sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Álbum 'Roendopinho' prova que Guinga se basta com seu violão especial

Resenha de CD
Título: Roendopinho
Artista: Guinga
Gravadora: Acoustic Music Records / Rough Trade
Cotação: * * * * 1/2

Cheio de dedos, Guinga caracteriza como "nada especial" o toque de seu violão. Modéstia do cantor, compositor e violonista carioca! Álbum gravado na Alemanha para o selo Acoustic Music Records e lançado no mercado europeu em agosto de 2014, com distribuição do selo Rough Trade, Roendopinho prova que, além de (muito) especial, o toque do violão de Guinga é autossuficiente, capaz de evidenciar - sozinho ou eventualmente acoplado ao assovio que ajuda a formatar Ellingtoniana (Guinga, 2012) ou aos vocalises feitos pelo artista na gravação de Cambono (Guinga e Thiago Amud, 2013) - toda a maestria do cancioneiro do compositor. Nascido no subúrbio de Madureira, terra do samba do Rio de Janeiro (RJ), Guinga embute sua alma e seu delírio cariocas nas músicas que compõe. A raiz carioca da música de Guinga brota em temas como Igreja da Penha (Carta de pedra) (Guinga, 1996) e o choro Picotado (Guinga, 1996). Mas Roendopinho - álbum solo de título engenhosamente construído com a justaposição do gerúndio do verbo roer com a palavra pinho (madeira usada para a construção do violão) - evidencia também a universalidade de um cancioneiro de raro requinte harmônico, inspirado tanto pelos choros cariocas quanto pelas valsas de origem europeia que ajudaram a compor a trilha sonora do Rio antigo. Sem fronteiras, a obra de Guinga pode incorporar também um lamento bluesy como o entranhado no Funeral de Billie Holiday (Guinga, 2014). Em Roendopinho, disco gravado de 7 a 9 de abril de 2014 em estúdio da cidade alemã de Osnabrück, essa obra derruba muros e fronteiras, reiterando a genialidade de Guinga no ofício da composição. A sós com seu violão, Guinga rebobina temas como Anjo de candura (Guinga, 2010) e Cheio de dedos (Guinga, 1996), expondo os caminhos sinuosos de sua música de complexa arquitetura harmônica. Obra que também abarca referências da música clássica, reverberando ecos do cancioneiro soberano do compositor e maestro carioca Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). A propósito, Roendopinho remete ao álbum Casa de Villa (Biscoito Fino, 2007) porque neste disco, editado há sete anos no Brasil, Guinga também priorizou o violão, embora não de forma totalitária - o que faz com que Roendopinho seja caracterizado pelo artista como seu primeiro disco solo. Neste sofisticado solo, os vocais (sem letras) embutidos nas músicas Pucciniana (Guinga, 2014) - tema inspirado pela obra do compositor italiano Giácomo Puccini (1858 - 1924) - e Lendas brasileiras (Guinga e Aldir Blanc, 1991) mostram que o canto de Guinga também é especial por evocar toda a força musical de um passado já bem remoto. Passado que ecoa no tempo presente através dessa obra magistral ora rebobinada no álbum Roendopinho com maestria, embora com baixo teor de novidade para quem já está imerso no universo musical de Carlos Althier de Sousa Lemos Escobar, o Guinga, o dono de violão especial.

6 comentários:

  1. Cheio de dedos, Guinga caracteriza como "nada especial" o toque de seu violão. Modéstia do cantor, compositor e violonista carioca! Álbum gravado na Alemanha para o selo Acoustic Music Records e lançado no mercado europeu em agosto de 2014, com distribuição da Rough Trade, Roendopinho prova que, além de (muito) especial, o toque do violão de Guinga é autossuficiente, capaz de evidenciar - sozinho ou eventualmente acoplado ao assovio que ajuda a formatar Ellingtoniana (Guinga, 2012) ou aos vocalises feitos pelo artista na gravação de Cambono (Guinga e Thiago Amud, 2013) - toda a maestria do cancioneiro do compositor. Nascido no subúrbio de Madureira, terra do samba do Rio de Janeiro (RJ), Guinga embute sua alma e seu delírio cariocas nas músicas que compõe. A raiz carioca da música de Guinga brota em temas como Igreja da Penha (Carta de pedra) (Guinga, 1996) e o choro Picotado (Guinga, 1996). Mas Roendopinho - álbum solo de título engenhosamente construído com a justaposição do gerúndio do verbo roer com a palavra pinho (madeira usada para a construção do violão) - evidencia também a universalidade de um cancioneiro de raro requinte harmônico, inspirado tanto pelos choros cariocas quanto pelas valsas de origem europeia que ajudaram a compor a trilha sonora do Rio antigo. Sem fronteiras, a obra de Guinga pode incorporar também um lamento bluesy como o entranhado no Funeral de Billie Holiday (Guinga, 2014). Em Roendopinho, disco gravado de 7 a 9 de abril de 2014 em estúdio da cidade alemã de Osnabrück, essa obra derruba muros e fronteiras, reiterando a genialidade de Guinga no ofício da composição. A sós com seu violão, Guinga rebobina temas como Anjo de candura (Guinga, 2010) e Cheio de dedos (Guinga, 1996), expondo os caminhos sinuosos de sua música de complexa arquitetura harmônica. Obra que também abarca referências da música clássica, reverberando ecos do cancioneiro soberano do compositor e maestro carioca Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959). A propósito, Roendopinho remete ao álbum Casa de Villa (Biscoito Fino, 2007) porque neste disco, editado há sete anos no Brasil, Guinga também priorizou o violão, embora não de forma totalitária - o que faz com que Roendopinho seja caracterizado pelo artista como seu primeiro disco solo. Neste sofisticado solo, os vocais (sem letras) embutidos nas músicas Pucciniana (Guinga, 2014) - tema inspirado pela obra do compositor italiano Giácomo Puccini (1858 - 1924) - e Lendas brasileiras (Guinga e Aldir Blanc, 1991) mostram que o canto de Guinga também é especial por evocar toda a força musical de um passado já bem remoto. Passado que ecoa no tempo presente através dessa obra magistral ora rebobinada no álbum Roendopinho com maestria, embora com baixo teor de novidade para quem já está imerso no universo musical de Carlos Althier de Sousa Lemos Escobar, o Guinga, dono de violão especial.

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  2. Olá Mauro, tudo bom?

    Faço parte do Solta a Voice (http://soltaavoice.blogspot.com.br/), um blog que reúne notícias sobre realities musicais, e queria falar com você. Poderia me mandar um e-mail? soltaavoice@gmail.com

    Abraços

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  3. Solta a Voice, entre em contato através do canal privado de mensagens da página do blog no Facebook. Abs, MauroF

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  4. Dá-lhe, Guinga!, ainda estou para pedir o álbum, já que é preciso comprar ( importar ) o disco pelo site da Acoustic Music Records e não tenho cartão de crédito internacional, mas já, já, vou dar um jeito.

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  5. eu nao tenho nem palavras. esse Guinga...

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