Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Brown ritualiza seu Carnaval globalizado em EP que liga a Bahia ao Rio

Resenha de EP 
Título: Sarau du Brown - Ritual beat system
Artista: Carlinhos Brown
Gravadora: Candyall Music
Cotação: * * *
Disco disponível somente em edição digital já à venda no iTunes

Cantor, compositor e percussionista frenético, Carlinhos Brown continua sendo uma das mais perfeitas traduções da axé music no momento em que o gênero festeja 30 anos de (sobre)vida. Mas Brown sempre soube ir além das fronteiras da Bahia sem efetivamente sair de sua terra natal. Disponibilizado para compra no iTunes neste ano de 2015, o EP digital Sarau du Brown - Ritual beat system reitera a habilidade do artista para globalizar e ritualizar a música afro-pop-baiana. O EP alinha sete gravações lançadas originalmente em disco mais extenso (de 13 faixas) encartado no jornal soteropolitano Correio em dezembro de 2014. Dentre as sete faixas do EP, há quatro músicas inéditas e três regravações, casos da abordagem acústica de Você, o amor e eu (Carlinhos Brown, 2013) e do revival de Te amo, família (Carlinhos Brown e Michael Sullivan, 2006). O fato de Brown estar lançando sucessivos discos - somente em 2014 foram três, todos apresentados ao público da Bahia através do jornal Correio - dilui a qualidade de sua produção autoral. Mas, isoladamente, há bons momentos que credenciam o artista a permanecer no posto informal de embaixador da cultura afro-baiana. A melhor das quatro inéditas já foi lançada na web em novembro de 2014. Trata-se de Por causa de você (Parabéns pro axé), o axé composto por Brown para saudar os 30 anos desse estilo festivo de música baiana, celebrados neste ano de 2015. Gravada com a participação do cantor e compositor baiano Luiz Caldas, autor e intérprete do pioneiro hit Fricote (Paulinho Camafeu e Luiz Caldas, 1985), Por causa de você honra o histórico do axé com seu balanço contagiante que confirma o fato de que, no gênero, geralmente melodia e letra estão subjugadas a serviço do ritmo. Outra inédita que merece menção honrosa é Batidão do orixá (Carlinhos Brown, 2014), música criada a partir da adaptação de Ogum já venceu, tema afro de domínio público. O título Batidão do orixá é fiel ao ritmo da gravação, que evoca o pancadão do funk à moda carioca sem amenizar o baticum afro-baiano típico do axé. A propósito, é no seu baticum cada vez mais eletrônico que Brown - artista que ganhou projeção como percussionista antes de se consolidar como cantor e compositor - escora sua obra autoral. Assim como Batidão do orixá, a também inédita Samba school (Carlinhos Brown, 2014) liga Salvador (BA) à cidade do Rio de Janeiro (RJ) através da evocação da batida do samba das escolas do Carnaval carioca. A gravação globaliza essa batida com versos em inglês ouvidos quando a faixa - de início instrumental - já contabiliza mais de um minuto e meio. O tom já globalizado do axé de Brown é reforçado na gravação da quarta e última inédita do EP, Paraíso descontaminado (Carlinhos Brown e Michael Sullivan, 2014), faixa que bate sons hispânicos, árabes e nordestinos em coquetel de sabor pop. O Carnaval miscigenado de Carlinhos Brown já não tem cordas e tampouco fronteiras.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

♪ Cantor, compositor e percussionista frenético, Carlinhos Brown continua sendo uma das mais perfeitas traduções da axé music no momento em que o gênero festeja 30 anos de (sobre)vida. Mas Brown sempre soube ir além das fronteiras da Bahia sem efetivamente sair de sua terra natal. Disponibilizado para compra no iTunes neste ano de 2015, o EP digital Sarau du Brown - Ritual beat system reitera a habilidade do artista para globalizar e ritualizar a música afro-pop-baiana. O EP alinha sete gravações lançadas originalmente em disco mais extenso (de 13 faixas) encartado no jornal soteropolitano Correio em dezembro de 2014. Dentre as sete faixas do EP, há quatro músicas inéditas e três regravações, casos da abordagem acústica de Você, o amor e eu (Carlinhos Brown, 2013) e do revival de Te amo, família (Carlinhos Brown e Michael Sullivan, 2006). O fato de Brown estar lançando sucessivos discos - somente em 2014 foram três, todos apresentados ao público da Bahia através do jornal Correio - dilui a qualidade de sua produção autoral. Mas, isoladamente, há bons momentos que credenciam o artista a permanecer no posto informal de embaixador da cultura afro-baiana. A melhor das quatro inéditas já foi lançada na web em novembro de 2014. Trata-se de Por causa de você (Parabéns pro axé), o axé composto por Brown para saudar os 30 anos desse estilo festivo de música baiana, celebrados neste ano de 2015. Gravada com a participação do cantor e compositor baiano Luiz Caldas, autor e intérprete do pioneiro hit Fricote (Paulinho Camafeu e Luiz Caldas, 1985), Por causa de você honra o histórico do axé com seu balanço contagiante que confirma o fato de que, no gênero, geralmente melodia e letra estão subjugadas a serviço do ritmo. Outra inédita que merece menção honrosa é Batidão do orixá (Carlinhos Brown, 2014), música criada a partir da adaptação de Ogum já venceu, tema afro de domínio público. O título Batidão do orixá é fiel ao ritmo da gravação, que evoca o pancadão do funk à moda carioca sem amenizar o baticum afro-baiano típico do axé. A propósito, é no seu baticum cada vez mais eletrônico que Brown - artista que ganhou projeção como percussionista antes de se consolidar como cantor e compositor - escora sua obra autoral. Assim como Batidão do orixá, a também inédita Samba school (Carlinhos Brown, 2014) liga Salvador (BA) à cidade do Rio de Janeiro (RJ) através da evocação da batida do samba das escolas do Carnaval carioca. A gravação globaliza essa batida com versos em inglês ouvidos quando a faixa - de início instrumental - já contabiliza mais de um minuto e meio. O tom já globalizado do axé de Brown é reforçado na gravação da quarta e última inédita do EP, Paraíso descontaminado (Carlinhos Brown e Michael Sullivan, 2014), faixa que bate sons hispânicos, árabes e nordestinos em coquetel de sabor pop. O Carnaval miscigenado de Carlinhos Brown já não tem cordas e tampouco fronteiras.