Título: A rede idiota e outros textos
Autor: Zeca Baleiro
Editora: Reformatório
Cotação: * * * *
Além de afinada, a escrita de Zeca Baleiro é sagaz e por vezes irônica como o cancioneiro autoral desse cantor e compositor maranhense revelado em 1997. Ao escrever textos para jornais e revistas, o artista se revelou hábil cronista no enfoque de questões musicais e também de assuntos não necessariamente relacionados ao universo pop. O terceiro livro de Baleiro, A rede idiota e outros textos, descende da nobre linhagem coloquial do primeiro lançamento do artista no mercado editorial, Bala na agulha (reflexões de boteco, pastéis de memória e outras frituras) (Ponto de Bala, 2010), centrado nos textos publicados por Baleiro em seu blog. É como se estivesse conversando no bar que Baleiro toca nas relevantes questões musicais abordadas em A rede idiota e outros textos, livro que reúne crônicas escritas entre 2008 e 2013 para a coluna Última palavra, da revista Isto é, e textos escritos para o blog Questões musicais, da revista Piauí. Há também textos diversos como o que escreveu - com sensibilidade e conhecimento de causa - sobre Chorão para o jornal O globo por ocasião da morte de Alexandre Magno Abrão (9 de abril de 1970 - 5 de março de 2013), o compositor e vocalista da banda paulista Charlie Brown Jr., objeto de amor e ódio na rede. Na contramão do hype, Baleiro demole certezas propagadas com falsas convicções na web e se revela um pensador com luz própria, capaz tanto de iluminar uma visão sobre Waldick Soriano (1933 - 2008) como de qualificar os tipos de críticos musicais em texto hilário e certeiro. Os treze textos do blog Questões musicais são especialmente interessantes porque, sem perder a fluência típica de um papo de bar, Baleiro consegue refletir sobre tópicos fundamentais da música brasileira. No perspicaz texto O marketing dos movimentos, o artista questiona a espontaneidade de movimentos como o Mangue Beat, evidenciando a afinada orquestração de ações entre artistas e mídia na propagação desses movimentos. Em Poetas da canção, Baleiro ressalta o anonimato a que estão confinados compositores restritos a função de letristas de músicas quase nunca associadas às suas imagens sem rostos públicos. Aliás, nos dois volumes de Versão brasileira, Baleiro exalta compositores que verteram músicas estrangeiras para o português com maestria, a ponto de criar versões superiores às letras originais. Enfim, dentro ou fora do âmbito musical, a conversa flui nas crônicas de Zeca Baleiro, escritor em ponto de bala, como ressalta Chico César no prefácio e como comprova A rede idiota e outros textos.
3 comentários:
Além de afinada, a escrita de Zeca Baleiro é sagaz e por vezes irônica como o cancioneiro autoral desse cantor e compositor maranhense revelado em 1997. Ao escrever textos para jornais e revistas, o artista se revelou hábil cronista no enfoque de questões musicais e também de assuntos não necessariamente relacionados ao universo pop. O terceiro livro de Baleiro, A rede idiota e outros textos, descende da linhagem coloquial do primeiro lançamento do artista no mercado editorial, Bala na agulha (reflexões de boteco, pastéis de memória e outras frituras) (Ponto de Bala, 2010), centrado nos textos publicados por Baleiro em seu blog. É como se estivesse conversando no bar que Baleiro toca nas relevantes questões musicais abordadas em A rede idiota e outros textos, livro que reúne crônicas escritas entre 2008 e 2013 para a coluna Última palavra, da revista Isto é, e textos escritos para o blog Questões musicais, da revista Piauí. Há também textos diversos como o que escreveu - com sensibilidade e conhecimento de causa - sobre Chorão para o jornal O globo por ocasião da morte de Alexandre Magno Abrão (9 de abril de 1970 - 5 de março de 2013), o compositor e vocalista da banda paulista Charlie Brown Jr., objeto de amor e ódio na rede. Na contramão do hype, Baleiro demole certezas propagadas com falsas convicções na web e se revela um pensador com luz própria, capaz tanto de iluminar uma visão sobre Waldick Soriano (1933 - 2008) como de qualificar os tipos de críticos musicais em texto hilário e certeiro. Os textos do blog Questões musicais são especialmente interessantes porque, sem perder a fluência típica de um papo de bar, Baleiro consegue refletir sobre tópicos fundamentais da música brasileira. No perspicaz texto O marketing dos movimentos, o artista questiona a espontaneidade de movimentos como o Mangue Beat, evidenciando a afinada orquestração de ações entre artistas e mídia na propagação desses movimentos. Em Poetas da canção, Baleiro ressalta o anonimato a que estão confinados compositores restritos a função de letristas de músicas quase nunca associadas às suas imagens sem rostos públicos. Aliás, nos dois volumes de Versão brasileira, Baleiro exalta compositores que verteram músicas estrangeiras para o português com maestria, a ponto de criar versões superiores às letras originais. Enfim, dentro ou fora do âmbito musical, a conversa flui nas crônicas de Zeca Baleiro, escritor em ponto de bala, como ressalta Chico César no prefácio e como comprova A rede idiota e outros textos.
O Baleiro sempre de peitica com o manguebeat - acho que ele gostaria de ter feito parte.
Mas é sempre bom ver gente inteligente pensando, questionando.
Os textos que ele escreveu para a Revista Piauí são ótimos.
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