Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Toller sinaliza que disco solo 'Transbordada' derrama pop próximo do Kid

Resenha de show
Título: Inusitado
Artista: Paula Toller (em foto de Cristina Granato)
Local: Teatro de Câmara - Cidade das Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 3 de junho de 2014
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz até 4 de junho de 2014 no Teatro de Câmara da Cidade das Artes (RJ)

A julgar pela prévia das dez músicas inéditas e autorais do quarto disco solo de Paula Toller, Transbordada, a cantora e compositora carioca vai apresentar no segundo semestre de 2014 seu álbum solo mais próximo do universo pop do Kid Abelha, grupo carioca dos anos 1980 do qual Toller é vocalista e principal compositora. Pelo que se viu e ouviu em 3 de junho de 2014 no palco do Teatro de Câmara da Cidade das Artes, no show caracterizado pela artista como uma "audição ao vivo" do CD, o fato de Toller ter convidado o veterano Liminha para produzir Transbordada gerou disco mais voltado para o pop tradicional, sem o repertório diversificado de Paula Toller (Warner Music, 1998) e sem as conexões estrangeiras de SóNós (Warner Music, 2007). Produtor dos primeiros álbuns do Kid Abelha, na fase em que o grupo enfileirava sucessos nas paradas nacionais, Liminha tem bom domínio desse idioma pop e, por ser parceiro de Toller em nove das dez inéditas de Transbordada, é inevitável e compreensível que suas digitais estejam impressas com precisão no repertório e no disco. No show especial idealizado pela cantora dentro da série Inusitado, projeto criado pelo executivo André Midani para mostrar artistas fazendo performances diferenciadas no Teatro de Câmara da Cidade das Artes, Liminha também assumiu uma das guitarras da banda formada por Adal Fonseca (bateria), Caio Fonseca (violão, guitarra e teclados), Maurício Coringa (violão e guitarra) e Márcio Alencar (baixo). Com o som azeitado dessa banda, Toller mostrou em primeira mão músicas que transitam entre o pop e rock. As mais roqueiras são Seu nome é blá (Paula Toller e Liminha) - tema pesado, encorpado com guitarras, e em cuja letra a artista acredita traçar "o perfil psicológico de um hater, falando de um cara que só reclama pelo computador" - e Ohayou (Paula Toller e Liminha), música gravada no CD com a bateria de João Barone. Dentro desse cancioneiro, Transbordada - música feita por Toller e Liminha com a adesão de Nenung, cantor e compositor da banda gaúcha Os The Darma Lóvers - derrama gana de viver e extrapolar limites ao longo de melodia que cativa. "Minha história já não cabe mais em mim / Minha alma teima em deslizar torso abaixo", avisa Toller, a caminho dos 52 anos, mas ainda gata todo dia. O tesão pela vida - e, no caso, pelo homem - é o mote de Ele oh ele (Paula Toller e Liminha), outra música sedutora que exalta um muso masculino, homem-amor-objeto não identificado, em letra que cita o samba-exaltação Aquarela do Brasil (Ary Barroso, 1939)  no verso "Bela fonte murmurante onde eu mato a minha sede de viver". Assim como Seu nome é blá, a mais roqueira das dez  composições, Calmaí (Paula Toller e Liminha) - uma das mais fracas da safra inédita, a despeito de ter sido repetida no bis após o set de hits - conecta a artista a temas linkados com a raivosa era cibernética, marcada pelas brigas egoicas e pela artificialidade dos selfies. A letra de Calmaí versa sobre as discussões pesadas travadas sem humor e moderação nas redes sociais. "Calmaí é meu recado para esse mundo um pouco agressivo", conceituou a artista. Dentro desse mosaico de sons e assuntos contemporâneos, o rap inserido pelo mineiro Flávio Renegado em Já chegou a hora (Paula Toller e Liminha) é o elemento alienígena que modifica a arquitetura pop da música. Parceria de Toller com Beni Borja, À deriva pela vida reitera o explícito acento pop do repertório de Transbordada em levada cadenciada que quase joga a canção na praia do reggae. Já O sol desaparece (Paula Toller e Liminha) é balada de clima mais introspectivo que fala de amor desfeito. Canção gravada com Hélio Flanders (vocalista do grupo mato-grossense Vanguart), em dueto reproduzido no show do projeto Inusitado, Será que vou me arrepender? (Paula Toller, Liminha e Arnaldo Antunes) expõe dúvidas no jogo do amor e da vida, de início em levada folk - construída pelo toque do violão de Liminha - e, depois, na pressão, com mais pegada. As sombras e dúvidas de O sol desaparece e Será que vou me arrepender? contrastam no repertório com as luzes e as certezas da solar Tímidos românticos (Paula Toller e Liminha), música dançante, apresentada com arranjo que ecoa levadas da disco music. Celebração da felicidade que chegou, Tímidos românticos é delícia pop que fala em verão eterno. Para a Abelha Rainha, é verão há 32 anos. E o show com prévia do repertório do CD Transbordada sinaliza que o sol ainda vai brilhar para Paula Toller no seu universo pop por mais alguns verões.

6 comentários:

Mauro Ferreira disse...

