♪ Segundo álbum de Alice Caymmi, Rainha dos raios está sendo lançado hoje, 15 de setembro de 2014, em todas as plataformas digitais pela gravadora Joia Moderna. Na sequência, entre outubro e novembro, as lojas vão receber a edição física em CD deste disco que confirma e expande o talento da cantora e compositora carioca. Feito por Alice Caymmi com Diogo Strausz, polivalente músico carioca ligado ao universo dos beats eletrônicos, Rainha dos raios pode ser ouvido no site oficial que entrou hoje no ar com todas as informações sobre o álbum, já objeto de culto nas redes sociais e entre personalidades do meio musical. A convite da artista, o editor de Notas Musicais, Mauro Ferreira, assina o release de Rainha dos raios. Eis o texto sobre o álbum de Alice Caymmi:
"Rainha dos raios. Não poderia ser outro o título desta obra-prima contemporânea que confirma Alice Caymmi como grande nome da moderna música brasileira. Primeiro, porque Rainha dos raios é descarga eletrizante de criatividade no universo pop. Segundo, porque a gênese deste segundo álbum de Alice – expoente da terceira geração da emblemática família Caymmi – começa no encontro da artista com diogo Strausz, músico carioca ligado ao universo dos beats eletrônicos. Com Strausz, Alice apresentou em junho de 2013 uma demolidora releitura de Iansã, repaginando a parceria de Caetano Veloso e Gilberto Gil lançada em 1972 na voz de Maria Bethânia. Foi o ponto de partida para este disco que diz a que veio Alice Caymmi.
De lá para cá, não teve tempo ruim. Diretor artístico da Joia Moderna, gravadora que desde 2011 dá voz a quem precisa ser ouvido num mercado fonográfico cada vez mais segmentado e surdo a inovações, o DJ Zé Pedro saudou Alice Caymmi quando Iansã baixou com força no seu iPod e, desde então, entrou na onda da cantora a cada passo artístico dado pela neta de Dorival. É por isso que Rainha dos raios – disco feito por Alice Caymmi com Strausz no Brasil e masterizado na Alemanha – abre caminhos no mercado com o selo da antenada Joia Moderna.
Desde que surgiu para valer em 2012, primeiro como participação especial de show da tia Nana - com quem fizera gravação infanto-juvenil há 13 anos, como convidada do álbum Desejo (Universal Music, 2001) - e posteriormente como cantora e compositora de um disco autoral (Alice Caymmi, editado através de parceria da Kuarup com a Sony Music), Alice Caymmi vem se movimentando com segurança em cena. E não parou mais. Filmou clipes, lançou gravações na web e foi marcando seus passos em terra firme, sem tirar onda por ser Caymmi, mas também sem renegar a frondosa árvore genealógica. Aliás, enquanto gestava o segundo álbum, Alice Caymmi carnavalizou o repertório do avô centenário no show tropicalista Dorivália, sucesso cult da temporada verão-outono de 2014.
Com o mago Strausz, músico de mil e um sons e instrumentos, Alice Caymmi apresenta em Rainha dos raios nove gravações de arranjos inventivos que não deixam nada no lugar convencional. Sempre pegando a onda certa, Alice sabe que ‘nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia’. E mergulha fundo na recriação da criação alheia. Além dos arranjos, a voz grave, quente, joga no caldeirão uma intérprete em ponto de fervura. Uma personalidade incandescente que já chamou a atenção até da islandesa glacial Björk, que manifestou publicamente em rede social o encantamento pela abordagem de sua Unravel (Björk e Guy Sigsworth) no primeiro álbum de Alice Caymmi.
É preciso ter muito peito para regravar Homem, a música mais masculina de Cê, o álbum cheio de testosterona lançado em 2006 por Caetano Veloso. Alice Caymmi tem esse peito, do qual tira o leite bom que ora arremessa na cara dos caretas. Homem ganha voz de mulher entre sons de êxtases, risos sarcásticos, batidas de dubstep, gemidos femininos e orgasmos múltiplos. Faixa sob medida para quem gosta de releituras ousadas que reconstroem uma canção.
