Resenha de CD
Título: Silêncio - Um tributo a João Gilberto
Artistas: Renato Braz, Nailor Proveta e Edson Alves
Gravadora: Coleção Canal Brasil / Coqueiro Verde
Cotação: * * * *
♪ Silêncio (2014) é de fato um tributo a João Gilberto. Registro das sessões de gravação que deram origem ao filme Ensaio sobre o silêncio, do cineasta Zeca Ferreira, o CD promove a integração da voz de Renato Braz com os sopros de Nailor Proveta e com o violão de Edson Alves. Um dos maiores cantores da música brasileira, o paulista Renato Braz exercita a leveza - na contramão do tom habitualmente classicista de seu canto - em nome da harmonia. Silêncio não é um disco de Bossa Nova, embora haja muito de Bossa Nova no toque do violão de Edson Alves na condução de músicas como o samba Louco (Ela é o seu mundo) (Wilson Baptista e Henrique de Almeida, 1943) e o bolero Besame mucho (Consuelo Velásquez, 1940). A reverência a João é feita através da harmonia reinante entre o trio. Ou duo, já que o samba Doralice (Dorival Caymmi e Antonio Almeida, 1945) figura no disco em registro instrumental pautado pelo fino diálogo do violão de Alves com o saxofone de Proveta. A abolerada canção italiana Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti, 1960) é o grande momento de Silêncio. Com sons que respeitam os silêncios, e vice-versa, a gravação do trio chega a rivalizar com o antológico registro feito por João em seu álbum Amoroso (Warner Music, 1977). Também impressiona a maneira como o trio cai nos sambas - Pra que discutir com madame? (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, 1945), Eu sambo mesmo (Janet de Almeida, 1946), Bahia com H (Denis Brean, 1947), Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) - com suavidade cool digna de João. Menos óbvio quando sai do terreirão do samba, o passeio pelo repertório gravado por João inclui canções menos associadas ao inventor da bossa, casos de Avarandado (Caetano Veloso, 1967) - canção gravada por João em 1973 e revivida com lirismo por Braz sem alterar o tom leve mantido ao longo das 14 músicas do disco - e de O grande amor (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1960), exemplo de um Jobim mais classicista, depurado por João no álbum Getz / Gilberto (Verve Records, 1964). Enfim, Silêncio honra João porque o cantor e os músicos parecem unidos numa nota só, a favor da deusa música.
♪ Silêncio (2014) é de fato um tributo a João Gilberto. Registro das sessões de gravação que deram origem ao filme Ensaio sobre o silêncio, do cineasta Zeca Ferreira, o CD promove a integração da voz de Renato Braz com os sopros de Nailor Proveta e com o violão de Edson Alves. Um dos maiores cantores da música brasileira, o paulista Renato Braz exercita a leveza - na contramão do tom habitualmente classicista de seu canto - em nome da harmonia. Silêncio não é um disco de Bossa Nova, embora haja muito de Bossa Nova no toque do violão de Edson Alves na condução de músicas como o samba Louco (Ela é o seu mundo) (Wilson Baptista e Henrique de Almeida, 1943) e o bolero Besame mucho (Consuelo Velásquez, 1940). A reverência a João é feita através da harmonia reinante entre o trio. Ou duo, já que o samba Doralice (Dorival Caymmi e Antonio Almeida, 1945) figura no disco em registro instrumental pautado pelo fino diálogo do violão de Alves com o saxofone de Proveta. A abolerada canção italiana Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti, 1960) é o grande momento de Silêncio. Com sons que respeitam os silêncios, e vice-versa, a gravação do trio chega a rivalizar com o antológico registro feito por João em seu álbum Amoroso (Warner Music, 1977). Também impressiona a maneira como o trio cai nos sambas - Pra que discutir com madame? (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, 1945), Eu sambo mesmo (Janet de Almeida, 1946), Bahia com H (Denis Brean, 1947), Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) - com suavidade cool digna de João. Menos óbvio quando sai do terreirão do samba, o passeio pelo repertório gravado por João inclui canções menos associadas ao inventor da bossa, casos de Avarandado (Caetano Veloso, 1967) - canção gravada por João em 1973 e revivida com lirismo por Braz sem alterar o tom leve mantido ao longo das 14 músicas do disco - e de O grande amor (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1960), exemplo de um Jobim mais classicista, depurado por João no álbum Getz / Gilberto (Verve Records, 1964). Enfim, Silêncio honra João porque o cantor e os músicos parecem unidos numa nota só, a favor da deusa música.
ResponderExcluirIsso sim...luxo só!!! Renato com esse repertório já é sucesso total!!!
ResponderExcluirRenato Braz é divino. Desde já, querendo esse disco.
ResponderExcluirBelo tributo a obra do João Gilberto.
ResponderExcluirDeve ser um disco espetacular mesmo... Comprarei.
ResponderExcluirAbração,
Denilson
Brilhante, um tributo a altura!
ResponderExcluirassisti ao filme no Canal Brasil... Simplesmente, sublime.
ResponderExcluirMelhor que isso, só o silêncio!
ResponderExcluirRenato é grande, tao grande e ao mesmo tempo tao humilde e doce. Pra mim a homenagem dele a Joao ficou bem acima da homenagem de Gil no seu ultimo disco... Grande Renato!
ResponderExcluirProcurei esse CD e não o encontrei à venda em nenhuma loja virtual ou real. Alguém aí sabe onde encontrá-lo? Agradeço a dica desde já.
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