sábado, 6 de dezembro de 2014

Jesuton clona hits da Motown em 'Show me your soul' sem mostrar alma

Resenha de CD e DVD
Título: Show me your soul ao vivo
Artista: Jesuton
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

Nem o rap inserido pelo convidado Marcelo D2 - que entra em cena em Don't look any further (Dennis Lambert, Frannie Golde e Duane Hitchings, 1984) para fazer o discurso de Não procure mais (Marcelo D2) - consegue dar um toque realmente pessoal ao número do CD e DVD Show me your soul ao vivo, projeto em que Jesuton dá sua voz potente a músicas gravadas por artistas do elenco da gravadora norte-americana Motown. Radicada no Brasil desde 2012, a cantora inglesa jamais consegue mostrar sua alma na gravação ao vivo do show feito em 4 de junho deste ano de 2014 no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ). Houve capricho na feitura e na captação da apresentação, na arregimentação da banda - formada pelos músicos Altair Martins (trompete) André Rodrigues (baixo), Humberto Barros (teclados), João Viana (bateria), Juliano Cortuah (guitarra e violão), Marlon Sette (trombone) e Zé Bigorna (saxofone), além dos vocalistas Denner Vox e Márcio Silva - e na própria fabricação do CD e DVD (como percebido na classe exposta na arte gráfica do produto recém-posto nas lojas pela gravadora Som Livre). Mas todo esse apuro - que se estende à luz do show e aos figurinos da cantora e da banda - se dilui diante das interpretações de Jesuton, geralmente clonadas das gravações mais expressivas desse repertório. Sob a produção musical de Plínio Profeta, a intérprete transita basicamente pela terreno dos covers obedientes e reverentes, cantando músicas como Part time lover (Stevie Wonder, 1985), I'm coming out (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980) - sucesso de Diana Ross na era das discotecas - e Sexual healing (Marvin Gaye, Odell Brown e David Ritz, 1982) com devoção excessiva às matrizes das gravações originais sem obviamente reeditar a maestria dos registros mais conhecidos dessas músicas cultuadas pelo público que ouve o soul e o r & b dos Estados Unidos. Há momentos até em que Show me your soul ao vivo parece exibir números de karaokê, casos de Easy (Lionel Richie, 1977) - canção blockbuster do repertório do grupo norte-americano The Commodores - e de Don't leave me this way (Kenneth Gamble, Leon Huff e Cary Grant Gilbert, 1975).  Enfim, a música negra norte-americana dos anos 1960 e 1970 tem sido fonte de inspiração para muitas cantoras inglesas. A própria Amy Winehouse (1983 - 2011) alcançou a glória em sua curta vida com álbum em que reciclava o soul da década de 1960. Mas Amy tinha de sobra o que parece faltar em Jesuton: personalidade, a tal da alma, que jamais dá as caras no DVD de Jesuton.

Um comentário:

  1. ♪ Nem o rap inserido pelo convidado Marcelo D2 - que entra em cena em Don't look any further (Dennis Lambert, Frannie Golde e Duane Hitchings, 1984) para fazer o discurso de Não procure mais (Marcelo D2) - consegue dar um toque realmente pessoal ao número do CD e DVD Show me your soul ao vivo, projeto em que Jesuton dá sua voz potente a músicas gravadas por artistas do elenco da gravadora norte-americana Motown. Radicada no Brasil desde 2012, a cantora inglesa jamais consegue mostrar sua alma na gravação ao vivo do show feito em 4 de junho deste ano de 2014 no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ). Houve capricho na feitura e na captação da apresentação, na arregimentação da banda - formada pelos músicos Altair Martins (trompete) André Rodrigues (baixo), Humberto Barros (teclados), João Viana (bateria), Juliano Cortuah (guitarra e violão), Marlon Sette (trombone) e Zé Bigorna (saxofone), além dos vocalistas Denner Vox e Márcio Silva - e na própria fabricação do CD e DVD (como percebido na classe exposta na arte gráfica do produto recém-posto nas lojas pela gravadora Som Livre). Mas todo esse apuro - que se estende à luz do show e aos figurinos da cantora e da banda - se dilui diante das interpretações de Jesuton, geralmente clonadas das gravações mais expressivas desse repertório. Sob a produção musical de Plínio Profeta, a intérprete transita basicamente pela terreno dos covers obedientes e reverentes, cantando músicas como Part time lover (Stevie Wonder, 1985), I'm coming out (Bernard Edwards e Nile Rodgers, 1980) - sucesso de Diana Ross na era das discotecas - e Sexual healing (Marvin Gaye, Odell Brown e David Ritz, 1982) com devoção excessiva às matrizes das gravações originais sem obviamente reeditar a maestria dos registros mais conhecidos dessas músicas cultuadas pelo público que ouve o soul e o r & b dos Estados Unidos. Há momentos até em que Show me your soul ao vivo parece exibir números de karaokê, casos de Easy (Lionel Richie, 1977) - canção blockbuster do repertório do grupo norte-americano The Commodores - e de Don't leave me this way (Kenneth Gamble, Leon Huff e Cary Grant Gilbert, 1975). Enfim, a música negra norte-americana dos anos 1960 e 1970 tem sido fonte de inspiração para muitas cantoras inglesas. A própria Amy Winehouse (1983 - 2011) alcançou a glória em sua curta vida com álbum em que reciclava o soul da década de 1960. Mas Amy tinha de sobra o que parece faltar em Jesuton: personalidade, a tal da alma, que jamais dá as caras no DVD de Jesuton.

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