A julgar pela prévia das dez músicas inéditas e autorais do quarto disco solo de Paula Toller, Transbordada, a cantora e compositora carioca vai apresentar no segundo semestre de 2014 seu álbum solo mais próximo do universo pop do Kid Abelha, grupo carioca dos anos 1980 do qual Toller é vocalista e principal compositora. Pelo que se viu e ouviu em 3 de junho de 2014 no palco do Teatro de Câmara da Cidade das Artes, no show caracterizado pela artista como uma "audição ao vivo" do CD, o fato de Toller ter convidado Liminha para produzir Transbordada gerou disco mais voltado para o pop tradicional, sem o repertório diversificado de Paula Toller (Warner Music, 1998) e sem as refinadas introspecções de SóNós (Warner Music, 2007). Produtor dos primeiros álbuns do Kid Abelha, na fase em que o grupo enfileirava sucessos nas paradas nacionais, Liminha tem bom domínio desse idioma pop e, por ser parceiro de Toller em nove das dez inéditas de Transbordada, é inevitável e compreensível que suas digitais estejam impressas com precisão no repertório e no disco. No show especial idealizado pela cantora dentro da série Inusitado, projeto criado pelo executivo André Midani para mostrar artistas fazendo performances diferenciadas no Teatro de Câmara da Cidade das Artes, Liminha também assumiu uma das guitarras da banda formada por Adal Fonseca (bateria), Caio Fonseca (violão, guitarra e teclados), Maurício Coringa (violão eguitarra) e Márcio Alencar (baixo). Com o som azeitado dessa banda, Toller mostrou em primeira mão músicas que transitam entre o pop e rock. As mais roqueiras são Seu nome é blá (Paula Toller e Liminha) - tema pesado, encorpado com guitarras, e em cuja letra a artista acredita traçar "o perfil psicológico de um hater, falando de um cara que só reclama pelo computador") - e Ohayou (Paula Toller e Liminha), música gravada no CD com a bateria de João Barone. Dentro desse cancioneiro, Transbordada - música feita por Toller e Liminha com a adesão de Nenung, cantor e compositor da banda gaúcha Os The Darma Lóvers - derrama gana de viver e extrapolar limites ao longo de melodia que cativa. "Minha história já não cabe mais em mim / Minha alma teima em deslizar torso abaixo", avisa Toller, a caminho dos 52 anos, mas ainda gata todo dia.

Mauro Ferreira disse...

O tesão pela vida - e, no caso, pelo homem - é o mote de Ele oh ele (Paula Toller e Liminha), outra música sedutora que exalta um muso masculino, homem-amor-objeto não identificado, em letra que cita o samba-exaltação Aquarela do Brasil (Ary Barroso, 1939) no verso "Bela fonte murmurante onde eu mato a minha sede de viver". Assim como Seu nome é blá, a mais roqueira das dez composições, Calmaí (Paula Toller e Liminha) - uma das mais fracas da safra inédita, a despeito de ter sido repetida no bis após o set de hits - conecta a artista a temas linkados com a raivosa era cibernética, marcada pelas brigas egoicas e pela artificialidade dos selfies. A letra de Calmaí versa sobre as discussões pesadas travadas sem humor e moderação nas redes sociais. "Calmaí é meu recado para esse mundo um pouco agressivo", conceituou a artista. Dentro desse mosaico de sons e assuntos contemporâneos, o rap inserido pelo mineiro Flávio Renegado em Já chegou a hora (Paula Toller e Liminha) é o elemento alienígena que modifica a arquitetura pop da música. Parceria de Toller com Beni Borja, À deriva pela vida reitera o acento pop do repertório de Transbordada em levada cadenciada que quase joga a canção na praia do reggae. Já O sol desaparece (Paula Toller e Liminha) é balada de clima mais introspectivo que fala de amor desfeito. Canção gravada com Hélio Flanders (vocalista do grupo mato-grossense Vanguart), em dueto reproduzido no show do projeto Inusitado, Será que vou me arrepender? (Paula Toller, Liminha e Arnaldo Antunes) expõe dúvidas no jogo do amor e da vida, de início em levada folk - construída pelo toque do violão de Liminha - e, depois, na pressão, com mais pegada. As sombras e dúvidas de O sol desaparece e Será que vou me arrepender? contrastam no repertório com as luzes e as certezas da solar Tímidos românticos (Paula Toller e Liminha), música dançante, apresentada com arranjo que ecoa levadas da disco music. Celebração da felicidade que chegou, Tímidos românticos é delícia pop que fala em verão eterno. Para a Abelha Rainha, é verão há 32 anos. E o show com prévia do repertório do CD Transbordada sinaliza que o sol ainda vai brilhar para Paula Toller no seu universo pop por mais alguns verões.

ADEMAR AMANCIO disse...

Não sei porquê esse projeto solo,se o material sonoro é semelhante ao do grupo.

Vavá disse...

Mauro, a Mariana Volker (backing vocal) também faz parte da banda.

Vavá disse...

Mauro, a Mariana Volker (backing vocal) também faz parte da banda.

Fábio disse...

Assisti na quarta-feira e o som estava péssimo. A bateria incômoda de tão alta e a voz da cantora inaudível em várias das primeiras músicas.

Achei o repertório novo nada entusiasmante e, sinceramente, cantar COMO EU QUERO num show que se chama INUSITADO é de fazer morrer de preguiça. Ô lugar-comum.

Saldo: uma decepção.