Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Voz do Pará, Sinimbú soa leve e feminina em álbum feito com Donatinho

Resenha de CD
Título: Una
Artista: Juliana Sinimbú
Gravadora: Na Music
Cotação: * * * 1/2

Em seu primeiro álbum, Una, a cantora e compositora paraense Juliana Sinimbú não resiste a um ou outro elemento que, de tão recorrente em discos de intérpretes do Norte do Brasil, já virou clichê. Como a inclusão de uma música da veterana conterrânea Dona Onete, por exemplo. No caso do CD de Sinimbú, produzido por Donatinho com recursos obtidos pela artista no projeto Natura Musical, a música de Onete é Não me provoca, tema arretado e turbinado com solo de guitarra de Kassin. Contudo, Juliana Sinimbú escapa dos clichês e esbanja leveza feminina em Una. O toque regionalista é suavizado por essa leveza, ainda que o universo rítmico do Pará e da América Latina esteja evocado nos arranjos de músicas como Para tal um amor (Arrocha), tema meio brega abolerado que manda recado bem direto para o eleitorado masculino que sai do tom. A música é uma das seis composições de autoria de Sinimbú inseridas entre as 11 canções de Una. Na função de produtor do álbum, Donatinho convocou músicos de ponta da cena contemporânea carioca como o baixista Alberto Continentino, o baterista Stéphane San Juan e o já mencionado Kassin, cujo lap steel dá toque havaiano ao romantismo dengoso de Abraça (Juliana Sinimbú e Renato Torres). A presença desses músicos permitiu que o disco se equilibrasse com delicadeza entre o regionalismo nortista e o pop de sotaque universal, mérito de Donatinho. Faixa em si menos sedutora, Vodka (Juliana Sinimbú e Otto) fala de paixão embriagante com direito a versos embutidos pelo cantor e compositor pernambucano Otto no tema. Já Quero quero (Iva Rothe) flerta com o suingue africano à moda do desativado Obina Shock, grupo que esteve em evidência na segunda metade da década de 1980. Com carreira pavimentada desde a segunda metade dos anos 2000, Sinimbú deixa boa impressão em Una, álbum aberto com Clarão da lua (Almirzinho Gabriel) que - ao contrário da maioria dos discos - fica mais cativante na segunda metade. Delicadeza (Juliana Sinimbú) é bonita canção - gravada com cordas da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) - que faz jus ao título, trocado no encarte do CD pelo nome de outra boa música de autoria de Sinimbú, Pra você voltar, canção que reitera a leveza elegante de Una e que celebra na letra os laços que unem artista e público. Ó (Marcella Belas, Helson Hart e Tenilson Del Rey) é outra música luminosa que combina suingue e leveza. No fim, abordagem do bolero light Nua ideia (Leila XII) (João Donato e Caetano Veloso, 1990) - feita com o piano de Donato - arremata álbum feminino que apresenta Juliana Sinimbú de forma muito promissora.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

♪ Em seu primeiro álbum, Una, a cantora e compositora paraense Juliana Sinimbú não resiste a um ou outro elemento que, de tão recorrente em discos de intérpretes do Norte do Brasil, já virou clichê. Como a inclusão de uma música da veterana conterrânea Dona Onete, por exemplo. No caso do CD de Sinimbú, produzido por Donatinho com recursos obtidos pela artista no projeto Natura Musical, a música de Onete é Não me provoca, tema arretado e turbinado com solo de guitarra de Kassin. Contudo, Juliana Sinimbú escapa dos clichês e esbanja leveza feminina em Una. O toque regionalista é suavizado por essa leveza, ainda que o universo rítmico do Pará e da América Latina esteja evocado nos arranjos de músicas como Para tal um amor (Arrocha), tema meio brega abolerado que manda recado bem direto para o eleitorado masculino que sai do tom. A música é uma das seis composições de autoria de Sinimbú inseridas entre as 11 canções de Una. Na função de produtor do álbum, Donatinho convocou músicos de ponta da cena contemporânea carioca como o baixista Alberto Continentino, o baterista Stéphane San Juan e o já mencionado Kassin, cujo lap steel dá toque havaiano ao romantismo dengoso de Abraça (Juliana Sinimbú e Renato Torres). A presença desses músicos permitiu que o disco se equilibrasse com delicadeza entre o regionalismo nortista e o pop de sotaque universal, mérito de Donatinho. Faixa em si menos sedutora, Vodka (Juliana Sinimbú e Otto) fala de paixão embriagante com direito a versos embutidos pelo cantor e compositor pernambucano Otto no tema. Já Quero quero (Iva Rothe) flerta com o suingue africano à moda do desativado Obina Shock, grupo que esteve em evidência na segunda metade da década de 1980. Com carreira pavimentada desde a segunda metade dos anos 2000, Sinimbú deixa boa impressão em Una, álbum aberto com Clarão da lua (Almirzinho Gabriel) que - ao contrário da maioria dos discos - fica mais cativante na segunda metade. Delicadeza (Juliana Sinimbú) é bonita canção - gravada com cordas da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) - que faz jus ao título, trocado no encarte do CD pelo nome de outra boa música de autoria de Sinimbú, Pra você voltar, canção que reitera a leveza elegante de Una e que celebra na letra os laços que unem artista e público. Ó (Marcella Belas, Helson Hart e Tenilson Del Rey) é outra música luminosa que combina suingue e leveza. No fim, abordagem do bolero light Nua ideia (Leila XII) (João Donato e Caetano Veloso, 1990) - feita com o piano de Donato - arremata álbum feminino que apresenta Juliana Sinimbú de forma muito promissora.

Douglas Carvalho disse...

É Lia Sophia, Juliana Sinimbú, Camila Matos, Natália Honda.... vou escutar cada uma dessas moças atenciosamente e torço para que TODAS sejam melhores que quem motivou essa overdose de paraenses, a popularesca e chatíssima Gaby Amarantos.

Carlos Augusto disse...

Tô viciado no álbum! É bom demais.