Editorial - É triste que o
site oficial da banda brasiliense Legião Urbana (1982 - 1996) retorne ao ar hoje, 4 de junho de 2014, sob o signo da discórdia. A briga judicial entre os dois músicos remanescentes da formação original da banda - o guitarrista Dado Villa-Lobos
(à direita) e o baterista Marcelo Bonfá
(ao centro) - e o filho (e herdeiro) do cantor Renato Russo (1960 - 1996), Giuliano Manfredini. Embora já fosse eventualmente abordada na mídia, a discórdia foi amplificada em 29 de maio, quando Dado e Bonfá emitiram comunicada em que expressaram indignação com o fato de a nova versão do site oficial da Legião Urbana ter sido arquitetada e concretizada sem a mínima participação deles, coprotagonistas da história. Na sequência, Manfredini se manifestou, repudiando o comunicado dos músicos e alegando que a marca Legião Urbana é legalmente de propriedade dos herdeiros de Renato Russo. Do ponto de vista legal, Manfredini está com a razão. Como Dado e Bonfá ainda lutam na Justiça para recuperar a parte que ambos acreditam lhes caber no uso da marca, Manfredini tem o poder total sobre essa marca enquanto não for proferida uma sentença definitiva sobre o caso. Contudo, na questão artística, a razão está com os músicos. Manfredini se excedeu quando retirou do ar o site original da banda - feito com a participação dos dois lados e dos fãs, tendo sido inaugurado em 2010 - e, pior, redirecionou o endereço desativado para o
site pessoal de Renato Russo. Ora, por mais que tenha sido o mentor de Legião Urbana, Renato Russo formou uma banda. Dado e Bonfá jamais atuaram na banda como músicos contratados (caso do baixista Renato Rocha, que tocou nos três primeiros álbuns de estúdio do grupo). Eles TAMBÉM são Legião Urbana - sem falar no fato de que assinam com Russo boa parte do cancioneiro do trio. Sim, é certo que Dado e Bonfá também cometeram excessos quando se juntaram ao ator e cantor baiano Wagner Moura em show feito com o repertório da Legião Urbana com Moura como vocalista - como se Renato Russo fosse peça substituível na engrenagem quando, na verdade, Russo foi a alma da Legião. Mesmo assim, é injusto que ambos tenham sido alijados do processo de construção do novo site da banda. E, sim, se trata do novo site da banda, não do site da marca Legião Urbana, como quer fazer crer Manfredini no argumento mais frágil de sua defesa. Porque a marca se confunde, na prática, com a banda. Enfim, mesmo que ambos os lados tenham suas razões e mágoas, a briga é triste. A Legião Urbana é uma das bandas mais importantes da história do rock produzido no Brasil. O culto quase messiânico à banda não se originou do poder de sedução de um vocalista bonito - caso do RPM, competente grupo paulista de tecnopop que, apesar de seus reais méritos musicais, usou e abusou do
sex-appeal do cantor Paulo Ricardo para arrastar multidões aos seus shows nos anos 1980. A Legião Urbana conquistou o Brasil unicamente pela qualidade de suas músicas, pelo recado dado em repertório que resiste esplendidamente bem ao tempo como um dos mais sólidos legados da música brasileira. Por isso mesmo, a discórdia entre Dado, Bonfá e Giuliano entristece quem acompanhou a trajetória da banda. Que haja entendimento entre as duas partes para que a música de Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá seja o único assunto sobre a imortal Legião Urbana!
