Título: A voz da mulher na obra de Taiguara
Artistas: Vários
Gravadora: Nova Estação / Eldorado
Cotação: * * * 1/2
♪ O oportuno revival da obra de Taiguara Chalar da Silva (1945 - 1996) - em evidência neste mês de outubro por conta do lançamento via Kuarup de disco póstumo e biografia do artista - teve início, a rigor, em fevereiro de 2011 quando a então iniciante gravadora Joia Moderna pôs no mercado fonográfico um CD viabilizado pelo DJ Zé Pedro em tributo ao cancioneiro desse compositor de origem uruguaio e vivência brasileira. Orquestradas pelo produtor Thiago Marques Luiz, 14 cantoras deram vozes a esse resistente cancioneiro no CD A voz da mulher na obra de Taiguara (Joia Moderna, 2011). Em 1º de julho daquele ano, nove das 14 cantoras subiram ao palco do Auditório Simon Bolivar do Memorial da América Latina, em São Paulo (SP), para interpretar ao vivo canções de Taiguara no show roteirizado e dirigido por Marques Luiz. O registro desse show está sendo lançado de forma tardia pela gravadora Nova Estação, mas ainda a tempo de celebrar Taiguara em gravações muito mais sedutoras do que os registros das fracas músicas inéditas apresentadas no CD póstumo Ele vive (Kuarup, 2014). Em que pese o redutor áudio 2.0 do DVD, o registro do show reitera os acertos do álbum de estúdio de 2011. Sob a direção musical do pianista Daniel Bondaczuk, as noves cantoras se afinam com as canções e os arranjos calcados no piano com adesões de violinos, violoncelo e viola. Em momento luminoso em cena, Cida Moreira se confirma grande cantora ao dar voz a Viagem (1970) - em interpretação que supera sua boa gravação de estúdio - e a Modinha (Sergio Bittencourt, 1968), uma das duas músicas do roteiro que não são de autoria de Taiguara, embora associadas ao seu canto. A outra é Helena, Helena, Helena (Alberto Land, 1968), única música ausente do disco de estúdio, belamente interpretada por Fafá de Belém, a quem foi confiado também o sucesso Universo no teu corpo (1970). Outro destaque do tributo é Verônica Ferriani. Ao clarear a psicodélica Manhã de Londres (1972) com dose exata de melancolia, Ferriani começou a mostrar o talento de intérprete que floresceria no álbum autoral que lançou no fim de 2013. No todo, as cantoras dão conta de expor toda a paixão contida num cancioneiro que mistura romantismo e consciência social. Silvia Maria desbrava Terra das palmeiras (1976) com o virtuosismo técnico que também pauta o canto de Claudia em Memória livre de Leila (1972), canção difícil composta por Taiguara em homenagem à atriz Leila Diniz (1945 - 1972), então recentemente falecida em acidente de avião. Com sua voz límpida, Vânia Bastos viaja na leveza do Tema de Eva (1970) e acende a beleza de Luzes (1972). Intérprete importante na propagação da obra de Taiguara, Claudette Soares defendeu Coisas (1971) - música que lançou em disco - e Romina e Juliano (1973). Intérprete de Hoje (1969), Fernanda Porto mostra que sobrevive como cantora sem os beats eletrônicos de sua obra fonográfica. Aretha completa o time de cantoras do show - encerrado com a voz de Taiguara, ouvida em O cavaleiro da esperança (1974) - com a defesa de Que as crianças cantem livres (1973). Para quem preferir o CD ao vivo, lançado simultaneamente com o DVD, há - como faixa-bônus - a definitiva gravação de Mudou (1972), feita por uma perfeita Célia para o álbum de estúdio que jogou luz sobre a obra guerrilheira e ainda relevante de Taiguara.
3 comentários:
♪ O oportuno revival da obra de Taiguara Chalar da Silva (1945 - 1996) - em evidência neste mês de outubro por conta do lançamento via Kuarup de disco póstumo e biografia do artista - teve início, a rigor, em fevereiro de 2011 quando a então iniciante gravadora Joia Moderna pôs no mercado fonográfico um CD idealizado pelo DJ Zé Pedro em tributo ao cancioneiro desse compositor de origem uruguaio e vivência brasileira. Orquestradas pelo produtor Thiago Marques Luiz, 14 cantoras deram vozes a esse resistente cancioneiro no CD A voz da mulher na obra de Taiguara (Joia Moderna, 2011). Em 1º de julho daquele ano, nove das 14 cantoras subiram ao palco do Auditório Simon Bolivar do Memorial da América Latina, em São Paulo (SP), para interpretar ao vivo canções de Taiguara no show roteirizado e dirigido por Marques Luiz. O registro desse show está sendo lançado de forma tardia pela gravadora Nova Estação, mas ainda a tempo de celebrar Taiguara em gravações muito mais sedutoras do que os registros das fracas músicas inéditas apresentadas no CD póstumo Ele vive (Kuarup, 2014). Em que pese o redutor áudio 2.0 do DVD, o registro do show reitera os acertos do álbum de estúdio de 2011. Sob a direção musical do pianista Daniel Bondaczuk, as noves cantoras se afinam com as canções e os arranjos calcados no piano com adesões de violinos, violoncelo e viola. Em momento luminoso em cena, Cida Moreira se confirma grande cantora ao dar voz a Viagem (1970) - em interpretação que supera sua boa gravação de estúdio - e a Modinha (Sergio Bittencourt, 1968), uma das duas músicas do roteiro que não são de autoria de Taiguara, embora associadas ao seu canto. A outra é Helena, Helena, Helena (Alberto Land, 1968), única música ausente do disco de estúdio, belamente interpretada por Fafá de Belém, a quem foi confiado também o sucesso Universo no teu corpo (1970). Outro destaque do tributo é Verônica Ferriani. Ao clarear a psicodélica Manhã de Londres (1972) com dose exata de melancolia, Ferriani começou a mostrar o talento de intérprete que floresceria no álbum autoral que lançou no fim de 2013. No todo, as cantoras dão conta de expor toda a paixão contida num cancioneiro que mistura romantismo e consciência social. Silvia Maria desbrava Terra das palmeiras (1976) com o virtuosismo técnico que também pauta o canto de Claudia em Memória livre de Leila (1972), canção difícil composta por Taiguara em homenagem à atriz Leila Diniz (1945 - 1972), então recentemente falecida em acidente de avião. Com sua voz límpida, Vânia Bastos viaja na leveza do Tema de Eva (1970) e acende a beleza de Luzes (1972). Intérprete importante na propagação da obra de Taiguara, Claudette Soares defendeu Coisas (1971) - música que lançou em disco - e Romina e Juliano (1973). Intérprete de Hoje (1969), Fernanda Porto mostra que sobrevive como cantora sem os beats eletrônicos de sua obra fonográfica. Aretha completa o time de cantoras do show - encerrado com a voz de Taiguara, ouvida em O cavaleiro da esperança (1974) - com a defesa de Que as crianças cantem livres (1973). Para quem preferir o CD ao vivo, lançado simultaneamente com o DVD, há - como faixa-bônus - a definitiva gravação de Mudou (1972), feita por uma perfeita Célia para o álbum de estúdio que jogou luz sobre a obra guerrilheira e ainda relevante de Taiguara.
Que boa notícia.
Clovis Cordeiro da Silva-Curitiba-Pr
Interessante este trabalho. Gostaria de conferir. Fafa de Belem defendendo duas músicas interessantes. Gosto muito dela. Interessante também é a Fernanda Porto. Se o Mauro falou tá falado.
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