♪ Há quem considere a atuação do compositor, pianista, arranjador e produtor musical Lincoln Olivetti (17 de abril de 1954 - 13 de janeiro de 2015) nociva para a música brasileira. Mestre dos teclados, inclusive dos sintetizadores dos quais foi pioneiro ao usá-los sem cerimônia nos anos 1980, o músico fluminense contribuiu decisivamente para a construção da sonoridade tecnopop que deu o tom da música brasileira a partir da década de 1980. Contudo, até os que entendem que Lincoln pasteurizou a MPB com seus arranjos eletrônicos jamais negam o talento extraordinário deste magistral músico que ontem à tarde saiu de cena, aos 60 anos, vítima de infarto. Virtuoso, tecnicamente irrepreensível, Lincoln Olivetti - visto em foto de Luiz Lima - tocou com os maiores nomes da MPB, deixando sua marca como músico e / ou arranjador em discos de Ed Motta, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lulu Santos, Rita Lee, Roberto Carlos e Tim Maia (1942 - 1998), entre outros nomes mais ou menos importantes. Em parceria com o carioca Robson Jorge (1954 - 1993), músico que pilotava guitarra e também teclados, Lincoln gravou e lançou em 1982, pela gravadora Som Livre, um disco - intitulado Robson Jorge & Lincoln Olivetti - que é considerado uma aula de black music à moda brasileira. Inclusive pelo alto padrão técnico do disco. Como Robson, Olivetti - nascido em Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense (RJ) - pôs os pés na profissão através dos bailes da vida suburbana da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Como compositor, foi parceiro sobretudo de Tim Maia e Robson Jorge. Mas não foi um compositor de hits. O único foi Amor perfeito. Grande sucesso lançado por Roberto Carlos no seu álbum de 1986, Amor perfeito é resultado da parceria da dupla Lincoln Olivetti & Robson Jorge com outra dupla que deu as cartas no jogo industrial da música brasileira dos anos 1980, Michael Sullivan & Paulo Massadas. Olivetti era arisco, tinha fama de excêntrico e fazia jus ao epíteto Mago dos estúdios. Foi neles, nos estúdios, seu habitat natural, que o músico criou arranjos de padrão internacional que - para o bem ou para o mal - transformaram para sempre a música brasileira a partir dos anos 1980. Olivetti foi um mestre como músico e arranjador. Sua maestria na arte de orquestrar cordas de forma sublime mostra que o imenso legado do maestro transcende o universo eletrônico dos sintetizadores, embora Lincoln Olivetti vá passar para a posteridade como um mago dos teclados. O que não é pouco.
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12 comentários:
♪ Há quem considere a atuação do compositor, pianista, arranjador e produtor musical Lincoln Olivetti (17 de abril de 1954 - 13 de janeiro de 2015) nociva para a música brasileira. Mestre dos teclados, inclusive dos sintetizadores dos quais foi pioneiro ao usá-los sem cerimônia nos anos 1980, o músico fluminense contribuiu decisivamente para a construção da sonoridade tecnopop que deu o tom da música brasileira a partir da década de 1980. Contudo, até os que entendem que Lincoln pasteurizou a MPB com seus arranjos eletrônicos jamais negam o talento extraordinário deste músico que saiu ontem de cena, aos 60 anos, de causas ainda ignoradas. Virtuoso, tecnicamente irrepreensível, Lincoln Olivetti - visto em foto de Luiz Lima - tocou com os maiores nomes da MPB, deixando sua marca como músico e / ou arranjador em discos de Ed Motta, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lulu Santos, Rita Lee, Roberto Carlos e Tim Maia (1942 - 1998), entre outros nomes mais ou menos importantes. Em parceria com o carioca Robson Jorge (1954 - 1993), músico que pilotava guitarra e também teclados, Lincoln gravou e lançou em 1982, pela gravadora Som Livre, um disco - intitulado Robson Jorge & Lincoln Olivetti - que é considerado uma aula de black music à moda brasileira. Inclusive pelo alto padrão técnico do disco. Como Robson, Olivetti - nascido em Nilópolis, distrito da Baixada Fluminense (RJ) - pôs os pés na profissão através dos bailes da vida suburbana da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Como compositor, foi parceiro sobretudo de Tim Maia e Robson Jorge. Mas não foi um compositor de hits. O único foi Amor perfeito. Grande sucesso lançado por Roberto Carlos no seu álbum de 1986, Amor perfeito é resultado da parceria da dupla Lincoln Olivetti & Robson Jorge com outra dupla que deu as cartas no jogo industrial da música brasileira dos anos 1980, Michael Sullivan & Paulo Massadas. Olivetti era arisco, tinha fama de excêntrico e fazia jus ao epíteto Mago dos estúdios. Foi neles, nos estúdios, seu habitat natural, que o músico criou arranjos de padrão internacional que - para o bem ou para o mal - transformaram para sempre a música brasileira. Foi um mestre!!
Ele também fez arranjos para diversos discos da cantora Rosanah!
Mas, Mauro, Nilópolis não é distrito, é cidade da Baixada Fluminense.
Os arranjos de Lincoln foram polêmicos? Sim. Muitos não o perdoam (que besteira!), a ponto do cidadão ter ficado proscrito um bom tempo das altas rodas de arranjadores da música brasileira.
Mas é inegável que ele marcou época. Foi O arranjador mais futurista e tecnológico que a música brasileira já teve, sem dúvida nenhuma. Muitos sintetizadores (talvez até bateria eletrônica) tenham tido sua introdução nos estúdios brasileiros com Lincoln.
Para quem acredita, fica a esperança de que ele já tenha se encontrado com o velho parceiro Robson Jorge, e que ambos já estejam fazendo arranjos para Tim (que os adorava - Lincoln até faz uma "ponta" no show de Niterói em que Tim saiu para sair de cena, em "Tim Maia - Vale tudo", o filme).
Ou que já estejam fazendo um som funkeado com outros instrumentistas que os acompanhavam em seus arranjos por aí, como Picolé e Márcio Montarroyos.
Ouvindo "Jorgeia Corisco" aqui. Que perda, que perda...
Felipe dos Santos Souza
Tem razão, Unkown. Grato pelo toque, Mauro Ferreira
Mauro, só para acrescentar: as causas já não são mais ignoradas. A assessoria de imprensa e a filha já comunicaram que foi infarto, no fim da tarde de ontem.
Felipe dos Santos Souza
Grato, Felipe, já consertei. Abs, MauroF
Augusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)
Pasteurizado ou não Lincoln Olivetti e Robson Jorge, fizeram arranjos que até hoje eu gosto;
- Só nos resta viver (Angela RoRo) 1980, Meu bem querer (Zizi Possi) 1980, Você é linda (Caetano) 1983, Sentado a beira do caminho (Erasmo e Roberto) 1980, Doce espera (Bethânia) 1986, Meu bem, meu mal (Gal) 1981, Drão (Gil) 1982 e tantos outros.
Tim cantando em outra dimensão? É claro que eu acredito.
Tocava muito
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