Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

'Um delírio de porão' conta história(s) do Lira Paulistana com objetividade

Resenha de livro
Título: Lira Paulistana - Um delírio de porão
Autor: Riba de Castro
Editora: Edição independente
Cotação: * * 1/2
Livro à venda pelo site www.vanguardapaulista.com.br 

Berço do movimento musical rotulado como Vanguarda Paulista, o teatro Lira Paulistana - situado em porão com arquibancada que não comportava mais do que 300 espectadores - fez História. E gerou histórias. Algumas estão relatadas no livro Lira Paulistana - Um delírio de porão, escrito por Riba de Castro, testemunha ocular de várias histórias e diretor de documentário de 2013 que narrou a História feita por esse teatro que funcionou no bairro paulistano de Pinheiros de 1979 a 1986, ano em que, envolto em dificuldades, o porão saiu de cena para deixar saudade. Se o filme Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista inseriu preciosas imagens de arquivo entre depoimentos sobre a efervescência daquele espaço cultural, o livro Lira Paulistana - Um delírio de porão - viabilizado graças ao patrocínio do projeto Natura Musical - se escora no vasto material iconográfico que ilustra suas 206 páginas. Fotografias, cartazes de shows e capas de discos ajudam a tornar crível, de forma visual, a narrativa desenvolvida por Riba de Castro com mera objetividade. Não há um delírio na busca de um estilo do texto. Ao contrário, os fatos são apresentados com crueza e, por vezes, com superficialidade. Mesmo assim, Castro - um dos sócios do Lira - consegue algum êxito ao ressaltar, sem maquiar os fatos, o idealismo que moveu a criação e manutenção de um espaço fundamental para a propagação da música inventiva de Arrigo Barnabé, Cida Moreira, Itamar Assumpção (1949 - 2003), Língua de Trapo, Premeditando o Breque, Rumo e Tetê Espíndola, entre outros nomes que movimentaram a cena paulistana da primeira metade dos anos 1980. Se o filme foi focado na visão dos artistas, o livro perfila o Lira sob a ótica de seus sócios empreendedores. Na narrativa nua e crua, não há espaço para fofocas. Contudo, dá para ler nas entrelinhas do texto de Riba o temperamento difícil de Itamar Assumpção, por exemplo. Seja como for, o que ficou na História da música do Brasil foram o idealismo e a importância decisiva do Lira Paulistana na consolidação de uma cena. Nesse sentido, o livro é fiel aos fatos.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

♪ Berço do movimento musical rotulado como Vanguarda Paulista, o teatro Lira Paulistana - situado em porão com arquibancada que não comportava mais do que 300 espectadores - fez História. E gerou histórias. Algumas estão relatadas no livro Lira Paulistana - Um delírio de porão, escrito por Riba de Castro, testemunha ocular de várias histórias e diretor de documentário de 2013 que narrou a História feita por esse teatro que funcionou no bairro paulistano de Pinheiros de 1979 a 1986, ano em que, envolto em dificuldades, o porão saiu de cena para deixar saudade. Se o filme Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista inseriu preciosas imagens de arquivo entre depoimentos sobre a efervescência daquele espaço cultural, o livro Lira Paulistana - Um delírio de porão - viabilizado graças ao patrocínio do projeto Natura Musical - se escora no vasto material iconográfico que ilustra suas 206 páginas. Fotografias, cartazes de shows e capas de discos ajudam a tornar crível, de forma visual, a narrativa desenvolvida por Riba de Castro com mera objetividade. Não há um delírio na busca de um estilo do texto. Ao contrário, os fatos são apresentados com crueza e, por vezes, com superficialidade. Mesmo assim, Castro - um dos sócios do Lira - consegue algum êxito ao ressaltar, sem maquiar os fatos, o idealismo que moveu a criação e manutenção de um espaço fundamental para a propagação da música inventiva de Arrigo Barnabé, Cida Moreira, Itamar Assumpção (1949 - 2003), Língua de Trapo, Premeditando o Breque, Rumo e Tetê Espíndola, entre outros nomes que movimentaram a cena paulistana da primeira metade dos anos 1980. Se o filme foi focado na visão dos artistas, o livro perfila o Lira sob a ótica de seus sócios empreendedores. Na narrativa nua e crua, não há espaço para fofocas. Contudo, dá para ler nas entrelinhas do texto de Riba o temperamento difícil de Itamar Assumpção, por exemplo. Seja como for, o que ficou na História da música do Brasil foram o idealismo e a importância decisiva do Lira Paulistana na consolidação de uma cena. Nesse sentido, o livro é fiel aos fatos.