Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ludmilla baixa o tom de seu funk para enquadrá-lo na moldura pop de 'Hoje'

Resenha de CD
Título: Hoje
Artista: Ludmilla
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

 O alto investimento da gravadora Warner Music no primeiro álbum de Ludmilla - a cantora e compositora carioca de funk outrora conhecida como MC Beyoncé - é resultado do lucro obtido com a contratação de Anitta pela companhia fonográfica. Aos 19 anos, Ludmilla Oliveira da Silva provavelmente não estaria lançando seu primeiro álbum, Hoje, pela multinacional do disco não fosse o retorno comercial dado por Anitta à Warner Music. Produto propagado pela web, canal usado pela artista para divulgar em maio de 2012 o áudio de Fala mal de mim (Ludmilla e MC Roba Cena), o funk de Ludmilla chega ao disco já devidamente enquadrado na moldura pop formatada pelo mercado fonográfico para tornar o gênero viável e rentável no rastro de aparições em programas de TV e da realização de shows feitos fora do circuito dos bailes da pesada. A Ludmilla de Hoje já não é a desbocada MC Beyoncé de ontem. Ludmilla baixou o tom sem deixar de botar banca. Aliás, a semelhança com Anitta é nítida inclusive no tom imperativo das letras escritas sob ótica feminina. Com seu funk domesticado pelo mercado fonográfico, Ludmilla não chega a soar como clone de Anitta no álbum produzido por Toninho Aguiar. Mas tampouco delineia com precisão sua identidade artística, embora o repertório de Hoje também traga a marca autoral de Ludmilla, compositora de músicas como 24 horas por diaAmor não é oi, Garota recalcada e Sem querer - faixas nas quais impera o batidão industrializado do funk carioca (Sem querer, a propósito, já ganhou clipe dirigido por Thiago Calviño e postado no YouTube no início deste ano de 2104, meses antes do lançamento do CD). Em contrapartida, a funkeira também dá voz em Hoje a músicas assinadas pela dupla de compositores, Umberto Tavares e Jefferson Junior, que fornece repertório para artistas do elenco da Warner Music. Anitta, inclusive. Uma dessas músicas é Não quero mais, balada de acento r & b gravada por Ludmilla em dueto com o cantor paulista Belo, projetado no universo pagodeiro, mas dono de voz de tonalidade soul. O outro convidado do disco Hoje é Buchecha, o MC fluminense projetado nos anos 1990 como metade da dupla de funk melody Claudinho & Buchecha. Com Buchecha, Ludmilla canta Tudo vale a pena (Wallace Viana e André Vieira), música bem ao estilo pop que pauta hoje o funk da artista. Ludmilla segue a fórmula e os passos da rival Anitta, deixando dúvida se vai sobreviver amanhã (e depois) no volátil universo pop.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

O investimento da gravadora Warner Music no primeiro álbum de Ludmilla - a cantora e compositora carioca de funk outrora conhecida como MC Beyoncé - é resultado do lucro obtido com a contratação de Anitta pela companhia fonográfica. Aos 19 anos, Ludmilla Oliveira da Silva provavelmente não estaria lançando seu primeiro álbum, Hoje, pela multinacional do disco não fosse o retorno comercial dado por Anitta à Warner Music. Produto propagado pela web, canal usado pela artista para divulgar em maio de 2012 o áudio de Fala mal de mim (Ludmilla e MC Roba Cena), o funk de Ludmilla chega ao disco já devidamente enquadrado na moldura pop formatada pelo mercado fonográfico para tornar o gênero viável e rentável no rastro de aparições em programas de TV e da realização de shows feitos fora do circuito dos bailes da pesada. A Ludmilla de Hoje já não é a desbocada MC Beyoncé de ontem. Ludmilla baixou o tom sem deixar de botar banca. Aliás, a semelhança com Anitta é nítida inclusive no tom imperativo das letras escritas sob ótica feminina. Com seu funk domesticado pelo mercado fonográfico, Ludmilla não chega a soar como clone de Anitta no álbum produzido por Toninho Aguiar. Mas tampouco delineia com precisão sua identidade artística, embora o repertório de Hoje também traga a marca autoral de Ludmilla, compositora de músicas como 24 horas por dia, Amor não é oi, Garota recalcada e Sem querer - faixas nas quais impera o batidão industrializado do funk carioca (Sem querer, a propósito, já ganhou clipe dirigido por Thiago Calviño e postado no YouTube no início deste ano de 2104, meses antes do lançamento do CD). Em contrapartida, a funkeira também dá voz em Hoje a músicas assinadas pela dupla de compositores, Umberto Tavares e Jefferson Junior, que fornece repertório para artistas do elenco da Warner Music. Anitta, inclusive. Uma dessas músicas é Não quero mais, balada de acento r & b gravada por Ludmilla em dueto com o cantor paulista Belo, projetado no universo pagodeiro, mas dono de voz de tonalidade soul. O outro convidado do disco Hoje é Buchecha, o MC fluminense projetado nos anos 1990 como metade da dupla de funk melody Claudinho & Buchecha. Com Buchecha, Ludmilla canta Tudo vale a pena (Wallace Viana e André Vieira), música bem ao estilo pop que pauta hoje o funk da artista. Ludmilla segue a fórmula e os passos de Anitta, deixando dúvidas se vai sobreviver amanhã (e depois) no volátil universo pop.

Luca disse...

daqui a cinco anos tanto ela como Anita estarão fazendo baile de novo