Título: Aposto
Artista: Pedro Luís (em foto de Ricardo Gomes)
Local: Estúdio do artista plástico Sérgio Marimba (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 31 de agosto de 2014
Cotação: * * * *
Pedro Luís é cantor que arrasta multidões. Só que a maior parte da multidão que segue seu Monobloco pelas ruas do Rio de Janeiro (RJ), cidade natal do artista, desconhece a extensão do talento de Pedro como compositor. Talento que por vezes também fica pouco evidenciado atrás da massa percussiva da Parede, grupo com o qual o cantor se lançou no mercado fonográfico em 1997. O fato é que Pedro Luís - que já milita na cena musical brasileira desde o início dos anos 1980, década em que integrou a banda de rock Urge - tem bloco relevante de ótimas composições. Bloco que o artista vai pôr na rua com a edição de seu primeiro registro audiovisual de show solo. Na gravação ao vivo coproduzida pelo Canal Brasil e realizada em 31 de agosto de 2014, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o cantor deu voz a nada menos do que 23 músicas autorais em roteiro iniciado com Imantra - seminal parceria do artista com Antonio Saraiva, composta no já longínquo 1982 e lançada em disco em 1997 pela cantora mineira Via Negromonte - e concluído com a inédita De nós. Bela canção sobre a ausência do ser amado, De nós foi gravada em dueto com a cantora fluminense Zélia Duncan, parceira de Pedro na criação de Braços cruzados (2005), tema funkeado também incluído no roteiro do show captado para o DVD, que vai exibir, nos extras, encontros inéditos de Pedro com colegas como Mart'nália, Martinho da Vila, João Cavalcanti, Marcelinho da Lua e Bruna Caram (parceira de Pode se animar, uma das 23 músicas do roteiro). Feita sob a direção de Bianca Ramoneda e Jorge Bispo, a gravação ao vivo teve por base o roteiro do show Por elas, no qual Pedro rebobina suas músicas que ficaram conhecidas nas vozes de cantoras como a antenada Fernanda Abreu (parceira de Tudo vale a pena, música gravada em 1995, quando Pedro era conhecido somente nos bastidores), Adriana Calcanhotto - intérprete original de Mão e luva (1998) - e Roberta Sá, generosamente representada no roteiro pelo bloco que aloca Janeiros (Pedro Luís e Roberta Sá, 2007), Girando na renda (Pedro Luís, Serginho Paes e Flávio Guimarães, 2007) e No braseiro (Pedro Luís, 2005), músicas dos dois primeiros álbuns da artista. Mas Pedro não fez um show com público para filmar o DVD, idealizado para captar a obra em progresso, como um grande making of. Ambientada no estúdio do artista plástico carioca Sérgio Marimba, diretor de arte do DVD, a gravação foi feita diante de cerca de 20 convidados da produção, em clima íntimo, com direito às repetições e interrupções já típicas de registros do gênero. Nessa inusitada locação, que sugeria ambiente de ferro velho, o cantor reviveu suas músicas mais expressivas em tom eletroacústico, alternando-se entre o cavaco e o violão, sempre em sintonia com o toque da percussão de Paulino Dias. E aí, no desfile íntimo de músicas, ficou evidente a habilidade do cantor para compor tanto um repente agalopado - Fazê o quê? (1997), talhado para a voz de Elba Ramalho - quanto um samba como Na medida do meu coração (Pedro Luís e Ricardo Silveira, 2011) ou uma balada ítalo-brasileira, caso de Amar al mare, tema feito para a trilha sonora do filme S.O.S. mulheres ao mar (2014). Pedro Luís sabe cair tanto no suingue de Miséria. S.A. (2001) - música gravada pelo grupo carioca O Rappa - como no samba triste e lento, exemplificado no roteiro pelo obscuro Parte coração (2001), revivido pelo anfitrião em dueto com a cantora carioca Nina Becker. Enfim, ao pôr o bloco de composições na rua, com direito a eventuais inéditas como Aposto (parceria com Lucky Luciano, autor dos versos metalinguísticos), Pedro mostra o progresso de obra já sutilmente entranhada na memória afetiva do Rio. Seu DVD solo merece unir multidões.
