♪ Editorial - A Jovem Guarda completa 50 anos em 2015. A rigor, o primeiro movimento de música pop do Brasil durou apenas três anos, começando em agosto de 1965 - mês em que a TV Record estreou o programa dominical comandado por Roberto Carlos com Erasmo Carlos e Wanderléa - e terminando em janeiro de 1968, não por acaso o ano em que o então Rei da Juventude saiu do comando do programa, tirado do ar logo depois. Mas o som das jovens tardes de domingo ainda ecoa pelo Brasil cinco décadas após seu apogeu. Como 1968, a Jovem Guarda foi o movimento pop que, de certa forma, não terminou com a extinção do programa. Trilha sonora de uma rebeldia juvenil artificial, pois monitorada pela sociedade conservadora da época, o som da Jovem Guarda está entranhado em toda a música popular brasileira. Há ecos da Jovem Guarda no som do cantor e compositor paulista Marcelo Jeneci, no pop rock do grupo carioca Autoramas, na música do carioca Luiz Melodia, na obra solo da amapaense-mineira Fernanda Takai, no brega do Nordeste, no tecnobrega do Norte e no universo pop sertanejo oriundo sobretudo do Centro-Oeste do Brasil, de Minas Gerais e do interior de São Paulo. Não é por acaso. Embora sustentada pelo magistral (e perene) cancioneiro composto por Roberto Carlos com seu amigo de fé Erasmo Carlos, a música da Jovem Guarda - veiculada da cidade de São Paulo (SP) para o Brasil nas ondas da TV Record - é essencialmente simples, pueril, pop, de arquitetura harmônica pobre. Só que, por isso mesmo, sedutora, como o rock feito com meros três acordes. Às vezes, contagiante por conta justamente da simplicidade desse iê iê iê romântico que fez a Jovem Guarda logo conquistar a massa que ignorou a sofisticada e de início esnobe Bossa Nova que emergira nas águas da abastada Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro a partir de 1958. A música da Jovem Guarda foi - e ainda é - o som do Brasil. Roberto e Erasmo à parte, muitas canções da Jovem Guarda eram versões que diluíam o pop inglês - Beatles à frente - e o pop italiano propagado naqueles efervescentes anos 1960. Era o som ideal para uma massa teleguiada que ignorava tendências e modismos do universo pop - exceto os gerados pela própria Jovem Guarda - e que preferia a música mais simples, mais acessível. A música que fala a língua do povo. Mais ou menos o que acontece atualmente com o Brasil do pop sertanejo. Não, como 1968, a Jovem Guarda não terminou. É uma brasa, mora???!!!
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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10 comentários:
♪ Editorial - A Jovem Guarda completa 50 anos em 2015. A rigor, o primeiro movimento de música pop do Brasil durou apenas três anos, começando em agosto de 1965 - mês em que a TV Record estreou o programa dominical comandado por Roberto Carlos com Erasmo Carlos e Wanderléa - e terminando em janeiro de 1968, não por acaso o ano em que o Rei da Juventude saiu do comando do programa, tirado do ar logo depois. Mas o som das jovens tardes de domingo ainda ecoa pelo Brasil cinco décadas após seu apogeu. Como 1968, a Jovem Guarda foi o movimento pop que, de certa forma, não terminou com a extinção do programa. Trilha sonora de uma rebeldia juvenil artificial, pois monitorada pela sociedade conservadora da época, o som da Jovem Guarda está entranhado em toda a música popular brasileira. Há ecos da Jovem Guarda no som do cantor e compositor paulista Marcelo Jeneci, no pop rock do grupo carioca Autoramas, na música do carioca Luiz Melodia, no trabalho solo da acriana-mineira Fernanda Takai, no brega do Nordeste, no tecnobrega do Norte e no universo pop sertanejo oriundo sobretudo do Centro-Oeste do Brasil, de Minas Gerais e do interior de São Paulo. Não é por acaso. Embora sustentada pelo magistral (e perene) cancioneiro composto por Roberto Carlos com seu amigo de fé Erasmo Carlos, a música da Jovem Guarda - veiculada da cidade de São Paulo (SP) para o Brasil nas ondas da TV Record - é essencialmente simples, pueril, pop, de arquitetura harmônica pobre. Só que, por isso mesmo, sedutora, como o rock feito com meros três acordes. Às vezes, contagiante por conta justamente dessa simplicidade romântica que fez com que a Jovem Guarda conquistasse a massa que ignorou a sofisticada e de início esnobe Bossa Nova que emergira nas águas da abastada Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro a partir de 1958. A música da Jovem Guarda foi - e ainda é - o som do Brasil. Roberto e Erasmo à parte, muitas canções da Jovem Guarda eram versões que diluíam o pop inglês - Beatles à frente - e o pop italiano propagado naqueles efervescentes anos 1960. Era o som ideal para uma massa teleguiada que ignorava tendências e modismos do universo pop - exceto os gerados pela própria Jovem Guarda - e que preferia a música mais simples, mais acessível. A música que fala a língua do povo. Mais ou menos o que acontece atualmente com o Brasil do pop sertanejo. Não, como 1968, a Jovem Guarda não terminou. É uma brasa, mora???!!!
Belo texto,Mauro.Mas só um detalhe: A Fernanda Takai não é do Amapá?
Abs.
Belo texto,Mauro!
Só uma coisa: A Fernanda Takai não nasceu no Amapá?
Abs!
Que foto Linda!!! Salve Roberto, Erasmo e Wanderléa. A Obra de vocês é ARREBATADORA, tem seus altos e baixos como todo e qualquer artista, mas nas décadas de 60, 70 e começo de 80, pode pegar qualquer disco de olho fechado, é um mais lindo que o outro :)
Tem razão, Daniel. Confundi Amapá com Acre. Grato pelo toque do erro, já corrigido. Abs, MauroF
Mauro comparar a Jovem Guarda com o "sertanojo" que é feito hj?
Muito abrangente e oportuno esse texto de Mauro Ferreira. A Jovem Guarda com seu iê iê iê nunca foi um movimento musical político e sim completamente romântico em que se cantava o amor, a juventude e seus carrões. E projetou nomes importantes para a época como ´Renato & Seus Blue Caps´,´Leno&Lilian´,Wanderlei Cardoso e Jerry Adriani entre muitos outros.
Com suas letras fáceis o movimento foi adorado pela juventude e execrada pela elite intelectual da época. Tomara que as principais gravações originais do movimento-a grande maioria pertencente a extinta gravadora CBS-sejam relançadas em formato digital e que a justiça seja feita, pondo enfim esse movimento agora cinquentão no lugar de destaque na MPB que sempre mereceu pertencer.
o único bom texto do blog esta semana, o Mauro não tá comparando a jovem guarda com nada, tá dizendo que aquela pobreza romântica de antes ainda tá por aí
Luca o que vc chama de "pobreza romântica da Jovem guarda" ainda é muito superior a essa merda q é feita hj por sertanejos moderninhos e funkeiros
Mesmo com a pobreza harmônica e poética das "jovens tardes de domingo",eu gosto.
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