♪ Ignez Magdalena Aranha de Lima (4 de março de 1925 - 8 de março de 2015) tinha tudo para viver dentro da redoma urbana na qual foi criada por sua rica família, pertencente à tradicional sociedade da cidade de São Paulo. Mas Ignez escapou dessa redoma e virou Inezita Barroso, a cantora que deu voz às coisas de seu Brasil, como já deixou claro o título do álbum lançado pela artista em 1956 na gravadora RCA-Victor. Brasil que deixou na noite de ontem ao sair de cena, aos recém-completados 90 anos, em hospital de São Paulo (SP). Referência dos ritmos regionais de um Brasil interiorano, Inezita construiu carreira - iniciada no rádio nos anos 1940 - que a associou à música caipira levada na viola que deu nome ao programa que apresentou na TV Cultura nos seus últimos 35 anos de vida. Mas o fato é que a discografia da cantora - iniciada em 1951 com a edição de disco de 78 rotações por minuto que trazia as músicas Funeral dum Rei Nagô (Hekel Tavares e Murilo Araújo) e Curupira (tema popular recolhido e adaptado por Waldemar Henrique) - extrapola o universo da genuína música sertaneja. Inezita - em foto de Jair Magri - gravou temas do folclore gaúcho, sambas cariocas, canções do folclore mineiro, ritmos nordestinos e modinhas. Mas foi com as modas de viola que alcançou maior projeção. Um de seus grandes sucessos, a Moda da pinga (Laureano), surgiu logo no começo da carreira, em 1953. Inezita - cujo último álbum, Sonho de caboclo, foi lançado por vias independentes em 2009 - foi mais Brasil e foi mais do que uma cantora, atuando também como instrumentista, arranjadora e folclorista. Sem nunca abandonar as coisas de seu Brasil orgulhosamente caipira, da qual foi voz imune às maravilhas contemporâneas.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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♪ Ignez Magdalena Aranha de Lima (4 de março de 1925 - 8 de março de 2015) tinha tudo para viver dentro da redoma urbana na qual foi criada por sua rica família, pertencente à tradicional sociedade da cidade de São Paulo. Mas Ignez escapou dessa redoma e virou Inezita Barroso, a cantora que deu voz às coisas de seu Brasil, como já deixou claro o título do álbum lançado pela artista em 1956 na gravadora RCA-Victor. Brasil que deixou na noite de ontem ao sair de cena, aos recém-completados 90 anos, em hospital de São Paulo (SP). Referência dos ritmos regionais de um Brasil interiorano, Inezita construiu carreira - iniciada no rádio nos anos 1940 - que a associou à música caipira levada na viola que deu nome ao programa que apresentou na TV Cultura nos seus últimos anos de vida. Mas o fato é que a discografia da cantora - iniciada em 1951 com a edição de um disco de 78 rotações por minuto que trazia as músicas Funeral dum Rei Nagô (Hekel Tavares e Murilo Araújo) e Curupira (tema popular recolhido e adaptado por Waldemar Henrique) - extrapola o universo da genuína música sertaneja. Inezita - em foto de Jair Magri - gravou temas do folclore gaúcho, sambas cariocas, canções do folclore mineiro, ritmos nordestinos e modinhas. Mas foi com as modas de viola que alcançou maior projeção. Um de seus grandes sucessos, a Moda da pinga (Laureano), surgiu logo no começo da carreira, em 1953. Inezita - cujo último álbum, Sonho de caboclo, foi lançado por vias independentes em 2009 - foi mais Brasil e foi mais do que uma cantora, atuando também como instrumentista, arranjadora e folclorista. Sem nunca abandonar as coisas de seu Brasil orgulhosamente caipira, da qual foi voz imune às maravilhas contemporâneas.
Vai com Deus e descanse em paz, Inezita! O Brasil perdeu ontem uma das maiores referências do verdadeiro e genuíno ritmo sertanejo.
Que descanse em paz. Uma grande cantora, merecia viver muitos anos ainda... Deixou um belo legado a música.
O último trabalho de Inezita foi o DVD chamado "Cabocla Eu Sou", lançado em 2013.
Inezita se imortalizou em vida, a despeito de modismos ou um Brasil que nega sua identidade interiorana. Pra mim uma das grandes referências da música do Brasil brasileiro.
E a televisão brasileira fica orfã de um programa musical de qualidade também. Ela que carece de programas assim.
Impossível imaginar o Viola, minha viola sem a Inezita nas manhãs de domingo.
Lembrei-me de um comentário que Fernando Faro (aos quase 88 anos, também na TV Cultura paulista, outro resistente dos programas musicais de qualidade na tevê aberta) fez: certa feita, Paulo Vanzolini lhe contou que, se ele quisesse saber qualquer coisa sobre Noel Rosa, era só falar com Inezita, que ela tinha tudo do homem.
Porque Inezita era isso: antes de tudo, antes até de ser cantora, era uma pesquisadora da música brasileira. De todos os cantos. O que permitia a ela trazer tanto "A Moda da Pinga" quanto "Prenda Minha" à luz com total conhecimento de causa.
Pessoas como ela fazem falta, muita falta, na música brasileira atual. Pelo menos ficam as lembranças indeléveis.
Felipe dos Santos Souza
Caipira como ela,até eu...Grande Inezita.
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