Mauro Ferreira no G1

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sábado, 9 de agosto de 2014

Em cena, Galo canta com convicção e põe poesia de 'Asa' em plano alto

Resenha de show
Evento: Levada Oi Futuro
Título: Asa
Artista: Gustavo Galo (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 8 de agosto de 2014
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), até 9 de agosto de 2014

Já garantido na lista de melhores discos deste ano de 2014, o primeiro álbum solo de Gustavo Galo - Asa, lançado de forma independente em fevereiro - alcança altos picos de beleza em atmosfera crua, minimalista, embebida em poesia. Em cena, Asa ganha naturalmente mais pegada e perde - um pouco - seu caráter íntimo e pessoal sem deixar de evidenciar o talento e  a inspiração do cantor e compositor paulistano, projetado na Trupe Chá de Boldo. Tal como no repertório do disco, Tomara e a climática música-título Asa - parcerias de Galo com o poeta arrudA - se impõem no roteiro do show. A primeira está na abertura. A segunda está no fim do show. Galo, a propósito, enfileira em cena as onze músicas de Asa na mesma ordem do disco. A banda arregimentada para o show - Meno Del Picchia (baixo), Pedro Gongom (bateria e percussão), Peri Pane (violoncelo), Tomás Oliveira (piano e rhodes) e Zé Pi (guitarra) - também é a mesma que toca no disco, o que garante a fina sintonia entre show e CD. Só que, no palco, algumas músicas ganham mais peso roqueiro, caso de Um garoto (Gustavo Galo, 2014). Mas são nos números mais calmos e acústicos - sobretudo naqueles em que Galo pega seu violão, como Seresta (Gustavo Galo) - que o show é mais fiel à delicadeza poética do disco. Número feito pelo artista à sós com seu violão, Cama (Tatá Aeroplano, 2010) - música lançada pelo grupo paulista Cérebro Eletrônico no álbum Deus e o diabo no liquidificador (Edição independente, 2010) - acomoda poesia e sedução no toque percussivo das cordas do violão do cantautor. Trechos de Cama são até entoados à capella por Galo, num ato de coragem para um artista que somente se descobriu e se assumiu cantor a partir de sua participação no recente tributo a Angela Ro Ro Coitadinha bem feito (Joia Moderna, 2013). E o fato é que, sim, Galo se confirma em cena um intérprete seguro. Não há perda de expressão de suas interpretações na transposição das músicas do estúdio para o palco. E, mesmo quando pisa em terreno alheio, cantando Ah se não fosse o amor (José Paes de Lira e Dan Maia, 2011) - música do primeiro disco solo do artista pernambucano Lirinha - e If you hold a stone (versão em inglês de Marinheiro só, escrita e gravada por Caetano Veloso em 1971), Galo canta com convicção. No bis, o intérprete joga Feito gente (Walter Franco, 1975) na pista em número expansivo que até contrasta com a introspecção de Asa, mas mantém a poesia em plano alto.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Já garantido na lista de melhores discos deste ano de 2014, o primeiro álbum solo de Gustavo Galo - Asa, lançado de forma independente em fevereiro - alcança picos de beleza em atmosfera crua, minimalista, embebida em poesia. Em cena, Asa ganha naturalmente mais pegada e perde - um pouco - seu caráter íntimo e pessoal sem deixar de evidenciar o talento e a inspiração do cantor e compositor paulistano, projetado na Trupe Chá de Boldo. Tal como no repertório do disco, Tomara e a climática música-título Asa - parcerias de Galo com o poeta arrudA - se impõem no roteiro do show. A primeira está na abertura. A segunda está no fim do show. Galo, a propósito, enfileira em cena as onze músicas de Asa na mesma ordem do disco. A banda arregimentada para o show - Meno Del Picchia (baixo), Pedro Gongom (bateria e percussão), Peri Pane (violoncelo), Tomás Oliveira (piano e rhodes) e Zé Pi (guitarra) - também é a mesma que toca no disco, o que garante a fina sintonia entre show e CD. Só que, no palco, algumas músicas ganham mais peso roqueiro, caso de Um garoto (Gustavo Galo, 2014). Mas são nos números mais calmos e acústicos - sobretudo naqueles em que Galo pega seu violão, como Seresta (Gustavo Galo) - que o show é mais fiel à delicadeza poética do disco. Número feito pelo artista à sós com seu violão, Cama (Tatá Aeroplano, 2010) - música lançada pelo grupo paulista Cérebro Eletrônico no álbum Deus e o diabo no liquidificador (Independente, 2010) - acomoda poesia e sedução no toque percussivo das cordas do violão do cantautor. Trechos de Cama são até entoados à capella por Galo, num ato de coragem para um artista que somente se descobriu e se assumiu cantor a partir de sua participação no recente tributo a Angela Ro Ro Coitadinha bem feito (Joia Moderna, 2013). E o fato é que, sim, Galo se confirma em cena um intérprete seguro. Não há perda de expressão de suas interpretações na transposição das músicas do estúdio para o palco. E, mesmo quando pisa em terreno alheio, cantando Ah se não fosse o amor (José Paes de Lira e Dan Maia, 2011) - música do primeiro disco solo do artista pernambucano Lirinha - e If you hold a stone (versão em inglês de Marinheiro só, escrita e gravada por Caetano Veloso em 1971), Galo canta com convicção. No bis, o intérprete joga Feito gente (Walter Franco, 1975) na pista em número expansivo que até contrasta com a introspecção de Asa, mas mantém a poesia em plano alto.

Unknown disse...

Nas gravações, a sonoridade é interessante, com camadas, texturas...
Não quero ser do contra, mas tenho dificuldade em entender tantos elogios. A minha impressão é que todas as músicas parecem feitas com 3 acordes, harmonias primárias e melodias cheias de clichês.
Uma mistura diluida de Marcelo Jeneci com Tiê.