Um comentário:
Pedro Luís é cantor que arrasta multidões. Só que a maior parte da multidão que segue seu Monobloco pelas ruas do Rio de Janeiro (RJ), cidade natal do artista, desconhece a extensão do talento de Pedro como compositor. Talento que por vezes também fica pouco evidenciado atrás da massa percussiva da Parede, grupo com o qual o cantor se lançou no mercado fonográfico em 1997. O fato é que Pedro Luís - que já milita na cena musical brasileira desde o início dos anos 1980, década em que integrou a banda de rock Urge - tem bloco relevante de ótimas composições. Bloco que o artista vai pôr na rua com a edição de seu primeiro registro audiovisual de show solo. Na gravação ao vivo coproduzida pelo Canal Brasil e realizada em 31 de agosto de 2014, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o cantor deu voz a nada menos do que 23 músicas autorais em roteiro iniciado com Imantra - seminal parceria do artista com Antonio Saraiva, composta no já longínquo 1982 e lançada em disco em 1997 pela cantora mineira Via Negromonte - e concluído com a inédita De nós. Bela canção sobre a ausência do ser amado, De nós foi gravada em dueto com a cantora fluminense Zélia Duncan, parceira de Pedro na criação de Braços cruzados (2005), tema funkeado também incluído no roteiro do show captado para o DVD, que vai exibir, nos extras, encontros inéditos de Pedro com colegas como Mart'nália, Martinho da Vila, João Cavalcanti, Marcelinho da Lua e Bruna Caram (parceira de Pode se animar, uma das 23 músicas do roteiro). Feita sob a direção de Bianca Ramoneda e Jorge Bispo, a gravação ao vivo teve por base o roteiro do show Por elas, no qual Pedro rebobina suas músicas que ficaram conhecidas nas vozes de cantoras como a antenada Fernanda Abreu (parceira de Tudo vale a pena, música gravada em 1995, quando Pedro era conhecido somente nos bastidores), Adriana Calcanhotto - intérprete original de Mão e luva (1998) - e Roberta Sá, generosamente representada no roteiro pelo bloco que aloca Janeiros (Pedro Luís e Roberta Sá, 2007), Girando na renda (Pedro Luís, Serginho Paes e Flávio Guimarães, 2007) e No braseiro (Pedro Luís, 2005), músicas dos dois primeiros álbuns da artista. Mas Pedro não fez um show com público para filmar o DVD, idealizado para captar a obra em progresso, como um grande making of. Ambientada no estúdio do artista plástico carioca Sérgio Marimba, diretor de arte do DVD, a gravação foi feita diante de cerca de 20 convidados da produção, em clima íntimo, com direito às repetições e interrupções já típicas de registros do gênero. Nessa inusitada locação, que sugeria ambiente de ferro velho, o cantor reviveu suas músicas mais expressivas em tom eletroacústico, alternando-se entre o cavaco e o violão, sempre em sintonia com o toque da percussão de Paulino Dias. E aí, no desfile íntimo de músicas, ficou evidente a habilidade do cantor para compor tanto um repente agalopado - Fazê o quê? (1997), talhado para a voz de Elba Ramalho - quanto um samba como Na medida do meu coração (Pedro Luís e Ricardo Silveira, 2011) ou uma balada ítalo-brasileira, caso de Amar al mare, tema feito para a trilha sonora do filme S.O.S. mulheres ao mar (2014). Pedro Luís sabe cair tanto no suingue de Miséria. S.A. (2001) - música gravada pelo grupo carioca O Rappa - como no samba triste e lento, exemplificado no roteiro pelo obscuro Parte coração (2001), revivido pelo anfitrião em dueto com a cantora carioca Nina Becker. Enfim, ao pôr o bloco de composições na rua, com direito a eventuais inéditas como Aposto (parceria com Lucky Luciano, autor dos versos metalinguísticos), Pedro Luís mostra o progresso de obra já sutilmente entranhada na memória afetiva brasileira. Seu DVD solo merece arrastar multidões.
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