♪ Dez anos se passaram entre a formação do CelloSam3aTrio - grupo criado em 2004 por Jaques Morelenbaum a convite de Thomas Stöwand, cofundador da ECM Records - e a gravação do primeiro álbum do trio, feita em maio deste ano de 2014 nos estúdios da gravadora Biscoito Fino. Nessa década, o baterista e percussionista Rafael Barata assumiu em 2007 a função que originalmente era de Marcelo Costa. Mas o violonista do trio, Lula Galvão, é o mesmo desde 2004. Já conhecido no circuito europeu de shows, o CelloSam3aTrio pode ser ouvido no Brasil através do CD Saudade do futuro Futuro da saudade, recém-lançado pela Biscoito Fino. No disco, considerado por Morelenbaum o seu primeiro trabalho solo, o violoncelista reverencia mestres como Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) - compositor de quem o trio toca Outra vez (1954) e Retrato em branco e preto (parceria com Chico Buarque, de 1968) - e João Gilberto, evocado através de registro de Tim tim por tim tim (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques, 1951). O samba é o ritmo dominante em repertório que inclui duas composições de autoria de Morelenbaum (Ar livre e Maracatuesday) e regravações de Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) e Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967). A propósito, Caetano Veloso - com quem o violoncelista trabalhou durante anos como músico e arranjador - disserta sobre Saudade do futuro Futuro da saudade em texto reproduzido no encarte do disco produzido pelo próprio Morelenbaum. Com a palavra, Caetano - para quem o CelloSam3aTrio é "nova voz do mundo":
“A saudade do futuro é o futuro da saudade. O cello de Jaques Morelenbaum, som miraculoso que tive a dita de ter como companheiro próximo de todas as minhas emissões vocais melódicas, de todas as minhas inspirações composicionais e de todas as minhas idealizações de estruturação de sons. A natural inteligência musical de Jaquinho é de enorme abrangência e o "eu" que se encrusta nela é de uma generosidade inacreditável. Agora, finalmente, temos um disco em que essa densa realidade humana - que temos o privilégio de ver desenvolvida entre nós - se mostra pura. O CelloSam3aTrio é expressão da vida musical que vem assinada Jaques Morelenbaum embaixo. Ninguém melhor do que Lula Galvão ao violão para ser parte da textura (e da imaginação improvisadora) dessa música. E os sons percussivos de Rafael Barata fecham cada célula joãogilbertiana do disco branco, aquele em que João pronuncia as vogais breves abertas. CelloSam3aTrio é nova voz no mundo. O maracatu sob a bruma rítmica do romantismo profundo de Jaquinho é o segredo do segredo. O samba ternário de Lula é a felicidade da música dos músicos (há músicas que são só dos ouvintes). Lyra e Tom e tais, tudo vem para o futuro adequadamente. Meu coração vagabundo não poderia almejar mais bela análise sentimental de todas as suas artérias. O Gil do João revém nessa compressão-expansão harmônica que é o gênio da música se esbaldando. Um trio. Fórmula tema/improvisação/tema. Como pode algo tão grandioso caber no que parece tão pequeno?” Caetano Veloso
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♪ Dez anos se passaram entre a formação do CelloSam3aTrio - grupo criado em 2004 por Jaques Morelenbaum a convite de Thomas Stöwand, cofundador da ECM Records - e a gravação do primeiro álbum do trio, feita em maio deste ano de 2014 nos estúdios da gravadora Biscoito Fino. Nessa década, o baterista e percussionista Rafael Barata assumiu em 2007 a função que originalmente era de Marcelo Costa. Mas o violonista do trio, Lula Galvão, é o mesmo desde 2004. Já conhecido no circuito europeu de shows, o CelloSam3aTrio pode ser ouvido no Brasil através do CD Saudade do futuro Futuro da saudade, recém-lançado pela Biscoito Fino. No disco, considerado por Morelenbaum o seu primeiro trabalho solo, o violoncelista reverencia mestres como Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) - compositor de quem o trio toca Outra vez (1954) e Retrato em branco e preto (parceria com Chico Buarque, de 1968) - e João Gilberto, evocado através de registro de Tim tim por tim tim (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques, 1951). O samba é o ritmo dominante em repertório que inclui duas composições de autoria de Morelenbaum (Ar livre e Maracatuesday) e regravações de Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) e Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967). A propósito, Caetano Veloso - com quem o violoncelista trabalhou durante anos como músico e arranjador - disserta sobre Saudade do futuro Futuro da saudade em texto reproduzido no encarte do disco produzido pelo próprio Morelenbaum. Com a palavra, Caetano, para quem o CelloSam3aTrio é "a nova voz do mundo":
“A saudade do futuro é o futuro da saudade. O cello de Jaques Morelenbaum, som miraculoso que tive a dita de ter como companheiro próximo de todas as minhas emissões vocais melódicas, de todas as minhas inspirações composicionais e de todas as minhas idealizações de estruturação de sons. A natural inteligência musical de Jaquinho é de enorme abrangência e o "eu" que se encrusta nela é de uma generosidade inacreditável. Agora, finalmente, temos um disco em que essa densa realidade humana - que temos o privilégio de ver desenvolvida entre nós - se mostra pura. O CelloSam3aTrio é expressão da vida musical que vem assinada Jaques Morelenbaum embaixo. Ninguém melhor do que Lula Galvão ao violão para ser parte da textura (e da imaginação improvisadora) dessa música. E os sons percussivos de Rafael Barata fecham cada célula joãogilbertiana do disco branco, aquele em que João pronuncia as vogais breves abertas. CelloSam3aTrio é nova voz no mundo. O maracatu sob a bruma rítmica do romantismo profundo de Jaquinho é o segredo do segredo. O samba ternário de Lula é a felicidade da música dos músicos (há músicas que são só dos ouvintes). Lyra e Tom e tais, tudo vem para o futuro adequadamente. Meu coração vagabundo não poderia almejar mais bela análise sentimental de todas as suas artérias. O Gil do João revém nessa compressão-expansão harmônica que é o gênio da música se esbaldando. Um trio. Fórmula tema / improvisação / tema. Como pode algo tão grandioso caber no que parece tão pequeno?”. Caetano Veloso.
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