Série: Cantoras do Brasil - Terceira temporada
Título: Juçara Marçal canta Isaura Garcia
Idealização: Mariana Rolim, Mercedes Tristão e Simone Esmanhotto
Direção: Jacob Solitrenick
Emissora: Canal Brasil
Cotação: * * * *
Episódio com exibição programada pelo Canal Brasil para 23 de novembro de 2014
♪ Intérprete do disco mais expressivo de 2014, Encarnado, Juçara Marçal continua encarando a morte de frente. No segundo episódio da terceira temporada da série Cantoras do Brasil, a paulistana brilha ao dar voz a duas músicas do repertório de Isaura Garcia (26 de fevereiro de 1919 - 30 de julho de 1993), cantora conterrânea de Juçara que alcançou projeção nacional nos anos 1940 e 1950. Coincidentemente, ou não, a vocalista do Metá Metá reaviva dois temas sobre a morte no episódio Juçara Marçal canta Isaura Garcia. Ambos foram gravados em 1942 por Isaurinha - como era conhecida a cantora que lançou o samba-canção Mensagem (Cícero Nunes e Aldo Cabral) em 1945. O primeiro número musical, Sem cuíca não há samba (Germano Augusto e João Antônio Peixoto, 1942), é um samba - composto com inspiração em Triste cuíca (Noel Rosa e Hervê Cordovil, 1934) - que narra a história de Laurindo, cujo corpo foi encontrado quase irreconhecível no Morro de Mangueira. "É uma história de hoje. É como se eu estivesse cantando um samba sobre o Amarildo", correlaciona Juçara no depoimento alocado entre os dois números musicais. Sagaz, a cantora se refere a Amarildo de Souza, o pedreiro da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), desaparecido em julho de 2013 por ter sido - como se soube depois, após grande pressão popular - morto por policiais da comunidade. Amarildo bem poderia ser o protagonista de Procura o Miguel (Roberto Martins e Roberto Roberti, 1942), composição que versa com suingue sobre o sumiço do Miguel do título. Em Procura o Miguel, o suingue vem da guitarra contemporânea de Pipo Pegoraro e do canto de Juçara, que explora regiões mais agudas de sua voz mais escura. Em Sem cuíca não há samba, o destaque entre os músicos da banda é Lucas Raele, cuja clarineta chora como a cuíca ausente, valorizando o arranjo calcado nas tradições do samba. Sem carregar nas tintas do drama contido nos versos do samba, Juçara Marçal interpreta o tema com leveza. Cantora do Brasil de morte, a paulistana reitera a maestria vocal em Juçara Marçal canta Isaura Garcia.
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♪ Intérprete do disco mais expressivo de 2014, Encarnado, Juçara Marçal continua encarando a morte de frente. No segundo episódio da terceira temporada da série Cantoras do Brasil, a paulistana brilha ao dar voz a duas músicas do repertório de Isaura Garcia (26 de fevereiro de 1919 - 30 de julho de 1993), cantora conterrânea de Juçara que alcançou projeção nacional nos anos 1940 e 1950. Coincidentemente, ou não, a vocalista do Metá Metá reaviva dois temas sobre a morte no episódio Juçara Marçal canta Isaura Garcia. Ambos foram gravados em 1942 por Isaurinha - como era conhecida a cantora que lançou o samba-canção Mensagem (Cícero Nunes e Aldo Cabral) em 1945. O primeiro número musical, Sem cuíca não há samba (Germano Augusto e João Antônio Peixoto, 1942), é um samba - composto com inspiração em Triste cuíca (Noel Rosa e Hervê Cordovil, 1934) - que narra a história de Laurindo, cujo corpo foi encontrado quase irreconhecível no Morro de Mangueira. "É uma história de hoje. É como se eu estivesse cantando um samba sobre o Amarildo", correlaciona Juçara no depoimento alocado entre os dois números musicais. Sagaz, a cantora se refere a Amarildo de Souza, o pedreiro da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), desaparecido em julho de 2013 por ter sido - como se soube depois, após grande pressão popular - morto por policiais da comunidade. Amarildo bem poderia ser o protagonista de Procura o Miguel (Roberto Martins e Roberto Roberti, 1942), composição que versa com suingue sobre o sumiço do Miguel do título. Em Procura o Miguel, o suingue vem da guitarra contemporânea de Pipo Pegoraro e do canto de Juçara, que explora regiões mais agudas de sua voz mais escura. Em Sem cuíca não há samba, o destaque entre os músicos da banda é Lucas Raele, cuja clarineta chora como a cuíca ausente, valorizando o arranjo calcado nas tradições do samba. Sem carregar nas tintas do drama contido nos versos do samba, Juçara Marçal interpreta o tema com leveza. Cantora do Brasil de morte, a paulistana reitera a maestria vocal em Juçara Marçal canta Isaura Garcia.
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