♪ Retrospectiva 2014 - Do ponto de vista do mercado fonográfico brasileiro, 2014 foi um ano sertanejo. Tanto que um dos campeões de vendas de discos no Brasil neste ano que hoje finda é um padre que faz sua pregação católica ao som de música sertaneja, Alessandro Campos, cantor religioso que enfrentou o colega padre Marcelo Rossi nas paradas com seu segundo álbum, O que é que eu sou sem Jesus (Som Livre). Sob a ótica do mainstream, a diluição pop da música sertaneja deu o tom das paradas e (mais) fama a astros do gênero como Luan Santana e Lucas Lucco. Não por acaso, a absorção do arrocha pelo universo sertanejo gerou ídolos locais como o baiano Agenor Apolinário dos Santos Filho, o Pablo, cuja voz romântica se fez ouvir com sucesso no Nordeste do Brasil por conta de Porque homem não chora, música que popularizou o termo sofrência no país. Mas nem tudo foi sertanejo. Com toda sua diversidade, a música brasileira pulsou, viva, por entre as brechas abertas em um mercado fonográfico cada vez mais segmentado e dividido em nichos. Com o auxílio das redes sociais, vitais para a propagação da música produzida na vigorosa cena indie do Brasil (especialmente forte na cidade de São Paulo), nomes como Criolo, Juçara Marçal, Lucas Santtana, Romulo Fróes, O Terno e Thiago Pethit também se fizeram ouvir por um público antenado, pequeno diante das proporções continentais do Brasil, mas significativo, exigente e formador de opinião. Foi nesse nicho underground que Alice Caymmi - a personalidade pop do ano por conta de seu álbum Rainha dos raios (Joia Moderna) - pulou dos posts de blogs e Facebook para as páginas dos maiores jornais e revistas do Brasil. Posta à margem desse mercado, a MPB resistiu em grandes álbuns de Francis Hime, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Mônica Salmaso. O rock made in Brasil também esteve por baixo no país do samba (pagodeiro), do Lepo lepo (um dos hits do ano na gravação feita pelo grupo Psirico em 2013) e do futebol. Só que os Titãs honraram o gênero e os seus anos de glória com álbum afiado, Nheengatu (Som Livre). Correndo por fora, mas com grande adesão popular, o funk gerou ídolos massivos como MC Guimê e Valesca Popozuda. E, em prova de que há espaço para boa música pop, a luso-brasileira Banda do Mar debutou com disco solar que gerou turnê nacional vista por pequenas multidões. Nichos à parte, ficou claro no balanço do ano que o pulso da música brasileira ainda pulsa...
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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♪ Retrospectiva 2014 - Do ponto de vista do mercado fonográfico brasileiro, 2014 foi um ano sertanejo. Tanto que um dos campeões de vendas de discos no Brasil neste ano que hoje finda é um padre que faz sua pregação católica ao som de música sertaneja, Alessandro Campos, cantor religioso que enfrentou o colega padre Marcelo Rossi nas paradas com seu segundo álbum, O que é que eu sou sem Jesus (Som Livre). Sob a ótica do mainstream, a diluição pop da música sertaneja deu o tom das paradas e (mais) fama a astros do gênero como Luan Santana e Lucas Lucco. Tanto que a absorção do arrocha pelo universo sertanejo gerou ídolos locais como o baiano Agenor Apolinário dos Santos Filho, o Pablo, cuja voz romântica se fez ouvir com sucesso no Nordeste do Brasil por conta de Porque homem não chora, música que popularizou o termo sofrência no país. Mas nem tudo foi sertanejo. Com toda sua diversidade, a música brasileira pulsou, viva, por entre as brechas abertas em um mercado fonográfico cada vez mais segmentado e dividido em nichos. Com o auxílio das redes sociais, vitais para a propagação da música produzida na vigorosa cena indie do Brasil (especialmente forte na cidade de São Paulo), nomes como Criolo, Juçara Marçal, Lucas Santtana, Romulo Fróes, O Terno e Thiago Pethit também se fizeram ouvir por um público antenado, pequeno diante das proporções continentais do Brasil, mas significativo e formador de opinião. Foi nesse nicho underground que Alice Caymmi - a personalidade pop do ano por conta de seu álbum Rainha dos raios (Joia Moderna) - pulou dos posts de blogs e Facebook para as páginas dos maiores jornais e revistas do Brasil. Posta à margem desse mercado, a MPB resistiu em grandes álbuns de Francis Hime, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Mônica Salmaso. O rock made in Brasil também esteve por baixo no país do samba (pagodeiro), do Lepo lepo (um dos hits do ano na gravação feita pelo grupo Psirico em 2013) e do futebol. Só que os Titãs honraram o gênero e os seus anos de glória com álbum afiado, Nheengatu (Som Livre). Correndo por fora, mas com grande adesão popular, o funk gerou ídolos massivos como MC Guimê e Valesca Popozuda. E, em prova de que há espaço para boa música pop, a luso-brasileira Banda do Mar debutou com disco solar que gerou turnê nacional vista por pequenas multidões. No balanço do ano, ficou claro que o pulso da música brasileira ainda pulsa...
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