Título: Système de son
Artista: Stéphane San Juan
Gravadora: Maravilha 8 / Pommelo Distribuições
Cotação: * * * *
Talvez o som sensual do cantor, compositor e músico francês Serge Gainsbourg (1921 - 1998) seja o primeiro nome que vem à mente quando se ouve Mio amore mio (Stéphane San Juan, Gustavo Ruiz e Sean O' Hagan), faixa lânguida de Système de son, primeiro álbum solo do baterista e percussionista Stéphane San Juan. Francês radicado há 12 anos no Brasil, San Juan se integrou à Orquestra Imperial e à turma de músicos capitaneada por Kassin, o produtor da vez no universo pop brasileiro, mas põe em seu CD toda a vivência musical adquirida em seu país. A atmosfera da obra de Gainsbourg está mesmo entranhada no disco cantado em francês e produzido pelo próprio Stéphane San Juan, mas seria redutor situar Système de son somente no universo da chanson francesa dos anos 1960 e 1970 - ainda que músicas como Miroir en nous (Stéphane San Juan, Gustavo Ruiz e Sean O' Hagan) - o primeiro single, gravado com Tulipa Ruiz (cantora paulistana de presença destacada no coro de outras faixas do álbum - e Étoile filante (Stéphane San Juan e Alberto Continentino) apontem para esse caminho. Système de son ecoa referências musicais de França, Brasil e até da África, evocada no sons de clima cabo-verdiano que ambienta Retornado (Stéphane San Juan, Quito Ribeiro e Gabriela Riley). Mas o que valoriza o álbum são as exuberantes orquestrações das dez músicas. É a forma, mais do que o conteúdo em si, que faz de Système de son um grande disco, tornando irrelevante o fato de a voz bem modulada de San Juan não ser vocacionada para o canto. Por isso mesmo, cabem menções honrosas para Alberto Continentino - arranjador dos sopros da faixa Souffle moi nos plus beaux moments (Stéphane San Juan, Gabriela Riley e Alberto Continentino) e da música-título Système de son (Stéphane San Juan, Alberto Continentino e Domenico Lancellotti) - e para Sean O' Hagan, tecladista irlandês que orquestra as cordas de Mio amore mio, Miroir en nous e Étoile filante com a mesma maestria e criatividade com que arranjou o melhor álbum da cantora Vanessa da Mata, Bicicletas, bolos e outras alegrias (Jabuticaba / Sony Music, 2010). O próprio San Juan arranja com primor os metais de Les êtres humains (Stéphane San Juan, Clotaire K. e Gabriela Riley) - metais que, aliados aos vocais da faixa, tornam a música um dos destaques do álbum. Detalhe: coautor da música, Clotaire K. é rapper de origem libanesa. Já Ô chance (Stéphane San Juan) é a faixa brasileira do CD, combinando samba e algo da bossa sempre nova. O título é a tradução francesa de Ô sorte, bordão do baterista Wilson das Neves, colega de Juan na Orquestra Imperial e parceiro na composição da menos sedutora Amour posthume. Completa o disco um tema instrumental, Fantaisies de mio (Stéphane San Juan, Gustavo Ruiz e Sean O'Hagan), que sintetiza - nas belas cordas arranjadas por Sean O'Hagan - a exuberância do Système de son de Stéphane San Juan.
2 comentários:
Talvez o som sensual do cantor, compositor e músico francês Serge Gainsbourg (1921 - 1998) seja o primeiro nome que vem à mente quando se ouve Mio amore mio (Stéphane San Juan, Gustavo Ruiz e Sean O' Hagan), faixa lânguida de Système de son, primeiro álbum solo do baterista e percussionista Stéphane San Juan. Francês radicado há 12 anos no Brasil, San Juan se integrou à Orquestra Imperial e à turma de músicos capitaneada por Kassin, o produtor da vez no universo pop brasileiro, mas põe em seu CD toda a vivência musical adquirida em seu país. A atmosfera da obra de Gainsbourg está mesmo entranhada no disco cantado em francês e produzido pelo próprio Stéphane San Juan, mas seria redutor situar Système de son somente no universo da chanson francesa dos anos 1960 e 1970 - ainda que músicas como Miroir en nous (Stéphane San Juan, Gustavo Ruiz e Sean O' Hagan) - o primeiro single, gravado com Tulipa Ruiz (cantora paulistana de presença destacada no coro de outras faixas do álbum - e Étoile filante (Stéphane San Juan e Alberto Continentino) apontem para esse caminho. Système de son ecoa referências musicais de França, Brasil e até da África, evocada no sons de clima cabo-verdiano que ambienta Retornado (Stéphane San Juan, Quito Ribeiro e Gabriela Riley). Mas o que valoriza o álbum são as exuberantes orquestrações das dez músicas. É a forma, mais do que o conteúdo em si, que faz de Système de son um grande disco, tornando irrelevante o fato de a voz bem modulada de San Juan não ser vocacionada para o canto. Por isso mesmo, cabem menções honrosas para Alberto Continentino - arranjador dos sopros da faixa Souffle moi nos plus beaux moments (Stéphane San Juan, Gabriela Riley e Alberto Continentino) e da música-título Système de son (Stéphane San Juan, Alberto Continentino e Domenico Lancellotti) - e para Sean O' Hagan, tecladista irlandês que orquestra as cordas de Mio amore mio, Miroir en nous e Étoile filante com a mesma maestria e criatividade com que arranjou o melhor álbum da cantora Vanessa da Mata, Bicicletas, bolos e outras alegrias (Jabuticaba / Sony Music, 2010). O próprio San Juan arranja com primor os metais de Les êtres humains (Stéphane San Juan, Clotaire K. e Gabriela Riley) - metais que, aliados aos vocais da faixa, tornam a música um dos destaques do álbum. Detalhe: coautor da música, Clotaire K. é rapper de origem libanesa. Já Ô chance (Stéphane San Juan) é a faixa brasileira do CD, combinando samba e algo da bossa sempre nova. O título é a tradução francesa de Ô sorte, bordão do baterista Wilson das Neves, colega de Juan na Orquestra Imperial e parceiro na composição da menos sedutora Amour posthume. Completa o disco um tema instrumental, Fantaisies de mio (Stéphane San Juan, Gustavo Ruiz e Sean O'Hagan), que sintetiza - nas belas cordas arranjadas por Sean O'Hagan - a exuberância do Système de son de Stéphane San Juan.
Extraordinário.Surpreendente
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