Título: Esmeraldas
Artista: Tiê
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2
"Tô a fim de me reeducar / Tanta coisa boa pra aprender / Sobre os deuses, os astros e o ar", pondera Tiê em versos de Mínimo maravilhoso (Tiê e Vitor Steinberg), rock que se impõe entre o cancioneiro autoral do terceiro álbum da artista paulistana, Esmeraldas. Tais versos são condizentes com o espírito libertador de um disco que mostra que já há flores mais raras no doce jardim de Tiê. Com lançamento programado para 23 de setembro de 2014, o CD Esmeraldas expande o universo musical da cantora e compositora que se projetou em 2009 com fofo disco de folk, Sweet jardim (Levi's Music, 2009), calcado no seu violão. Sweet jardim floresceu na cena musical contemporânea de São Paulo (SP) e ecoou fora das fronteiras de sua cidade natal quando obteve o aval público de Caetano Veloso. Dois anos depois, já contratada pelo gravadora Warner Music, Tiê ensaiou - sem perder a ternura - uma expansão além do universo do folk com um segundo álbum de som, instrumental e repertório mais diversificados. Contudo, ainda que tenha tido até música em trilha sonora de novela da TV Globo, A coruja e o coração (Warner Music, 2011) obteve menor atenção e repercussão na cena pop paulistana, representando reversão de expectativa. Alvo de alto investimento da Warner Music, Esmeraldas tenta reposicionar Tiê no mercado fonográfico com som pop, de pegada eventualmente roqueira. Disco nascido de uma (assumida) crise criativa da artista, Esmeraldas começou a ser gestado em dezembro de 2013 na interiorana cidade de Minas Gerais que dá nome ao disco. No álbum, Tiê renova seu som com a abertura de parcerias com nomes como Adriano Cintra e André Whoong - nome fundamental na arquitetura do disco - e, sim, David Byrne, o conceituado artista escocês (de vivência norte-americana). Admirador do som de Tiê desde que assistiu a um show da artista em Nova York (EUA), em 2011, Byrne é coautor e convidado da canção bilíngue All around you (David Byrne, André Whoong, Tiê e Tim Bernardes), outro trunfo do repertório de Esmeraldas. O fato de o álbum ter sido produzido em dois países diferentes (Brasil e Estados Unidos) por dois nomes de universo musicais tão díspares - o paulistano Adriano Cintra (convidado por Tiê) e o nova-iorquino Jesse Harris (sugerido pela diretoria da Warner Music) - é surpreendente, já que há total unidade entre o som das 12 faixas do CD. Tal unidade talvez venha mais da onipresença de André Whoong na ficha técnica do disco. Parceiro de Tiê em canções como Meia hora e Depois de um dia de sonho (joia de delicadeza poética e melódica), Whoong assina os arranjos de sopros, metais e cordas que encorpam o som de oito das doze músicas de Esmeraldas. A propósito, Isqueiro azul (Tiê e Rita Wainer) acende a ideia que a ruptura do disco reside mais no som do que na composição do repertório. Tanto que Tiê abre Esmeraldas com música gravada em seu primeiro disco, um EP de 2007, na qual a então desconhecida cantautora apresentou quatro temas de sua lavra autoral. Trata-se de Gold fish (Tiê e Flávio Juliano), balada cantada em inglês e adornada com cordas orquestradas pelo maestro norte-americano Rob Moose, arranjador também de A noite. Faixa equivocadamente eleita o primeiro single do álbum, A noite - versão em português (de Tiê, Adriano Cintra, André Whoong e Rita Wainer) da canção italiana La notte (Giuseppe Anastasi), lançada pela cantora italiana Arisa no álbum Amami (Warner Music, 2012) - se ajusta ao espírito pop do disco sem arrebatar. Pop por pop, Urso (Tiê, Adriano Cintra, André Whoong, Naná Rizizni e Rita Wainer) mostra mais garra para encarar a selva do mercado com seu corinho sedutor. A propósito, Esmeraldas brilha em detalhes como o piano e o órgão hammond tocados por Guilherme Arantes na suave Máquina de lavar (Tiê e André Whoong). Ou a bateria hipnótica bem marcada por Naná Rizinni na canção-título Esmeraldas, única música assinada por Tiê sem parceiros. Em contrapartida, a ordem com que as 12 músicas estão dispostas no CD é significante detalhe que prejudica o álbum. Fica a sensação de que músicas menores como Par de ases (Tiê e Flávio Juliano) - segunda das 12 faixas - ofuscam composições mais inspiradas alocadas na segunda metade do CD. Seja como for, Esmeraldas mostra que Tiê vem se movimentando e plantando sementes que fazem seu doce jardim florescer a cada disco lançado sem que a artista perca a resistente ternura. Afinal, há tanta coisa boa para aprender sobre os deuses, os astros e o ar, não?