Tropicalista com livre trânsito na dorivália brasileira, Caetano Veloso é sintomaticamente o compositor (pre)dominante no repertório de Rainha dos raios. Além de Iansã e de Homem, a canção Jasper baixa com força e ruídos no terreiro eletrônico de Alice Caymmi. Para quem não liga o nome a música, Jasper é a parceria de Caetano com o guitarrista produtor Arto Lindsay e o tecladista Peter Sheerer, integrantes da banda Ambitious Lovers com os quais o sempre novo baiano se conectou em 1989 na feitura do álbum Estrangeiro.
Parafraseando versos de Jasper, um mundo musical tão vasto gravita em volta da cabeça de Alice Caymmi. Sem jamais errar o alvo, Rainha dos raios dispara petardos dos repertórios de MC Marcinho, Maysa (1936 – 1977), Lilian Knapp (a cantora da dupla jovem-guardista Leno & Lilian), Tono e da própria Alice, autora da bela valsa Antes de tudo, de melodia melancólica, e parceira do hitmaker Michael Sullivan em Meu recado.
A heterogeneidade do repertório ratifica a nobreza e a personalidade do canto da princesa da dinastia Caymmi. É preciso ter identidade artística muito bem delineada para entrar no baile e mostrar a melodia da pesada que tem um funk melody do MC carioca Márcio André Nepomuceno – Princesa(1998), cujo refrão é sedutora súplica de amor – e, no mesmo disco, dar grandeza a uma canção até então submersa no aquário do grupo carioca Tono, Como vês (Bruno Di Lullo e Domenico Lancellotti, 2013).
O discurso dramático-romântico dos versos de Como vês remete ao folhetim do cancioneiro popular brasileiro, gênero no qual o compositor pernambucano Michael Sullivan é mestre. E, para quem estranha a presença de Sullivan na ficha técnica do disco, cabe lembrar que Alice Caymmi arrancou elogios rasgados de público, críticos e da intérprete original Fafá de Belém quando releu em 2013 uma das canções mais passionais do repertório de Sullivan, Abandonada (1996), no tributo Mais forte que o tempo. Por circular com desenvoltura entre todas as tribos e turmas, Alice firma parceria com Sullivan em Meu recado, uma daquelas baladas de coração partido e espírito soul vocacionadas para as paradas populares.
Sempre conduzida por Strausz, seu homem-orquestra, Alice lustra uma das joias mais reluzentes do cancioneiro popular. Entre cordas sintetizadas, a cantora baila por um salão imaginário dos anos dourados ao dar a voz a Meu mundo caiu, o standard de 1958 que fez o Brasil aceitar o convite para ouvir Maysa Matarazzo. E tudo aqui vai fazer o maior sentido para quem lembrar que Alice já sublinhou toda a beleza que há em Tarde triste – outra música com a assinatura elegante de Maysa - num registro de ensaio feito com o guitarrista Lucas Vasconcellos que foi parar na web.
Mergulhando ainda mais fundo na memória afetiva, sem amarras e sem rótulos, embaralhando os conceitos de brega e chique, Alice Caymmi ainda tira outra pérola do baú, Sou rebelde, versão de Paulo Coelho para Soy rebelde, pueril balada espanhola composta por Manuel Alejandro com Ana Magdalena e lançada em 1971 na voz da cantora Jeanette e popularizada em solo tupiniquim em 1978 na voz de Lilian Knapp. O respeito de Alice Caymmi pela melodia emoldurada pelos sintetizadores oitentistas de Strausz atesta sua capacidade de construir seu próprio universo musical, com escolhas inusitadas, longe do óbvio ululante. A busca por sonoridades atuais abarca a reverência pela arquitetura melódica das canções.
Com capa criada por Filipe Catto a partir de foto de Daryan Dornelles, Rainha dos raios entroniza definitivamente Alice Caymmi no castelo habitado por artistas que sabem o que querem. Trata-se de uma cantora que tem aquele indefinível algo mais que a impede de ser mais uma na multidão deste país de cantoras. Alice Caymmi é uma joia moderna! Ponham seus sorrisos no caminho e abram alas que a Rainha dos raios vai passar!"