LEGIÃO URBANA = DADO VILLA-LOBOS + RENATO RUSSO + MARCELO BONFÁ
Editorial - É triste que o site oficial da banda brasiliense Legião Urbana (1982 - 1996) retorne ao ar hoje, 4 de junho de 2014, sob o signo da discórdia. A briga judicial entre os dois músicos remanescentes da formação original da banda - o guitarrista Dado Villa-Lobos (à direita) e o baterista Marcelo Bonfá (ao centro) - e o filho (e herdeiro) do cantor Renato Russo (1960 - 1996), Giuliano Manfredini. Embora já fosse eventualmente abordada na mídia, a discórdia foi amplificada em 29 de maio, quando Dado e Bonfá emitiram comunicada em que expressaram indignação com o fato de a nova versão do site oficial da Legião Urbana ter sido arquitetada e concretizada sem a mínima participação deles, coprotagonistas da história. Na sequência, Manfredini se manifestou, repudiando o comunicado dos músicos e alegando que a marca Legião Urbana é legalmente de propriedade dos herdeiros de Renato Russo. Do ponto de vista legal, Manfredini está com a razão. Como Dado e Bonfá ainda lutam na Justiça para recuperar a parte que ambos acreditam lhes caber no uso da marca, Manfredini tem o poder total sobre essa marca enquanto não for proferida uma sentença definitiva sobre o caso. Contudo, na questão artística, a razão está com os músicos. Manfredini se excedeu quando retirou do ar o site original da banda - feito com a participação dos dois lados e dos fãs, tendo sido inaugurado em 2010 - e, pior, redirecionou o endereço desativado para o site pessoal de Renato Russo. Ora, por mais que tenha sido o mentor de Legião Urbana, Renato Russo formou uma banda. Dado e Bonfá jamais atuaram na banda como músicos contratados (caso do baixista Renato Rocha, que tocou nos três primeiros álbuns de estúdio do grupo). Eles TAMBÉM são Legião Urbana - sem falar no fato de que assinam com Russo boa parte do cancioneiro do trio. Sim, é certo que Dado e Bonfá também cometeram excessos como convidar o ator e cantor baiano Wagner Moura para atuar como vocalista de show feito com o repertório da Legião Urbana - como se Renato Russo fosse peça substituível na engrenagem quando, na verdade, Russo foi a alma da Legião. Mesmo assim, é injusto que ambos tenham sido alijados do processo de construção do novo site da banda. E, sim, se trata do novo site da banda, não do site da marca Legião Urbana, como quer fazer crer Manfredini no argumento mais frágil de sua defesa. Porque a marca se confunde, na prática, com a banda. Enfim, mesmo que ambos os lados tenham suas razões e mágoas, a briga é triste. A Legião Urbana é uma das bandas mais importantes da história do rock produzido no Brasil. O culto quase messiânico à banda não se originou do poder de sedução de um vocalista bonito - caso do RPM, competente grupo paulista de tecnopop que, apesar de seus reais méritos musicais, usou e abusou do sex-appeal do cantor Paulo Ricardo para arrastar multidões aos seus shows nos anos 1980. A Legião Urbana conquistou o Brasil unicamente pela qualidade de suas músicas, pelo recado dado em repertório que resiste esplendidamente bem ao tempo como um dos mais sólidos legados da música brasileira. Por isso mesmo, a discórdia entre Dado, Bonfá e Giuliano entristece quem acompanhou a trajetória da banda. Que haja entendimento entre as duas partes para que a música de Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá seja o único assunto sobre a imortal Legião Urbana!LEGIÃO URBANA = DADO VILLA-LOBOS + RENATO RUSSO + MARCELO BONFÁ
ResponderExcluirEstimado Mauro,
ResponderExcluirEste seu admirador de Lisboa, permite-se corrigir um facto.
Villa-Lobos e Bonfá não convidaram Wagner Moura, a MTV convidou os 3 e todos aceitaram.
É quase a mesma coisa mas é diferente.
Abraço, Pedro K.
Rock-n-brasil.blogspot.com
Triste saber que os herdeiros conseguem manipular o legado artístico de seus parentes, em detrimento dos artistas, que são a razão principal do sucesso. Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá são o que restou da Legião Urbana e como tal só a eles devia a administração da "marca", a nossa maior banda teve o mesmo fim que The Beatles, que também não tinham controle sobre o seu espólio.
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