Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Digno, 'Ready to die' jamais mancha legado de Iggy Pop and The Stooges

Resenha de CD
Título: Ready to die
Artista: Iggy and the Stooges
Gravadora: Fat Possum Records / Deck
Cotação: * * *

Editado pela carioca Deck no mercado brasileiro com mais de um ano de atraso em relação ao lançamento no exterior, feito em abril de 2013, o álbum Ready to die pode ser analisado sob duas perspectivas. Se confrontado com Raw power (Columbia, 1973), antológico álbum do grupo norte-americano The Stooges que ajudou a germinar a semente do punk, Ready to die pode soar como cópia pálida do disco feito há 41 anos. Contudo, Ready to die pode ser analisado também como retrato digno do rock cru feito em tempos atuais por Iggy Pop com o guitarrista James Williamson e com o baterista Scott Asheton (1949 - 2014). O trio não se reunia em disco desde Raw power. Com a morte de Scott em 15 de março deste ano de 2014, tal formação se tornou impossível de ser refeita - o que aumenta o cacife de Ready to die no mercado fonográfico. De todo modo, o álbum tem méritos puramente musicais e é nitidamente superior ao anêmico The weirdness (Virgin Records, 2007). Burn, o rock que abre o disco, mostra que Iggy and The Stooges ainda têm alguma lenha para queimar. Job rumina a velha insatisfação punk com o estado social enquanto Gun mira o apego da América pelas armas que geram violência, que gera mais violência. Sim, o mundo está bem hostil, nada amigável, como Iggy conclui no tom folk acústico da canção Unfriendly world, momento mais reflexivo de disco calcado na pressão do rock. Faixas posteriores como Dirty deal e a música-título Ready to die reforçam sensação de que o CD confere fim digno aos precursores do punk.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Editado pela carioca Deck no mercado brasileiro com mais de um ano de atraso em relação ao lançamento no exterior, feito em abril de 2013, o álbum Ready to die pode ser analisado sob duas perspectivas. Se confrontado com Raw power (Columbia, 1973), antológico álbum do grupo norte-americano The Stooges que ajudou a germinar a semente do punk, Ready to die pode soar como cópia pálida do disco feito há 41 anos. Contudo, Ready to die pode ser analisado também como retrato digno do rock cru feito em tempos atuais por Iggy Pop com o guitarrista James Williamson e com o baterista Scott Asheton (1949 - 2014). O trio não se reunia em disco desde Raw power. Com a morte de Scott em 15 de março deste ano de 2014, tal formação se tornou impossível de ser refeita - o que aumenta o cacife de Ready to die no mercado fonográfico. De todo modo, o álbum tem méritos puramente musicais e é nitidamente superior ao anêmico The weirdness (Virgin Records, 2007). Burn, o rock que abre o disco, mostra que Iggy and The Stooges ainda têm alguma lenha para queimar. Job rumina a velha insatisfação punk com o estado social enquanto Gun mira o apego da América pelas armas que geram violência, que gera mais violência. Sim, o mundo está bem hostil, nada amigável, como Iggy conclui no tom folk acústico da canção Unfriendly world, momento mais reflexivo de disco calcado na pressão do rock. Faixas posteriores como Dirty deal e a música-título Ready to die reforçam sensação de que o CD confere fim digno aos precursores do punk.