográfico do mesmo jeito sedutor, sem inventar moda e sem tentativas de modernização de um som que continua contemporâneo, atual, com seu mix pop de reggae, rock e baladas. Do mesmo jeito, aliás, é o título da parceria de Samuel Rosa com Lucas Silveira - vocalista, guitarrista e compositor do ora revigorado grupo gaúcho Fresno - que se insinua como um dos prováveis hits de Velocia. A orquestração dos metais na faixa evoca o som do Skank nos anos 1990, mas seria equivocado conceituar Velocia como uma volta do grupo ao som daquela década de discos vendidos aos milhões - ainda que um dos produtores do atual CD, Dudu Marote, seja o mesmo de álbuns como Samba poconé (Sony Music, 1996). Também produzido por Renato Cipriano, nome provavelmente fundamental na engenharia do som tecnicamente perfeito, Velocia é mais a síntese da discografia do Skank do que um simulacro dos álbuns dos anos 1990. Até porque uma balada como Esquecimento - futuro clássico da profícua parceria de Samuel Rosa com Nando Reis - é lembrança da virada estética iniciada a rigor há 16 anos atrás com a escolha de outra balada de Samuel e Nando, Resposta, para promover o álbum Siderado (Sony Music, 1998). Balada de estrutura clássica, arranjada com cordas, Esquecimento se alimenta do contraste entre a delicadeza da melodia e a impetuosidade dos versos cheios de atitude no jogo do amor. Na batalha dos campos de futebol, Alexia (Samuel Rosa e Nando Reis) marca golaço na abertura do disco por perfilar a atacante do time feminino do Barcelona na primeira exaltação musical da atuação de uma mulher em esporte ainda associado ao universo masculino no imaginário mundial. Mesmo sem a vibração de É uma partida de futebol (1996), lance genial da então iniciante parceria de Samuel com Nando, Alexia dribla a inevitável comparação com o empolgante tema anterior com suingue próprio, sutis beats eletrônicos e citações de versos de músicas de Jorge Ben Jor, craque na escrita de temas sobre futebol.
Velocia, aliás, enfatiza no repertório autoral a parceria de Samuel Rosa com Nando Reis, que ocupa atualmente na obra de Samuel o posto de parceiro principal, outrora ocupado pelo letrista Chico Amaral. O parceiro das antigas comparece somente em A noite, electro-rock orquestrado com metais e pulsação envolvente. Com o recorrente Nando, Samuel dá o recado político de Velocia em Multidão, reggae com toques de ragga e rock que versa sobre os protestos que incendiaram literalmente o Brasil em junho de 2013. O ritmo levado em fogo brando contrasta com a inflamação dos versos em temperatura que se eleva um pouco com a entrada do carioca BNegão, cujo rap é inserido entre a música, de forma quase incidental. Com vocação radiofônica, Aniversário é delícia synth-pop que abre a parceria de Samuel com a cantora e compositora paulista Lia Paris, convidada da faixa solar. Já previamente apresentado como o primeiro single do álbum, o pop reggae Ela me deixou tem toques de rocksteady, gênero que dita o ritmo de Tudo isso, uma das duas parcerias de Samuel com o compositor e rapper paulistano Emicida, que se afasta do universo do hip hop em ambas as colaborações com o compositor do Skank. A outra parceria é Rio beautiful, que entranha belezas que se revelam à medida em que se ouve repetidamente a faixa banhada nas águas do synth-pop. As sucessivas repetições também fazem bem a Galápagos e a Périplo, mais duas parcerias de Samuel Rosa com Nando Reis que reiteram a sintonia fina entre os dois compositores projetados em gerações distintas do pop rock brasileiro. Com capa que expõe (bela) arte feita a lápis pelo ilustrador espanhol Oriol Angrill Jordà, Velocia tem todas as cores da aquarela musical do Skank e, embora deixe a sensação de que a pintura já foi feita antes (com tons sutilmente diferentes), logo se impõe como mais um êxito da discografia da banda.
Mauro, permita-me discordar.
Acho, sim, que "Velocia" é um álbum que traz de volta o Skank dos anos 1990. De um modo mais maduro, é verdade. Mas é um álbum bem mais solar do que Maquinarama" e "Cosmotron", que se notabilizavam pela placidez.
Quando ouvi o álbum, lembrei-me dos Paralamas do Sucesso (banda cada vez mais comparável ao Skank pela longevidade e pela maturidade na condução da carreira).
E "Velocia" está na carreira do Skank assim como "9 luas" está na carreira dos Paralamas: a banda está num momento em que já provou, com sucesso, que não faz música só alegrinha. Provado isso, é voltar a fazer canções pop de qualidade, o tal "pop perfeito", sem culpa. Coisa que fica fácil, com o entrosamento que demonstram "em campo" Samuel Rosa e Nando Reis, amantes do futebol.
Aliás, falo de Nando. Parceria dele com Samuel vai de vento em popa. E paralelamente, ele diz morrer de saudades de conviver com os Titãs, de ter alguns momentos com eles. Vai daí, que me indago: por que Nando não segue o exemplo de Arnaldo e engata parcerias com um Paulo Miklos ou Branco Mello da vida, por exemplo? Poderia dar certo.
Felipe dos Santos Souza
Sempre gostei e acompanhei o Skank. Estou curioso pra ouvir o álbum inteiro, mas a tal música de trabalho ("Ela me deixou") foi uma péssima apresentação. Achei chocha e lembra o pior do sertanejo, por incrível que pareça.
Seis anos sem lançar um material inédito, é uma eternidade. E acho que essa música "Ela me deixou" é uma música muito fraca para ser a primeira música de trabalho depois de tanto tempo.
Gostei bastante do disco e sobre "ela me deixou " acho que ela funciona mais no ao vivo
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