5 comentários:
"Tô a fim de me reeducar / Tanta coisa boa pra aprender / Sobre os deuses, os astros e o ar", pondera Tiê em versos de Mínimo maravilhoso (Tiê e Vitor Steinberg), rock que se impõe entre o cancioneiro autoral do terceiro álbum da artista paulistana, Esmeraldas. Tais versos são condizentes com o espírito libertador de um disco que mostra que já há flores mais raras no doce jardim de Tiê. Com lançamento programado para 23 de setembro de 2014, o CD Esmeraldas expande o universo musical da cantora e compositora que se projetou em 2009 com fofo disco de folk, Sweet jardim (Levi's Music, 2009), calcado no seu violão. Sweet jardim floresceu na cena musical contemporânea de São Paulo (SP) e ecoou fora das fronteiras de sua cidade natal quando obteve o aval público de Caetano Veloso. Dois anos depois, já contratada pelo gravadora Warner Music, Tiê ensaiou - sem perder a ternura - uma expansão além do universo do folk com um segundo álbum de som, instrumental e repertório mais diversificados. Contudo, ainda que tenha tido até música em trilha sonora de novela da TV Globo, A coruja e o coração (Warner Music, 2011) obteve menor atenção e repercussão na cena pop paulistana, representando reversão de expectativa. Alvo de alto investimento da Warner Music, Esmeraldas tenta reposicionar Tiê no mercado fonográfico com som pop, de pegada eventualmente roqueira. Disco nascido de uma (assumida) crise criativa da artista, Esmeraldas começou a ser gestado em dezembro de 2013 na interiorana cidade de Minas Gerais que dá nome ao disco. No álbum, Tiê renova seu som com a abertura de parcerias com nomes como Adriano Cintra e André Whoong - nome fundamental na arquitetura do disco - e, sim, David Byrne, o conceituado artista escocês (de vivência norte-americana). Admirador do som de Tiê desde que assistiu a um show da artista em Nova York (EUA), em 2011, Byrne é coautor e convidado da canção bilíngue All around you (David Byrne, André Whoong, Tiê e Tim Bernardes), outro trunfo do repertório de Esmeraldas.
O fato de o álbum ter sido produzido em dois países diferentes (Brasil e Estados Unidos) por dois nomes de universo musicais tão díspares - o paulistano Adriano Cintra (convidado por Tiê) e o nova-iorquino Jesse Harris (sugerido pela diretoria da Warner Music) - é surpreendente, já que há total unidade entre o som das 12 faixas do CD. Tal unidade talvez venha mais da onipresença de André Whoong na ficha técnica do disco. Parceiro de Tiê em canções como Meia hora e Depois de um dia de sonho (joia de delicadeza poética e melódica), Whoong assina os arranjos de sopros, metais e cordas que encorpam o som de oito das doze músicas de Esmeraldas. A propósito, Isqueiro azul (Tiê e Rita Wainer) acende a ideia que a ruptura do disco reside mais no som do que na composição do repertório. Tanto que Tiê abre Esmeraldas com música gravada em seu primeiro disco, um EP de 2007, na qual a então desconhecida cantautora apresentou quatro temas de sua lavra autoral. Trata-se de Gold fish (Tiê e Flávio Juliano), balada cantada em inglês e adornada com cordas orquestradas pelo maestro norte-americano Rob Moose, arranjador também de A noite. Faixa equivocadamente eleita o primeiro single do álbum, A noite - versão em português (de Tiê, Adriano Cintra, André Whoong e Rita Wainer) da canção italiana La notte (Giuseppe Anastasi), lançada pela cantora italiana Arisa no álbum Amami (Warner Music, 2012) - se ajusta ao espírito pop do disco sem arrebatar. Pop por pop, Urso (Tiê, Adriano Cintra, André Whoong, Naná Rizizni e Rita Wainer) mostra mais garra para encarar a selva do mercado com seu corinho sedutor. A propósito, Esmeraldas brilha em detalhes como o piano e o órgão hammond tocados por Guilherme Arantes na suave Máquina de lavar (Tiê e André Whoong). Ou a bateria hipnótica bem marcada por Naná Rizinni na canção-título Esmeraldas, única música assinada por Tiê sem parceiros. Em contrapartida, a ordem com que as 12 músicas estão dispostas no CD é significante detalhe que prejudica o álbum. Fica a sensação de que músicas eventualmente menores como Par de ases (Tiê e Flávio Juliano) - a segunda das 12 faixas - ofuscam composições mais inspiradas alocadas na segunda metade do CD. Seja como for, Esmeraldas mostra que Tiê vem se movimentando e plantando sementes que fazem seu doce jardim florescer a cada disco lançado sem que a artista perca a resistente ternura. Afinal, há tanta coisa boa para aprender sobre os deuses, os astros e o ar.
Ouvi o disco no spotify e está lindo, como já era de se esperar! Tiê é ótima!
Tiê tenta ser sutil, mas só consegue ser insossa mesmo, né?
Tiê e Thiago Pethit deveriam dar as mãos e sairem cantando la-la-lá, la-la-lá....
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