De lá para cá, não teve tempo ruim. Diretor artístico da Joia Moderna, gravadora que desde 2011 dá voz a quem precisa ser ouvido num mercado fonográfico cada vez mais segmentado e surdo a inovações, o DJ Zé Pedro saudou Alice Caymmi quando Iansã baixou com força no seu iPod e, desde então, entrou na onda da cantora a cada passo artístico dado pela neta de Dorival. É por isso que Rainha dos raios – disco feito por Alice Caymmi com Strausz no Brasil e masterizado na Alemanha – abre caminhos no mercado com o selo da antenada Joia Moderna.
Desde que surgiu para valer em 2012, primeiro como participação especial de show da tia Nana - com quem fizera gravação infanto-juvenil há 13 anos, como convidada do álbum Desejo (Universal Music, 2001) - e posteriormente como cantora e compositora de um disco autoral (Alice Caymmi, editado através de parceria da Kuarup com a Sony Music), Alice Caymmi vem se movimentando com segurança em cena. E não parou mais. Filmou clipes, lançou gravações na web e foi marcando seus passos em terra firme, sem tirar onda por ser Caymmi, mas também sem renegar a frondosa árvore genealógica. Aliás, enquanto gestava o segundo álbum, Alice Caymmi carnavalizou o repertório do avô centenário no show tropicalista Dorivália, sucesso cult da temporada verão-outono de 2014.
Com o mago Strausz, músico de mil e um sons e instrumentos, Alice Caymmi apresenta em Rainha dos raios nove gravações de arranjos inventivos que não deixam nada no lugar convencional. Sempre pegando a onda certa, Alice sabe que ‘nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia’. E mergulha fundo na recriação da criação alheia. Além dos arranjos, a voz grave, quente, joga no caldeirão uma intérprete em ponto de fervura. Uma personalidade incandescente que já chamou a atenção até da islandesa glacial Björk, que manifestou publicamente em rede social o encantamento pela abordagem de sua Unravel (Björk e Guy Sigsworth) no primeiro álbum de Alice Caymmi.
É preciso ter muito peito para regravar Homem, a música mais masculina de Cê, o álbum cheio de testosterona lançado em 2006 por Caetano Veloso. Alice Caymmi tem esse peito, do qual tira o leite bom que ora arremessa na cara dos caretas. Homem ganha voz de mulher entre sons de êxtases, risos sarcásticos, batidas de dubstep, gemidos femininos e orgasmos múltiplos. Faixa sob medida para quem gosta de releituras ousadas que reconstroem uma canção.
Tropicalista com livre trânsito na dorivália brasileira, Caetano Veloso é sintomaticamente o compositor (pre)dominante no repertório de Rainha dos raios. Além de Iansã e de Homem, a canção Jasper baixa com força e ruídos no terreiro eletrônico de Alice Caymmi. Para quem não liga o nome a música, Jasper é a parceria de Caetano com o guitarrista produtor Arto Lindsay e o tecladista Peter Sheerer, integrantes da banda Ambitious Lovers com os quais o sempre novo baiano se conectou em 1989 na feitura do álbum Estrangeiro.
Parafraseando versos de Jasper, um mundo musical tão vasto gravita em volta da cabeça de Alice Caymmi. Sem jamais errar o alvo, Rainha dos raios dispara petardos dos repertórios de MC Marcinho, Maysa (1936 – 1977), Lilian Knapp (a cantora da dupla jovem-guardista Leno & Lilian), Tono e da própria Alice, autora da bela valsa Antes de tudo, de melodia melancólica, e parceira do hitmaker Michael Sullivan em Meu recado.
A heterogeneidade do repertório ratifica a nobreza e a personalidade do canto da princesa da dinastia Caymmi. É preciso ter identidade artística muito bem delineada para entrar no baile e mostrar a melodia da pesada que tem um funk melody do MC carioca Márcio André Nepomuceno – Princesa(1998), cujo refrão é sedutora súplica de amor – e, no mesmo disco, dar grandeza a uma canção até então submersa no aquário do grupo carioca Tono, Como vês (Bruno Di Lullo e Domenico Lancellotti, 2013).
O discurso dramático-romântico dos versos de Como vês remete ao folhetim do cancioneiro popular brasileiro, gênero no qual o compositor pernambucano Michael Sullivan é mestre. E, para quem estranha a presença de Sullivan na ficha técnica do disco, cabe lembrar que Alice Caymmi arrancou elogios rasgados de público, críticos e da intérprete original Fafá de Belém quando releu em 2013 uma das canções mais passionais do repertório de Sullivan, Abandonada (1996), no tributo Mais forte que o tempo. Por circular com desenvoltura entre todas as tribos e turmas, Alice firma parceria com Sullivan em Meu recado, uma daquelas baladas de coração partido e espírito soul vocacionadas para as paradas populares.
Sempre conduzida por Strausz, seu homem-orquestra, Alice lustra uma das joias mais reluzentes do cancioneiro popular. Entre cordas sintetizadas, a cantora baila por um salão imaginário dos anos dourados ao dar a voz a Meu mundo caiu, o standard de 1958 que fez o Brasil aceitar o convite para ouvir Maysa Matarazzo. E tudo aqui vai fazer o maior sentido para quem lembrar que Alice já sublinhou toda a beleza que há em Tarde triste – outra música com a assinatura elegante de Maysa - num registro de ensaio feito com o guitarrista Lucas Vasconcellos que foi parar na web.
Mergulhando ainda mais fundo na memória afetiva, sem amarras e sem rótulos, embaralhando os conceitos de brega e chique, Alice Caymmi ainda tira outra pérola do baú, Sou rebelde, versão de Paulo Coelho para Soy rebelde, pueril balada espanhola composta por Manuel Alejandro com Ana Magdalena e lançada em 1971 na voz da cantora Jeanette e popularizada em solo tupiniquim em 1978 na voz de Lilian Knapp. O respeito de Alice Caymmi pela melodia emoldurada pelos sintetizadores oitentistas de Strausz atesta sua capacidade de construir seu próprio universo musical, com escolhas inusitadas, longe do óbvio ululante. A busca por sonoridades atuais abarca a reverência pela arquitetura melódica das canções.
Com capa criada por Filipe Catto a partir de foto de Daryan Dornelles, Rainha dos raios entroniza definitivamente Alice Caymmi no castelo habitado por artistas que sabem o que querem. Trata-se de uma cantora que tem aquele indefinível algo mais que a impede de ser mais uma na multidão deste país de cantoras. Alice Caymmi é uma joia moderna! Ponham seus sorrisos no caminho e abram alas que a Rainha dos raios vai passar!"
Mauro Ferreira
Setembro de 2014
9 comentários:
♪ Segundo álbum de Alice Caymmi, Rainha dos raios está sendo lançado hoje, 15 de setembro de 2014, em todas as plataformas digitais pela gravadora Joia Moderna. Na sequência, em outubro, as lojas vão receber a edição física em CD deste disco que confirma e expande o talento da cantora e compositora carioca. Feito por Alice Caymmi com Diogo Strausz, polivalente músico carioca ligado ao universo dos beats eletrônicos, Rainha dos raios pode ser ouvido no site oficial que entrou hoje no ar com todas as informações sobre o álbum, já objeto de culto nas redes sociais e entre personalidades do meio musical.
Esse CD é muito bom, melhor que o primeiro! Parabéns a todos os envolvidos. Não páro de ouvir.
Cd surpreendente: ótimos arranjos, repertório que foge do óbvio, interpretações magnificas. Até que enfim, uma cantora com personalidade.
Alice, que maravilha!
Trabalho impecável!Tudo muito bem lapidado.Alice um talento e uma energia de Rainha páreo duro para qualquer força da natureza.Artista de postura e personalidade,precisa apenas freiar um pouco os seus conceitos ideológicos,ainda muito frágeis.Mais a gente entende isso nesse momento político,em que não apenas ela,mas toda nação é ainda muito imatura.No demais,perfeita!
Esse cd está incrivel, não consigo parar de ouvir...Esse ano está sendo uma grata surpresa, prá quem gosta de cantoras....não tão saturadas, claro....Tivemos Juçara,
Silvia Machete, Alice....todas com discos incriveis, cada uma dentro do seu universo, mas todas fazendo musica brasileira de muita qualidade
Adorei o CD. O primeiro era bom, mas esse é ainda melhor. ARRASOU!!
Trabalho primoroso. Sinto uma nova tonalidade na voz da Alice, muito mais agradável, como se tivesse amadurecido vinte anos desde o primeiro cd. Delícia de ouvir!
Depois eu leio esse release sem fim.Tô sem tempo.
Ela tem coragem de assinar "CAYMMI" ?!
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